A primeira missão. Tão sonhada primeira missão. Muitas pessoas costumam ficar empolgadas, eufóricas, mas, não é nada demais. Pelo menos foi essa a sensação que Uraku teve ao segurar o pergaminho que estava na frente da porta, sobre o tapete da sua casa. Ele segurou aquele objeto, apertando os dedos e nada sentiu. Nenhuma sensação de euforia, alegria, ou algo que deixasse seu ânimo mais elevado. — Ah, que sensação merda do caralho. — Resmungou o garoto dos fios laranjas, erguendo a mão para coçar a nuca. — Oh, de novo com esse palavreado, Uraku? Entre, pois está quente. — Pediu a mãe do garoto. Sem dizer nada, ele bateu a porta com um pouco de força, provocando um som brusco e o ranger da parede.

— O que você recebeu, Ura? — Questionou a mulher. Tinha os mesmos fios laranjas e os olhos âmbar, mas sua pele era um pouco mais escura. — Um pergaminho de merda. Tô indo nessa porra então. — O garoto não mediu esforços para que pudesse colocar seu casaco de tecido leve com tons avermelhados e laranjas por cima da sua camisa preta. — Boa sorte na sua primeira missão, filhote. — Apoiou a dona de casa. Um pequeno sorriso rústico surgiu nos lábios do garoto, seu casaco flamejante vibrava ao vento. — Xàcomigo. — Falou, em um tom brando. E lá o garoto saiu de casa, o sol rapidamente tratou de se fazer presente.

O astro rei iluminou o campo, e era possível ver, várias pessoas que moravam em construção de barro e argila, e elas compartilhavam trajes comuns. O vento, a areia estavam presentes, dando um ar mais seco e árido ao ambiente. Uraku bateu a sola do pé contra a areia branca, provocando mais alguns rastros de poeira pelo ar. — Ah. Eu detesto esse clima seco, eu deveria montar um puto de um negócio se tivesse um oásis, ia faturar uma grana preta pra caralho. — Falou, sem papa na língua e uma mácula expressão de descontentamento. — Ei moleque, cala a boca, se você não gosta, sai fora da vila. — Falou um Sunense, incomodado com as bravatas do jovem, embora não tenha sido ninguém em especial.

— Não falei com você seu puto! Eu posso pensar o que eu quiser! Não escolhi nascer aqui, porra! — Esbravejou, esticando o dedo para o mais velho. — Ei moleque, cuidando com essa tua língua, seu pivete… — Emendou o adulto. No fim, as coisas acabaram ruins, e uma senhora interveio, separando os dois lados, e o garoto seguiu para a missão. No caminho, observou seu pergaminho e com isso, concluiu que seu trabalho era nada mais do que levar algumas caixas até alguns funcionários do Kazekage. — Mas porra… Isso aqui é coisa de pivete. — Resmungou, erguendo uma sobrancelha. No mais, esticou o pescoço e olhou para o Gabinete do Governante, lá no alto, no centro mais notório do vilarejo. Era lá, o alvo da missão. Aquilo foi o suficiente para que o garoto soltasse um suspiro raivoso.

[...]

Com o nível imenso da força do garoto, carregar coisas como caixas era algo que ele praticamente poderia achar normal. Por isso, ele colocou uma caixa em cima da outra e em seguida, ergueu todas de uma vez. De fato era só isso mesmo? Levar as caixas de suprimentos para que fossem depositadas em uma área específica perto do Gabinete do Kazekage? Hum. Parecia realmente coisa de pivete. Então, o jovem dos fios laranjas começou a sua jornada, carregando as caixas de madeira sobre os braços. O calor escaldante fazia com que algumas gotas de suor escorressem pela sua bochecha enquanto passava por entre os habitantes da cidade. Com isso, depositou todas de uma vez perto da entrada.

Com o punho, passou a costa da mão sobre a testa enquanto uma poeira se erguia no ambiente, deixando um clima faroeste. — Ei, você é o moleque que veio ajudar em alguns carregamentos? — Questionou um superior. — Sim! Pelo visto eu tive que fazer coisas que um mero Jonnin de Elite ou Chunnin não pôde fazer. Vocês são mesmo ninjas? — Falou sem pensar. — Faça isso porque é teu trabalho! Se a vila pede, você faz! — Falou o homem, fazendo uma mácula expressão de raiva e fitando o garoto de cima. — Seu pai não te ensinou isso? — Questionou, rude. — … Cala a boca, maluco! Eu já fiz o que tinha que fazer! — Esbravejou Uraku, dando um tapa na caixa e por fim, finalizando com uma meia volta para ir para casa.

