Pessoas continuam me sendo deveras estranhas, era o que pensava quando ia lendo a missão aquele dia em frente ao quadro disponível na vila. Diferente dos demais trabalhos estava sozinha, os outros dois tinham suas próprias coisas e nossas atuações desvincularam-se por alguns momentos enquanto eu aproveitava minha sutil e doce breve liberade. Ou talvez não. Pensava resmungando mentalmente que trabalho não era exatamente uma boa forma de criar algum tipo de "descanso".

Não demora muito até que meus passos me levem até uma casa com uma arquitetura mais rústica, mais afastada do centro residencial e "silenciosa" de certa forma. Não por menos, afinal, seus dois proprietários haviam falecido, primeiro a esposa e agora o marido que ficou para trás deixando um pedido em seu leito de morte que seus filhos repassaram para mim enquanto ninja. Enterrar uma espada. Qual o propósito? Bem, não é algo que me diz respeito e se vão pagar para mim está tudo bem.

Chego ao local, sou recebida por uma senhora que também já tem uma idade relativamente avançada, ela carrega em suas mãos uma manta que sem muita dificuldade percebo que se trata de um envólucro para tal katana. - É esta aqui jovenzinha. Ela dá um sorriso gentil e eu pego o item sem muito rodeio, apenas confirmando o recebimento. - Claro. Caminhando calmamente com esta em minhas mãos. Não tinha muito como errar, mas, era melhor ser cuidadosa com algo que já devia ter uns cem anos.

Informações gerais:

O caminho era bastante tranquilo, talvez por aquela ser uma missão de ranqueamento baixo tal qual as demais feitas anteriormente era um serviço bem simples. É claro, tinha de tomar algum cuidado, mas, com uma velocidade moderada ia aproximando-me mais ao leste de um local onde havia uma cerejeira como a descrita. O manto em si que estava envolvendo a tal espada também tinha traços do tal vínculo com aquela árvore demonstrado na estampa alva e rósea, marrom apenas nos galhos que conectam os amontados de pétalas. Sakura... A relação daquelas plantas e itens ninjas era bastante peculiar, como uma espécie de refúgio, escondendo todo sangue das guerras abaixo de suas pétalas que caem lentamente pintando o solo de seus tons.

Pouso apoiando a arma no chão cuidadosamente, vasculhando um pouco a área para achar da melhor forma a área que foi descrita pela "Ba" antes de eu partir. Olho inclusive se não há algum curioso em volta, se aquilo fosse roubado depois ainda era capaz de a culpa ser colocada em mim. Vou afastando a terra, quase como se a arasse, abrindo espaço para que pudesse enterrar ali a última memória de uma antiga ninja. Bercon ficaria interessado nela? Ou será que ele a quebraria chamando ela de algum termo ruim? Consigo notar o efeito do tempo em seu gume quando o tecido escorrega um pouco mostrando parte do metal desgastado.

Não é tão difícil enterrá-la, guio as pétalas de volta para cima da terra batida e vou deixando o local sem tanta cerimônia. Não a conheci, então não posso dizer que dou nem a menor das importâncias para a sua morte, mas, alguém certamente ainda lembrava dela mesmo em seus últimos suspiros. Curioso...

Informações gerais: