Takane respirou fundo e voltou a varrer o chão de sua casa, cantarolando alguma canção infantil e brincando com as flores de cerejeira que caiam sobre os seus pés, estava de bom humor ao descobrir o caos em que a vila se encontrava. Pessoas sem esperanças e sentimentos confusos eram o melhor adubo para cultivar sua religião e pregações.

Exugou o suor da cabeça, e observou um menino tímido se aproximar, ela estendeu o sorriso e o convidou para entrar. A casa criada por seu pai agora havia se tornado um pequeno templo da qual ela convidava as pessoas para poder ouvir uma palavra de sabedoria ou para que elas pudessem confessar algo que fizeram de errado, inicialmente, nada ocorreu, mesmo com suas pregações e panfletos entregues, mas aos poucos aquele pequeno gesto foi tomando força e as pessoas começavam a aparecer com mais frequência, e havia dias em que ela mal conseguia se levantar para ir ao banheiro.

Ela guiou o garoto até o fundo e serviu chá para que ele acalmasse a alma e os sentimentos negativos.

--Então, me conte seus pecados, o que te guiou até aqui.---

--Eu só errei o caminho, não deveria estar aqui. --- O menino se levantou, mas Takane já era uma profissional em descobrir ovelhas desgarradas.

---Não tenha pressa, se acalme, no caminho dos deuses não existem erros, você está onde deveria estar.--- Murmurou fazendo com que o menino voltasse a se sentar, mas ainda estava desconfortável.

Demorou cerca de dez minutos com ele apenas olhando para os lados, e Takane ficou ali, sentada, apenas conversando e dialogando com o silêncio.

--Aconteceu um acidente, eu fui mostrar um jutsu em um treino para um amigo, e ele morreu… eu matei ele.---

As mãos do menino tremiam e a sacerdotisa se levantou e se aproximou dele, abraçando-o por trás e fazendo carinho em sua cabeça.

--Você não é culpado, você só estava mostrando uma técnica, foi seu amigo que não conseguiu desviar, então, o erro foi realmente seu?---

--Eu não consegui desviar… não foi minha culpa.---

--Não foi, no caminho dos deuses não existe certo ou errado, tudo o que aconteceu era porque tinha que ocorrer---

Eles então ficaram sentados ali, com ela acariciando os cabelos dele enquanto ele chorava, a sacerdotisa por sua vez destilava seu veneno, gota a gota até que ele realmente acreditasse que não era o culpado pelo erro. Até que ele saiu dali ainda com os olhos chorosos, mas sorrindo, feliz, não havia encontrado palavras julgadoras por parte de Takane, apenas afagos e carinhos. O que o convenceu no final de que ele não era uma má pessoa. Se sentou na varandinha da sua casa e suspirou vendo o menino desaparecer, logo teria que acender os incensos, mas antes, ficaria brincando com os Yens que havia recebido do garoto.

---você deveria parar com isso, ficar espionando as pessoas, eu já disse, não tenho intenções de fazer mal algum a ninguém, sou uma nova mulher.--- respondeu manhosamente.

Palavras:

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