Saltando pelas construções de Suna, era possível ter uma grande visão deslumbrante da Aldeia. As construções feitas barro e areia, davam um tom mais rústico. O vento fazia companhia para com os grãos de areia, de modo que o clima do faroeste era possível de se vislumbrar. Mais uma salto foi efetuado pelo jovem Uraku, que saltou no ar mais uma vez e girou seu corpo em um rodopio feroz. Tudo o que fazia tinha uma vibe bastante agressiva por algum motivo, por mais sutil que quisesse ser. Seus pés derraparam sobre a construção predial qualquer que fizesse parte do ambiente.

Ergueu a sobrancelha e em seguida, olhou para o vulto que surgiu atrás de si. Um homem, provavelmente pela veste que fosse um Jonnin de Suna, surgiu por cima da areia, provocando um dissipar de poeira sobre o solo. — É, o Uraku, certo? — Questionou, sério, sem demonstrar sentimentos ou coisas assim. — Sim, o que tem isso, seu chupingole? — Questionou rudemente o garoto, se virando para encarar melhor o seu superior que parecia ter uma cara meio chupada. Ele apenas estreitou os olhos. Ergueu os dedos e tocou o seu casaco, tirando um pergaminho. — Há um pequeno problema em uma parte da Aldeia. — Em seguida, jogou em direção ao jovem de fios laranjas.

— Tu pode cuidar disso. É tua especialidade. — E então, o homem deu meia volta. Mas antes, fitou o Gennin de cima para baixo, por cima do ombro. — Sem extrapolar. Se tu fizer merda, vai pra cadeia. — Em seguida, desapareceu como um vulto das dunas da areia. — Tsc. — Foi o som que saiu dos lábios de Uraku ao pegar o pergaminho. Em seguida, apoiou sua sacola sobre o chão antes de abrir o objeto para ler seu conteúdo. Seus olhos âmbar deslizavam por tudo em um segundo, e depois, fechou o mesmo, guardando sobre sua calça. — Saco. Eu só queria ir para a porra da minha casa. Acabei de comprar as coisas… — Ergueu a mão, coçando o cabelo. Em seguida, desapareceu dali. A missão era simples até.

Devido a demanda da Aldeia, era meio comum que atividades de missões de Rank baixo fossem criadas de última hora. Então, de certo modo, quando as pessoas estavam ocupadas demais para lidar com pequenas coisas, era necessário que mandassem para os ninjas mais baixos fazerem na maior urgência possível. Durante a leitura, Uraku pôde perceber que havia uma pequena mapeação do lugar onde deveria ir, e era para lá que estava seguindo, chegaria em breve. Se tratava de um assalto com reféns em uma das ruas da vila de Suna. Devido o impasse da situação, era possível intervir.

[...]

Como um cometa, o garoto flexionou os joelhos sobre a construção e em seguida, se impulsionou velozmente. Estava acontecendo um pequeno ato de assalto onde alguns ladrões estavam fazendo de alguns comerciantes, reféns. O objetivo da missão era só salvar aquelas pessoas e nocautear os ladrões sem causar maiores prejuízos. O primeiro homem nem viu quando foi acertado no rosto, tendo quebrado seu maxilar no processo. Sua cabeça deu um giro para o lado e bateu de lado contra o chão enquanto seu corpo ia para cima, abrindo um buraco.

— Shima - - — Seu parceiro percebeu o gesto repentino e se assustou, movendo a adaga mais fortemente contra o pescoço de sua vítima. Mas ele não pôde nem mesmo terminar de chamar pelo seu nome, já que agora um impacto lhe acertou no rosto. Seus dentes se quebraram e ele partiu para trás, dando um giro no ar e acabando com seu próprio corpo sendo empurrado contra a parede de uma residência. Até o momento, os homens haviam sido acertados, mas seus reféns estavam livres, então olhavam confusos pelo que acabara de acontecer.

Com um novo flexionar, Uraku saltou no ar, girando seu corpo e movendo a perna em um rotacionar característico. A ponta de seu pé acertou a bochecha do terceiro e último ladrão, provocando uma chafariz de sangue para cima. O corpo do mesmo se desprendeu do chão e caiu sobre o solo, duro como uma pedra. Estava feito, missão D cumprida. Raoureki apenas ergueu o punho para tirar a poeira do seu ombro e saltou, pegando sua sacola e colocando no pulso. — Acho que exagerei um pouco, mas fiz o que me pediram. É o suficiente. — Comentou. 1 segundo depois, estava saltando pelos edifícios rumo para casa. Aquele era um gesto de justiça, por isso não havia recusado.

