A lua vermelha clareou as ruas da Folha e de todo mundo no último ano, um período de grandes mudanças após a devastação da Besta de Dez Caudas que veio a reduzir Kumo em pó, forçando uma reconstrução em todo seu território, o que deveria gerar uma mobilização de todos seus ninjas. Na sinceridade, foda-se a Nação das Nuvens, pouco se importava com aquele vila, estavam longe e deveriam viver sua vida, era aquilo que Tengoku pensava, antes um nukenin, agora empenhado a ser um shinobi de Konoha, ajudando a aumentar a chama que estava em sua formação, buscando ter todo o poder necessário para aquilo, sendo isso o que foi feito nos últimos 12 meses, uma busca por ser melhor, usando de todas as armas necessárias para isso, para assim então evitar desastres como o ocorrido anteriormente, visto com seus próprios olhos, com consequências inimagináveis, mortes, devastação e uma nação quebrada, assombrada por traumas, assim como o detentor de tal história, o Tokubetsu de Konoha, Destruidor de Nações, a Explosão Encarnada, Tengoku Brando, usuário da Kibaku Nendo, uma arte do fim, assim como aquele trazido pela Juubi, que estava apenas em seu início. O passado seria um conto da realeza, no futuro contado para as próximas gerações.

"Outono de 743 foi quando regressei da Nuvem, anteriormente uma cidade de mármore, agora uma cratera, vestígios de uma história de devastação, ainda consigo me lembrar daquele ser titânico, seu olhar sanguinário, suas dez caudas balançando de um lado para outro, toda uma multidão atacando a criatura, impedindo o que fosse o pior, mas a desgraça é impossível não acontecer. Pouco importava se o ataque final da besta com cauda pegasse ou não, veria o emissário do fim, em toda minha jornada nunca soube de alguém com tal poder, que era tamanho para destruir por completo uma vila, sendo aquele o fim temporário da Nuvem, agora limpa, o que por pouco não aconteceu com a minha vida e dos demais shinobis se não fosse por um outro figurão. Todo esse caos que me motivou a vir para Konoha, o Mundo estava aos poucos ruindo, ficar como um renegado, de país em país, não seria uma decisão esperta, agora precisava fazer valer a pena minha estadia ali, agora sou parte de uma vila, devo começar a pensar nas demais pessoas, tentar ao meu máximo deixar de ser tão egocêntrico, abandonar os meus traumas e ser livre, talvez seja esse o meu tão sonhado céu. Odeio o meu pai e o sangue que carregava, mas era aquilo que me dava poder, a origem da minha força, talvez o correto fosse canalizar todo meu ódio em uma explosão, todo o processo da devastação sempre me deixou bem, explorar algo desse nível ia unir o útil ao agradável, no fim não fui o único a ter esse pensamento.

A verdade é que um renegado sempre acaba chamando atenção dos poderosos, uma situação que estou acostumado por todo esse tempo, era sempre a mesma coisa, matar fulano, sequestrar alguma riquinha, tudo era ossos do meu antigo ofício, não me arrependo de nada, na verdade fico até orgulhoso, meu futuro estava para ser brilhante, quem sabe onde eu poderia chegar? Na verdade nem eu mesmo sei, as vezes penso em voltar a ser um renegado, mesmo sendo uma mudança recente, passando dias, acabei mudando tudo, pintando o cabelo, cortei ele também, tô dando uma relaxada com a barba, que vai crescendo aos poucos, não sei o real motivo de estar falando isso, tenho muita coisa importante pra falar e tô dando importância para isso? Foi só caçar começar a escrever um diário que tô me sentindo idiota, devo tá igual uma adolescente, descrevendo as mudanças da sua puberdade, pra ela tá tudo bem, agora pra mim? É no mínimo esquisito falar sobre esses assuntos, mas a minha médica pediu pra fazer isso, onde estava com a cabeça de procurar uma terapia? Sinto que aos poucos me torno um fraco, igual aquele idiota da areia, daqui a pouco tô colhendo flores e chorando por palavras.

