Aquele, sem sombra de dúvidas, foi o caso mais perturbador que como capitão Saito deve de se dispor a resolver. Poucos conheciam o lugar onde o Uchiha era forçado a ir naquela manhã sem graça de verão. Sem graça pois haviam nuvens no céu capazes de subjugar o tão obstinado sol. Apenas a claridade mínima era conquistada e um pouco de seu calor. O clima parecia quase úmido, mas ainda assim, não estava. O firmamento, quase sempre azul e com algumas nuvens ao seu dispor, tornava-se quase que inteiramente esbranquiçado, com exceção de poucos pontos onde ainda se podia vislumbrar o celeste habitual. Não estava nublado, nem um pouco. O mar de nuvens que dominava completamente o firmamento não possuíam tonalidade alguma do cinza escuro que antecede as chuvas, na realidade era tão alvas como a neve e com toda a luz do sol as carregando, brilhavam incandescentes e imponentes, fortificando-se com o ataque do rival que falhava miseravelmente em lançar seus feixes de luz tão habitual. Era quase como se dissessem que poderia cumprir seu dever de iluminar a terra, mas do modo que decidissem permitir, a seu bel prazer. Num dia como aqueles não se espera mais do que a monotonia.

Antes fosse assim. Já no dado inicio dos trabalhos daquele dia, Saito foi chamado até a sala do chefe de policia. No lugar estavam o próprio líder da força policial da folha, um dos anciões da aldeia e o um senhor já de idade que o Uchiha não conhecia, mas já o havia visto antes.

— Saito, gostaria de lhe apresentar ao senhor Gunto Yuno — O chefe estava sentado, para ser sincero Saito nunca antes o viu de pés — Ele veio até nós pois precisa de certa discrição acerca do trabalho.

— Ora não chame isso de trabalho! — Bradou Gunto como se estivesse genuinamente ofendido — É da minha filha que estamos falando aqui! Ouça, eu disse que preciso do seu melhor homem! Você mandou chamar esse garoto para que? Ele vai chamar o homem em quem eu pos...

— É um prazer senhor Yuno — Disse Saito com um sorriso no rosto que escondia muito bem o desejo intenso de matar o sujeito ali, causando o máximo de sujeira que possível fosse — Então do que se trata? — Disse agora fitando o chefe maior.

— A filha de Yuno é minha afilhada — O ancião presente tomou a fala para si e recebeu a devida atenção de Saito — Ela sempre foi uma criança um tanto quanto problemática. Achamos que com o passar dos anos e com a responsabilidade da vida shinobi ela acabaria tornando-se uma menina normal, mas aquilo só pioro as coisas. O fato é que chegou em um ponto onde, para a segurança dos aldeões, tivemos de prende-la em um manicômio nos arredores.

— O ponto é que — O chefe disse ao se levantar e virar-se na direção da janela como se observasse o vilarejo — Essa manhã fomos notificados pelos responsáveis do manicômio acerca do desaparecimento de Gasai Yuno. O senhor Gunto se preocupa com a saúde da filha e está aqui para solicitar que enviemos o melhor dos nossos para investigar e encontrar a garota antes que ela possa se machucar ou a alguém. Todavia eu quero deixar claro que a sua prioridade deve continuar sendo a segurança do vilarejo. Se em algum momento você achar que a segurança dos aldeões de maneira geral está em perigo, você tem a minha permissão para agir como preferir e dar fim a isso.

Gunto não pensou em esconder nem por um instante o seu pavor e ódio. Estava assustado e preocupado com sua filha. Não havia como negar.

— Você ficou louco! Não vão encostar na mi... — Enquanto esbravejava, o pai incontrolável se prontificou a atacar o chefe de policia por suas falas. Saito fez uso de sua técnica ocular e antes que o sujeito pudesse avançar o Uchiha já o havia dominado em um movimento rápido. Gunto agora estava com a canhota entre sua própria lombar e o joelho direito de Saito. Seu peito estava completamente fixo no solo. Nem ao menos viu como chegou ali. O fato é que estava completamente rendido.

Nenhum dos outros dois remanescentes na sala se espantou com o corrido, o que deixou Gunto perplexo. Claramente havia se estabelecido naquela sala o quão capacitado Saito era.

— Mande que esse idiota saia agora mesmo de cima de mim! — Sua voz cansada e arrastada deixava claro que não tinha mais forças nem para ao menos esbravejar contra o que havia acontecido, muito menos se levantar o desvencilhar-se do sujeito sobre suas costas.

— Onde fica o manicômio, senhor? — Questionou Saito.

— Aqui está as informações acerca da localização. Vai precisar de reforços? — Disse o chefe enquanto entregava ao ancião um pergaminho, visto que Saito ainda não poderia recebe-lo por estar subjugando Gunto no solo.

— Não senhor, mas levarei Robin comigo para que ela possa aprimorar suas habilidades no calor de uma missão, longe dos papéis que ela tem visto — Saito levantou-se abruptamente e se prontificou a receber em mãos o pergaminho com o conteúdo desejado.

Gunto parecia tão enfurecido quanto envergonhado e não tardou em se levantar, retirando a sujeira do chão de suas vestes em algumas batidas aleatórias.

— Por favor, garoto — Foi a primeira vez que se dirigiu a Saito com devido respeito — Eu imploro a você... Não machuque a minha garotinha. Por favor não a machuque!

— Eu não vou machucar ela. Eu consigo resolver isso sem que ninguém precise se machucar. Confie em mim — Saito estava claramente confiante — Senhor, ainda precisa de mim? — Questionou ao superior, que o dispensou imediatamente — Senhor chefe de policia, senhor ancião — Realizou o movimento de reverência e saiu dali.

— Robin-chan — Indagou à loira que organizava os papéis de sua sala — Tenho uma missão importante e complexa, quer me acompanhar? — Apesar de já ter comunicado seus superiores acerca de quem levaria com sigo, Saito não deixava de ser cordial com sua acompanhante, lhe dando o direito de escolher ir ou não.

— Já estou pronta, onde vamos? — Respondeu prontamente Robin.

— Ao manicômio.