Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.
Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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[Gaiden] - Um novo florescer - Postado Dom Dez 04, 2022 5:29 pm
Um novo Florescer
- Falas | ~ Pensamentos
Caracteres: 9969 | Palavras: 2026
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Sentia extrema saudade dessa época onde as coisas eram mais simples. Refletia enquanto mantinha o olhar fixo sob a lua vermelha que havia surgido no céu há uma semana atrás. Em meio ao caos de dizeres proféticos sobre o fim do mundo que estava à espreita, de pessoas buscando se mudar para longe dos vilarejos em busca de fuga de um possível palco de guerra, como o que aconteceu com Kumogakure… Estávamos em tempos diferentes. Sentado sob o telhado de minha casa, onde minha mãe adormecia ainda em recuperação às suas sequelas enquanto meu velho provavelmente estaria sob alguma viela ou bar gastando as economias da semana, continuava a olhar para a lua como se enxergasse as chamas que marcaram um dia num passado não distante.
Antes mesmo de minha estúpida tentativa de aprender um jutsu de Doton na calada da noite no quintal de casa para impressionar o meu velho, recordava-me de uma lembrança feliz onde meu pai chegou a lacrimejar de emoção, por estar repassando ao seu herdeiro os ensinamentos exclusivos de nosso clã e adaptados por ele. Na época, não entendia o motivo para tanta euforia de sua parte, pois na minha concepção, se tratava apenas de mais uma lição para a vivência no mundo shinobi. Diferente das outras vezes, que eram feitas longe dos olhares de minha mãe, que odiava o incentivo de meu pai para que eu me tornasse um shinobi como ele, naquela ocasião até ela estava mesmo participando, olhando de longe, claramente contente por vivenciar uma tradição milenar tão bela.
— O primeiro ensinamento, filho, é entender que a energia que permite o nascimento de nosso Kekkei Genkai está em todas as coisas. A união da água, símbolo da fluidez, com a terra, símbolo da perseverança, apenas nos indica a natureza única dela. O Mokuton está em todas as coisas. — Ao nosso redor, diversos totens emergiram do solo, formando algo semelhante a tochas. Sua instrução era que eu tocasse no chão, usando meu chakra para sentir o que havia ali. — Respire profundamente… Alcance os arredores com seus sentidos, não apenas seu chakra. — Ele apoiava a mão acima da minha, enfiando-a na terra. — Sinto… Uma energia. Uma força. — Dizia de forma superficial, ao enxergar não apenas no solo, mas dentro de mim, uma chama de energia vibrar em mesma intensidade.
Meu pai sorria. — Essa “energia” que nos rodeia não pertence aos Senju. É vaidade acreditar que é algo exclusivo nosso. A terra e a água estão em todo lugar, afinal elas representam a vida. Tudo o que tenho para te ensinar é um meio de interpretá-la e deixá-la fluir através de você. — Com isto, eu me ergueria junto de meu pai, observando-o se posicionar no meio daqueles totens, encaixando uma vestimenta com diversos símbolos de nosso Clã. Chamas surgiam das pontas dos totens e, enquanto falava, o mesmo iniciava uma espécie de… Dança?
Seu movimento me gerava espanto. Nunca havia visto meu pai fazer algo parecido. Em meio de todo aquele cenário, era como olhar para um espírito, uma divindade… Sentia o chakra ao nosso redor fluir como um tornado ao seu redor. Não… Era como se estivesse dançando junto dele. — É como… Abrir uma barragem para um rio ser capaz de fluir, entende? Ou de semear o solo para que dele surjam novas vidas. — Meu pai sempre teve um toque poético em suas palavras, o que sempre encantava minha mãe. Às vezes, eles ficavam todos melosos depois que meu pai vinha com uns poemas desses inspiradores tirados da cabeça.
Acabava sendo compelido por tamanha beleza em imitá-lo. Apesar de estar trajando apenas um simples manto com símbolo dos Senju, começava aos poucos a fazer os movimentos daquela mística dança. Vezes, era sólido, firme e irredutível, enquanto outras pareciam carregar fluidez, leveza e vitalidade. Era difícil demais colocar em palavras os sentimentos gerados ali.
