—— Eu só estava na área quando isso aconteceu. ——

Foram as primeiras palavras do acusado naquele interrogatório. A polícia havia contratado o Yamanaka para ser o escriba daquela sessão. Sua função, apesar de simples, o colocava em um stress alto para acompanhar as palavras que eram ditas no compasso sem pausas.

—— E quando foi isso? —— O detetive questionou, cruzando os braços.

—— Logo depois do almoço. —— O retorno foi imediato, a face de alguém que parecia preocupado e com medo.

—— Então você quer me dizer que não viu ele mesmo estando a dez metros do crime? ——

O condutor do caso não parecia ter um momento sequer de calma, tentando encurralar o homem como se ele realmente fosse o único culpado possível; talvez o fosse, já que mais ninguém estava no corredor naquele início de noite. As anotações conseguiam acompanhar com dificuldade.

—— As paredes do hotel são grossas! —— Desesperou-se, erguendo-se da cadeira onde estava.

—— Não se levante até eu terminar. —— Indicou o detetive, em um tom calmo, enquanto colocava as pernas para cima e apoiava-as na mesa. Como indicado, o acusado se sentou. —— Sabe, se você fizer a confissão agora podemos ter uma situação mais simples de pena. A família dele também vai se sentir mais aliviada. Você é o principal suspeito, e não vai demorar muito para que os resultados dos exames saiam... ——

—— Tudo bem, fui eu! —— Desesperou-se. —— Eu matei ele com a faca e depois voltei pro meu quarto. —— Surpreendentemente, o acusado se entregou. Ele não parecia nada confiante do seu testemunho, de qualquer forma.

—— Bom. —— Ergueu-se, pegando algemas e indo para trás do seu adversário. —— Seu julgamento será em breve. ——

As anotações corriam contra o tempo, e apesar da caligrafia de caráter duvidável, estavam prontas.