Levantou-se uma vez mais mediante aquela caótica vida shinobi. O despertar naquela manhã chuvosa parecia especialmente mais dolorosa do que o normal e, incrivelmente, não era por mera desmotivação ou melancolia; o ombro esquerdo ainda incomodava significativamente, uma sequela deixada pelo maldito titereiro que, há poucos dias, havia combatido em prol de mais uma prolongada missão.

Guiou seus passos ao longo do cômodo até deparar-se com a bacia d’água que comumente mantinha preenchida. O espelho à sua frente refletia a imagem de um sujeito calejado: um pequeno curativo encontrava-se adesivado à bochecha direita; vários outros espalhavam-se pelo dorso nu e um remendo caprichoso de numerosas ataduras lhe abraçavam o ombro ferido, cobrindo de parte do braço esquerdo ao miolo do peito.

Atreveu-se a destrinchar os nós que prendiam o grande curativo e o desenrolou de maneira gradativa, deixando com que o ombro respirasse. A ferida estava completamente cicatrizada, levemente demarcada pela profundidade do golpe. Ela é talentosa, afinal. Dedicou o breve pensamento à Ume, a medinin Yamanaka que prontamente lhe havia socorrido.

Estendeu o pensamento um tanto mais, relembrando o momento em que a menina ocasionalmente conectou-se a sua mente. Não entendia ao certo como, mas relacionava essa interação forçada às habilidades inerentes de seu clã. Desde então, questionava-se acerca da profundidade dos pensamentos os quais Ume tivera acesso. De certa forma, era notavelmente incômodo para o rapaz.

De forma ou outra, por recomendação insistente da própria medinin, Enji deveria voltar ao hospital para realizar uma checagem final de seu estado, ainda que achasse teimosamente desnecessário. Até uma criança conseguiria lidar com ferimentos tão insignificantes. Não era verdade, sabia-se. Mas o Uchiha era estúpido demais para reconhecer que fora ferido por um criminoso da mais baixa prateleira.

Foi retirando os curativos um a um, começando pelos que se prendiam ao dorso e terminando no que lhe cobria a bochecha. Já não haviam sequer vestígios dos ferimentos talhados pelas lâminas. Colheu uma boa porção de água com as mãos cuiadas e atirou no rosto, deixando que escorressem dorso abaixo.

Devidamente lavado e desperto, trajou-se de um novo conjunto negro e direcionou-se ao cômodo principal. Não haviam motivos para ter pressa visto que havia tirado o dia de folga em decorrência da recuperação. Uma espécie de imposição determinada por autoridades médicas. Ainda assim, Enji era intransigente demais para permitir-se parar. Ansiava estar inteiro para suas próximas missões o quanto antes.

Foi até a cozinha e apanhou duas fatias de pão. Pareceu debulhar o café da manhã como um personagem enraivecido que protagoniza um recorte cômico de um episódio de anime e partiu.

O tempo apertou a medida em que avançava pelas ruas. Era o cenário perfeito: o drama do Uchiha de cabelos encharcados caminhando em meio a tempestade. Que inferno. Amaldiçoou o tempo. De toda forma, já estava há poucos metros do hospital.

Cessou os passos quando deu-se frente às portas da construção, respirou fundo e adentrou as portas envidraçadas que o separavam da recepção. Um pequeno contingente de indivíduos espalhava-se pelos acentos, aguardando sua chamada para os atendimentos; a maioria, civis adoecidos. Enji foi diretamente à recepcionista.

─── Bom dia, senhor! ─── Cumprimentou a moça e abriu-lhe um sorriso cortês. ─── Como posso ajudá-lo?

─── Uchiha Enji. ─── Respondeu-lhe o platinado. Não preocupou-se em retribuir a gentileza, apenas manteve o semblante impassível. ─── Eu vim ver o doutor Tetsuya.

Anunciou o Uchiha. A mulher assentiu com a cabeça e apontou para o corredor que o levaria até o seu destino.

─── Hai! O segundo corredor à esquerda, na sala B104! ─── Enji lhe deu as costas e prosseguiu.

