Eu estava andando na rua com a roupa mais cara e bonita que encontrei no armário do meu quarto. Era dia de folga e dessa vez o céu encontrasse brilhante e azul, algo tão raro quanto eu estar livre.

Meus óculos escuro redondo protegiam meus olhos dos raios de sol. Eu me encontrava bem animado hoje, mais que o normal, ao mesmo tempo que nervoso. Viro a esquina da próxima rua, ficando parado em frente a um restaurante.

Espero por um tempo, até que Hana chega, a minha convidada de honra. Na hora que ela aparece, fico ainda mais radiante, porém, seu rosto se mostrava avoado como sempre desde que perdeu parte da memória.

- Então você realmente veio - Digo com um sorrisinho no canto da boca.

- Achei que seria educado, você insistiu tanto - Ela responde me analisando e olhando o lugar - Espera, eu conheço esse lugar, vinha aqui quando era menor - Hana comenta.

- Eu sei, vínhamos juntos no almoço quando eu estava com preguiça de cozinhar - Digo em relação ao passado, foi nesse lugar que viemos logo depois de nos conhecermos.

- Que estranho, você sempre fala como se tivesse passado bastante tempo comigo, eu to começando a acreditar que é um stalker - Ela diz com a mão direita apoiada no queixo.

- Não não, não sou nenhum stalker louco, você perdeu que memória e não lembra, mas uma hora, vai voltar - Digo um pouco nervoso coçando a nuca, não queria que ela tivesse a ideia errada, mas no final, a garota só dá umas risadinhas.

Enfim, entramos no restaurante eu uso uma parte do meu dinheiro para comprar uma boa comida. No processo, Hana sempre pareceu desconfortável comigo ao lado, comentando que desde um certo tempo, tem dores de cabeça constantes, principalmente quando pensa em mim, mas não sabe o porquê.

Eu não podia falar nada sobre o evento daquela missão, cujo seu torturador era praticamente um gêmeo meu. Mas eu tinha esperanças que eu poderia fazer sua memória voltar, apenas precisava insistir um pouco.

Conversamos um tanto naquele estabelecimento tentando reformar uma relação de confiança com a garota, mas não parece ter funcionado, quanto mais eu falava do passado, mais distante Hana parecia ficar. Não estava dando certo, então, tenho uma ideia.

Fora do restaurante, tenho uma ideia brilhante, me aproximo dela

- Então Hana, tem um lugar que quero te levar - Eu digo esticando a mão para ela

- Bom... Pode ser - Ela aceita um pouco hesitante e então, levo-a para longe dali, para um lugar que considero bem especial.

Chego finalmente ao lugar que queria, uma pequena colina preenchida com grama e com uma árvore bonita plantada nela.

- Mas, por que estamos aqui? Como conhece esse lugar? - Hana fica confusa do porque eu a trouxe ali.

- Você não se lembra, mas... Foi aqui que nós conhecemos pela primeira vez - Suspiro e depois me sento na grama, virando meus olhos para o horizonte e encarando o por do sol naquele lindo anoitecer alaranjado.

Estico minha mão para a menina segurar, então, quando ela faz isso ainda um pouco hesitante, puxo-a gentilmente para se sentar no chão ao meu lado.

- Eu estava lendo... Um livro chamado "Última operação" aqui, um lugar tranquilo que tinha achado recentemente, mas aí, você apareceu do nada ao meu lado - Vou contando a história pausadamente.

- Me desculpe, você não parece estar mentindo ou tentando me enganar, porém, eu realmente não lembro de você Hatake - Não conseguia fazer suas memórias voltarem e para ela era como se eu fosse um completo desconhecido que insiste em falar sobre cosias que supostamente não aconteceram.

- Ai eu contei a história do meu livro para você, comentamos nossos sonhos e como promessa de crianças juramos nos tornar os maiores ninjas do mundo... - Comento com tristeza na voz e cada vez mais, parece que estou falando mais comigo do que com ela - Caminhamos pela vila, fomos a um restaurante, lutamos contra alguns valentões que me assombravam, fui machucado, mas você me ajudou... Isso é tão nostálgico... - Sinto algumas lágrimas lubrificarem meus olhos, mas logo os seco com minha manga.

