Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.
Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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[Gaiden em grupo] Sinestesia - Postado Qui Fev 11, 2021 7:34 pm
A | sinestesia |
Sobre os caminhos de ida e as possibilidades de volta
O amanhecer deu-se pálido, à espera da vinda do Sol que custava dar suas caras no horizonte. A jovem se perguntava o motivo da barulheira logo cedo, ali todos costumavam passar das oito na cama, exceto sua mãe que enfrentava uma dificuldade de dormir tradutora de suas aflições. Ela estava sempre cansada e evidentemente vivia a vida no automático, sem ao menos se tocar de como os rumos de tudo se constituíam a cada instante por meio da automatização dos cotidianos.
Aliás, é comum que com o passar do tempo a curiosidade aplicada dos pequeninos dê lugar a uma postura adulta típica e que toma o dito por natural e real, crendo que os conceitos rudimentares sejam representantes da realidade. Quem de nós um dia não considerou tudo tão natural a ponto de sequer se perguntar o motivo disto ou daquilo? E quando perguntávamos, nos satisfazíamos com as poucas respostas que a sacralização da memória coletiva usava para proteger o eterno retorno humano.
Eis que levantava um espectro profanador, disposto a ressurgir depois da incapacitação daqueles que se propunham a profanar as inalcançáveis memórias da construção do mundo como é. Uma organização que começava a dar as caras para a garota. Falando nela, levantou-se, ainda estava confusa com tudo que havia acontecido, sequer sabia o que havia se passado, se tratava de um sonho ou se realmente alguém esteve dentro de sua cabeça mesmo que por alguns instantes.
Depois de pouco tempo acordada, ainda deitada, ouviu uma voz familiar, mas de uma figura que há um tempo não via. Seus irmãos pareciam contentes com a visita inesperada, apesar disto a jovem se perguntava o motivo de seu primo estar os visitando. Logo ele, logo agora e assim de surpresa? –se perguntava. Arrastou-se numa preguiça quase que paralisante e então se sentou na beirada da cama, como quem esperava a anima dos vivos voltar ao seu corpo, tentava tomar coragem para escovar seus dentes, muito embora estivesse sedenta por um cigarro. Havia adquirido o hábito de fumar há alguns meses, e se via extremamente dependente da nicotina.
Aproveitou da distração dos demais, fechou sorrateiramente a porta, e antes que pudesse achar seu maço de cigarros no meio da bolsa de armamentos que estava jogada num canto do quarto, viu um pássaro assentar no peitoril da janela. Olhou-o de cima a baixo, num ato analítico, e em uma das patas viu uma espécie de receptáculo, de formato cilíndrico e pequeno. Aproximou-se do animal, que domesticado como era mal se moveu, e retirou um papel dobrado de dentro do pequeno cilindro que se encontrava na pata direita do pássaro. Desdobrou o papel e revelou um bilhete escrito com uma caligrafia de dar inveja, nele estavam escritas as seguintes palavras:
Para Sakura,
Sei que a constante guerra fria que se instaura entre as nações impossibilita a partida de vossos vilarejos rumo até o País das Ondas, assim sendo, decidimos levar até vocês uma experiência que talvez possa possibilitar-lhes um aprimoramento sensorial. Vejam só, somos parte de uma organização que no passado procurou, por meio da auto-organização, libertar a todos dos domínios de tiranos injustos. No começo tudo ocorreu bem e podíamos, por meio de relações não hierarquizadas, gerir os rumos daquela experiência, porém com o passar do tempo e com o desenvolvimento dos constantes conflitos bélicos entre as grandes nações, nem mesmo nossa arredada experiência ficou imune aos confrontos.
A principio tentamos lidar por meio da paz, tentando mediar os confrontos, mas logo se tornou evidente que só poderíamos resistir e reexistir por meio de uma reação que fosse ainda mais forte que a dos poderosos. Confesso que foi difícil adotarmos a violência como um meio e temíamos nos igualarmos aos monstros que procurávamos combater, mas a força como alternativa foi se tornando inevitável na mesma medida em que éramos massacrados e restávamos-nos aos poucos, como vítimas de um genocídio.