Na breve caminhada rumo à sala, atravessou diversas outras donde percebia diversos pacientes e quadros diferenciados. Ao passar pelo primeiro corredor, contudo, testemunhou o desespero no semblante de um dos doutores em exercício. O lamento urgente do medinin lhe chamou a atenção, mesmo que momentaneamente.

─── N-não é possível. Aconteceu de novo! ─── Bradava o sujeito alto e esguio, mascarado e devidamente trajado nas cores de sua função. ─── Mais um corpo desaparecido. Precisamos alertar as autoridades da vila.

Enji retomou os passos após os poucos segundos que permanecera travado observando o incidente. Ainda que curioso, deu de ombros e seguiu rumo onde a recepcionista lhe havia indicado. De frente à porta do consultório, não teve sequer tempo de girar a maçaneta. A porta escancarou-se de imediato, como que aberta por alguém que esperava pontualmente pela sua visita.

─── Enji!!! ─── Berrou a menina de cabelos cor-de-creme, recebendo-o numa saudação não tão cortês. ─── Você tá atrasado! E todo encharcado!

─── Yamana... ─── Tentou retrucar. Em vão, é claro. A menina lhe arrastou pelo colarinho sala à dentro e bateu a porta. O empurrou na direção da maca e atirou um avental esverdeado em seu rosto, daqueles típicos de pacientes em tratamento.

─── Tira logo essa roupa e veste isso, você tá parecendo um cachorro abandonado. Logo vai estar fedendo como um! ─── O rapaz corou, mais uma dentre as tantas vezes em sua presença, involuntariamente. Quem ela pensa que é pra dar ordens dessa forma? Questionou-se, orgulhoso como era. Olhou-a nos olhos púrpuros por alguns instantes.

─── Onde está o doutor Tetsuya? ─── Enfim perguntou. ─── Não quero ser atendido por uma estagiária.

Ume enrusbeceu de tal forma que fizera Enji arrepender-se da piada de mau gosto. A menina aproximou-se enfurecida e encarou-o há poucos centímetros do rosto. O indicador direito da garota afundou-se em seu ombro esquerdo, o mesmo que, sabia-se, estava em processo de cicatrização. Enji grunhiu levemente mediante a investida da menina. Pelo visto, não estava tão inteiro assim.

─── Foi a estagiária aqui que impediu que você perdesse o braço, seu imbecil. ─── Retrucou Ume, visivelmente mais irritada do que o normal. A força de seu golpe aumentou um tanto, empurrando-o contra a maca. O Uchiha sentiu-se ligeiramente acuado. ─── O doutor Tetsuya tem assuntos mais importantes do que tratar de um cachorro fedido como você. Agora tira a roupa e senta aí!

Ume recolheu e dedo e afastou-se, cruzando os braços e virando-se na direção da porta. Enji rapidamente desvencilhou-se dos trajes encharcados pela chuva, trajando-se das vestes cedidas pela menina. Ela virou-se novamente, caminhou em sua direção e tratou de examiná-lo.

A Yamanaka o manuseava como um boneco enquanto Enji respondia aos seus comandos, tentando esconder o sentimento desconcertante. Em dado momento, soltou as amarras que cobriam seu dorso e deixou que pendessem sobre as ancas. Seu corpo estremecia minimamente, respondendo aos toques que, agora, eram executados com absoluta delicadeza pela medinin.

─── Ume. ─── Quebrou o clima bizarro daquele momento. ─── Os assuntos importantes tem a ver com os corpos desaparecidos?

A menina interrompeu a avaliação por alguns segundos e voltou à olhá-lo nos olhos. O semblante analítico logo deu espaço para a feição preocupada.

─── Sim, têm. ─── Um timbre masculino atravessou o recinto. Haseo Tetsuya, um homem alto, magro, com cabelos loiros caprichosamente penteados, grandes lentes arredondadas frente aos olhos e uma prancheta acoplada ao braço direito adentrou a sala. Ume levantou-se de imediato, respeitavelmente saudando-o.

