RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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Kaginimaru


Warui
Mizukage






I.


Os ventos uivavam do lado de fora, ainda mais fortes que nos últimos dias. Não chovia naquela manhã de segunda-feira, mas o frio era intenso fazendo jus à estação. A água fervia na leiteira e ele aguardava enrolado em seu cobertor grosso com o rosto amassado de sono. Abriu a boca e soltou um longo bocejo, havia deitado para dormir cedo demais.
  Tinha decidido tomar para si um dia inteiro de descanso, mas havia passado quase uma semana desde que regressara da Morte. Sentiu-se grato por isso, pode aproveitar para acompanhar Ichika até em casa no dia que recebeu alta, só faltou o Cão naquela ocasião. A lembrança do sorriso no rosto de sua amiga depois de dias internada era boa, lhe trazia alívio e paz ao coração.
  Parece que não sou uma tempestade tão sombria, afinal. Ele derramava a água quente no pó do café a fim de preencher uma garrafa para aquela manhã. Tinha planos de ir a biblioteca outra vez para ler um bom livro, quiçá terminar a primeira aventura de Kvothe. Ou ainda encontrar com violeta e a cobra de neve, faltaria a menina de sangue, mas ela estava em missão com Jiro; ele sabia.
  O som de algo duro em sua janela batendo três vezes chamou-lhe a atenção. Abriu as venezianas e lá estava a bela ave de penas cor de noite com um pergaminho enrolado na pata direita. A letra “S” em tinta vermelha corria pelo corpo do rolo ainda lacrado. Há tempos não me convocam desta maneira, ele se lembrava bem do que o velho vovô Arashi costumava lhe dizer: asas escuras, palavras escuras. Mas Warui sempre gostou dos corvos.
  Desatou a mensagem do animal e lhe ofereceu uma carícia, recebida com um único quorc e então um bater de asas para alçar o voo de volta ao velho que cuidava do aviário. Rompeu o lacre logo após voltar à mesa e servir-se de um pouco de café. Correu os olhos pelo manuscrito depois de violado e deu um pequeno gole em sua bebida, que desceu quente e amarga.
  Warui fez uma careta. Está faltando o açúcar, é claro. Jogou dois cubos e mexeu com uma pequena colher de alumínio. Virou outro gole e deixou escapar um suspiro de satisfação. Muito melhor.
  Ao final da mensagem escrita em katakanas, o nome do vilarejo que abrigava a criança: Kagegakure no Sato. No verso, o mapa detalhado do caminho para a Sombra; seriam cinco dias de viagem. Terminaria seu café e iniciaria os preparativos para o longo trajeto.
  É bom que esta criança seja realmente muito especial.


HP: 500/500 // CH: 500/500 // SN: 270/270 // ST: 00/07


Armas (37/45 espaços):
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Mizukage






II.


  A Vila Oculta da Sombra tinha o clima parecido com a Névoa, a exceção dos tantos bancos de bruma que davam nome a sua aldeia natal. Uma grande montanha bloqueava o sol quando nascia ao leste, boa parte das residências e principais construções ficavam mergulhadas em sombras.
  Chovia com mais força no lugar, Warui lembrava-se do barulho insistente das gotas cutucando seu capuz quando pisou lá pela primeira vez. Era madrugada, longe ainda da alvorada, e tudo que lhe restou fazer foi se hospedar em uma estalagem qualquer até o raiar do dia seguinte. Quando despertou, espantou-se com o quão escura a pequena aldeia ainda estava, sequer parecia estar de dia.
  Curiosamente, ainda que tão distante do principal vilarejo do país e com poder bélico mínimo, tudo lá parecia próspero, eram extremamente cuidadosos com tudo os homens e mulheres da Sombra. Nunca havia encontrado um leito de tanta qualidade sem fazer sequer uma pequena busca. A cama era macia, os lençóis limpos, a recepção atenciosa. A primeira impressão havia sido boa – e muito.
  Caminhou calmamente buscando o gabinete indicado para encontrar a tal criança especial e sentiu-se grato por ser apenas mais um. Na Névoa, mais e mais pessoas sabiam seu nome, pessoas que ele jamais havia visto na vida e andar por lá se tornou um tanto incômodo, deixou escapar um curto suspiro, correndo os olhos para os céus chorosos. Não sei fingir bom humor o tempo todo.
  Estava molhado quando pôu os pés no piso laminado do gabinete, percebeu uma pequena poça se formando sob seus pés. Um rapaz que não devia ter muito mais que três ou quatro anos a mais que ele se aproximou, oferecendo-se para levar o abrigo do jōnin. Entregou o grosso sobretudo preto e o outro prestou uma meia reverência.
  — Seja bem-vindo a Sombra, senhor.
  — Obrigado.
  Os passos pesados de uma mulher com quase – ou mais de – dois metros de altura a traziam para perto de si. Os seios volumosos e quadris largos eram ofuscados por sua pele pálida como as escamas da cobra de Haru e aqueles olhos cor de âmbar como os da menina da Nuvem que conheceu no País das Ondas. Um sorriso se desdobrava nos grossos lábios vermelhos da mulher.
  — Então você é o rapaz que meu velho amigo Taro enviou. — a voz dela era arrastada, um misto de elegância e sensualidade. — Muito prazer, me chamo Murakami Chihiro.
  A mulher estendeu a mão direita para um cumprimento. Ele tinha de olhar para o alto se quisesse fitá-la nos olhos. Repetiu o gesto, apertando a mão forte da dama.
  — Me chamo...
  — Arashi Warui. — a outra o interrompeu, seu sorriso pareceu alargar-se de uma forma mais sombria.