O movimento começava a gerar impactos significativos no ambiente. Em determinado ponto, notava que os totens já haviam mudado para algo maior, mais imponentes. Parecia que galhos haviam brotado deles, enquanto seu tamanho ia ficando cada vez mais expressivo, como uma árvore em crescimento. Além disso, flores e mudas começaram a surgir com sutileza, acompanhando os movimentos fluidos daquela performance de pai e filho. Em determinado ponto, me espantava com uma muda que crescia de forma explosiva após um movimento mais brusco de meu pai, me fazendo cair de bunda para trás, enquanto ele continuava a se movimentar.
Sua fluidez permanecia intacta, enquanto uma pequena floresta ia surgindo ao nosso redor. — O florescer tende a assustar, garoto. Você não deve temer o futuro, não deve temer crescer. Falhas surgirão como galhos tortos, mas seu espírito deve ser maciço como um tronco. Firme seu coração em sua honra, assim como as raízes se fixam ao solo. Nutre-se disto, e seu corpo e espírito estarão prontos. — Ele dizia com serenidade, diferentemente de como costumava soar em outras ocasiões de nossas rotinas agitadas.
Sua dança finalizava no instante em que a última árvore de cerejeira surgia em nosso quintal. As folhas cor de rosa preenchiam o cenário aponto de até mesmo o céu parecer mudar de cor. Folhas caíam ao chão, apenas para me fazer sentir aquela mesma energia que havia surgido do chão, agora vindo pelo céu. De uma cereja, meu pai destacava sua semente, entregando em minha mão enquanto se ajoelhava diante de mim. — Você sabe o que fazer. Estarei aqui por você. — Relembrar de sua gentileza, de seu sorriso torto e da felicidade que ele emanava apertava meu coração.
Encaixava a semente no solo, apoiando as mãos acima dela como se estivesse cobrindo-a do mais intenso dos invernos. Tentava sentir a vida dela, da mesma maneira que sentia meus batimentos cardíacos. O conhecimento do Doton auxiliava ter maior fluidez com o controle do solo, mas os conhecimentos de Suiton, que não eram tão familiares a mim, faziam falta naquela hora de sentir a energia nascer.
Relembrava dos movimentos de dança, da mistura entre brutalidade e fluidez. Respirando fundo, transmitindo meu chakra através do solo, envolvia a pequena semente e ajudava-a a drenar todos os nutrientes necessários para seu aumento de vitalidade. A alimentava, como se estivesse nutrindo minha própria alma, até chegar ao ponto onde me erguia, puxando a mão em minha direção, apenas para ver um broto me acompanhando. Realizava um giro ao redor de meu próprio eixo e o broto, que apenas crescia mais, me acompanhava, retorcendo-se em seu mais novo tronco. Seguia aquela mística dança, notando o crescimento virtuoso da jovem árvore, que emergia entre meu pai e eu, nos separando e simbolizando o momento em que eu começaria a caminhar com minhas próprias pernas. Afinal, tudo aquilo também estava simbolizando o meu novo florescer.
Retomava a realidade como se tivesse despertado de um terrível pesadelo. Ainda estava ali, sentado sob a luz do luar carmesim, observando a movimentação agitada através da vila da areia. O brilho da lua refletia sob a prótese metálica, que estava ali não apenas para me fazer ser um shinobi válido novamente, mas para me relembrar do passado, de minhas falhas e dos impactos que ela gerava.
Saltava para o chão, bem no quintal de casa. Antes o local era palco de um belíssimo jardim, onde meu pai e minha mãe utilizavam de seus conhecimentos para criar algo belo. “É como seu irmão mais novo”, eles me diziam. Sorria ao lembrar, mas me entristecia ao observar nos arredores e ver apenas galhos secos, quebradiços e mortos. Sentava-me em posição de lótus, tentando recobrar os sentimentos daquela noite anos atrás. Diferente da outra vez, onde todo o quintal estava transbordando de amor, alegria e vida, agora nos meus arredores conseguia sentir apenas energia morta. Ainda assim, conforme dito pelo meu velho, a “vida dava um jeito”.
Quando abria os olhos, notava aqueles totens me rodeando novamente. Seu formato era distinto, mas o propósito era o mesmo. Não era capaz de gerar fogo como meu pai, mas o brilho vermelho da lua substituia bem a atmosfera criada naquela noite. — Alcance os arredores com seus sentidos, não apenas seu chakra… — Repetia as palavras, na medida em que iniciava aquela mística dança. Era triste fazer naquela ocasião, mas os movimentos surgiam pelos meus braços e pernas de forma natural, sem controle. Quando me dei por mim, já estava lacrimejando, cercado de brotos que surgiam do chão como forma de resistência ao habitat árido que era composto o País do Vento.