─── Tetsuya-sama! ─── Vociferou, curvando-se em reverência. O homem aproximou-se dos dois e voltou as atenções ao Uchiha. Aproximou o rosto da ferida no ombro esquerdo e tirou suas próprias conclusões.

─── Você fez um bom trabalho, Ume. Deve estar totalmente recuperado em uma semana. ─── Afirmou o doutor. Retomou a postura, ajeitou os óculos e encarou Enji com seriedade. ─── Não há motivos para esconder. Você ouviu, não é? Há duas semanas, alguns corpos de shinobis da Folha vêm desaparecendo pouco tempo depois de falecerem. Todos eram homens com atributos físicos notáveis.

Enji fitou-o, curioso com o caso.

─── Eu supostamente deveria fazer algo, não? ─── Indagou o rapaz, deixando subentendidas suas intenções.

─── Eu não deveria permitir isso. Entretanto, você é um ninja de elite agora. Pode assumir os seus próprios riscos. ─── Respondeu-lhe o doutor, brevemente hesitante. ─── Se conseguir descobrir algo a respeito dos desaparecimentos, posso reconhecer os seus serviços aos seus superiores.

─── M-mas, Tetsuya-sam...! ─── Ume tentou intervir, mas fora atravessada pela afirmativa de Enji.

─── Então cuidarei disso para você. ─── Disse. Se levantando da maca e amarrando novamente a parte superior da veste.

─── Dois shinobis de porte parecido morreram hoje, Uchiha Enji. Apenas um deles foi levado, por motivos óbvios. Há um pequeno prazo para que o segundo corpo atravesse as 24 horas fundamentais para o nosso raptor. Entende o que isso significa, não é? ─── Lhe perguntou o doutor, convicto de que Enji ligaria os pontos. Ajeitou os óculos uma segunda vez e caminhou em direção à porta. Antes de sair, dedicou uma última olhadela ao Uchiha. ─── E, Enji... isso ainda é um hospital, espero que cuide do assunto da maneira mais cautelosa possível.

─── Farei o possível. ─── Retrucou Enji. Tetsuya deu de ombros e deixou o rapaz na companhia de Ume. A menina não conseguia esconder a preocupação e isso, de alguma forma, lhe parecia um tanto gracioso; ainda que a fitasse com completa impassividade.

─── Ume, preciso que me leve até o corpo. ─── Enji quebrou o silêncio. Foi até o amontoado de roupas encharcadas que outrora vestira e buscou pela bolsa de armas. Não tirou mais do que apenas duas kunais e guardou-as por dentro das vestes hospitalares. Caminhou na direção da porta e logo virou-se para a Yamanaka, esperando que tomasse a frente.

Deu-se por si cogitando de que Ume estava realmente preocupada com a situação. Talvez por orgulho ao seu serviço ou, por incrível que lhe parecesse, pelo bem-estar de si próprio mediante sua condição quanto ferido. A menina permaneceu hesitante por mais alguns segundos antes levantar o rosto e dar seguimento ao pedido de Enji. Caminhou em sua direção.

─── Escuta aqui, Uchiha. ─── Ume o surpreendeu. Já ao seu lado, ela voltou a segurá-lo pelo colarinho e o pressionou contra a porta. ─── Eu não concordo com a decisão do doutor. É bom você não abrir essa ferida novamente, entendeu?

Esbravejou a garota, embora existisse algo muito além de mera irritação em seu semblante. Estava levemente corada e seus olhos púrpuros cintilavam num tom especial. Enji agarrou o braço da menina e fitou-a com o semblante aparentemente apático.

─── Como eu disse, farei o possível. ─── Apertou o punho e desvencilhou-se do agarrão. ─── Me leve até o necrotério. Não temos tempo a perder.

Completou o Uchiha. Ume finalmente tomou a frente e lhe guiou corredores à dentro.

─── O falecido em questão era um ANBU de identidade preservada. ─── Ume cedia as informações a medida em que caminhavam. ─── O corpo foi deixado aqui há pouco mais de 20 horas. Segundo o modus operandi do criminoso, ele pode tentar raptá-lo a qualquer momento, sem que se excedam as 24 horas.

