E mais um dia tinha se iniciado, mas não era qualquer dia: era meu primeiro dia fazendo uma missão como um genin da folha! Mal podia conter minha emoção, que tipo de desafios e mistérios aquele dia me reservava?! ... Bem, essa com certeza seria minha reação se eu já não soubesse o que eu precisava fazer e a ultima coisa que ela era, era emocionante. - Céus, por que?! - Praguejei comigo mesmo. Eu, um ninja graduado sendo enviado para recuperar uma peruca, sim, uma PERUCA! Aaarrg! Minhas habilidades desperdiçadas em uma simples missão de busca. - Espero que corram muito crianças, porque ese não... - Reclamei comigo mesmo enquanto caminhava pelas ruas da cidade, alguns desconhecidos me olhavam com certo desdém por estar falando sozinho, mas quem liga? Pessoas vivendo suas vidas pacatas nunca me entenderiam mesmo.

Minha busca pelas crianças não gerou os frutos que desejava, afinal de contas a vila era grande e acha-las seria como encontrar uma agulha em um palheiro, porém após alguns minutos - ou talvez horas? - um raio de luz pairou sobre mim quando notei em uma viela duas crianças jogando o que parecia uma bola de pelos de um lado para o outro. - Hum? - Arqueei uma das sobrancelhas. - Será que... - Fui me aproximando do grupo para verificar melhor do que se tratava.

- Joga pra mim, pra mim! - Gritou uma das crianças correndo sem olhar para frente. - Aqui, segura! - Gritou a outra arremessando a cabeleira. - Eu pego, eu pego! - A criança que corria sem olhar para trás estava vindo em minha direção, direção em que a peruca foi arremessada e então... BOM! Ela bateu de frente comigo, caindo sentada no chão e... A peruca? Bem caiu exatamente no meu rosto. - Cof, cof, cof, bleeeh! - Bati no rosto e puxei aquela coisa nojenta. - Aaaarg! Tem cabelo na minha boca, tem cabelo falso! - Tossi tentando tirar aqueles fios artificias da boca. - Aaarg! M-me desculpa. - Disse a criança que arremessou a peruca enquanto se aproximava para ajudar sem amigo que caiu de bunda no chão. - Você poderia nos devolver? - Indagou uma das crianças meio sem jeito. - Haaam? Devolver? Isso aqui? - Disse erguendo a peruca com uma das mãos enquanto fazia uma expressão assustadora. - S-Sim... - Respondeu meio inseguro, mas sem recuar.

- Ham... - Analisei as crianças dos pés a cabeça, era difícil dizer suas idades mas talvez ja fossem velhos o bastante para entrar na academia. - Claro eu devolvo. - Esbocei um leve sorriso amigável e me inclinei um pouco para frente. - Se vocês me derrotarem. - O sorriso se intensificou. - O que me diz? Eu estou sem minha areia aqui, isso vai ser perfeito! Me mostrem do que são capazes e eu lhes entrego a peruca, prometo! - Abri bem os braços, as crianças por instinto recuaram um passo. - Ahn? - Eles pareciam confusos, mas com certeza aceitariam com o incentivo certo, as crianças gostavam desse tipo de coisa, certo? - Não precisam ter medo, veja eu deixo você me acertar primeiro, mostrem alguma garra! - Dei um passo em sua direção e então eles... Fugiram gritando! - Aaaah! Socorro tarado, tarado! - Gritou uma das crianças. - Ham? Ehn? - Olhei para os lados confuso e percebi que algumas pessoas estavam me olhando e cochichando. - Ei, ei, ei! Não é o que parece, eu apenas, errr... - Parando para pensar agora eu realmente estava parecendo um lunático, hum? - Aaarg, as eu só queria me divertir um pouco também. - Antes que as coisas piorassem pro meu lado também corri pelas ruas para me afastar daquela área.

Tendo retomado a peruca retornei até seu verdadeiro proprietário que notou de longe sua querida cabeleira falsa em minhas mãos. - Oooooooh! Meu cabelo! - Exclamou o rapaz puxando-a de minhas mãos com ferocidade. - Eeeer... De nada? - Respondi um pouco sem jeito. - Oh sim sim, obrigado fico agradecido jovem ninja, é tão bom ver que ainda restam bons jovens hoje em dia. - O sujeito parecia estar falando mais consigo mesmo do que comigo, já que não parava de olhar para sua peruca e de alisa-la. Percebi então algumas pessoas olhando da mesma forma que olhavam pra mim mais cedo, quando as crianças me chamaram de tarado. - "Eeeh... Então é assim né?" - Suspirei e acenei para o rapaz. - Certo, certo, fico feliz em ajudar e cuide bem.... Disso. - Fui me afastando aos poucos já que o sujeito sequer parecia estar prestando mais atenção, ele parecia só ter olhos para sua peruca. - É cada maluco. - Murmurei comigo mesmo.

