Christie estava um pouco constrangida, já que no país da grama recebeu uma proposta inusitada, o fato de ter acabado de sair da sua vila e um abrigo era melhor que ficar vulnerável em céu aberto, a garota ponderou durante aquele dia sobre o que aquele homem havia lhe proposto.
Não demorou, no dia seguinte, após ter uma noite tranquila de sono para si e também sua cachorra, a garota de olhos vermelhos confirmou que aceitava a proposta, tão logo foi falado isso ao misterioso homem samaritano, Christie percebeu o sorriso em seu rosto e também a ação de pegar do bolso um papel amarelado.
— Ótimo, tenho esse trabalho, pode ser seu caso queira. — ele estendeu o papel esperando que a garota pegasse.
Os olhos da menina de longos cabelos negros olhou para as instruções e também o total que ela poderia ganhar realizando o contrato. Dando um longo suspiro, já imaginando que aquilo não seria lhe entregue em seu total.
— Quanto fica para mim? — a pergunta foi direta, Christie não sabia contornar as palavras ou colocar sentimentos em suas interações.
— Se concluir sem contratempos e chamar atenção, metade. Caso eu tenha que interferir para ajudar, será menos, porque terei de pagar outro para estar indo até você.
A garota não ficou debatendo, aceitou o contrato e arrumou suas coisas no mesmo dia para sair da casa e ir até o local determinado pelo contratante. Ela só queria poder juntar uma grana para poder se virar sem ficar preocupada com terceiros, já que poderia conseguir se esconder com mais facilidade se não tivesse que se preocupar em fazer dinheiro diariamente.
A viagem até o país da Chuva foi tranquila, o problema foi quando chegou na fronteira, uma estrada que já tinha características daquele país, a chuva constante, mais o incomodo do cansaço e viajar encharcada e com frio. Para tentar proteger sua cachorra, Christie havia colocado Blood dentro da sua vestimenta mais fechada, a deixando aninhada na parte da frente de seu corpo, andando um pouco emborcada para proteger o próprio rosto com o capuz de seu casaco e também a parte da frente onde estava a cachorra se manter seca, o que era um pouco impossível. Se ela não conseguisse um estabelecimento para poder secar, provavelmente pegaria algum tipo de doença. Deveria ter levado a sério o lembrete do contrato e pego algo para lhe proteger mais daquela chuva constante.
Porém, a garota fica um pouco mais preocupada quando atenção de sua cachorra muda, elas não conseguem sentir muito o cheiro, porém, Blood percebia que tinha mais gente naquela estrada, não estava muito longe e nem perto o bastante para ser um perigo imediato. Os olhos da garota avistou uma construção simples de madeira a frente, não sabia o que era, mas tentaria chamar para se abrigar durante pelo menos um tempo para descansar. Contudo, sabia que qualquer viajante que também estivesse por aquela estrada teria o mesmo pensamento.
— Será que teremos de lutar? — foi o que a garota cochichou para a cachorra, que se empertigou dentro de sua roupa.

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A garota notou que nada mais era que uma cabana abandona o abrigo que havia encontrado, tinha algumas goteiras, mas era o suficiente para deixar sua cachorra seca e também auxiliaria ela conseguir se secar. Foi quando uma presença lhe chamou atenção, dessa vez estava mais perto, se não fosse a chuva não teria sido pega tão de surpresa assim, já que poderia ter farejado mais rápido aquele homem.
Christie olhou na direção dele, Blood já estava no chão e pela tensão que a garota exalava, não por medo, mas por excitação de ter necessidade de começar um combate, a cachorra acabou por rosnar para a pessoa que estava na árvore. Apesar de não avançar, o homem parecia ser bem tagarela.
A garota de olhos vermelho observou o mesmo com mais atenção, a árvore recobria um pouco dele, mas não tudo. Se ele saísse da sombra das pesadas folhas, seria melhor para uma identificação, ou não, já que não era ninguém conhecido pela garota. O que aliviou seu coração, ela não sabia como tinha ido parar no Vale do Fim, fez um caminho sem sentido para o destino que iria, era mais longo.
— Eu estou em uma missão…
Ela falou baixo, não dando muitos detalhes para aquele homem, o medo era ele perceber que ela não tinha uma bandana, a sua da vila da folha estava guardada no fundo de sua bolsa, esquecida. Christie não tinha notado que ele era cego, não ainda.
— Pelo visto a chuva atrapalhou eu pegar o caminho certo, fiz o mais longo…
Ela concluiu olhando a estrada e logo depois reconhecendo o território que estava, esperava que não houvesse nenhum ninja sensorial da aldeia da folha por perto, nem mesmo gente lembrando de sua existência para estar ainda lhe procurando. Fazia alguns meses que havia fugido, provavelmente já havia sido esquecida por todos, afinal Christie se achava um fardo para as pessoas com quem morou. Só a suportavam por ser criança e algumas pessoas achava difícil ignorar seres desse tipo para morrer em escombros de uma casa.
Já a garota, bem, se tivesse na mesma situação, iria embora sem nem pensar duas vezes, afinal não tinha capacidade alguma em sentir qualquer sentimento por alguém ou até si mesma. A adrenalina dos treinamentos e combates que a fizeram tornar-se ninguém, o processo químico em seu corpo nesses momentos eram os únicos que lhe permitiam sentir alguma coisa.

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Christie não estava entendendo aquele tipo de personalidade, o homem parecia ter um bom humor inabalável e mostrava adorar o tempo chuvoso mesmo já estando encharcado. A garota não tinha sentimentos pelo tempo, mas não gostava da sensação de ter o corpo molhado e sentir frio por isso.
— Eu me chamo Christie, ela é a Blood. — ela olhou para a cachorra que ficou próxima a suas pernas quando ele pulou da árvore. — Ela só demonstrou agressividade por eu estar desconfortável, não se preocupe.
A garota de olhos vermelhos e longos cabelos negros, acariciava a cachorra e apontava o interior da pequena cabana abandonada, para entrar e ambas poder arrumar uma forma de se aquecer e ficar secas para continuar a viagem, saber que estavam no país do fogo e também num caminho longo para a fronteira com a Chuva, tinha a esperança de uma viagem mais seca.
As palavras do homem chamou atenção mais uma vez de Christie, que ainda mantinha seus olhos fixos no rosto dele, a cachorra obedeceu ela e entendendo que o mesmo tinha olhos vendados, ela notou o quão bom ele fora em conseguir lhe achar ou talvez fosse uma ponta de superioridade, achando que ele fosse menos capaz por ser cego.
— Você não enxerga. — ela falou em voz alta como se fosse uma conclusão para si mesma da situação que se encontrava.
O que deixou mesmo a garota a vontade foi o comentário sobre estar livre de uma Vila, ou seja, sem ter que ficar respondendo para alguém sobre seus atos, reportar sua localização e coisa do tipo.
— Sim. Muito melhor não ter que ficar seguindo regras que só lhe cobra deveres e se omite em seus direitos.
A garota se sentia injustiçada ao ser acusada de algo que não fez, mas por ser estrangeira fora tratada muito mal na Vila que estava fazendo parte, Christie precisava acender um fogo, então não queria gastar muito do seu tempo conversando sem ação nenhuma.
— Vou procurar madeira, preciso me secar… — falou e foi explorar a cabana atrás de uma lareira, assim poderia acender o fogo e secar suas roupas e seu corpo ficar aquecido.

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