HP: 500/500 // CH: 500/500 // SN: 270/270 // ST: 00/07


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III.


  — Como sabe meu nome? — sua voz estava calma, ainda que levemente incomodado.
  — O velho falou bastante de você quando fui solicitar a escolta pra Ranmaru. — o sorriso se desfez e ambos recolheram as mãos.
  A mulher girou com graciosidade e meneou com a mão direita, chamando-o para acompanhá-la. A estatura era o que menos lhe incomodava, sentia que algo nas palavras dela não soava completamente verdadeiro. Warui começou a reparar que o gabinete era bastante maior do que aquele que havia na principal aldeia do País da Água. Tochas suspensas por arandelas se estendiam por todo um largo corredor com muitas portas, o “gabinete” parecia muito mais uma construção comercial.
  Havia uma porta ao final do corredor onde a gigante parou, fazendo um pequeno floreio com sua mão calçada em uma luva preta oferecendo-lhe a passagem. Reparou também que todas as portas eram bastante altas, mais do que o normal. Não acredito que seja apenas um detalhe estético. De costas com seus compridos fios de cabelo violeta, uma criança estava abraçada às pernas de uma mulher de estatura normal, cabelos ondulados e loiros, combinando com os mesmos olhos âmbar que Chihiro possuía.
  — Warui-san, este pequeno rapaz é Ranmaru.
  O menino virou o rosto com alguma timidez. Tinha os olhos enormes e assustados com a mesma cor borgonha dos seus. Os traços eram delicados, lembrando mesmo uma garotinha. Não devia ter mais que sete ou oito dias de seu nome sequer. As pequenas mãos apertavam com força o vestido preto da mulher que ele não sabia o nome – uma das três que ali estavam.
  — Que descortesia de minha parte. — a mulher alta falou. — Estas são Keiko, — a mão apontava na direção daquela que tinha o menino agarrado às pernas. — Aiko — esta outra tinha traços semelhantes, ele não sabia dizer qual era a diferença entre uma e outra, pouco importa, na verdade. — e aquela é Akemi. — diferente das outras duas, tinha os fios de cabelo escuros como azeviche, no mesmo tom da anfitriã, porém tinha os mesmos olhos amarelos de todas as outras. — As três são minhas amadas filhas.
  — É um prazer. — ele dizia, mas seu olhar demonstrava indiferença ainda que diante dos semblantes sorridentes de todas elas. E ainda assim, algo o incomodava. — Me fale sobre o garoto.
  — Vou pedir que faça a gentileza de se sentar então, Warui-san.
  Bastou um estralo dos dedos da mãe para que uma das três lhe puxasse uma cadeira de forro carmesim, enquanto a gigante caminhava com todo seu garbo para uma grande poltrona atrás de uma mesa de carvalho polido.


HP: 500/500 // CH: 500/500 // SN: 270/270 // ST: 00/07


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IV.