Palavras: 732

O trabalho de um genin não tinha fim, estávamos sempre envolvido em missões que envolviam vidas! Sim, nossa função era vital, pelo menos para alguém. - “Para aquele careca por exemplo”. - Recordava do ultimo episodio esquisito. Infelizmente essas missões eram tão tediosas quanto as aulas teóricas da academia, não havia emoção, desafio e adrenalina, era quase como um passeio ao parque. - O trabalho duro enobrece o ninja. - Concordei comigo mesmo em meio a uma reflexão, tentando me convencer de que o que eu estava fazendo era realmente necessário.

Mesmo perdido em devaneios eu ainda estava no meio de uma missão, aparentemente um mercador teve sua carruagem quebrada por algum motivo qualquer durante sua viagem e precisava de ajuda, o mais engraçado? É que o rapaz era um ferreiro habilidoso e aparentemente eu só precisava levar a madeira para ele consertar, então eu me pergunto: por que esse sujeito não tinha material reserva? Excesso de confiança? - “Burrice.” - Levei uma das mãos até o rosto e balancei a cabeça de um lado para o outro.

De qualquer forma, a viagem do centro da vila até um local mais afastado ao norte da vila foi tranquila, digo, eu me perdi algumas veze? Muitas. Precisei que me indicassem o caminho? Mais de uma vez. Mas também por que fizeram uma vila tão complicada? Custava ser uma linha reta sem obstaculos? Malditos arquitetos. - Tá, agora cadê você? - Olhei em volta tentando encontrá-lo enquanto caminhava, por sorte foi fácil notar uma carruagem quebrada no meio da estrada. - Sutil. - Olhei em volta para ver se tinha mais alguém por perto por precaução.

- Ooh, você trouxe o meu pedido? - Um homem de meia idade, bem mais alto e forte do que eu saiu de trás da carruagem, na verdade acho que poderia facilmente ter carregado tudo aquilo nas costas se quisesse. - Aaah… É, sim a madeira. - Ergui as ripas de madeira e entreguei para o sujeito que não titubeou e retornou a carruagem.

O que veio a seguir foi uma surpresa, não era apenas uma descrição exagerada, aquele tal ferreiro era realmente bom no que fazia e bastou algumas marteladas, cortes e encaixes para a carruagem estar totalmente nova como se nada tivesse acontecido. - Eeeeeeeh! - Olhei surpreso para aquela cena. - Guahahaha! Eu devia ter trazido material extra para um caso como esse, você foi de grande ajuda, moleque. - O ferreiro me deu um tapinha no meu  ombro que senti como se fosse deslocar. - Aaaah… Ha,ha ha.. - Ri um pouco sem jeito. - Venha eu te dou uma carona de volta pra vila. - Ainda um pouco desnorteado com toda aquela situação apenas concordei meneando a cabeça e adentrei a carruagem, afinal de contas a missão tinha sido concluída e eu não precisava voltar andando, certo?


Palavras: 456

As missões de busca e escolta não eram exatamente o meu forte, os arquitetos da folha gostavam de complicar as coisas e tudo acabava sendo mais difícil do que devia de ser encontrado. Então decidi fazer algo diferente, mas não menos tedioso. - Tá, de quem foi a grande ideia de vim até a granja? - Olhei em volta e óbvio que a resposta era apenas uma: eu mesmo! Não tinha mais ninguém ali!

Aparentemente a granja estava passando por dificuldades e falta de mão de obra, então por que não contratar um ninja não é mesmo? A mão de obra shinobi era tão barata assim? Em meio a suspiros continuei a empilhar alguns fardos de feno, ou seja lá como se chamava aquela coisa.

Tive certa dificuldade no transporte de algumas mercadorias, as pessoas não sabiam organizar as coisas direito? Por que tudo não podia ficar junto de uma vez? É levar ração pra um lado, feno pro outro, cuidar das galinhas sei lá onde, eu definitivamente não tinha nascido pra isso. - Aaaarg, a vida gloriosa de um ninja… - Murmurei comigo mesmo, morrendo de tédio internamente, o que eu fiz para merecer isso? Se continuasse desse jeito tenho certeza que eventualmente morreria e não seria pelas mãos de um inimigo poderoso, mas sim pelo tédio, tenho certeza que se pode morrer disso porque eu certamente sentia que iria.

Com o passar das horas eu já estava me arrastando pela granja quando finalmente minha meta tinha sido batida! Aaah o doce sabor da vitória! Era definitivamente diferente de vencer uma batalha, mas já era alguma coisa, eu acho, digo, eu teria de me contentar com isso por enquanto. Os recém formados infelizmente precisavam ganhar experiência com trabalhos feito aquele, uma perda de tempo tremenda na minha opinião, mas meu pai tinha dito que era assim que funcionava então que assim seja, pelo menos por enquanto. De qualquer forma era mais uma missão cumprida e outro cliente satisfeito.


