A viagem era bastante comum para a kunoichi de cabelos negros acostumada a vir ao País das Fontes Termais desde o início de sua ligação com a Igreja do Fogo Eterno. Entretanto, daquela vez, a garota estava com a entidade estranha em sua mente muito mais aflorada. Mas a chuva atrapalharia seu caminho, fazendo-a olhar para cima e respirar fundo. "Isso vai acabar nos atrasando, Pandora... Certo, mas é melhor a gente esperar a chuva passar... Por quê? Isso é só água menina... Mesmo assim, vamos nos abrigar e esperar a chuva passar..." A opção mais óbvia era adentrar em uma caverna próxima para esperar o mau tempo cessar.

— Se não há grandes coisas a fazer, então o melhor é explorar por aí... Saciar um pouco da minha curiosidade sobre este lugar... — Virar-se-ia de costas para a entrada gruta, caminhando lentamente a observar os desenhos lançados nas paredes rochosas. "Interessante... O que é interessante? Esse monte de besteira riscada na pedra... Sim, isso conta histórias. Veja só..." Sua resposta à Fênix era interrompida quando a kunoichi se aproximava distraída da rocha. Uma espécie de armadilha era ativada e ela despencaria dali para a parte interna da caverna, caindo sentada no solo. "Viu o que acontece quando você fica prestando mais atenção em bobagens do que em nosso objetivo... Ora, fique quieta. O que é isso?... Como é que eu vou saber afinal de contas, garota?"

Limparia suas vestes à medida que se erguia, olhando em volta, mesmo sendo um ambiente um pouco mais escuro ainda era possível enxergar. Desta vez mais atenta, buscaria se aproximar das paredes, tateando-as a procura de alguma nova armadilha. "Será que isso é esconderijo de algum shinobi? Não me pareceu uma armadilha natural desta caverna estranha... É bastante provável, por isso você caiu como patinha..." Andava pelo ambiente à procura de respostas, não nada surgia para ajudar a esclarecer aquelas questões que ela levantava em sua mente.

Tatear as paredes de pedra da caverna secreta não era algo diretamente útil para uma kunoichi daquele escalão poderia parecer uma tarefa simples, mas o lado científico da morena potencializava seu tempo de exploração. O caminho, aparentemente mais seguro, a jovem chegaria em uma espécie de cômodo dentro da caverna. "Mas que coisa inacreditável é essa? Isso é mesmo um esconderijo de alguém?!... Era..." A Fênix ressoaria na mente da garota quando o olhar encontraria o corpo já totalmente decomposto. "Ainda bem que você não sente o cheiro, deve ser péssimo..." Aproximar-se-ia do corpo, observando-o.

— Hmmm... — Olharia em volta e notaria uma espécie de móvel de pedra ao canto. "Uma escrivaninha? Que segredos você pode guardar aqui, ex-vivo?..." Pensava, seguindo até o local para observar os pergaminhos e livros deixados pelo proprietário do esconderijo no meio do nada. Indicações de remédios e listas de pergaminhos de jutsus básicos, bastante simples para uma Jönin de uma das Grandes Nações Ninjas. "Não parece ser nada de muito impressionante. Técnicas do elemento Terra e algumas anotações sobre o elemento água... Água é bastante inferior à Terra e Lava, Pandora. Está perdendo seu tempo lendo todo este lixo..."

Entretanto, algo diferente chamaria sua atenção: um pergaminho com instruções para invocar uma sólida defesa frontal. A ausência de detalhes naqueles escritos, cultivaria ainda mais a curiosidade de Pandora sobre aquilo. "Droga, agora que ela não vai seguir com os planos e ir atrás de uma besteira enterrada a muito tempo em uma caverna no meio do nada. Neste caso, irei adormecer. Chame quando terminar essa maldita caçada e tiver tempo para fazer o que viemos fazer..."

Agora sem as constantes perturbações mentais causadas pela entidade que ocupava a marca em seu ombro esquerdo, haja vista que a Fênix, de fato, tinha se aquietado, a Heinstein poderia se dedicar a obter aquele conhecimento que parecia estar perdido com os restos mortais do outrora morador daquela caverna. Lendo o pergaminho de forma atenta. Já conhecedora da arte ninja da invocação de animais, esta parte das instruções contidas nos pergaminhos deixados para trás. A parte da própria invocação em si demonstrava algumas diferenças consideráveis se confrontado com as serpentes com as quais ela tinha contrato firmado.

