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Os dias na vila da folha as vezes pareciam passar rápidos até demais, talvez fosse pelo fato de eu estar sempre ocupado em alguma missão. - “Parece que estou preso em um loop.” - Suspirei comigo mesmo enquanto caminhava pelas ruas da vila, tomando coragem e buscando motivação para iniciar minha próxima missão que já estava decidida. - “A vida de um shinobi deve ser mais do que só fazer missões.” - Cocei a nuca em meio a um suspiro, tantas missões em sequências e poucas foram aquelas que realmente conseguiram me animar, eu já estava ficando farto daquela monotonia, afinal de contas tinham me prometido grandes emoções e até então raramente algo me tirou o folego ou fez meu coração pulsar mais rápido que o habitual.

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Independente da minha insatisfação pessoal com meu estilo de vida, que eu mesmo tinha escolhido seguir, isso não mudava o fato de que eu tinha muito o que fazer. - “Certo, certo, vamos lá Kain sem reclamar.” - Enquanto caminhava pela vila cumprimentava de longe alguns comerciantes que eu conhecia de vista, o único lado bom de fazer tantas missões diferentes foi que isso me rendeu algum reconhecimento na vila, não que eu me importasse muito com esse tipo de futilidade, mas ainda sim era mais agradável do que apenas ser esquecido. - Algo de bom isso tinha que render. - Resmunguei comigo mesmo em meio a um leve sorriso que se formou discretamente.

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A missão do dia era uma com a qual eu já estava acostumado, ou quase. - Um trabalho de guarda costas. - Aquele tipo de missão me lembrava de quando ainda era um chunin e tive de escoltar uma caravana de comerciantes para a vila vizinha, foi uma boa missão, afinal de contas foi a primeira vez que me envolvi em uma luta de vida ou morte contra uma dupla de ladrões de estrada.  - “Bons tempos” - Pensei comigo mesmo.

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Após uma breve caminhada eu finalmente tinha chegado ao portão da vila onde deveria me encontrar com uma ninja médica, Clare, a mulher tinha contratado um tokubetsu para lhe acompanhar até o túmulo do seu falecido marido, sinceramente eu achava até um pouco exagerado toda essa precaução apenas para visitar um túmulo, porém vivemos tempos estranhos e repletos de incertezas, ela fazia bem em contratar alguém para lhe escoltar.

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De qualquer forma, não precisei procurar muito para encontrá-la, a mulher estava próxima aos guardas que faziam a verificação de quem entrava e saia da vila. - Olá, você é a senhorita Clare? - Questionei me aproximando com um sorriso amigável no rosto. - Sim sou eu, e você seria?. - Ela respondeu de imediato. - Eu sou Kain, o tokubetsu que irá ser seu guarda costas no dia de hoje. - Me curvei um pouco para frente em um ato de respeito.

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Nosso primeiro encontrou foi no mínimo esquisito, pois logo após me apresentar ela ficou em silencio, me encarou por alguns segundos, olhou em volta e um dos guardas apenas assentiu com a cabeça como se estivesse dando veracidade ao que eu tinha dito, sério qual era a dificuldade em acreditar que eu realmente era um tokubetsu da folha? - Pois bem então. - A médica arrumou os óculos de grau que estava utilizando e virou de costas, caminhando para fora da vila. - Certo, quando você quiser… - Resmunguei mais atrás e comecei a segui-la.

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Assim que nos distanciamos um pouco do portão principal a médica aumentou o ritmo e começou a saltar pelas árvores. - Vai ser um dia daqueles… - Segui o caminho e saltei na árvore mais atrás. - Para onde nós estamos indo exatamente? - A mulher só estava andando e saltando sem dizer uma palavra, eu sequer sabia onde esse tal túmulo do seu marido se encontrava. - É um local próximo à fronteira com o país do arroz. - Disse de forma seca. - País de arroz? - Repeti, agora acho que podia entender o motivo da escolta já que aquela região era próxima um território que estava além do país do fogo, o que poderia trazer o perigo de ataque de ninjas de outras vilas.  - Entendi, mostre o caminho então. - A médica nem se deu ao trabalho de responder, aparentemente ela não fazia muito o tipo tagarela, o que era uma pena já que tínhamos uma longa viagem pela frente.

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Demorou algum tempo, tempo até demais, mas a médica que estava guiando aquela peregrinação ou seja lá como ela tenha chamado finalmente falou pela primeira vez em muito tempo desde que saímos pelo portão. - Estamos quase chegando. - Anunciou, e claro que a única coisa que ele falou foi isso. - Hrum… - Forcei um pouco a vista e pude ver mais ao horizonte um campo aberto repleto de flores brancas pelo chão, mas não havia nenhuma árvore, era literalmente um campo aberto bem propício para uma emboscada. - Fique mais perto a partir daqui. - Apertei o ritmo e a alcancei ficando ao seu lado.

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Logo que chegamos ao campo aberto tratei de ficar ao seu lado, pronto para responder a qualquer ameaça que pudesse surgir. O caminho até o túmulo tinha uma fragrância agradável de flores, eu podia entender o motivo de alguém querer ser enterrado em um lugar como aquele. Não demorou muito para que algumas estruturas brancas ficassem a vista, era um grupo de monumentos e lápides com gravuras e enfeites, mas não era apenas isso que existia por ali, um grupo de quatro sujeitos saiu de trás das lápides e se aproximou de nós. - Que bonitinho, mãe e filho vieram visitar o túmulo do papai, é? - Um brutamontes com quase dois metros de altura se aproximou enquanto seus aliados ficaram mais atrás rindo.