Palavras: 325

Minha saga incansável como genin prosseguia, as ultimas missões tinham sido um sucesso apenas dos pesares, o careca, o ferreiro e a granja foram experiências bem únicas por assim dizer, então dessa vez decidi por algo mais simples e comum, um problema com o qual eu entendia muito bem o motivo de existir: uma criança perdida! Há, eu disse que a arquitetura desse lugar era horrível, qualquer um podia se perder em um local tão confuso! Ruas retas! Ruas retas e sem entradas laterais! Esse é o futuro!

De qualquer forma, no momento existia uma questão mais importante: cadê os prédios? Cadê a vila? Por que eu estava cercado de árvores e folhas? Digo, era a aldeia da folha e era normal ter folhas aqui. - Depois reclamam que as crianças se perdem. - Suspirei e olhei em volta tentando me localizar, porém não importava para onde olhasse só existiam mais folhas, arvores, javalis raivosos, mais folhas e… Espera, javalis raivosos? - Cuidado! - A voz de uma garotinha ecoou ao longe, olhei para cima por reflexo e percebi que ela estava em cima de um tronco. - Ooh, você é a garota perdida? - Abri um leve sorriso no rosto, parece que eu tinha encontrado o que buscava. - S-sim, m-mas o javali! - A garota apontou na direção do animal que começou a avançar em minha direção.

- Eeeeh… Isso não tem graça amigão. - O animal rechonchudo avançou em minha direção, mas antes que alcançasse seu objetivo a areia de ferro que compunha meu sobretudo se espalhou pelo chão e lhe prendeu pelas patas. - Eu sou amante de uma boa ação e adoraria brincar com você, mas infelizmente isso não seria nem um aquecimento. - Me aproximei ainda o imobilizando com a areia e bati de leve na sua cabeça com uns tapinhas. - Pronto, pronto, agora vai. - Liberei as amarras de ferro e o deixei ir, o animal pareceu confuso de inicio mas logo disparou em direção a floresta.

- Venha, você pode descer agora. - A areia de ferro voltou a se mover sob minha vontade, criando uma pequena escada para que a garota pudesse descer. Mesmo que inicialmente exitante a menina desceu. - O-obrigada você me salvou. -  Disse em meio a um sorriso. - É só o meu papel como ninja, agora venha, vamos te levar para casa. - Segurei em sua mão e comecei a guiar o caminho. - Eeh… A vila é pro outro lado. - Indicou a direção com o braço. - Eh? Sério? Eles deviam colocar placas por aqui, essas árvores parecem tão iguais pra mim, Shishishi! - Em meio a gargalhadas retornarmos a vila em segurança, obviamente nos perdendo mais algumas vezes no processo até atingir o objetivo.


Palavras: 441

Minhas missões ficavam cada vez mais exóticas por assim dizer, mas essa tinha tudo para ser a mais estranha até então, digo era difícil superar o careca eu sei, mas o que esperar de uma missão onde o objetivo era encontrar o animalzinho de uma criança? Claro, isso parecia comum até demais, animais fugiam de casa com frequência, mas a questão aqui era outra: que tipo de psicopata tinha uma cobra gigante como bicho de estimação?! - “Os pais dessa criança deveriam é ficar felizes por essa coisa ter sumido.”

As missões de busca estavam longe de ser minhas favoritas, era sempre difícil e demorado localizar qualquer coisa que fosse, mas por algum motivo os superiores adoravam passar esse tipo de trabalho para os genins. - “Eu devia pedir um aumento por ter de aturar esse tipo de coisa, deve estar sobrando ninja pra nos mandar fazer esses trabalhos.” - Mais uma vez me pedia em meus devaneios enquanto vagava pela vila em busca do tal animal gigante, céus uma cobra gigante, uma cobra gigante!

Minha busca me levou até uma área isolada da cidade, não sabia direito como fui parar ali e nem se estava perto do meu objetivo, cansado da busca me sentei em um banco. - Francamente, eu preciso parar com essas missões, daqui a pouco vai ter uma missão pra me encontrar. - Enquanto reclamava senti algo tocar o meu ombro direito, olhei para o lado e lá estava ela, a cobra, em cima do meu ombro. - Eeeeeeeeeeeeeeeeh?! - Cai pra trás e senti o peso do animal despencando sobre o meu corpo. - Mas que porra é essa, sai, xo xo xo! - Por instinto movi a areia de ferro que me cobria, enrolando a cobra como se outra cobra estivesse lhe prendendo. -  Aaarh, que nojo. - A criatura apesar do tamanho era dócil e não estava resinstindo. - Certo, certo, vamos te levar para casa então.

Caminhei pela vila trazendo a cobra presa na areia de ferro, o que tornou uma tarefa ainda mais difícil já que ninguém queria me dar informação ou indicar a direção correta, então tive de fazer da maneira difícil e encontrar sozinho, o que obviamente levou algum tempo… Tá, eu estava sendo modesto demorou MUITO, malditas ruas complicadas. De qualquer forma, em algum momento consegui encontrar a dona da criatura e lhe entreguei o animal com cuidado, completando assim mais uma missão.

Palavras: 393