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Os dias na aldeia da folha pareciam passar mais vagarosamente nos últimos dias, um sentimento estranho de calmaria me preenchia sob o luar carmesim, mesmo que não houvesse problema nenhum em vista a algum tempo eu não conseguia relaxar, era como se a toda esquina algo estivesse me observando, esperando que eu baixasse a guarda, mesmo que soubesse que isso não era verdade já que desde que adquiri a habilidade de sensor eu podia dizer com toda certeza do mundo que ninguém estava me observando, pelo menos não dentro de um raio de trezentos metros.

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- Acho que estou pensando demais. -  Suspirei comigo mesmo enquanto observava a vila de cima do monumento dos hokages, as antigas histórias que mais pareciam lendas nos dias de hoje diziam que os fundadores fundaram a vila após observar o vale sobre esse mesmo ponto, já vislumbrando a imensidão futura que a aldeia se tornaria. - Me pergunto o quanto longe vocês viram e o que sentiram naquele dia. - O sentimento de patriotismo que muitos ninjas exaltavam nunca me atingiu, na verdade sempre achei uma grande besteira, inclusive os renegados que enfrentei na última missão que fugiram da vila por motivos pessoais me pareciam tão…Fúteis eu acho. Honra e moralidade eram conceitos ao qual a maioria das pessoas se prendem de uma forma quase irracional aos meus olhos, por que devemos nos prender a isso? Esse tipo de doutrina me parecia nociva, mas ao mesmo tempo talvez fosse esse tipo de visão que os davam força para continuar em frente,

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Me sentei sobre uma das estátuas enquanto sentia a brisa bater no meu rosto e sacudia os fios de cabelos alaranjados, tentando entender por qual motivo todos os habitantes da vila e seus agressores pareciam tão obcecados por um senso de dever, será que era isso que me faltava? Um motivo pelo qual lutar? Digo, eu tinha um motivo, queria me sentir vivo da forma que só conseguia no calor de uma batalha de verdade, mas ainda assim era apenas isso? Talvez a falta desse senso era o que me impedia de encontrar o sentimento que tanto ansiava? - O que faz cada uma dessas pessoas ir tão longe se não a busca incansável pela emoção? - Talvez entender como as outras pessoas se sentem me ajudasse a me entender também.

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Desde o meu treinamento com mestre Godo eu tinha passado a sentir o mundo ao meu redor de uma forma mais… Profunda? Não sei se essa era a palavra correta, mas eu me sentia diferente desde então, como se pudesse compreender naturezas das quais não fazia ideia que sequer existiam, isso me fez refletir sobre muitas coisas, o que me movia? Por que eu estava me esforçando tanto? Onde esperava chegar? Eu tinha me esforçado tanto em nome da vila desde minha formatura e onde isso me levou? Estava mais satisfeito do que antes? O mundo ao meu redor estava melhor? Quem era Kain, o jonin da folha nascido com sangue do país do vento e do fogo?

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Em meio a um profundo suspiro me levantei, todas essas perguntas eram perca de tempo, afinal de contas nenhuma delas possuía uma resposta e no fundo não tinham significado algum. - Onde espero chegar? Quem sou eu? - Abri bem os braços e fechei os olhos. - Essas perguntas não precisam de uma resposta. - Me joguei do topo do monte dos hokages, pois por mais que estivesse caindo tão rápido quanto uma rocha o tempo parecia lento da minha perspectiva, eu conseguia ver tudo, sentir tudo, ou quase tudo já que não havia medo e nem mesmo um pingo de emoção em saltar daquela altura, pois o resultado era óbvio e previsibilidade não era emocionante.

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Meu corpo estava próximo do solo quando a areia de ferro que me vestia formou uma espessa camada amortecendo a queda e me protegendo do impacto. - Um resultado previsível. - Suspirei e me levantei do monte de areia que retornou ao meu recipiente quase que por vontade própria. - Vamos voltar então. - Após me recuperar da queda voltei caminhando pelas vielas da aldeia até minha casa.

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Durante o percurso observei alguns ninjas treinando no campo de treinamento até tarde da noite, comerciantes com seus estabelecimentos abertos e atentando todo tipo de cliente, até algumas crianças estavam correndo pela vila mesmo sob broncas de seus pais. - Talvez seja por isso que todos se esforçam tanto. - Murmurei comigo mesmo em meio a um fraco sorriso.  No fim acho que todos só queriam viver suas vidas da melhor forma que podiam, seja através do esforço ou da tranquilidade, porém eu sabia que isso não era questão de escolha, era um privilégio, um privilégio pelo qual todos lutavam para alcançar.

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Parei próximo a uma praça onde algumas crianças mais novas estavam reunidas formando um círculo em volta de um homem mais velho que lhes contava uma história, não dei muita atenção mas pude ouvir burburios, era uma história clichê sobre um herói que salvou a vila de um monstro gigantesco, os jovens aspirantes a shinobi se iluminaram e outros se assustaram com as menções. - Talvez seja isso, todos vivem para escrever suas próprias histórias para inspirar outras pessoas. - Resmunguei comigo mesmo antes de sumir em meio a algumas vielas. Histórias de heróis e vilões eram sempre estimulantes de certa forma.