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- Você ensaiou muito essa piada? - Deixei um riso sem graça escapar. - E você tem uma língua afiada garoto, seria uma pena se eu a arrancasse. - O sujeito se abaixou um pouco chegando com sua cara feia mais perto da minha. - Uuugh, você devia escovar os dentes. - Fui um pouco para trás e abanei com uma das mãos. - Seu merdinha… ! - O aspirante a ladrão ergueu seu punho para me golpear e a médica deu alguns passos para trás assustada. Estendi a mão esquerda em sua direção e a areia de ferro que me cobriu saltou sobre o rapaz. - Sabaku Kyu. -  A areia então começou a apertá-lo até seus ossos estalarem e sua vida ser ceifada em meio a um grunhido de dor. - Por favor, eu sei que vocês conseguem fazer mais que isso.

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Os três ninjas restantes olharam com surpresa ao verem seu amigo sendo consumido pela areia. - Fique um pouco para trás, mas não tanto. - Disse para a médica. A areia de ferro voltou a se movimentar, criando uma forma disforme a minha volta, nesse meio tempo os três meliantes que acompanhavam o brutamontes também avançaram após a morte de seu companheiros, cada um deles atacando com jutsu elemental diferente: a direita Raiton, pela esquerda Futon e pelo meio Katon.

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- Satetsu Kesshu. - Um grande bloco de areia de ferro se formou a minha frente, bloqueando a maioria dos ataques, porém o Raiton ainda passou pelo lado antes que a defesa se solidificasse e me atingiu de raspão, eu pude sentir a corrente elétrica me percorrendo e saindo pelos pés. - Aaarg, eu senti essa. - Um largo sorriso se formou em meu rosto. - Kyodai Tettsui. - O bloco de areia se transformou, tomando um formato mais retangular.

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Através do meu chakra magnético comandei a estrutura para que atacasse o ninja a esquerda que tinha me atacado com Futon, o rapaz ainda tentou resistir mas o golpe foi rápido demais para que ele pudesse reagir, esmagando-o no chão. Logo em seguida seus aliados continuaram me atacando, os golpes de Katon não eram um problema e minha defesa de areia podia lidar com ela, porém os de Raiton eventualmente conseguia superá-la mesmo que não por completo. - Você é bom, mas… - Virei em sua direção movendo os braços junto como se estivesse jogando a areia em sua direção mesmo sem tocá-la.

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O martelo de areia prosseguiu, atingindo os dois ninjas de uma vez, um deles ainda foi capaz de escapar utilizando seu companheiro como uma espécie de trampolim e saltando por cima ao mesmo tempo em que atacava com algumas shurikens eletrificadas, porém o campo magnético do martelo de areia era o suficiente para atrapalhar seu ataque. -  Isso não vai funcionar. - Tudo aconteceu bem rápido, mas parecia que terminaria logo, pois tudo o que restava agora era o ninja com a natureza Raiton.

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Dos quatro ladrões de túmulo apenas um tinha restado, ele parecia tenso e focado ao mesmo tempo, prestava atenção a minha areia que se esgueirava pelo chão como uma serpente. - Vamos acabar logo com isso. - Juntei minhas mãos reunindo meu chakra e erguendo a areia de ferro como uma onda. - Kokuryu no ago! - A onda de areia tomou a forma de um dragão negro, meu adversário não ficou parado e também conjurou seu próprio jutsu. - Raiton: Hebi Mikazuchi. - Uma espécie de serpente elétrica avançou em minha direção.

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Os dois golpes colidiram, talvez o sujeito estivesse confiante que seu raiton seria o suficiente para superar o magnetismo da areia e se seu jutsu fosse pelo menos do nível do meu quem sabe, mas esse não foi o caso e sua serpente elétrica foi simplesmente engolida pelo dragão que o esmagou com suas presas. Estava terminado, o grupo de ladrões de túmulo estava morto.

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Comecei a recolher minha areia de ferro e reconstruir a armadura de areia que me cobria, mas nesse momento senti algo diferente, uma energia preenchendo meu corpo e recuperando meus ferimentos, me virei para o lado e vi a médica utilizando um de seus ninjutsus médicos. - Acho que não era preciso, mas é o melhor que posso fazer para agradecer. - Deixei um riso escapar e dei de ombros, acho que não era um bom momento para fazer piadinhas.

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Dei espaço para que a médica da folha tivesse seu momento com seu falecido marido. Após alguns minutos ela retornou com os olhos meio borrados, provavelmente resultado de algumas lágrimas. - Podemos voltar agora. - Ela desviou o olhar para que não percebesse. - Certo. - Deixei que Clare fosse na frente novamente. - E… Obrigada. - Arqueei uma das sobrancelhas, mas não respondi e apenas a segui de perto de volta para Konoha terminando meu trabalho de guarda costas, afinal de contas não existia nada que eu pudesse dizer naquele momento, era melhor deixá-la ter o seu luto.