Acabei ficando um tempo sem escrever alguma coisa, as coisas aos poucos vão melhorando para o meu lado, um velhote da folha veio em minha procura, no começo estranhei aquilo, mas foi com poucos minutos que descobri alguém como eu, membro da mesma linhagem sanguínea, nós dois tínhamos poderes da explosão, a kekkei genkai Bakuton, uma liberação de chakra única, principalmente para o coroa, que usava algo como uma argila, que tomava inúmeras formas, de aranhas até pássaros, tudo era possível, bastava querer e a arte da destruição tomava vida, detonando os corações dos entusiastas pela beleza, era tudo belo, o simples pensamento de também fazer aquilo tomava minha mente. Imagina ter tamanha versatilidade, poder defender uma vila, reduzir inimigos a cinzas e o principal, estaria no auge da minha mortalidade, era algo de proporções muito maiores, bastava aquilo para me tornar o aspecto da destruição. E estava na minha frente, simplesmente minha chave para o meu futuro brilhante, as vezes ter aquele velho ninja por perto não seria uma má ideia, Shingen Takeda, um antigo ANBU, vítima do tempo, que lhe forçou a se aposentar, mas não a deixar de apreciar uma arte destruidora, nem de repassar seus conhecimentos. O mais bizarro de tudo aquilo era o meio transmissor de toda aquela técnica artística, o corpo do shinobi precisava passar por uma mudança, suas mãos precisavam se abrir, a beleza de duas bocas nas suas palmas, tudo em prol da arte, que quando mais grotesca, mais impacto teria e era aquilo que eu desejava, estava deixando de lado a crença do meu castelo imutável que tratava o meu corpo, certas coisas sempre teriam seu sacrifício, estava disposto a pagar para ter aquilo. Shingen estava de acordo com tudo aquilo, na verdade foi para isso que veio ao meu encontro, alguém misterioso teria ordenado, um investimento foi feito para mim, o que me motivava a fazer por merecer aquilo.

O funcionamento demonstrado pelo aposentado era verdadeiramente bizarro, ver suas mãos mastigando massas de argila distribuídas em cada uma de suas bocas, formando uma mistura de saliva e aquela substância branca pega de uma bolsa que carregava, uma sensação de nojo tomou o meu corpo, quase me arrependi de tentar fazer aquilo, mas ao ver aquilo se tornar bestas argilosas, controladas pelo jonin, quebravam o que eu sentia. Ver elas se distanciando de nós e resultar em explosões era belo, ver que eu poderia fazer coisas melhores e maiores, me dava um êxtase, uma satisfação, carregar comigo a destruição trazia uma euforia, sempre desejei poder e aquilo estava um nível acima de tudo que sonhei. Ainda consigo me lembrar de suas palavras: "Esse é o poder do Kibaku Nendo, a argila se torna uma extensão de seu corpo, seu chakra toma o controle daquilo. Quanto mais argila, maior será a explosão, sempre lembre disso." Acabei confiando cegamente naquele velho, chegando ao ponto de parar em uma espécie de ruínas do País do Fogo, devastadas, com um de seus únicos pontos intactos um mural, contendo o desenho de uma grande mulher, decapitada, com bocas em suas mãos, assim como era mostrado pelo ancião da explosão.

Sob a presença da Deusa sem Rosto, nome dado aquela figura, conhecida em toda linhagem da kekkei genkai como uma progenitora, morta como uma bruxa por fanáticos religiosos, que julgavam como proibido tal técnica, perdida por um tempo até ser encontrada e repassada em diante para novas gerações, chegava a minha vez, com aquele que estava próximo de ser considerado como meu sensei, retirando um pergaminho, posto no chão, estendido. Meu peito era tomado por uma dor imensa, chegando a me fazer cair no chão, sem sentir meus movimentos, como se estivesse paralisado, o que de fato acontecia, mas minha existência se reduzia a nada, o mundo perdia a cor e o equilíbrio, com a minha visão escura e girando, tudo até sentir um queimor vindo de minhas mãos para no fim não sentir mais nada.