Uraku estava sentado sobre o telhado de casa. O sol estava lá no alto, fazendo sua presença brilhante como sempre. O céu azul, vasto sem nuvens, também se encontrava apenas na função de acompanhar o grande astro rei. Então, de todas as maneiras, o jovem ruivo só podia se preocupar com o fato de que além daqueles dois, só havia dunas e construções de barro. Ele ajustou a perna, observando os prédios que ali se encontravam, bem como as outras residências que ali estavam, as pessoas que estavam ali, ou que passavam por ali. Um leve suspiro escapou dos lábios de Raoureki.

Um pássaro deu algumas voltas no céu, soltando um pergaminho de suas perninhas alguns segundos depois, para depois voar, e desaparecer de vista. O Gannin estreitou os olhos e ergueu a mão, pegando o dito objeto entre os dedos. Era um novo pergaminho de missão, aquilo foi o suficiente para deixar o garoto irritado, que pressionou os dedos entre o vão do pergaminho. — Caralho, outra missão! — Esbravejou. — Que merda que é dessa vez?! — Questionou rudemente, abrindo o pergaminho para que pudesse olhar o que se continha ali. Seus olhos âmbar deslizaram sobre o conteúdo. Não demorou muito para que estivesse pronto.

Terminando de fazer o nó de seu casaco sobre sua cintura, Uraku saltou no ar novamente. Sua missão era simples, ele precisava arrumar uma parte da biblioteca localizada nas instalações do prédio do Kazekage, onde havia bastante poeira e tudo estava sem ser organizado faz um bom tempo, mesmo que seja para fins de organização de livros, lá estava bastante bagunçado,seria usado para mudanças, então, servindo como uma reformulação daquele ambiente, só que o garoto deveria dar um grau para facilitar o trabalho futuro. Assim que chegou, abriu a porta e observou aquele lugar. Estava cheio de teias e poeira, poeira até no ar. — Esse lugar tá um cu. — Comentou.

Com uma rápida olhada, ele percebeu que havia um balde com detergente de limpeza e um passa pano, junto com luvas e um chuveirinho para limpezas minuciosas. Era hora de começar o trabalho. O chão começou a vibrar com o impacto do passa pano, uma vez que as ações de Uraku eram brutas. Então, cada passada  do pano no balde era um chacoalho das águas, e depois, o garoto dos fios laranjas batia o mesmo contra o chão, começando a andar e balançar para lá e para cá de forma ríspida e bruta, limpando aquelas vielas e corredores do espaçamento. Quando terminou, apenas retornou para perto do balde a tempo de ver o passa pano se partir no meio. — Ahn?! Merda! Essas porcarias não servem pra ser duráveis! Que lixo! — Esbravejou.

[...]

Então era hora de limpar a estante e os livros. Colocando luvas, o garoto pegou o chuveirinho e começou a limpar a estante de maneira bruta, molhando o chuveirinho e dando alguns tapas sobre a estante e movendo de maneira circular e rude. A brutalidade foi tanta que a estante virou para o lado com todos os livros. — Ahhh! Porra! Caralho! — Xingou, erguendo os braços e apertando os fios do cabelo. Lá foi o garoto atrás para arrumar tudo, os livros que caíram sobre o chão. Aquilo levou horas.  Mas então, lá para perto das três da tarde, Uraku, saiu de lá, bateu a porta e trancou a mesma com a chave. Estava feito, apesar de todos os problemas e ele acabar com manchas negras de sujo.

— Que missão lixo! — Ergueu o punho, socando a parede mais próxima, sem deixar marcas. — Droga! Gastei o dia inteiro nessa merda! Eu preciso de um banho! Cacete! — E saiu correndo pelas escadas, soltando bravatas e bufando.

Uraku estava deitado sobre a cama. Seu olhar cor de âmbar se situa no centro do teto de seu quarto. Seu corpo estava coberto por algumas ataduras onde havia sido acertado pela kunai daquele cara loiro cujo nome ele havia esquecido. Ao se lembrar do sentimento, ele rapidamente sentiu raiva, tanto que chegou a cerrar os olhos, começando a grunhir como um animal enquanto seus dentes se faziam presentes, demonstrando tamanha raiva. — Droga! — O movimento seguinte foi o punho se movimentando em direção a parede, provocando um impacto barulhento,com uma pequena explosão. — Tenho que me tornar melhor. Assim eu vou ficar para trás. — Falou, irritado. Com isso, algo chamou-lhe a atenção.

