Aquela manhã estava quieta como sempre. O rapaz seguia sua rotina diária, arrumando seu equipamento, colocando sua roupa e se preparando para o dia de treinamento. O costume foi interrompido, entretanto, quando ouviu o som de batidas na vidro de sua janela. Abriu a mesma, e viu um pequeno corvo com um pedaço de papel dobrado em sua boca. O Uchiha estendeu a mão, pegando e desdobrando o dito papel, e recebendo o informe de seu conteúdo que dizia para o ninja se apresentar nos portões da Folha, onde encontraria com uma Jounin que carregava o mesmo sobrenome que ele. Uma Uchiha. Terminou seus preparativos, checou mais uma vez seu equipamento, e com tudo assegurado, fez da janela de seu quarto mesmo a saída dali, se indo na direção dos portões, saltando de prédio em prédio.

Assim que chegasse, o rapaz procuraria pela pessoa com quem iria realizar aquela missão, e caso não a encontrasse, permaneceria parado ali a aguardando.

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Em meio àquela grande multidão, o rapaz observou um homem se despedindo de uma mulher e logo vindo em sua direção. Logo que chegou, viu a venda em seu rosto.

"Ele é cego? Então, não deve ser capaz de usar o Sharingan..." - Pensou

Logo o mais velho estendeu a mão para cumprimentar o rapaz, que ficou só olhando, sem intenção nenhuma de estender a mão de volta, apenas acenando com a cabeça. Mas, antes que tivesse chance, o homem recuou e começou a... cheirar o garoto? Balbuciou algumas palavras estranhas, e então se virou, indicando o caminho. O rapaz o seguiu, e em silêncio, fizeram o trajeto. Ao chegar no post de descanso onde passariam a noite, o rapaz procurou observar silenciosamente o outro ninja, tentando entender o que foi tudo aquilo. Para sua surpresa, no meio da noite, foi acordado pelo mesmo, se desculpando por mais cedo. O rapaz se colocou de pé, sem conseguir dormir, para lhe responder após um breve momento de silêncio.

- Sem problema. Qual é o objetivo da missão? - Questionou, desejando ir ao ponto, como sempre.

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A explicação logo veio, destacando o fato de haverem desaparecimentos envolvidos na história, deixando tudo muito estranho. O rapaz ouviu atentamente a explicação e os objetivos da missão bem como as complicações. Ouviu tudo, até o final, em silêncio, como sempre. Suspirou ao ouvir a oferta, sabendo que aquilo estava fora de questão. Ele era um shinobi, um ninja; alguém que nunca poderia se colocar em posição de simplesmente abandonar uma missão e voltar por conta dos riscos. Sua atenção, entretanto, foi chamada no fim das palavras do mais velho.

"Pelo que me foi informado? Esse cara andou me investigando? Que droga é essa?"  - Pensou, observando o outro, que começou a ficar falante de repente. "Estranho, pra dizer o mínimo".
- Se fosse para fugir, não tinha aceito a missão- Falou, de olhos agora fechados por um momento.

Dali em diante, manteria os olhos bem abertos com o Jounin que carregava o mesmo nome que ele. Por mais que fossem aliados, não fazia muito tempo que seu antigo mestre e amigo havia se revelado um inimigo e se virado contra ele. Todo cuidado era pouco,e por isso o rapaz se manteria observando o Jounin discretamente sempre que pudesse.

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Aquele estranho homem não deixava de se mostrar cada vez mais estranho, e seu modo suspeito de falar pouco e observar muito estava cada vez mais chamativo. Será que ele conhecia Squall? Será que tinha alguma questão pessoal envolvida ali, além da missão? As perguntas eram muitas, mas não havia tempo para ficar pensando e divagando. Junto com o grupo, seguiram viagem pelas densas florestas, enquanto um dos mercadores cantava. Apesar de tentar tirar o foco daquilo, Squall não conseguia deixar de prestar atenção nas letras estranhas e sem sentido das canções. Histórias de terror sobre aquela região, aparentemente.

Finalmente, após um longo tempo de viagem, o grupo chegou ao que parecia ser a parte mais distante e isolada do País do Fogo. Várias casas abandonadas, e um ar macabro em torno do lugar. Os mercadores pareciam assustados de passar ali. O Uchiha manteve seus olhos e ouvidos bem abertos, para garantir que nada o surpreendesse. Observou o Jounin, a quem iria seguir à uma pequena distância.

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O local desolado parecia cada vez mais sinistro, à medida que o grupo adentrava mais o local. Os olhos do rapaz corriam por todos os lados, tentando identificar o que podia ter acontecido ali. Não demorou para que começassem à avistar restos mortais, sinais de pessoas que talvez morassem ali, ou que estiveram de passagem ao menos. O outro Uchiha, o Jounin, tomou a frente e começou à investigar os restos encontrados ali, e logo conseguiu ver tudo o que havia acontecido. O rapaz permaneceu em silêncio, observando tudo.

"Para uma missão Rank C, dada à uma Genin, isso está ficando perigoso" - Pensou, olhando à volta.

