Aquele era o dia de retornar para casa, de certa forma. Depois de longos dois anos em exílio, Chikage retornaria para a Folha devido ao Torneio Mundial Shinobi. Ela não sabia muito bem o que aquilo significava e nem quais seriam as recompensas aos vencedores, mas poder colocar em prova seu árduo treinamento já era bom o suficiente. Os preparativos para sua partida estavam todos prontos, com exceção de uma única coisa. Vamos ver se aqueles dois ainda lembram do nosso jutsu super ultra mega secreto porra louca. Ela mordiscou o polegar com força o suficiente para causar um leve sangramento, e após a execução dos selos de mão necessários, bateu a palma no chão.

Lado a lado, do meio da fumaça esbranquiçada, surgiram os irmãos Gamakichi e Gamatatsu. — Pirralha! Por que invocou a gente sendo que estávamos ali do lado? — Reclamou o mais velho (e ranzinza). — Eu só queria encher o teu saco mesmo, Kichi-san. — Debochou a ruiva ao mesmo tempo que acariciava as bochechas do sapo amarelado. — Argh, espero que tenha um bom motivo pra ter interrompido meu almoço, se não você vai se ver comigo. — Chikage retribuiu a ameaça com um sorriso malandro, e logo sentou-se ao chão em posição de meditação.

— Vocês lembram daquela técnica conjunta que tínhamos bolado há uns meses atrás? — Seus dedos entrelaçaram-se em um graveto, e com seus poucos dons artísticos, começaram a desenhar na terra. — Tem esse tal Torneio Mundial que eu vou participar, e bem, considerando que é um torneio, eu imagino que vou ter que enfrentar uns pé rapados por lá. Sei que vocês vão me ajudar caso eu os invoque, então queria revisar nosso jutsu. Sabe, só pra ter certeza que não estamos 'dessincronizados'. — E finalizou seu discurso com uma leve piscadela na direção dos irmãos. — Hmpf, você que eu sou estúpido, pirralha? O combinado da técnica era eu usar vento, o Tatsu fogo e você o óleo.

— Claro que não, bobalhão! Eu que uso o vento e você o fogo! — Exclamou o Gamatatsu, certo de sua afirmação. — Do que você me chamou? — Disse Gamakichi, indignado. Antes que uma briga familiar se instaurasse logo pela manhã, Chikage esbofeteou ambos os anfíbios e saltou nas costas do mais velho. — Escutem, seus bocós. O vento é comigo. Tatsu fica com o óleo, e o Kichi com o fogo, sacou? — A ruiva executou os selos necessários e concentrou seu chakra elemental. — Vamos lá, na minha contagem.

— Um, dois, três! — Assim que terminou sua própria contagem, Chikage expeliu a rajada de vento que havia preparado com seus selos de mão. Todavia, os irmãos sapo só executaram a sua parte um segundo mais tarde, atrasados. — Você não disse 'já'! — Reclamou o ranzinza Gamakichi, como de costume. — Cê tá de sacanagem comigo, né? — Gritou a ruiva, dramaticamente desferindo leves tapas na cabeça do sapo alaranjado. — Quando eu gritar já, vocês dois fazem a parte de vocês ao mesmo tempo, entenderam? — Apesar do tom de voz bruto, toda aquela situação desajeitada era extremamente divertida para ela.

— Três, dois, um e já! — Gamatatsu expeliu o óleo dos sapos que em poucos segundos misturou-se ao chakra elemento Fuuton de Chikage. Gamakichi, por sua vez, lançou o fogo através de sua boca, misturando-se ao vento e criando um verdadeiro e poderoso vendaval que avançou metros à frente do trio e atingiu um dos lagos, gerando uma explosão suficiente para formar uma onda. — E essa, meus senhores, é a nossa técnica super foda. — Disse portando um sorriso de orelha a orelha. — Tenho que ir falar com a Shima-sama pra ele me mandar de volta pra vila, mas nos vemos logo mais, fechou? — Ela deu dois tapinhas carinhosos na cabeça de ambos os sapos e casualmente caminhou na direção de uma das cabanas sem olhar para trás.

— Sabe, depois de todo esse tempo com ela por aqui, já não acho ela mais tão irritante. — Disse Gamakichi, em sussurro, ao seu irmão, deixando escapar um leve sorriso de canto de lábio.