O olhar se direcionou para a janela, onde há um corvo com um pergaminho no bico cinzento. Então a ave movimentou a cabeça, arremessando o objeto para o garoto antes de levantar voo e simplesmente seguir para bem longe de minha casa. Ou melhor, para bem longe de qualquer lugar que pudesse estar. Então, ele tinha uma missão. Se levantando, colocou sua camisa e amarrou seu casaco vermelho e laranja sobre a cintura. Nem desceu, apenas pulou pela janela e saiu saltando pelas casas. A sua próxima missão era… Uraku abriu o pergaminho, observando o seu conteúdo.

Em determinada área da vila, estava se acumulando uma grande quantia de areia, por esse motivo, os montes estavam subindo de maneira muito rápida sobre as ruas, atrapalhando o fluxo de pessoas. A missão do garoto do Bakuton era simplesmente remover aquelas dunas e evitar o acúmulo de areia em demasia. Assim, começou o trabalho. O Shinobi pousou sobre a área e, em seguida, observou o que tinha por ali. Uma pá e um saco preto. Então, o garoto pegou a pá e a girou entre os dedos. Força era sua especialidade. Então, sem muito esforço, começou a tirar pequenos ganchos de areia, deixando o saco aberto para jogar lá dentro de uma só vez.  

A hora passou e então o garoto se viu suado. — Que merda. — Resmungou, passando a mão sobre a testa e limpando alguns gotejos de suor. O sol estava lá no alto fazendo companhia, mas em um lugar como Suna, aquilo era o motivo pelo qual as pessoas transpiravam tanto. Com isso, ele continuou o seu trabalho enquanto as pessoas, civis e alguns Jonnins da vila passavam por ali. Mais alguns minutos e ele já havia acabado. No fim, largou a pá e foi amarrar o saco. Onde colocou o saco pesado de areia dentro de uma pequena caçamba próxima a uma esquina. No fim, deixou a pá no mesmo lugar que estava anteriormente que iriam pegar de volta, com certeza. No fim, era rumo para casa. A missão havia sido bem mais tranquila do que de costume, mas ainda assim, era notório que isso ainda havia irritado Uraku, só que em menos quantia. O garoto poderia ser visto saltando pelas casas, rumo de volta para sua residência, afinal, ele tinha algumas coisas para fazer. Era um Shinobi afinal de contas.

Uma missão que praticamente foi a mais tranquila de todas foi a quinta missão dada. O ruivo tinha que admitir mesmo com toda sua facilidade em sentir raiva ou ficar facilmente furioso que aquilo poderia ser a coisa mais simplista que poderia ter em sua vida. Pelo menos foi essa a sensação que teve quando recebeu o pergaminho da missão e o tirou para ler. A missão exigia… Bem, seja o que for, ele apenas se vestiu, deu um beijo em sua mãe de uma maneira bruta, o suficiente para fazer sua cabeça ir um pouco para trás, mas ainda assim amoroso, e saiu para fora, e lá estava o velho sol novamente, com seu calor, o vento, as dunas, e as pessoas. Isso sem esquecer das construções de barro.

[...]

No final de tudo, o Gennin recebeu a simples missão de dar uma passeada com um cãozinho, pois sua dona naquele dia estava incapacitada de ficar com ele mais do que o tempo necessário, então pediu ajuda para as autoridades de Suna para que a mesma mandasse alguém para ficar com o animal em sua ausência. O que resultou em Uraku Raoureki sendo chamado para ficar com o dito cujo animal. Era um cãozinho da raça Akita, bem tranquilo e dócil por sinal. Então, estava com ele pronto na coleira, junto com alguns sacos, garrafa de água canina e um limpador de fezes caso ele fosse dar uma barrotada.

No fim, ele deu algumas voltas e caminhadas com o cão até o parque próximo em algum ponto da Vila da Areia. Depois, tudo o que ele fez foi soltar o animal para que ele pudesse correr, saltar, gastar suas energia de uma maneira que pudesse se divertir. Depois, mais uma volta pelo mundo foi dada antes dele resolver piamente fazer uma regada em uma árvore próxima. Com o tempo de uma hora dado, tudo o que Uraku fez foi retornar para a casa da jovem civil, mas ela não estava lá. Mas deixou uma cópia da chave para caso o garoto precisasse de algo. Então, levou o cão para que ele pudesse defecar em um local apropriado na residência, bem como o alimentou com água e ração.

No fim, quando sua dona chegou, a chave estava sobre a mesa, havia sido usado para trancar a sua porta e manter a residência segura. O cão encontrava-se dormindo sobre o tapete, tranquilamente. A mulher poderia sentir que seu cão fora bem cuidado em sua ausência. Uraku então, observando que já estava em casa, fechou a janela e saltou para fora. Para o telhado de uma outra casa. A missão estava concluída, era só voltar para casa.