Minhas últimas missões me testaram em diversos aspectos, desde as capacidades de convencer alguém até localizar e neutralizar pequenas ameaças, sentia que estava progredindo no meu caminho como shinobi, porém as missões nunca deixavam de me surpreender. - Tá, isso vai ser… Estranho. - Eu não achava uma missão tão estranha desde que tive de encontrar a peruca de um careca, mas essa com certeza estava para concorrer pelo primeiro lugar.

- ”Encontrar o tarado do banheiro publico.” - Sim, eu tinha recebido uma missão para localizar e dar uma missão em um tarado, um crápula para dizer o mínimo. Mas para realizar essa missão eu precisaria de ajuda já que eu tinha um pequeno problema para encontrar a localização das coisas, ou seja, ir até todos os banheiros públicos seria no mínimo complicado, se é que eu era capaz disso.

Com essa problemática em mente fui até a biblioteca onde estava acostumado a estudar, obviamente demorando mais do que uma pessoa normal demoraria para encontrar. - Aaarg, eu juro que um dia desses… - Mesmo frustrado eu tinha de admitir que a frequência com a qual eu me perdia estava diminuindo, os últimos estudos tinham contribuído com minha noção de espaço e direção, sentia que muito em breve eu até poderia andar pela vila como uma pessoa normal.

De qualquer forma, depois de uma caminhada mais longa do que realmente deveria ser eu finalmente cheguei à biblioteca, apanhei alguns livros e o mapa da vila que estiquei sobre a mesa. - Vejamos, os banheiros públicos… - Comecei a traçar o trajeto com o dedo indicador sobre o mapa. - Esse banheiro está perto da academia, se eu for para o leste e então descer aqui… - Fui aplicando todo conhecimento que já tinha aprendido previamente nos estudos sobre os pontos cardinais, como localizar o norte sem uma bússola apenas utilizando a direção que o sol nascia e outros.

Levou um tempo, mas finalmente eu consegui traçar uma rota para a busca pelo tarado do banheiro. - Todos aqueles dias estudando deram resultado. - Concordei comigo mesmo balançando a cabeça. Aquela rota era o resultado de tudo que eu tinha aprendido sobre como me localizar e traçar uma rota para meu objetivo, até mesmo meu treinamento no labirinto foi importante para esse momento. Mas alguns novos conhecimentos foram necessários para isso também, como aprender como referenciar pontos de interesse com base em pontos de referencia locais, como a academia ninja, a delegacia, o gabinete do Hokage e até mesmo a biblioteca onde eu estava, se eu conseguisse referenciar bem esses lugares e aplicar meu conhecimento em pontos cardinais eu poderia me guiar com mais facilidade pela rota que eu tinha planejado.

Agora com a rota de busca traçada, bem como os pontos de referencia eu podia começar! Mas antes guardei tudo o que tinha utilizado no estudo e então sai da biblioteca, me preparando para buscar o canalha que estava bisbilhotando os banheiros públicos.

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Colocando em prática o que tinha aprendido tanto agora quanto nas minhas últimas passadas pela biblioteca primeiro passei no banheiro que estava perto da própria biblioteca. - Vejamos… - Fiz uma breve análise das redondezas, o lugar não estava muito movimentado e nada parecia fora do comum, não parecia ter nenhum bisbilhoteiro por perto, o mais próximo disso provavelmente seria eu então decidi ir para o próximo ponto antes que fosse confundido com o tarado. - “Tá, a próxima parada é perto da academia… ” - Olhei em volta buscando pontos de referência e me situando em direção ao norte, para isso apontei meu braço direito na direção que o sol nascia. - “Então o norte fica a minha frente.” - Percebi que minhas ações estavam chamando atenção de alguns curiosos mas continuei sem me importar.