O resultado vocês já devem imaginar, acabamos por nos tornarmos poucos, vivendo como ratos e se escondendo das ordens estabelecidas pela geopolítica global. Agora vocês devem está pensando o que tem a ver com isso, não é mesmo? Mas é certo que como jovens encontram suas devidas dificuldades para se enquadrarem e isto é um grande sinal de que nasceram para transformar o mundo que hoje não cabem, para enfim construírem um novo onde possam se sentir pertencentes. Espero que minhas palavras sirvam de ponto de partida nesta viagem de autoconhecimento.
Solidariedade entre nós, de Murasaki Yamanaka.
A garota leu atentamente cada palavra e foi ficando cada vez mais ansiosa a cada nova frase que lia, não podia dizer que concordava com tudo, mas aquelas palavras certamente atingiram fortemente seu coração. Terminou a carta e antes que pudesse refletir a respeito dela, algo aconteceu então no seu âmago, algo misterioso e definitivo, que a desprendeu do tempo atual e a deixou em deriva por uma inexplorada junção de sensações, era como se estivesse em transe. O papel da carta estava repleto de uma substância psicodélica que adentrou sua pele e depois de deixar-lhe agitada começou a também provocar-lhe certa sinestesia. Era como se pudesse sentir o gosto do vento, e ver vida nos objetos antes inanimados.
É preciso se olhar. Olhar pro que sente. Olhar pra história da sua família. Entender de onde você realmente veio. Olhar para o que pensa. Olhar para o que gosta. Se olhar nu no espelho. Se encontrar. É preciso ser. ▲ |
Shüra
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Re: [Gaiden em grupo] Sinestesia - Postado Qui Fev 18, 2021 10:25 pm
O reflexo vira matéria
As coisas perdem suas cores agora
O
crepúsculo do amanhecer era o mesmo que os nascidos no deserto conheciam, o céu limpo de nuvens despedia-se rapidamente da escuridão das frias noites e recebiam calorosamente os raios solares que expurgavam dos céus a lua e coroavam a grande estrela vermelha que surgia no horizonte contrário ao que sua sucessora sumia. Em um pequeno cortiço da área mais periférica no leste de Sunagakure, o garoto de belos cabelos brancos tinha passado a noite em claro, suas pupilas pesavam, no entanto, sua mente o assombrava desde o início da noite passada.É possível se questionar o que assolava o sono e transtornava a cabeça de um jovem recém inserido no início de sua adolescência. Para qualquer um nascido e crescido nessa área mais afastada do centro do vilarejo, o que não faltava para eles eram problemas diários. Existia ali a falta de infraestrutura básica para o cotidiano, a violência crescia em paralelo com a queda de cuidados e atenção dada pelo atual governo. Mas não nos precipitemos, essa negligência com a parte mais exterior do vilarejo não é fruto dos dias atuais, essa é uma questão antiga que vem ganhando força com o passar dos tempos, enquanto quase toda a verba é direcionada para a parte central, a periferia se vê apenas com migalhas do dinheiro direcionado para o atendimento da vila.
Sem fugir do foco em questão, apesar de tudo isso que rodeava a todos em sua volta, o garoto tinha a mente tumultuada por questões recém apresentadas para o mesmo. Não muito tempo atrás, o jovem tivera algumas revelações envolvendo a seu progenitor, que até então, era visto por Shüra como alguém que se perdeu nas trevas e sucumbiu a loucura, mas nesse momento, a visão de seu pai era confusa, já não sabia o que pensar sobre ele e todo seu julgamento anterior parecia equivocado, o mistério rondava seu passado e toda vez que a imagem de seu pai vinha a sua mente, seu rosto estava coberto por uma nuvem, já não sabia mais quem ele era.
