Hashira escreveu:

HP 110/120
CH 120/120
ST 03/03

Dignidade

 ____Ele estava sentado, olhando o pôr do sol entre as cerejeiras, o balanço vazio: balançava, balançava, balançava. A cerejeiras tinham um tom de rosa avermelhado. Hashira estava confuso, onde ele estava? Essa lembrança era antiga, já tinha acontecido. Olhou para o lado e viu o sangue. Então, se enrijeceu, petrificado, olhando a cena novamente...

[...]

 ____Hashira acordou de susto. Sonhara novamente... era em suas noites que as lembranças terríveis de seu passado o visitavam. Mas pelas manhãs, ele sempre seguia em frente, confiante do seu objetivo em buscar respostas.
 ____Ele tinha lembranças ruins, mas também tinha lembranças doces de sua mãe e de seu irmão. Hashira sempre gostou dos outonos. As primaveras eram marcantes e normalmente vinham com notícias ruins. Mas o outono era como ele: solitário, melancólico, rígido e determinado. A queda das folhas e o frio característico o deixavam ensimesmado, o que era bom para alguém solitário como ele.
 ____Hashira sentou-se na varanda de sua cabana e olhou as estrelas.

[...]

 ____Em pouco tempo ele estava na casa da família Hyuga. Estava ao lado de seu avô Joser... não... não poderia ser Joser. Em verdade aquele homem era Lean, seu pai. A confusão acontecia pela descrição que todos davam de seu avô. Um homem pensativo, velho, tradicional e que gostava de falar sobre seus projetos utópicos de uma vila mais justa e isonômica. Era esse ar que Lean passava naquela tarde. Seus olhos tinham um cansaço evidente, fazendo parecer anos mais velho. Olheiras profundas que formavam a base daquele olhar triste, de quem não tinha evoluído em suas pesquisas a meses.  Lean e Hashira estavam sentados na varanda, no piso bruto, olhando para os fundos da casa, quando Lean disse:
 ____– Você conhece a estrutura do nosso clã, filho? – Falou com um tom afirmativo.
 ____– Sim papai. – Respondeu Hashira, que olhava para o balanço.
 ____– Então sabe que a família divide os filhos em Souke e Bunke, por muitas vezes separando irmãos?
 ____– Sim papai. – Respondeu novamente Hashira, que ouvia o pai com atenção, mas não era de falar mais que o necessário.
 ____– Você nunca se perguntou como você e seu irmão pertencem ao mesmo ramo familiar?
 ____– Não papai. – Respondeu o garoto, que agora fitava os olhos do homem ao seu lado.
 ____Os dois ficaram se olhando por alguns instantes.
 ____O homem levantou-se e fez um sinal para que o garoto lhe seguisse. Eles entraram na casa, que era toda feita de madeira, com um piso aconchegante, encerado de forma impecável. Era um grande cômodo, todo aberto e sem moveis, apenas adornos na parede e um pequeno altar no fundo da sala. Aquele era o dojô da família, onde os membros mais nobres eram treinados. Hashira nunca havia treinado lá.
 ____O homem puxou uma porta grande, que rolava para o lado, e passou para dentro, Hashira foi atrás. Despois de passarem por um corredor com várias portas, a porta que dava de frente para o corredor, a última, foi a escolhida para que entrassem.
 ____O homem esperou até que o garoto passasse e fechou a porta:
 ____– Esse é um espaço sagrado, que apenas os dignos são bem vindos, Hashira. – Apontou para uma mesa que estava encostada em uma janela grande, de onde vinha muita luminosidade. – Você deverá estudar ali.
 ____A janela dava para a parte lateral do terreno, onde os jovens não iam. Uma porta saia pela mesma parede, com uma escada que descia para essa lateral.
 ____Na sala, jaziam alguns poucos milhares de livros, possivelmente cerca de 10 mil.
 ____– Eu sou digno? –  Perguntou o garoto, fitando os olhos do pai novamente.
 ____– Você precisa. Precisa ser digno, Hashira.
 ____A frase ficou martelando na cabeça do garoto.
 ____Por fim, ele entendeu. Haviam coisas que ele precisava fazer e, por isso, o garoto precisava estudar o máximo para se tornar grande.
 ____– Como eu disse... você e o Gian, seu irmão mais novo... vocês...
 ____– Não somos os únicos? – Interrompeu o garoto, encarando o pai.
 ____O homem congelou de surpresa.
 ____“O menino... como ele sabia?”, pensava o homem.
 ____– Onde ele está? – Perguntou Hashira, com a maturidade de um adulto.
 ____– Ele morreu, assim que você nasceu. Tentamos reivindicar o direito de coloca-lo na família principal, em lugar de seu irmão mais velho, mas não aceitaram. Depois tentamos... Tentamos... Tentamos coisas erradas Hashira.
 ____O garoto olhava atento.
 ____– Tentamos coisas erradas e não deram certo. Por fim, como punição, fomos afastados e...
 ____O garoto olhava atento, inexpressivo, compreendendo tudo como seu destino.
 ____O pai, por sua vez estava visivelmente emocionado.
 ____– Bom, agora você é um homem, e quero que cuide de seu irmão.
 ____O menino assentiu com a cabeça.
 ____– O nosso clã tem um jutsu ocular chamado Byakugan, domine-o e você será forte para proteger sua família – Falou Lean, entregando ao garoto um livro.
 ____– Obrigado. – Disse o menino.
 ____– Não fale besteiras. Estou indo. – Disse Lean, antes de sair.
 ____O garoto não entendia porque não podia agradecer e ficou triste, mas lembrou-se de seu dever:
 ____“Você precisa. Precisa ser digno, Hashira”, lembrou o garoto.

