Já não era tão tarde quando Saito finalmente viu-se livre de uma reunião de emergência. Aos poucos os outros membros do corpo de sargentos da policia foram deixando o recinto onde uma grande mesa oval se centralizava com um punhado de cadeiras em seu entorno. O Uchiha por sua vez apenas se levantou em respeito ao restante, aguardando de pés até que todos se retirassem. Ao que estava só, sentou-se outra vez mais e bradou do interior da sala para o aspirante que o auxiliava desde sua promoção, este por sua vez quase sempre aguardava as diretrizes do lado de fora.

— Takemichi — Disse ao que o outro rapaz adentrou a sala — Estou retomando a investigação do caso de desaparecimento de Kayoshi. Preciso que me traga os arquivos que conferem as informações extraídas na residência no dia do incidente.

O jovem de cabelos loiros que o auxiliaria prontamente se retirou, retornando poucos minutos depois com seis fichários empilhados uns sobre os outros. Deixou-os sobre a mesa e questionou acerca do que mais poderia fazer para ajudar o seus superior. Saito retirou o blazer e esgarçou as mangas da camisa branca que utilizava por baixo.

— Na verdade, Takemichi, pode ficar na sala e me ajudar a ler os arquivos. Estou pensando em criar uma lista baseada em grau de importância — O Uchiha pegou um único fichário da pilha e apontou para que o aspirante o ajudasse.

Chamar aquilo de trabalho bem feito soava ofensivo. Saito não tinha a menor ideia quanto a quem poderia ser o responsável pela organização dos fatos descritos naquele documento, mas havia um teor de desorganização que ao seu ver não se encaixavam nas diretrizes da corporação e muito menos ao padrão exigido pelo que compunham o alto escalão. Por um instante torceu veementemente que Takemichi tivesse mais sorte com o conteúdo de seu fichário, mas mantinha as expectativas relativamente baixas para que pudesse se surpreender com menos do que normalmente seria necessário para fazê-lo.

— Certo, o primeiro observar da cena nos leva as manchas de sangue, mas tem algo mais relevante pra se colocar na frente — Dizia Saito encanto tateava com a canhota um pergaminho de sobre a mesa.

Com a mesma mão, após estender o material sobre a mesa de forma que pudesse escrever no mesmo, segurou um pincel e encostou sua ponta em sua língua, antes de abastecê-lo com tinta preta presente em um pote disposto à mesa. A começar pelo lado esquerdo, utilizando de kanjis tradicionais para escrever na vertical, Saito enumerou alguns dos pontos dispostos nos ficheiros. Primeiro a caixa escondida no compartimento secreto no forro falso, o que encontrou após uma busca mais minuciosa pela residência.

Já tinham dois itens listados no pergaminho. O primeiro; a caixa misteriosa. O segundo; as manchas de sangue pelo cômodo. De todo modo haviam ali duas evidencias que poderiam ser tomadas como chave, mas havia um real motivo por trás daquela listagem. O fato é que, se atentar apenas a fatos tão exorbitantes e chamativos como manchas de sangue e uma caixa secreta, que por mais oculta que estivesse foi no fim encontrada, era aos olhos do investigador um erro terrível. Quem quer que tivesse realizado o feito de desaparecer com Kayoshi certamente antes de mais nada teria se precavido e ocultado qualquer prova, além disso, buscaria criar uma distração como talvez uma mancha de sangue que aparentava amadorismo.

De todo modo não deixaria nada passar em branco e estava ali para se dedicar única e inteiramente a encontrar aquele que um dia foi seu professor e que agora devia no mínimo uma boa parcela de explicações, principalmente devido o fato de ter escondido durante tantos anos a verdade acerca da linhagem sanguínea do agora sargento de policia, Saito. O mistério por trás do desaparecimento de Kayoshi era exorbitante, mas ainda faltava muito para explorar e extrair daquela história. Talvez fosse apenas otimismo, mas algo indicava a Saito que o sujeito desaparecido ainda estava vivo.

JNão havia muito mais para se fazer naquele momento. Já se achegava o horário em que todos ali se reuniriam para uma despedida organizada para uma das zeladoras do lugar. Sasha não havia tido tanto tempo de convívio com Saito e por conta desde estar sempre tão focado em seu trabalho talvez nunca tivessem trocado mais que palavras educadas que se espera de qualquer um, mas a verdade é que o Uchiha nutria grande apreço pela responsável pelos serviços gerais naquele quartel general, que sempre o agradava com um café bem quente logo de manhã para que pudesse iniciar seus trabalho com mais energia.

Saito havia preparado uma surpresa, comprou um punhado de rosas e mandou que fizesse uma caneca personalizada com uma frase que dizia "obrigado pelo café, lembre-se de mim quando usar a caneca! carinhos, Saito" e tinha a intenção de entrega-la na despedida.

— Certo, Takemichi, arquive os fichários outra vez — Ordenou enquanto levava o pergaminho para dentro de um dos armários ali dispostos.

Ao fim, todos se reunirão para o momento especial de Sasha. Havia algo próximo de um buffet e até mesmo o grande chefe da policia estava presente prestigiando a tão querida responsável pelos serviços gerais.