O movimento falhava uma vez ou outra. As próteses sentiam a hesitação, e costumavam ranger e travar quando minha mente e minha cabeça não estavam em total sincronia. Ainda assim, resistir aos impulsos em desistir, em sentar cercado de galhos em ascensão e me afundar ainda mais no sentimento de culpa que eu acreditava já ter superado. Era tão difícil quanto os exercícios realizados com meus companheiros e me manter em movimento se mostrava ser um desafio muito superior do que subir aquela parede na costa da montanha.
Mas quando sentia o corpo enrijecer, lembrava-me das propriedades da água, de jutsus Suiton, e deixava o movimento fluir mais. E quando o contrário, o inverso acontecia: quando sentia-me perdido, saindo do eixo e deixando a mente flutuar demais, relembrava da firmeza da terra, da fixação de minhas raízes. Quando reabria os olhos, notava os grandes troncos emergindo da terra, cobrindo o céu sob minha perspectiva com as folhas cor de rosa das cerejeiras. Elas caíam sob meu rosto úmido de lágrimas e suor, substituindo a tonalidade vermelha da noite e a energia caótica dos últimos dias por um sentimento de paz que transbordava em tons róseos.
Respirava pesado, cansado, ajoelhando-me ao chão, que agora tinha uma espessa grama, observando a maravilha daquela criação. O sangue dos Senju era algo milenar, tão antigo quanto à história do mundo ninja. E havíamos conseguido prevalecer por tanto tempo exatamente dessa forma: sendo firmes às nossas origens, fiéis à nossa filosofia e transformando a beleza da vida em nossa principal força. O som de algo se arrastando me chamava atenção, até que observava a figura de minha mãe, em sua cadeira de rodas, se arriscando em passear mais uma vez por aquele quintal, que tanto lhe afetava sentimentalmente. — M-Mãe? — Murmurava, levantando-me e indo em sua direção, preocupado.
Ajoelhava-me em sua frente, olhando em seus olhos que há tanto tempo não transmitiam vida. Diferentemente da vista cansada e da expressão fria e adoecida, ela agora parecia mais jovem e mais bela. — É… Lindo. — Ela comentava com um olhar encantado. Eu olhava para trás, notando que as árvores convergiam em um formato quase artístico, abusando de simetria e de detalhes feitos pelos galhos retorcidos. — Não quis acordá-la. Vamos, te levo de volta. — Já estava me levantando quando senti sua mão fraca repousar em meu ombro. — Não se preocupe. Vamos ficar mais um pouco. Não é todo dia que nosso quintal fica tão belo assim. — Tinha que concordar. Sentava no chão, ao seu lado, olhando em silêncio para a minha recente criação. — Me lembra das poesias de seu pai. Apesar de algumas serem muito ruins, ele conseguia trazer emoção a elas, do jeito dele. — Ela ria baixinho, e me sentia obrigado a acompanhá-la.
Acabava não sentindo pela distração, mas em cima do telhado da casa, outra figura acompanhava todo aquele cenário. Senju Kenji, popularmente conhecido como meu pai, assistia tudo com uma pequena cabaça de sakê em suas mãos. Seu olhar cansado e triste estavam diferentes naquela noite, olhando com um resquício de orgulho todas àquelas cerejeiras que ocupavam o quintal de sua residência. Ele levava a bebida aos lábios, hesitando num último instante, e desistindo ao repousa-lá ao seu lado. — Agora não… Aprecie seu filho, Kenji. — Ele sussurrava para si mesmo, não desejando que o álcool mexesse com seus sentidos e lhe tirasse o momento que estava vivenciando. O breve som me chamava a atenção, me fazendo olhar para cima em busca de sua origem. Entretanto, nada via ali, exceto por uma semente de cerejeira, que caía pelas telhas até meu colo.
- Histórico:
- Gaiden [Aprendizado da Individualidade Mokuton]: 1/1
Dante
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Re: [Gaiden] - Um novo florescer - Postado Seg Dez 05, 2022 12:05 am
Vou considerar esse como o seu Gaiden timeskip, logo está aprovado