"Não me parece que seja necessário tratar de cada um dos tipos dessa invocação. Afinal são o que? Portões?!" Pararia um instante, fechando os olhos e respirando fundo, concatenando as ideias em sua mente. "Essas invocações são o que? Até mesmo os selos para realizar a técnica são diferentes da normal..." Continuaria lendo as instruções constantes nos papiros, aproveitando para se sentar sobre o móvel de rocha adaptado. Poderia notar que se tratava de uma invocação simples, uma tripla e uma quíntupla e que poderiam ser utilizadas especialmente como defesa.

Ela já acreditava ter todas as informações necessárias para firmar a invocação dos portões infernais, como estava descrito no pergaminho instrutivo. Suspiraria, enrolando os pergaminhos e os levando consigo para sair daquela pocilga. Era o momento de buscar a realizar a técnica de forma definitiva.

Depois de alguns instantes, pouquíssimos, a kunoichi já estava de volta à porta principal da caverna em que localizou a entrada secreta do esconderijo do homem morto. Com a chuva mais fraca ainda caindo do céu para o solo do País das Fontes Termais, ela pode ficar bem próxima ao portal da formação rochosa, ainda dentro da gruta. "Como será possível fazer o pacto de sangue com esse tipo de invocação? Eles não são seres vivos, não há como interagir de forma animada com eles. Onde colocarei meu nome para me tornar uma invocadora?" Questões como aquela se multiplicavam na cabeça da morena que se mantinha de pé, buscando as respostas dentro de si mesma.

A invocação em si não detinha qualquer grau de desafio para Pandora, exímia usuária daquele tipo de ninjutsu, quiçá a mais habilidosa em todo o mundo ninja. Sacrifício de sangue e, para ela, um selo de mão, para trazer ao campo o ser (ou objeto) de seu interesse para a batalha. Era o momento de aprimorar tudo que tinha visto até aquele momento e avançar com uma nova habilidade.

"Há anos a Felícia-sensei me disse que não era aconselhável usar a técnica de invocação sem ter um contrato assinado. No entanto, o que poderá acontecer se eu usar a técnica tentando invocar um desses portões indicados no pergaminho?... Bom, vamos ver o que pode acontecer exatamente..." Depois de pensar nas possibilidades ou até mesmo no que seria mais provável, ela morderia a ponta do dedo polegar da mão esquerda e faria o selo de mão necessário. Bater a mão dominante no chão e ver a formação dos selos próprios do kuchyose faria a kunoichi sorrir ao vê-los. Entretanto, ao invés de os portões surgirem a frente da garota, ela que desapareceu dali.

Os planos da kunoichi rapidamente mudariam ao perceber que ela tinha sido levada até um lugar estranho e bastante diferente do País das Fontes Termais. Estava sozinha no ambiente que parecia sequer ser habitado por seres vivos. "Ah sim! Agora me lembrei, quando não se tem o contrato assinado com a espécie que se tenta invocar, você que é trazido para o lugar em que residem..." Depois de respirar fundo e pensar no que acontecera, a jovem de Iwa começaria a caminhar, olhando em volta e procurando algo ou alguém que pudesse lhe dar mais detalhes a respeito da situação.

Era meio desanimador caminhar por aquele local completamente desprovido de vida e, mesmo para a frieza dela, tudo aquilo parecia mórbido demais. "O que daria para esperar também. São portões, devem estar no limiar da realidade. É até bastante compreensível que não exista nada junto deles..." Passado muito tempo e com a jovem começando a se cansar, encontraria um altar com o que parecia um livro pesado sobre.

Sem qualquer alternativa, andaria até o altar e começaria a ler o livro sobre ele. Diversos nomes, todos riscados, remeteria a garota a se lembrar do pacto com as Cobras da Caverna Ryūchi. "Esses eram aqueles que podiam invocar os portões?! Parece que todos estão mortos... Isso é muito deprimente!" Encerraria seus pensamentos, cortando a ponta do dedo indicador da mão esquerdo e escrevendo o próprio nome na linha seguinte para consolidar o pacto de sangue entre ela e aquelas coisas.