Minha mente estava fazia até acordar, tomado por uma dor de cabeça e ainda sentindo um queimor vindo das minhas mãos, que ao recuperar totalmente minha visão, veria as famigeradas bocas, agora presentes em mim, com Shingen me observando ao fundo, se aproximando quando eu levantasse, jogando para mim uma bolsa, assim como aquela que ele carregava, contendo em seu interior uma grande quantidade de argila. Era a minha vez de testar aquilo, pegava um pequeno pedaço da argila, puxando com a língua para dentro da minha boca direita, que marcava quase que automaticamente, sobrando para mim espalhar o meu chakra explosivo, jogado para aquela massa, moldando uma forma de aranha, jogada contra o chão, mas até então sem vida e sem explosão, algo precisava mudar.

Outra quantia era pega pega, mesmo processo, mesmo resultado, ia repetindo até minha mão arder mais, sentia o queimor do meu chakra, constantemente liberado para um único ponto, ainda presente no meu interior. Em uma nova tentativa, repeti o processo, formando outra aranha, mas que dessa vez tinha consciência, movimentando pela ruína até um ponto especifiquei, explodindo em sequência, em baixa escala, mas destruindo um pouco de pedra. Já podia ser o suficiente para outra pessoa, mas não para mim, busquei criar cada vez mais formas de vidas, passando de simples aranhas para pássaros convencionais, gigantes, dragões, seres humanos e até bombas grandiosas. Cada uma teria sua explosão, suas áreas, cada vez maiores, estava próximo para se tornar o arauto da destruição, isso se já não chegasse nesse nível. O poder do inferno estava nas minhas mãos, era isso que passava na minha cabeça, Shingen estava orgulhoso, seu trabalho foi feito, então desaparecia, me deixando ali, frente a frente com a Deusa sem Rosto, até então intacta, mas com uma bomba dracônica, reduzia a destroços uma falsa divindade, fruto da passado, eu estava ali para me tornar o futuro, aos poucos estava para começar a deixar de lado a história anterior a mim.

Quando regressei a Konoha, fui ao encontro da pensão onde estava vivendo, peguei o meu diário, começando essa história que contei ao longo das últimas linhas, pronto para por um fim e fechar o livro da minha autobiografia, um termo bem melhor para dizer, sem me fazer parecer uma garota adolescente. Acho que já deve estar bom, quem sabe o está guardado para o meu futuro? Será algo que apenas a minha médica irá saber."

Agora uma figura feminina, de jaleco branco e óculos redondos segurava em suas mãos o livro autobiográfico de Tengoku, entregando para o mesmo o objeto de capa verde. - Eu estava gostando de ver Tengoku, você pegando o hábito mesmo de escrever, mas só isso? Sério que você parou? Quando você me falou da sua autobiografia, esperava mais coisas, não só uma história de como você conseguiu tal poder, com todo respeito, mas sua vida ninja não é de meu interesse. Nossas seções estão tendo um avanço, não vou negar, mas esse hábito de escrita te ajudaria mais, foi por isso que te sugeri na nossa primeira conversa após sua chegada e você me procurar. Tem umas 200 folhas e praticamente um quarto dela está preenchida. - Com pernas cruzadas, a moça ajeitava seu óculos e direcionava um olhar para o Tokubetsu. - Olha doutora, vai me perdoar, mas por pouco não taquei fogo nessa porra. Sério, um diário? Eu tô com 20 anos nas costas, aí já é demais. A terapia é uma coisa, agora continuar com isso aí, nunca. - Um pouco desconfortável, diria Tengoku, cruzando seus braços e observando a psicóloga. - Tengoku, vou te sugerir que venha aqui mais vezes, ao invés de visitas mensais igual antes, será agora semanal. E continue com seu diário, se não irei passar para os seus superiores. Pode ir, até semana que vem. - Com uma despedida silenciosa por parte do homem, que sairia do consultório, parando na porta e pegando um cigarro, levando até seus lábios, ascendendo e começando a liberar a nicotina para seu interior, caminhando rumo ao centro da vila, escondendo suas mãos nos bolsos para que ninguém percebesse suas bocas, a fonte do seu mais novo poder.

Considerações:

Status:

Jutsus:

Armamento:

Aprovado