  As três filhas se mantinham de pé, enquanto o pequeno protegido se aproximava relutantemente após a gigante fazer um meneio pedindo que se aproximasse. O viu se sentar na outra cadeira que lá havia, seus pés sequer conseguiam tocar o chão de tão curtas que eram suas pernas.
  — Nosso pequeno Ranmaru perdeu os pais recentemente. — a explicação era direta, sem rodeios, e talvez um tanto pesada para a criança ouvir. — Foram mortos tentando protegê-lo de ninjas que estavam atrás de sua raríssima Kekkei Genkai. — havia mais seriedade que pesar na voz dela.
  Warui virou-se para Ranmaru e percebeu que os olhos estavam em uma cor diferente agora. Antes, eram de um vermelho intenso que parecia brilhar; agora, tinham a cor lilás escuro, como seus fios de cabelo. É um dōjutsu, lembrou-se no mesmo instante dos olhos estranhos da garota de cabelos turquesa da Névoa, que o lançaram em uma ilusão e a permitiam manipular o próprio sangue.
  — Você possui uma energia muito intensa e quente, senhor. — ouviu Ranmaru dizer, rapidamente correndo o olhar para baixo.
  — Pode me chamar de Warui. — foi breve com o pequeno, tentando ser o mais gentil que conseguia.
  — Queremos que a Névoa tome ele sob cuidado para que possa vir um dia a se tornar um grande shinobi. Aqui na Sombra ele nunca vai atingir seu potencial máximo e sua vida estará em risco constante. — a mulher explicava e ele conseguia compreender. Um vilarejo sem ninjas não é um lugar seguro, de fato. — Quem quer que tenha ido atrás dele antes, sem dúvidas voltará a tentar atacá-lo.
  — Certo, deixe-o comigo a partir de hoje.
  Se levantou calmamente e viu o jovem fazer o mesmo, saltando da cadeira e correndo para um último abraço na mulher que passou tanto tempo agarrado tão logo haviam se conhecido. Desta vez, a outra agachou para que a carícia fosse mútua. A viu falar qualquer coisa para o menino, que parecia ressabiado em deixá-la para trás.
  Os cinco caminharam a passos lentos pelo grande corredor, com a mais alta sempre tomando a frente com toda sua pompa. A postura, a maneira de se vestir e falar, tudo nela o faziam ter certeza de que era uma mulher de muitas riquezas e quiçá fosse a responsável pelo vilarejo estar tão bem cuidado. Mas, ainda assim, sinto uma energia estranha nela e nas filhas. Todas possuíam fluxos de chakra consideravelmente grandes, bastante maiores que a maioria dos shinobis na Névoa e a sensação que as quatro lhe passavam era de frio; o chakra delas é frio e escuro, como a morte.


HP: 500/500 // CH: 500/500 // SN: 270/270 // ST: 00/07


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V.


  Era a segunda noite dos dois juntos no caminho que ainda levaria outras três antes que chegassem à Névoa. A criança havia se mostrado irritantemente silenciosa, ao ponto de incomodá-lo tamanha era a quietude. O semblante tristonho do outro certamente justificava aquele isolamento em um espaço próprio havia criado em sua mente. Ranmaru estava abraçado aos joelhos, próximo a fogueira que queimava debaixo de um grande tronco oco que Warui havia se especializado em encontrar para fazer de abrigo em suas missões.
  Não se importou em tentar fazer a criança falar também, é bem provável que depois ele não saiba quando parar e passe a me irritar de outra forma. Tirou de sua bolsa de viagem um pouco de pão e queijo, uma pasta de amendoim e algumas garrafas de água. Sempre se recusara a caçar, pensava que os animais a sua volta em nada tinham a ver com suas tarefas – embora não fosse vegetariano.
  Partilhou a comida com seu protegido, que se serviu apenas de um pão e dele arrancou um naco para pôr na boca. Tinha olhos em todos os lugares, ele sabia que ninguém os havia seguido e tampouco estava nas redondezas procurando-os desesperadamente. Mastigava com calma uma fatia de queijo enquanto abria uma das garrafas de água. Os ventos frios ululavam do lado de fora, soprando mais fortes que o normal, fazendo as gotas de chuva dançarem ao ritmo intenso que ditavam.
  Sequer havia dado conta de que olhava para o lado de fora já há algum tempo, admirando a bela noite de lua cheia contornada por nuvens que deixavam apenas uma pequena fresta para seu brilho. Uma imagem soturna e bela ao mesmo tempo, ele só percebia a presença da criança porque sentia a chama de sua energia bem ao seu lado. O olhou de soslaio, e o pequeno também admirava a noite.
  — O céu está bonito, não acha? — sim, era Warui puxando o assunto.
  — É. — o timbre de Ranmaru era bastante melancólico.
  — Sente falta deles, não é? — foi mais direto desta vez, eu entendo sua dor.
  — Muita. — ouviu as roupas grossas dele roçarem na grama, pareceu ter se apertado mais num abraço às próprias pernas.
  — Eu imagino que esteja com medo da mudança, medo de estar sozinho, eu te entendo muito bem.
  Os olhos borgonha se encontraram: os de Warui firmes e brandos, os de Ranmaru marejados.
  — Eu também vi meus pais serem mortos.
  — E o que você fez?
  — Odiei por muito tempo o sistema shinobi e todos que faziam parte, e foram eles quem me sustentaram. — lembrava-se de Ichika, Jiro e Tomoko. — Chamei de covarde alguém que depois deu sua vida para que eu estivesse aqui hoje. — a lembrança do último suspiro da Quinta por pouco não o deixou choroso também, até que uma presença o tirou do mergulho em suas memórias.


