Minhas últimas missões como genin foram no mínimo tediosas para dizer o mínimo, não entenda errado, eu gosto de ajudar as pessoas e fazer o bem para a vila, mas toda aquela monotonia estava me matando lentamente, eu precisava de algo que fizesse meu coração bater mais forte, que me fizesse sentir vivo! Mas nos últimos dias a única coisa que senti foi definhamento. - Então mesmo após me formar na academia eu ainda não fui capaz de encontrá-lo. - Passei a ponta dos meus dedos por alguns bonecos de madeira esculpidos em troncos velhos de árvores enquanto caminhava pelo campo de treinamento.

Meu pai me disse enquanto me ajudava a dominar as areias que um dia eu encontraria o que buscava, que um dia eu alcançaria a emoção que tanto almejava, uma batalha, um oponente, um rival, qualquer coisa, qualquer um, algo que fizesse aquela sensação de vazio no meu peito ser preenchida. - Onde eu posso encontrá-lo? Você que ira me livrar dessas amarras que carrego desde de meu nascimento. -  A areia de ferro era minha benção e minha maldição também, o escudo e lança que me protegiam e afastavam os fracos.

Deixei com que meu manto de areia de ferro escorresse pelo meu corpo e se desfizesse sob meus pés, criando uma enorme poça negra magnética, eu me sentia mais leve mas estranho ao mesmo tempo. - Deixe-me sentir vivo pelo menos um pouco. - Livre da areia firmei meus pés no chão, sentindo a grama que passava rente as frestas do meu calçado, o vento fazia minhas vestes que geralmente estavam escondidas sob o manto negreo balançar, era libertador e refrescante.

Em meio a um suspiro avancei em direção a um dos bonecos de madeira, meu punho direito o atingiu em cheio, eu senti aquilo, eu realmente tinha sentido a dor do impacto mesmo que eu mesmo tenha causado isso. - Isso não é o bastante, mas vai servir. - Um largo sorriso se formou em meu rosto. - Permita-me sentir isso! - Então um após o outro meus punhos se chocaram contra o boneco de treinamento, cada vez mais rápido, intenso e dolorido. - Fraco, fraco, fraco! - O ritmo aumentava de forma gradual e podia sentir a areia sob meus pés se agitando durante o processo. - Isso não é o bastante! - Então um último golpe, porém quase como feito de forma inconsciente a areia de ferro subiu pelo meu corpo cobrindo meu punho e desta forma me permitindo partir o boneco.

- Isso sequer… Pode ser… Considerado real… - Murmurei comigo mesmo em meio a alguns longos suspiros, tentando recobrar o controle da minha respiração que fugiu de controle durante minha sequência de golpes.

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Atividades físicas eram uma forma de me distrair e golpear o boneco de madeira foi um bom começo, apesar de superficial era melhor do que simplesmente vagar pela vila procurando animais perdidos e perucas de carecas pervertidos. - Mas não é o bastante. - A areia de ferro caída aos meus pés retornou ao meu corpo, vestindo-me como de costume. - É realmente estranho sem você. - Apertei os punhos com firmeza.

Agora vestido com minha armadura de areia comecei a correr, inicialmente eram apenas alguns trotes que iam se intensificando. - É mais pesado dessa forma, mas também mais familiar. - Correr vestindo a areia de ferro era algo com o qual eu estava acostumado já que sempre foi assim, porém não queria dizer que isso tornava a tarefa mais fácil.

Conforme o ritmo da corria aumentava mais sentia minhas panturrilhas pensadas, esse peso passava pelas coxas, quadril, costas e braços, tudo isso devido ao peso da areia que parecia ficar cada vez mais pesada sob meu corpo, quase como se fosse me esmagar a qualquer momento - mesmo que eu pudesse impedir se necessário, mas o fato é que não era a areia que estava ficando mais pesada, mas fim a fadiga me atingindo.

Em determinado momento senti vontade de soltar o peso extra provindo da areia, mas se eu fizesse isso não estaria apenas fugindo? Eu, fugindo de um desafio? Há que piada! - Aaarg… Mais, isso não… Não é nada! - Mesmo que eu estivesse tentando me enganar, a realidade era que meu corpo já não me respondia como desejava, minha respiração pesada dificultava até mesmo raciocinar e isso prosseguiu até que meu corpo fosse ao chão, esparramando a areia com o impacto da queda.

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Pouco a pouco minha respiração ia voltando ao normal enquanto permanecia caído no chão, a grama era estranhamente reconfortante e eu podia ouvir meus batimentos cardíacos acelerados, uma sensação rara, mesmo que causada por atividade física e não por um combate. Sinceramente eu ainda não entendia bem como preencher esse buraco no meu peito, aquela sensação estranha que me movia e faziam-e agir contra o senso comum, mas aquele breve momento socando e correndo serviam como um escape, mesmo que talvez alguns achassem fútil um ninja com meu Kekkei Genkai treinar de tal forma.  

Coloquei-me de pé novamente, conforme levantava a areia de ferro também se erguia, cobrindo meu corpo e retornando a sua forma de manto. - Então vamos fazer isso, eu e você. - A areia que cobriam minhas mangas desceram mais um pouco, cobrindo meus punhos que geralmente estavam apenas cobertos por uma fina luva. - Aaaaah! - E então voltei a correr, desta vez em direção aos bonecos de madeira.

Corri em volta dos bonecos, contornando-os enquanto os golpeava com os punhos cobertos pela areia negra, A fina camada de areia aos poucos se espalhava e depois voltava a preencher minhas mangas, o peso extra tornava meus movimentos mais lentos, mas mais letais, os golpes pesados dilaceraram a madeira com facilidade quase como uma faca bem afiada.

Em meio a correria comecei a intercalar os socos com chutes onde apoiava nos troncos e saltava sobre eles, golpeando o próximo com o soco e girando ao seu redor para me arremessar na direção do próximo, o manto negro me acompanhava ajudando em alguns momentos a me agarrar quando minhas mãos falhavam. Saltar, correr, socar e chutar… Sim, era isso, essa sensação que eu buscava, meu corpo ansiava por ela, ele queria estar em movimento de forma intensa e desafiadora, o último tópico ainda era um problema mas por hora isso bastava.

Tinha perdido a noção do tempo enquanto praticava, porém em determinado momento meu corpo simplesmente não aguentou mais, um agrarão errado me fez passar reto e cair no solo novamente e rolar alguns metros. - Aaaah…. Aaah… - Virei de barriga para cima com os braços bem abertos, apenas observando o céu. - Será que um dia… Encontrarei a peça que falta? - Meus olhos permaneciam encarando o céu enquanto recuperava o fôlego, eu não sabia o que o dia de amanhã me reservava, mas por hora eu estava satisfeito.


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