O próximo treino era algo mais difícil ainda. Uraku precisava escalar um grande cume de areia, na verdade feito de uma rocha desértica natural. Assim, ele precisaria escalar com apenas um braço. O outro estaria amarrado atrás de sua costa, de modo que ele poderia apenas utilizar o braço livre para subir até o cume. Não era a coisa mais simples do mundo, mas era um treinamento extremamente necessário. Começando primeiro com a protuberância íngreme, foi mais fácil do início. Impulsionado por si mesmo com o braço, Uraku começou a progredir na subida. Não obstante, quanto mais o tempo passava, mais pesado ficava, mais difícil também.

Em um determinado momento, o garoto cravou os dedos em uma subida pontuda, mas esta é rompeu e quebrou, fazendo com que o ruivo caísse, despencasse no ar. — Ei! Porra! — Gritou, movendo o braço rapidamente e se segurando em uma outra protuberância mais abaixo. Seu corpo balançou com o impacto repentino, e seus dedos tremeram, mas por pouco não caiu para a morte. Cair daquela altura… Uraku respirou fundo, fechando os olhos por um instante. Assim, se impulsionou novamente,voltando a focar no seu treinamento. Aquilo era cansativo, pois não era só escalar, como também o peso do próprio corpo era como um adicional de dificuldade.

O tempo passou, e Uraku estava no limite. Seu braço estava dormente, mas ele estava quase lá. Então, fez um último esforço para que seu corpo pegasse o impulso necessário e fosse para cima. Seus dedos tocaram a borda do cume, e então, com um gás a mais, o ruivo saltou para o alto. Girou o corpo no ar e pousou. Estava ofegante, e até mesmo passou a costa da mão sobre a testa, observando o campo de treinamento lá embaixo. No fim, caiu sentado, iria descansar de novo.

Quando Uraku decidiu que treinaria o dobro do que treinava normalmente, ele estava convicto. As últimas missões só mostraram para ele que seu limite estava lá, e ele precisava superá-lo. Tanya e o Yamanaka eram o maior exemplo de motivação para seguir em frente. Não iria dar para trás. Agora iria treinar pra valer, de modo que não seria mais alguém que cairia assim. Então, o garoto retornou para a barra. Apoiando o punho ali naquela rodela de ferro, ele começou a fazer o movimento inverso. A primeira barra havia sido com as mãos em frente ao rosto. Agora, a mão ficaria atrás da barra, e a barra em frente a face, deixando o exercício ainda mais difícil.

Então, começou a subir o próprio corpo com um braço só. Era difícil demais, mas não impossível. Trincando os dentes com tamanho esforço, o garoto começou a subir e descer rapidamente. Seu braço tremia de esforço mas não iria desistir. Terminada uma quantia determinada de séries, era hora de trocar. O garoto passava a fazer com o outro braço, e assim por diante. Chegou um momento em que sues braços já não estavam conseguindo subir tão rapidamente, isso porque mesmo com os descansos entre os braços, o músculo cansaria uma hora. Por isso, ao atingir seu limite, Uraku fez uma última barra inversa com ambos braços, se deixando pousar sobre o chão no instante seguinte. Ofegante, apoiou as mãos sobre os joelhos enquanto curvava o corpo para frente. O treino era intenso mesmo.

No fim, para terminar o último treino do dia, o garoto iniciou uma caminhada. Disparou rapidamente em sua velocidade mediana, seguindo assim para dar uma volta ao redor de uma grande rocha circular que existia ali perto. A primeira volta foi dada, assim, Uraku permaneceu na mesma velocidade, correndo de maneira ereta, com os braços em movimento para equilibrar-se, e as pernas em sincronia. De início parece uma coisa simples, mas depois conforme se vai esgotando as energias, a pessoa vai ficando mais cansada ao longo do percurso. Com o tempo passando, Uraku percebeu que a fadiga começou a chegar.

Em um determinado momento, o garoto de fios ruivos estava começando a ofegar mas era um teste físico, então precisava resistir, apenas assoprou e continuou. O tempo passou novamente e não se sabe quantas voltas o cabeça laranja havia feito. Mas continuou em frente, resistindo mesmo que suas pernas estivessem quentes e doendo, ele tinha que continuar. Trincou os dentes e rugiu em fúria, correndo pela rocha o máximo que podia. — Vai porra! Até o limite! Tem que ficar mais forte! Bora! — Gritou, incentivando a si mesmo enquanto gotas de suor escorriam pelo ar. No fim, suas pernas falharam e Uraku deslizou sobre o chão, ofegante. Ele havia chegado ao seu limite. Era o seu último treino do dia. Iria descansar e depois seguir para casa.