Já haviam se passado os primeiros raios solares quando a resposta para suas exigências chegaram. Através de um corvo negro com a noite, contrariando o usual como se relutassem, o conselho enviou uma missão para por a prova o amigo de Saito, sendo aquele o derradeiro teste para que fosse declarado tokujo ou não. Para o mal ou para o bem, Saito seria o responsável pela avaliação já que insistira com tanto afinco para que ela fosse realizada brevemente. No papel listava o dever da dupla, mas o que incomodou o Uchiha foi sem dúvidas o fato de ele mesmo ter que notificar o chunin.

Despendeu pouco tempo se arrumando e ainda se locomovendo até a residência de Tsurugi. Diante da casa do sujeito, efetuou singelas três batidas a porta. Aguardaria até que o mesmo o recebesse e assim que abrisse a porta levantaria o papel ao lado do rosto com um sorriso pacifico.

— Bom dia, Tsurugi! Hoje temos uma missão um tanto quanto especial. Tem dez minutos para se arrumar e me encontrar no telhado — Antes de obter uma resposta, Saito saltou por entre as paredes da casa, acessando seus olhos hereditários no processo. Em segundos estava aguardando o companheiro no pico mais alto de sua residência.

— Bom, hoje a tarefa é bem simples. Um pergaminho um tanto quanto importante foi dado como desaparecido essa manhã. Precisamos encontra-lo e devolve-lo — Saito estava agachado encarando o balançar das folhas das arvores enquanto explicava — Mas já temos uma ideia vaga de quem pode ter sido o responsável. Nitsu é um órfão que costuma fazer esse tipo de coisa pra chamar atenção. Eu particularmente não o culpo. Vou acompanhar a missão, mas você tomará as rédeas daqui por diante. Ela só é especial pelo fato de ser uma avaliação. Os representantes decidiram que essa tarefa vai dizer se você merece ou não a graduação.

Saito levantou-se e encarou o amigo como se lhe deseja-se boa sorte. Apesar de se tratar de uma tarefa simples, encontrar e lidar com Nitsu poderia ser complicado. Crianças órfãs normalmente tendem a ser problemáticas por diversos motivos e o fato de não receberem atenção de outras pessoas poderia facilmente se caracterizar como um deles. É preciso tato de um punhado de paciência para se lidar com crianças como Nitsu e a julgar pelo feito de roubar um pergaminho importante, Saito acreditou se tratar de um quase prodígio na área que escolhera seguir. Provavelmente o conteúdo do pergaminho problematizaria ainda mais a situação.

A ideia de Tsurugi os levaria para o orfanato. Saito quase levou a palma da destra até o rosto pois era tão obvio que não encontrariam uma criança tentando se esconder após roubar um pergaminho no primeiro lugar onde qualquer pessoa normal o procuraria. De qualquer forma manteria suas observações apenas para si. Confiava que mesmo que demorasse mais que o normal, Tsurugi ainda conseguiria completar uma tarefa sem mais problemas.

— O orfanato da aldeia se chama Shisetsu — Disse Saito com quase nenhuma ou pouca empolgação.

Cada uma das decisões do companheiro iriam ter de ser repassadas ao alto conselho, que mesmo na ausência da maioria de seus membros detinha o poder para decidir o futuro de alguém. Nitsu não era exatamente o que se chama de criança popular, mas sem dúvidas todos na aldeia já tinha em algum momento ouvido falar de seus grandes atos de perturbação à paz. Quase sempre o garoto dava problemas às autoridades em busca de alguém que lhe desse a atenção que achava merecer. Saito em determinado momento já tentou se aproximar do garoto, usando como argumento que ambos os dois não tinham mais as figuras paternas de outrora. Mesmo assim, Nitsu não permitia a aproximação de pessoas, como se estivesse se autopunindo.

Dentro do orfanato, ciente da perca de tempo, Saito deu de ombros e apoiou suas costas na quina da janela do quarto, observando Tsurugi tentar colocar sua cabeça para funcionar. Depois de revirar o quarto de uma criança sem pais como se o desaparecimento de um pergaminho utilizado para testa-lo fosse ocasionar uma guerra entre as nações. Era um exagero, mas ainda era melhor que aquela personalidade fajuta de preguiçoso e além do mais, deu algum resultado. Claramente a batalha mental de Nitsu e Tsurugi eram equivalentes, mas se isso era bom, Saito não sabia.

O Uchiha não tinha tanta pressa quanto o chunin, por isso reduzia sua cadência, o seguindo de longe. No fim, avistou o avaliado sair de dentro de uma casa em uma arvore com a criança desacordada e o pergaminho em mãos. Levou instantaneamente a destra ao rosto em total desaprovação. Parou no galho da arvore em que estava e viu o chunin passar na direção do posto. Aquilo era complicado e parecia incorrigível. Como alguém tão forte quanto Tsurugi podia ser tão exagerado e excessivo? Não sabia como enxergar aquilo. Tinha o poder de um tokujo mas agia como um genin desesperado. Saito iria manter sua indicação ao cargo, visto a conclusão da missão, mas precisaria trabalhar com o amigo para que pudesse entender que não se resolve tudo daquele jeito. Em três missões, todas as três terminaram da mesma maneira. Aquilo podia acarretar uma má reputação diante dos aldeões. Talvez devesse pensar no que um hokage faria antes de desacordar uma criança que conseguiria dominar facilmente. Saito seguiu para entregar a missão, desfazendo o uso do sharingan.