─── Entendo. ─── Pronunciou-se Enji, parando junto da menina frente à duas grandes portas metálicas, no final de um corredor restrito apenas a funcionários autorizados. ─── Volte para os seus afazeres. O impostor não pode suspeitar de nada. Eu os encontrarei dentro de algumas horas.

Completou Enji, tomando a frente da menina e empurrando ambas as portas que os separavam daquele frio e espaçoso salão fantasmagórico. Lhe dedicou um último olhar por sobre os ombros um que Ume certamente se lembraria, certificando-se de que a medinin acataria suas ordens; os olhos do rapaz já não continham apenas o negro habitual, mas a íris carmesim estampada pelo tomoe solitário que havia lhe apresentado em sua última interação.

─── Se cuida, Enji. ─── Sussurrou timidamente a menina e virou-lhe as costas. Não conseguia esconder a apreensão.

Então o Uchiha atravessou as portas de aço que guardavam os cadáveres da Folha. O alvo inanimado ainda jazia por sobre a mesa de alumínio, no centro do salão. Perguntava-se acerca de quantos outros mais estariam ao seu redor, tendo seus restos preservados pela friaca constante oriunda das tubulações, repousando na solidão mortuária dos jazigos encrustados na parede.

Não arriscaria um palpite, tampouco mataria essa curiosidade. Não havia tempo para tal.

Enji esquadrinhou o perímetro de canto a canto, analisando o local. Procurou por vestígios ou possíveis pontos cegos. Não os encontrou. Apesar da amplitude do local, o necrotério não passava de um quadrilátero gélido e vago como a própria morte.

Na ausência de quaisquer estruturas físicas que pudessem lhe fornecer algum posicionamento furtivo, o platinado posicionou-se num perímetro estratégico do cômodo e pôs-se a fazer uma pequena sequência de selos. Sequência esta que fora interrompida pelo ínfimo reflexo brilhante captado pelas orbes rubro-negras.

A mão direita fora de imediato à cintura, sacando uma das kunais que havia escondido de antemão. Manuseou-a no espaço de tempo de milésimos, intercedendo a investida que vinha em direção ao seu rosto. O aço tilintou e dispersou uma pequena rajada de faíscas. Enji afastou-se em dois saltos e repousou ao lado da mesa que sustentava o defunto fresco.

Os olhos travaram na direção em que estava anteriormente, donde, incrivelmente, apenas um braço acobertado por um gibão negro e uma mão repleta de ataduras manuseava uma tanto, saindo diretamente do interior da parede.

─── Apareça, rato. ─── Impeliu o Uchiha. O ser oculto nas paredes respondeu prontamente. Gradativamente a silhueta do indivíduo começara a irromper através do concreto, dando forma à um sujeito alto e magro, totalmente coberto por um sobretudo negro, encapuzado e trajado de uma máscara escura com um único círculo vermelho estampado ao centro.

─── Não era eu quem pretendia se esconder como um verme, garoto. ─── Retrucou o mascarado. Tudo em seu maneirismo era estranhamente bizarro. O homem pareceu torcer o pescoço para a direita enquanto lhe dirigia a palavra. ─── Não me atrapalhe. Um fedelho franzino como você não me desperta o menor interesse. Ainda não.

A parte inferior do sujeito pareceu fundir-se num aspecto serpentino, que logo atravessou o salão na direção do platinado e, consequentemente, do defunto que jazia ao seu lado. Sua velocidade era substancialmente superior ao normal, visto que até mesmo a percepção aprimorada de seu doujutsu tinha dificuldade em acompanhá-lo.

O sujeito pareceu ignorar a presença de Enji e rodeou sua posição, buscando pelo corpo frio o qual buscava com tanto fervor. O Uchiha pouco pôde fazer se não manter a guarda e tentar acompanhar seu movimento.

Ainda assim, percebeu quando a cauda peçonhenta aproximou-se do cadáver e tentou abraçá-lo. Enji girou-se com a kunai em mãos e prontamente tentou fincá-la na superfície escamosa do corpo viperino. O aço enterrou-se numa fissura profunda, fazendo o sangue jorrar e o sujeito lamuriar.