[...]

 ____Hashira havia adormecido, dormia muito mal devido aos pesadelos.
 ____Levantou-se e preparou seu café da manhã, lembrando da casa da família Hyuga. Ele nunca tinha voltado lá depois que seu pai havia liquidado a mãe e o irmão.
 ____Após tomar o café o garoto levantou-se e correu para fora, o sol estava quase apontando, e ele precisava iniciar sua meditação diária, havia perdido muito tempo pensando em coisas do passado.
 ____Chegou ao local de costume, e sentiu um aroma doce. Tentou não perder sua atenção, quando se sentou na água, no centro da lagoa e tentou limpar sua mente.

[...]

 ____Ele estava sentado com seu pai, novamente, no mesmo lugar. O mesmo olhar, as mesmas olheiras. Estavam sentados no piso bruto como antes, olhavam, como antes, os fundos da casa.
 ____O garoto estava confuso, por que aquela lembrança novamente?
 ____Entrou em pânico, seu coração batia forte. Por que estava novamente ali?
 ____Foi quando Lean disse:
 ____– Você conhece a estrutura do nosso clã, filho? – Eram as mesmas palavras de antes.
 ____– Sim papai. – Respondeu o garoto, tentando falar outra coisa, mas parece que a memória já estava desenhada e não podia ser reconstruída.
 ____Seu coração batia sempre mais forte.
 ____– Então sabe que a família divide os filhos em Souke e Bunke, por muitas vezes separando irmãos? – Lean falou novamente o mesmo.
 ____– Sim papai. – Falou Hashira, como quem queria falar “por que estou aqui?”
 ____Tudo aconteceu rápido... Eles estavam novamente na biblioteca... Novamente na biblioteca. O pai apontou novamente o canto e, novamente o livro. Então, novamente o pai disse:
 ____– Você precisa. Precisa ser digno, Hashira.

[...]

 ____O ar começou a faltar no pulmão do garoto, mas água não faltava...ele estava afundando na lagoa, havia, aparentemente, adormecido durante a meditação.
 ____O garoto havia acabado de afundar, e ao primeiro respiro acordou de imediato.
 ____Se reconstituiu e subiu a superfície, pensando porque aquela lembrança estava o visitando novamente...

Ponderações:

Informações:

by emme