Ela continua sem entender nada, mas vai se compadecendo comigo por pena, sua personalidade, apesar de mais frágil, ainda era gentil e bondosa como a antiga.

- Meus pais se foram... Me tornei ninja... Fiz missões exaustivamente para proteger a vila... Mas eu estava feliz com você e os outros ao meu lado, aquele dia na floresta em que você se sacrificou por mim e depois nossa conversa no hospital, só confirmou uma coisa - Me viro, olhando diretamente para ela e então, a abraço de surpresa como nunca antes.

- Eu... Eu gosto de você... Hana - Digo do fundo do meu coração em seu ouvido durante o abraço.

- F-Fuyuki... - Ela murmura baixo e os olhos da menina arregalam e ela respira pesadamente, ficando paralisada. Percebo que tinha algo errado, isso não era normal. Rapidamente desfaço o abraço, segurando em seus ombros e olhando diretamente para ela, mais especificamente o seu rosto.

Ela estava com uma cara cujo nunca vi antes, parecia não respirar direito e logo, põem as mãos na cabeça.

- Hana? Você está bem? - Eu pergunto, ficando cada vez mais preocupado é desesperado, até que a garota encara meu rosto e grita como uma louca.

Seu grito poderia atordoar qualquer um perto, mas me mantenho forte a sua frente - HANA! - Exclamo seu nome sem saber o que fazer e ela apenas continua em desespero total. Tento puxa-la para levar a garota ao hospital e resolver essa situação, mas ao perceber minha ação, me empurra com todas suas forças e começa a se debater no chão.

O desespero e loucura eram tantos que ela começou as dizer coisas - FIQUE LONGE! NÃO SE APROXIME - Ela grita para mim com olhar assustado e eu me assusto. Vejo Hana começar a se auto ferir, usando suas unhas para rasgar a própria carne.

Assim, faço os selos de mão necessário no meu recorde - Kanashibari no Jutsu! - Grito e concentro meu chakra na frente de mim, fazendo-a paralisar na hora, porém, seu rosto de desespero e medo estava estampando em sua face, direcionando todo esse sentimento ruim ao meu rosto, como se eu fosse a fonte de todo o mal.

Ela estava em completo choque e eu odiava a ver assim. Choro um pouco novamente - Por que? Que droga, eu sabia que não devia ter tentado, me desculpe Hana - Me aproximo da garota que estava com seus dentes cerrados e a nocauteio com um golpe certeiro.

Desfaço o jutsu, pegando-a pelo ombro e saindo correndo a todo vapor para o hospital. Durante o caminho, sinto uma culpa e um sofrimento me esmagando, tentava não deixar isso transparecer, mas doía tanto que parecia ser algo insuportável, principalmente porque eu insisti em fazer suas memórias voltarem, por puro egoísmo, que pessoa horrível sou. Será que era isso que Murata falou sobre o amor ser igualmente perigoso, era desse tipo de coisa?

Chego no hospital em uma questão de minutos, estando ofegante, mas focado em meu objetivo. Me movo para dentro pedindo ajuda de alguém e logo, alguns enfermeiros vem ver o que acontecia, logo, explico toda a situação e Hana é levada para uma sala.

Fico sentando em um canto do hospital refletindo sobre tudo e esperando, esperando por bastante tempo, conseguindo escutar alguns gritos abafados vindos de lá, até que um médico vem falar comigo.

- Tokubetsu Hatake, a situação é que, a paciente tinha passado por um trauma recente e teve sua memória bloqueada, agora, lembrou de tudo de uma vez - Ele faz uma pausa para respirar - Ela não está 100% e como o torturador se parecia com você, fez isso com ela, mas não se preocupe, nossa equipe já sabe como resolver, logo conseguirá falar com ela de novo - O médico explica com uma voz animadora, mas eu sabia que todo o tratamento envolveria medicamentos pesados e vários dias.

- Obrigado - Digo esperançoso apesar do que aconteceu, pois tudo que eu mais quero é que as coisas voltem ao normal.

Saio do edifício triste, tudo tinha dado errado, tudo mesmo, mas eu tenho fé e plena confiança que Hana vai dar a volta por cima, pois sei que ela é forte, quanto a mim, só me resta aguardar ansiosamente a sua melhora.

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