Utilizando o que tinha aprendido consegui chegar na academia bem mais rápido do que de costume, mesmo que tivesse me confundido algumas vezes no percurso e tendo de parar mais de uma vez para encontrar o norte novamente. De qualquer forma, as ruas próximas ao banheiro da academia estavam bem mais movimentadas, o fluxo de pessoas entrando e saindo também era maior. - “Huuum, parece um prato cheio para um tarado.” - Olhei em volta mas seria difícil encontrar um suspeito dessa forma, então decidi subir em um telhado para ter uma vista melhor das ruas.

De um ponto mais alto percebi algo suspeito, em um telhado um pouco mais abaixo um sujeito estava abaixado atrás de uma muretinha. - “Hooo, veja só o que temos aqui.” - Um sorriso debochado se formou em meu rosto e lentamente fui caminhando e me esgueirando até chegar perto do nosso bisbilhoteiro e coloquei uma das minhas mãos sobre seu ombro direito. - E então, o que tem de bom ai? - O rapaz inicialmente me ignorou e apenas tentou tirar minha mão do seu ombro. - Sssh, eles vão perceber, vai chegar a parte boa daqui a pouco. - Arqueei uma das sobrancelhas, o rapaz estava tão entretido que nem sequer estava preocupado em ter mais alguém ali? Interessante.

- Aaah, eu tenho certeza que vai. - Dei um passo para trás e a areia do meu sobretudo começou a se mover. - Satetsu no Ude. - A areia de ferro então formou uma mão que o agarrou pelas pernas. - Eeeeei, o que você está fazendo?! Ei! - Finalmente uma expressão divertida em seu rosto. - Você gosta de bisbilhotar não é? Então permita-me ajudar. - O punho de areia lhe arrastou até bem próximo do banheiro, suspendendo-o de cabeça para baixo no meio da rua. - Ei, ei, e-e-eu, n-não... - O rapaz estava desesperado enquanto todos na rua lhe olhavam com pavor, curiosidade e até raiva. A areia então baixou suas calças deixando-o apenas com suas roupas de baixo no meio do povo.

O pavor nas ruas transformou-se em gargalhada e o rapaz suspenso ficou em um misto de medo, vergonha e raiva. Deixei que seu momento glorioso se prolongasse por mais alguns instantes, até que ele implorasse em voz alta e prometesse que não faria mais isso, então o puxei de volta. - Pronto, pronto, acho que não é muito divertido quando é com você, né? - Não pude deixar de conter um riso sincero. - E se eu descobrir que você voltou a bisbilhotar os banheiros… - Antes mesmo que eu pudesse terminar o rapaz puxou as calças e começou a correr. - Eu nunca mais vou fazer isso! Nunca mais, eu prometo! - O tarado do banheiro então desapareceu na multidão enquanto gritava. - Bem, acho que isso resolve o caso. - E de uma forma bem estranha aquela problema estava resolvido bem como a missão.


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A última missão envolvendo o tarado do banheiro terminou com um grande sucesso, o rapaz certamente pensaria duas vezes antes de fazer aquilo de novo tenho certeza disso, porém eu ainda possuía uma outra tarefa envolvendo uma história um pouco mais trágica. - As pessoas vivem perdendo coisas por aqui, não que isso me surpreenda. - Eu sempre disse que essa vila tinha um sério problema com sua organização, se até pessoas - vulgo eu - se perdiam pelas ruas, imagina um pertence importante? É claro que perderiam ainda mais!

Seja como for eu tinha sido designado a encontrar o presente da falecida mãe de um shinobi, uma espada para ser mais específico. - Certo, vamos ver se todos aqueles livros de como me localizar ajuda a encontrar um item perdido. - O conceito não parecia muito igual pra ser sincero, acho que a ideia por trás de aprender a se localizar sem se perder em qualquer esquina não era a mesma para encontrar artefatos perdidos, mas por hora era tudo que eu tinha mesmo que no fim do dia não me ajudasse.