HP: 500/500 // CH: 500/500 // SN: 270/270 // ST: 00/07


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VI.


  — Tem alguém vindo. — foi o menino de cabelo lilás quem sussurrou.
  — Eu sei. — ele também é um sensor?
  Tentava pensar em algum plano, mas se um dos perseguidores fosse do tipo sensor, estava convicto de que os achariam sem problemas. Eu consigo esconder meu chakra, mas e quanto a ele? Ainda estava agachado sob o tronco da árvore enquanto tentava bolar algum plano. Suas mãos se uniram num único selo após gastar um longo segundo para analisar o cenário e decidiu que tempo era algo que ele não tinha de sobra. A energia se espalhou pelo campo e à chuva se unia um denso banco de nevoeiro que cobriria um perímetro de cinquenta metros.
  Se não tiverem sensores, isto me dará a vantagem. Foram três as presenças que entraram no raio de alcance de sua técnica kanchi, três energia escuras, densas e frias. São elas, as assinaturas eram inconfundíveis, mas não teria a coragem de contar para Ranmaru que, neste exato momento, quem vinha caçá-lo eram as três filhas da gigante. Warui percebeu que a criança parecia apegada às mulheres, principalmente a uma das de cabelo amarelo, mas antes de pensar como ele lidará, quem tem de lidar com as três sou eu.
  Sua respiração estava tranquila, ele permanecia sentado sobre os calcanhares enquanto as irmãs pálidas se aproximavam. Em um dado momento, a movimentação diminuiu de forma brusca, quando aproximadamente cinquenta metros os separavam. Nenhuma delas deve ser do tipo sensor, mas o trio não havia cessado. Sentiu as chamas de chakra se separarem e, naquele momento, ele teve de conter a vontade de sorrir que lhe preenchera. Na arte do combate, quando há a desvantagem numérica, é ideal que se consiga separar o inimigo.
  Warui tinha o terreno moldado a sua vontade, tinha olhos além do alcance enquanto suas presas sequer conseguiam ver um palmo adiante. Restava escolher como iria atacar. Será arriscado deixar o garoto aqui sozinho, mas esperar por elas parado me tirará toda a vantagem. A bruma tinha de fato lhe ganhado um valioso tempo para pensar com mais calma, mas sabia que também seria questão de tempo até que os ventos varressem a névoa pela floresta. Sacou de sua bolsa vinte metros de fio e quatro kunais, e caminhou para fora do espaço oco que lhes servia de abrigo.
  Mirou bem dentro daqueles grandes olhos amedrontados da criança.
  — Eu tenho um plano, mas você precisa confiar em mim.
  O pequeno anuiu, abraçado ainda mais forte às suas pernas. O jōnin improvisou uma barreira a frente da entrada da caverna de madeira, fazendo os fios se cruzarem em diagonais bem esticadas, presas às lâminas de aço que fincavam no solo e no caule. O primeiro movimento da tempestade fora bem-sucedido, mas o jogo havia apenas começado.


HP: 500/500 // CH: 475/500 // SN: 270/270 // ST: 00/07


Armas (37/45 espaços):
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VII.