Assim que o Jounin chegou à sua conclusão, anunciou que iria para o Leste, e pediu para o Genin ficar ali cuidando de todos. O rapaz acenou positivamente com a cabeça, com o semblante sério de sempre, e logo se posicionou à frente do grupo. Sacou de sua bolsa um kunai, que segurou com a mão direita, enquanto corria os olhos por todos os lados, procurando ficar alerta à todo seu derredor.

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"Já faz tempo que ele foi. Muito tempo" - O rapaz pensava, olhando em volta, ainda a frente do comboio parado.

O silêncio mórbido daquele local desolado fazia arrepios correrem pelo corpo do rapaz vez ou outra, e deixava os mercadores do comboio completamente apavorados, ao ponto de até falarem em morte. Algumas horas haviam se passado desde que o Jounin havia deixado o grupo para ir procurar por respostas, e o tempo estava passando, o dia estava para acabar. Correu seus olhos por todos os lados constantemente, procurando qualquer sinal de perigo, ou do ninja sumido. Passaram-se mais algumas horas, quando de repente o rapaz começou à ouvir um som estranho. Do meio da floresta, o som de cavalgadas começou a ficar cada vez mais alto. De repente, do meio das árvores, ficou visível a fonte do barulho; uma manada de animais correndo vinham na direção do grupo. Mas, antes que chegassem perto, caíram mortos. Todos eles. O Genin arregalou os olhos, sem entender o que estava acontecendo. Parecia, literalmente, uma cena de filme de terror. Olhou em volta, e finalmente percebeu.

"Não estamos sozinhos" - Pensou ao ver os olhos vermelhos se multiplicando em volta deles.

Em poucos instantes, o primeiro par de olhos pulou, se revelando um coelho branco. Saltou em ciam de um dos mercadores, e começou à, literalmente, devorá-lo vivo. Os olhos do rapaz se arregalaram ainda mais, sem entender o que era aquilo. Nunca em sua vida havia visto ou ouvido sobre algo semelhante. Tentou gritar para que os mercadores corressem, mas era tarde demais, estavam todos sendo atacados. Só restava à ele tentar correr. Olhou na direção para onde o Jounin havia ido antes, e resolveu ir na mesma direção, correndo com toda sua velocidade. Em alguns relances, quando olhava para trás, percebia que a gigantesca onda de animais o seguia incansavelmente, mesmo tendo saído do chão e estar se movendo pelos galhos de árvores mais altas.

"O que diabos é isso?" - Pensou, enquanto corria freneticamente

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Por mais que tentasse correr, por mais que a adrenalina e o medo em seu corpo o empurrassem para longe, as criaturas continuavam aparecendo. Não adiantaria lutar, e aparentemente, não adiantaria correr. Foi ao pousar em um galho mais a frente que sentiu uma mordida em sua perna. A dor instantânea jogou o rapaz no chão, e conforme seu corpo ia formigando e perdendo os sentidos, viu aquelas criaturas lhe cobrindo por inteiro. Tudo que conseguia sentir era medo e desespero; o apego à vontade de viver para cumprir seus objetivos eram maiores que qualquer coisa.

"Então é assim que tudo vai acabar? Morto em um lugar esquecido, deixado para apodrecer... será que eu nunca mais vou te ver? Rinoa..." Pensou, lembrando-se do rosto dela.

Seus olhos lentamente se fecharam, enquanto seu corpo era completamente devorado. Foi quando tudo escureceu, que sentiu a adrenalina explodir, fazendo-o recuperar todos os sentidos do corpo. Abriu seus olhos de abrupto e saltou pra cima, sentado no chão, percebendo que havia recuperado o controle de seu corpo. Olhou em volta, ainda em agonia, e percebeu que tudo não passou de uma ilusão. Sentiu um forte calor em sua volta, que aumentava e diminuía constantemente, e o Jounin logo ao seu lado, ferido. Seus olhos se arregalaram quando percebeu o quanto ele estava ferido, e que as ondas de calor eram ataques sendo disparados contra eles. Seu corpo começou a tremer com o mesmo pavor que sentira poucos instantes antes. Ouviu tudo que o outro Uchiha lhe falou, atônito. Cambaleou para trás, tomado pelo medo de morrer. Suas pernas tremiam, e seus olhos corriam de um lado para outro, em parte ainda pelos efeitos da ilusão de antes, mas em parte pela nova dose do medo da morte. Aquilo era um combate real, de alto nível. Um Jounin havia se ferido para lhe proteger. O que ele poderia fazer? Sua melhor opção era fugir. Precisa continuar vivo, precisa vive para cumprir sua promessa, para reencontrar Rinoa.