─── Eu falei para não me atrapalhar. ─── Esbravejou o mascarado num tom ameaçador. Do interior de ambas suas mangas compridas, um amontoado de aproximadamente 20 serpentes desvencilhou-se de seu corpo e acometeu contra o Uchiha.

Enji iniciou uma série de movimentos acrobáticos, utilizando-se do máximo de sua destreza e aptidão física para tentar evitar as investidas das numerosas serpentes, emendando aos movimentos uma leva de cortes precisos, dessa vez, utilizando-se de ambas as kunais, as duas únicas que carregava consigo naquela ocasião.

Com a percepção elevada ao máximo da performance ocular e o corpo ao ápice da agilidade, o salão mortuário logo tomava um aspecto salpicado de sangue e fluidos viperinos, oriundos das que porventura conseguira decepar em sua defesa. De qualquer forma, seus atributos físicos não eram suficientes para que evitasse a todos os assaltos. Merda. Desse jeito não vai dar. O pensamento fora entrecortado pelas presas de uma das serpentes que encrustaram-se em sua perna direita.

A primeira brecha fora o prelúdio para o desfortúnio. Outras duas ou três cobras aproveitaram-se do momento de baixa para fincarem suas garras em uníssono; uma em sua perna esquerda e outra em sua anca direita. Logo duas delas enrolaram-se na extensão de seu dorso, constringindo-o e pressionando-o gradativamente.

─── Eu avisei, pivete. Agora junte-se aos mortos que o assistem nessa sala. ─── Uma das cobras que lhe constringiam pareceu responder prontamente ao enunciado pelo mascarado. Suas presas foram de encontro ao ponto mais vulnerável de seu corpo: o ombro esquerdo, o mesmo que há pouco estava sendo examinado por Ume e Tetsuya. A investida fizera Enji gemer e gorfar algumas gotículas de sangue.

─── Desgraçado... ─── Praguejou o Uchiha. A pressão exercida pelas cobras intensificava-se ainda mais. O sangue oriundo das feridas escorria por entre as vestes hospitalares e começavam a formar uma pequena poça sob os pés do garoto.

Se eu não morrer aqui, certamente Ume me matará. O pensamento lhe atravessou. Enji riu. Os cabelos platinados lhe cobriam os olhos enquanto se apertavam uma contra a outra. Permaneceu assim durante alguns segundos, sentindo o corpo sucumbir à pressão das cobras.

─── Quanta presunção. ─── Enji dirigiu-lhe a palavra. Ergueu o rosto e revelou ao homem um semblante suficientemente discrepante de sua situação. O Uchiha exibia um sorriso sádico e genuíno, fuzilando-o com as orbes carmesim que dobravam os tomoes exibidos até então. ─── Até parece que um ladrão de merda como você seria capaz de me matar.

As mãos atadas pelas cobras forçaram-se numa sequência breve de selamentos. E então o salão iluminou-se com Enji em seu epicentro. As chamas correram por toda a extensão de seu corpo, incinerando as serpentes e utilizando-as como um condutor retilíneo na direção do mascarado.

─── Como é?! ─── Surpreendeu-se. O homem tentou desvencilhar-se das cobras que ainda originavam-se de suas mangas com urgência. O braço esquerdo tivera sucesso; o direito, entretanto, fora engolfado pelas labaredas de Enji. prosseguindo pelo ombro, pescoço e, por fim, o rosto oculto. O ladrão cambaleou para trás e utilizou-se da mesma técnica de outrora para atravessar as paredes sólidas, deixando o local ainda com o braço e as vestes ardendo em chamas. Sua máscara, contudo, pendeu do rosto em meio à investida, repousando no solo.

Um agrupamento de médicos adentrou o local, alertados pelo fogo. Dentre eles, Ume. Enji virou-se para as portas e pouco assimilou se não a Yamanaka que corria em sua direção.

Nem tudo havia saído como o esperado, mas esperava que seus esforços tivessem gerado algum avanço para com o caso. Seus joelhos falharam e a visão enturveceu. Só então apagou.