O sujeito da missão em questão tinha perdido sua arma no campo de treinamento, um local bem sugestivo e que facilitaria minha vida, até porque não teriam diversas armas perdidas por lá, certo? - Meu Rikudou do céu… - Esfreguei a testa com uma das mãos já sentindo o inicio da dor de cabeça que essa missão me traria, onde estava a emoção nessa tipo de tarefa?! Droga! Essas missões eram sempre oito ou oitenta, ou tinham alguma emoção ou não passavam de um grande aborrecimento e perda do meu tempo, procurar uma espada no campo de treinamento? Isso era quase como procurar agulha em um palheiro!

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Após uma caminhada mais longa do que deveria como de costume eu finalmente cheguei no campo de treinamento. - Acho que estou melhorando nisso. - Comentei comigo mesmo a respeito do meu desempenho durante o trajeto, acho que essa foi a vez que menos me perdi para chegar em um lugar e isso era a única coisa animadora na missão que eu estava prestes a realizar.

O campo de treinamento estava relativamente vazio, existiam algumas pessoas treinando e um cara esquisito vasculhando os arbustos. - É, acho que já sei quem perdeu a espada. - Balancei a cabeça em negação em meio a um suspiro e me aproximei do rapaz. - Olá, você é o rapaz que pediu a missão da espada perdida? - Questionei esperando uma resposta. - A-ah, sim, sou eu! -  O garoto se levantou rapidamente batendo as mãos nas roupas sujas. - Eu sou Kain, fui encarregado de lhe ajudar na busca. - Estendi a mão para cumprimentá-lo. - Muito obrigado, eu sou Jin Nara, é um prazer. - O rapaz também esticou o braço e aceitou meu aperto de mãos. - E então já teve algum progresso ou pista? - O desânimo era visível em seu rosto e o rapaz simplesmente negou com a cabeça.

Procurar desesperadamente pelo campo de treinamento levaria tempo demais e não havia garantia de que conseguiríamos encontrar, então eu tive uma ideia. - Eu vou tentar uma coisa. - Juntei as mãos em frente ao rosto e toda a areia de ferro que me revestia desceu do meu corpo e formou uma enorme poça negra sob meus pés. A areia de ferro funcionava com base no magnetismo e talvez eu conseguisse localizar objetos metálicos com ela com mais facilidade. Fui manipulando a areia de onde eu estava e a qualquer oscilação em seu campo magnético eu mandava o garoto ir olhar.

Com essa tática encontramos algumas tralhas com mais facilidade, shurikens, kunais e senbons velhas eram as mais comuns mas até então nada da espada. Foi apenas depois de algumas poucas horas que senti algo diferente, uma alteração mais intensa no campo magnético da areia. - Hum? - Arqueei uma das sobrancelhas e recolhi a areia enquanto caminhava na direção que tinha percebido um distúrbio. Existia um buraco no chão com cerca de vinte centímetros de diâmetro e profundo o suficiente para não se ver o fundo. - Ei Jin, acho que encontrei algo. - O rapaz correu em minha direção desesperado.

Era perigoso enfiar o braço ali sem saber o que tinha, então manipulei a areia para que adentrar o buraco, por sorte ele não era tão fundo quanto parecia e senti algo sendo envolvido pela areia e o puxei para fora, e lá estava ela! - Minha espada! - O garoto exclamou agarrando-a ainda no ar. Um leve sorriso se formou em meu rosto, a missão não tinha trazido nenhuma empolgação, mas eu podia ver o quanto aquela arma significava para o moleque. - Fico feliz que tenha encontrado sua espada. - Assenti com a cabeça. - Sim, essa espada é tudo que me resta dela, eu sou imensamente agradecido, Kain! - O rapaz baixou a cabeça em respeito, me senti um pouco sem jeito e dei um passo para trás por reflexo. - Eeeer… Tá, só tome cuidado com suas coisas da próxima vez. - Desta forma me virei de costas e parti seguindo meu rumo com mais um cliente satisfeito.


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