"Seu moleque medroso" - A voz ecoou em sua mente, junto com a lembrança do rosto de seu antigo mestre, que havia se virado contra o garoto e tentando matar ele "Você é fraco demais para viver, Squall. Você é fraco demais para sair daqui vivo"' - Relembrou o dia em que quase foi morto pelo homem, até que se levantou e lutou "Fraco... é o que eu tenho sido" - Pensou, se levantando devagar, de frente para Mirai "Como eu vou poder acertar as contas com Kenshi, se nem sou capaz de lutar aqui? Como vou encontrar a Rinoa, se não sou capaz de arriscar minha vida em uma simples missão?" Pensou, abaixando o rosto e cobrindo-o com o cabelo "Não... não"

- NÃO!!!- - Gritou enquanto erguia agora seu rosto, com seu Sharingan ativo em seus olhos.

Com a destra, sacou uma kunai da bolsa, e a segurou em sua boca, mordendo-a. Seu semblante, antes de medo, agora era fechado, determinado. Seu sangue Uchiha começava À ferver dentro de si. Era tudo ou nada; custe o que custar, estava disposto à lutar.

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Oso lhos vermelhos escarlate do rapaz estavam atentos ao movimento em sua volta, e ele logo percebeu que a intensidade dos ataques começou a diminuir, até que finalmente pararam. Se iria atacar, essa era a chance. Sacou uma kunai enrolada em papel bomba de sua bolsa na perna direita, e aproveitou a fumaça do fogo para o ataque; do meio daquela fumaça, subiu até o topo da parede de pedra, e dali lançaria sua kunai com o explosivo na direção que calculou ser a posição de onde vinham os ataques.

"Aconteça o que acontecer, eu nunca mais fugirei” - Pensou, enquanto realizava uma rápida sequência de selos.

Simultâneo aos selos de mão o rapaz deu um salto de cima da parede, saindo para fora da cortina de fumaça que agora começava a se dissipar, e ainda no alto, observaria o inimigo. Caso ele tentasse alguma esquiva para escapar da arma com explosivo, lançar uma grande onda de fogo em sua direção com o Katon: Gōka Mekkyaku, lançando a gigantesca onda de chamas na direção do inimigo, onde quer que estivesse. Usando seu Sharingan, cuidaria para acompanhar os movimentos dele, quaisquer que fossem, para evitar qualquer surpresa. Pousaria de volta no topo da parede de terra, de frente para o inimigo e de costas para Mirai, ainda segurando a Kunai em sua boca. Caso o inimigo estivesse visível em meio ao mar de chamas, permaneceria com os olhos fixos nele.

"Kenshi... eu não serei mais um fraco. Não voltarei a fugir, nem a me esconder. Se eu correr agora, como poderei enfrentar você? Como poderei salvar Rinoa?”

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Do topo da parede de pedra, o Uchiha viu seu inimigo ser vencido por uma estratégia simples, usando a kunai e l papel bomba. Com o Sharingan, certificou-se de que aquilo não era apenas oura ilusão, e assim que tudo tivesse realmente se encerrado, voltou ao chão, onde Mirai estava. Viu à sua volta todos os mercadores acordando, ainda sob efeito do genjutsu. O que era mais estranho é que, aparentemente, eles não foram pegos na mesma ilusão que ele; pareciam realmente estar somente dormindo.

"A ilusão em mim foi diferente? Mas porque? E esses ataques... Mirai está todo machucado, por que estava me protegendo. Por quê ele não atacou os outros mercadores? Não eram eles o objetivo desse cara?” - Pensou, enquanto olhava em volta.

Levantou seu rosto, e deixou seu Sharingan desaparecer. Ajudou aos que precisavam de ajuda para se levantar e prepararam para fazer o percurso de volta, conforme solicitado por Mirai. Durante o trajeto, manteve-se quieto, pensando nas coisas que ali aconteceram. Em toda a luta em si, mas também todos os fatos estranhos que aconteceram ao redor da situação. Não levou muito tempo para que chegassem aos Portões da Folha, onde o rapaz manteve-se quieto e atento às instruções de Mirai.

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A viagem de volta para a Folha foi muito quieta; ninguém ousava dizer uma única palavra. E Squall era o pior de todos; além de não falar, estava com sua mente completamente distante, lembrando da luta e dos fatos que aconteceram poucas horas antes. Estava claro o fato de que o tal ninja estava focado no rapaz, por qualquer que fosse o motivo. E o que quer que fosse, até o fez colocar um genjutsu especial somente no rapaz, diferente de todos os outros, o que só deixava o Uchiha mais confuso. Quem era ele afinal?

Foi quando finalmente chegaram aos portões da Folha, despedindo todo o grupo, que o outro Uchiha se aproximou de Squall e finalmente quebrou o silêncio entre os dois. Questionado sobre o ninja que os atacou, o rapaz ficou sem reação. Estava tão claro que ele era o alvo, que até o Jounin percebeu. E ele continuava sem entender o porquê.

- Não - Foi tudo que respondeu, ainda pensando sobre o assunto.
"Por que eu? E quem era aquele cara?” - Pensou, enquanto tratava de preencher e enviar o relatório da missão para os superiores da vila.

De qualquer modo, ficar remoendo aquilo não resolveria nada. Deixaria aquela questão para o futuro, que parecia cada vez mais cheio de perguntas.

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