Em meio a ruídos e conversas inaudíveis das inúmeras famílias que se alojavam no pequeno cortiço, a filha de seu tutor temporário tinha em mãos agora uma carta que recém havia recebido do carteiro em sua porta, estava lacrada e com uma letra manuscrita magnifica tinha o nome de Shüra como destinatário. A curiosidade de saber o que poderia ter escrito na carta era grande, mas ainda maior era o temor que sentia a cada instante que segurava a mesma, sabia que não deveria abrir, era como se o envelope sorrateiramente a avisasse que não deveria nem mesmo sonhar em abrir e nem sequer espiar seu conteúdo. Sentiu um frio percorrer toda a sua espinha, ao olhar atentamente o selo feito de cera que lacrava a cartava, avistou um símbolo que havia visto a muito tempo em um dos cadernos de estudos de seu pai, não conseguia recordar exatamente o significado e muito menos podia imaginar quem era o remetente, mas certamente sabia que se tratava de algo a muito escondido.
A garota entregou a carta sem demora para o jovem que recém tinha se juntado a sua família, não lhe disse nenhuma palavra se quer, franzindo o cenho, a mesma agora tentava julgar se fez a escolha certa de entregar o envelope, mas o que foi feito já estava feito, apenas se retirou do cômodo, dando total liberdade para o garoto saber o que lhe esperava no conteúdo.
O que poderia ser isso? Talvez uma carta vinda direta da Kazekage? Seria uma nova missão? Logo percebeu seu equívoco, o símbolo do selo não era o oficial de Suna, jamais teria visto esse símbolo anteriormente, isso só fez a curiosidade do jovem aumentar, mas ele sentia algo estranho, seu olfato o alertava sobre algo, mas não pode identificar o que, cedeu e não mais relutante, revelou para si o que havia escrito no pequeno pedaço de papel.
Para Shüra,
Sei que a constante guerra fria que se instaura entre as nações impossibilita a partida de vossos vilarejos rumo até o País das Ondas, assim sendo, decidimos levar até vocês uma experiência que talvez possa possibilitar-lhes um aprimoramento sensorial. Vejam só, somos parte de uma organização que no passado procurou, por meio da auto-organização, libertar a todos dos domínios de tiranos injustos. No começo tudo ocorreu bem e podíamos, por meio de relações não hierarquizadas, gerir os rumos daquela experiência, porém com o passar do tempo e com o desenvolvimento dos constantes conflitos bélicos entre as grandes nações, nem mesmo nossa arredada experiência ficou imune aos confrontos.
A princípio tentamos lidar por meio da paz, tentando mediar os confrontos, mas logo se tornou evidente que só poderíamos resistir e reexistir por meio de uma reação que fosse ainda mais forte que a dos poderosos. Confesso que foi difícil adotarmos a violência como um meio e temíamos nos igualarmos aos monstros que procurávamos combater, mas a força como alternativa foi se tornando inevitável na mesma medida em que éramos massacrados e restávamo-nos aos poucos, como vítimas de um genocídio.
O resultado vocês já devem imaginar, acabamos por nos tornarmos poucos, vivendo como ratos e se escondendo das ordens estabelecidas pela geopolítica global. Agora vocês devem estar pensando o que tem a ver com isso, não é mesmo? Mas é certo que como jovens encontram suas devidas dificuldades para se enquadrarem e isto é um grande sinal de que nasceram para transformar o mundo que hoje não cabem, para enfim construírem um novo onde possam se sentir pertencentes. Espero que minhas palavras sirvam de ponto de partida nesta viagem de autoconhecimento.
Solidariedade entre nós, de Murasaki Yamanaka.
Yamanaka? Talvez esse possa ser o mesmo velho que outrora tenha vindo me visitar em um sonho, falava algo sobre estar chegando a hora e no fim para nos encontrarmos no País das Ondas. Não pode pensar por muito tempo, sentiu todo o cenário a sua volta se mexer e sentia-se flutuar. M... Mas o que é is... Não conseguiu nem mesmo completar sua pergunta a si mesmo, seu corpo caiu de sobre seus joelhos, sua mente e percepção estavam alteradas, as cores e os objetos se alteravam e brincavam com a realidade bem a sua vista. Isso é o que acontece quando em contato com substância psicoativas, e a folha da carta estava repleta de uma dessas, sem o garoto perceber, já havia inspirado essa droga por todos os poros de seu corpo. Tudo o que Shüra podia agora era sentir.