  A energia em seu corpo se agitou levemente. Warui tomava todo o cuidado para não dispersar demais e nem liberar pouco, a quantidade era sempre na medida certa. Esculpiu uma imagem perfeita de si, arrancando um olhar encantado do menino de cabelos lilases. O clone levou o dedo indicador a frente dos lábios pedindo a Ranmaru que permanecesse quieto pouco antes de trocar olhares com o verdadeiro e os dois anuírem como se entendessem perfeitamente um plano explicado em detalhes mínimos. Nenhum dos dois disse uma palavra, porém.
  Dois corpos de uma mesma mente. O falso se lançou no meio da névoa, enquanto o original ficou guardando a criança e buscando entender o padrão de movimentos das presenças frias que sentia ali. Uma delas parou, outra se move com alguma dificuldade, seus olhos se arregalaram quando percebeu que uma das irmãs vinha em velocidade na direção exata do abrigo.
  — Vá mais para a sombra, garoto. — ele sussurrou.
  Tomou a frente da árvore, com a postura um tanto relaxada ainda que estivesse prestes a entrar em combate. Já tinha em mente o que faria. O deslocamento da outra era lento, embora certeiro. Seu falso eu teria a função de dividir as atenções e tentar dar cabo aos inimigos como um batedor que limpa o terreno para a tropa avançar, não iria interferir no assalto. Bom que já me poupa o trabalho de procurar uma delas.
  Os contornos mal iluminados na névoa ganhavam forma, já podia ver que a silhueta era muito maior e mais corpulenta que as filhas da gigante. O brado estridente da criança atrás de si fez com que as outras duas chamas voltassem a se mover, agora na direção certa também. O vislumbre do enorme homem careca pareceu causar uma sensação estarrecedora no protegido. A assinatura de chakra é idêntica à das três irmãs e da mulher gigante, aquele detalhe causou estranheza em Warui.
  — Foi ele, foi ele! — gritava Ranmaru. — Ele que matou meu pai!
  Os olhos da tempestade cerraram quando via aquela criatura grotesca correndo em sua direção. Pesado e lento demais, conseguia acompanhar cada movimento sem fazer grande esforço. Os passos de sua presa o empurravam para frente, encurtando a distância e o jonin só conseguia pensar no que faria com os outros dois após ele.
  Cinco metros afastavam o gordo de seu último suspiro.
  — Eu lembro desse cheiro. — o outro tinha a voz grave e estúpida. — Você fede a medo, deve ser delicios...
  Num segundo, estava diante do alvo; no outro, estava às suas costas. Uma espada estava empunhada na mão direita, feita inteiramente de eletricidade, como se ela e seu braço fossem um só. O silêncio sepulcral tomava a pequena cena entre os três: a tempestade, a criança e o idiota. Um som que jamais deixaria de lhe soar como música enfim invadia seu ouvido, era o tunc úmido da cabeça tombando na grama antes do ruidoso estatelar do cadáver de energia fria.
  Só mais dois.


HP: 500/500 // CH: 200/250 // SN: 270/270 // ST: 01/07
Clone: 250/250


Armas (37/45 espaços):
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Warui
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Warui
Mizukage






VIII.


  Warui não parou para admirar sua arte, os inimigos ainda avançavam muito embora estivessem se guiando puramente pelo eco do brado estridente de Ranmaru. A energia que fluía em seu braço direito era intensa, os mil pássaros entoavam o grito de guerra da tempestade.
  Sua réplica esperou o momento em que os antagonistas estivessem num ponto aproximadamente equidistante entre ele e o criador. O som dos passos esmagando a grama se aproximava mais e mais, um deles bastante mais veloz que o outro, mas sem deixar que ficassem tão espaçados. Deu alguns passos para trás e escondeu-se agachando atrás da árvore oca, usando as sombras para se camuflar antes da chegada dos seres gelados.
  O outro jōnin fez com que seu chakra amolecesse a terra debaixo de seus pés. Afundou como se estivesse sobre um lago congelado e a fina crosta se rompesse com o peso. Nadou por baixo da terra, esperando o momento certo para atacar, enquanto o original observava a aproximação daqueles que antes pensou serem as filhas da gigante.
  A primeira a sair do véu de névoa foi uma mulher de corpo esbelto, como uma versão em tamanho normal de Chihiro. Tinha os seios fartos exibidos num belo decote, fios de cabelo ondulados jorrando sobre os ombros, tão negros quanto suas roupas. Os olhos eram cor de mel e os lábios tinham a cor do vermelho vivo. Eu poderia jurar que senti a assinatura de chakra daquelas três.
  Seguindo a dama, um homem enorme e de músculos volumosos, braços do tamanho do corpo inteiro e um olhar vazio com a mesma cor de âmbar da gigante da Sombra. A aparência era ainda mais grotesca que a do homem careca que havia sido derrubado. Mas que merda é essa?!, era tudo que conseguia pensar vendo aquela aberração.
  — Ei, Luxúria, ele matou o Gula? — o brutamontes confirmou uma suspeita de Warui, não é tão inteligente.
  Viu a mulher suspirar, provavelmente impaciente com a estupidez do parceiro.
  — Está mais do que óbvio, Preguiça.
  À luz da lua, pode ver os olhos dela correrem para a direção do abrigo onde estava Ranmaru.
  Ela o achou, a mão esquerda apertou o cabo da arma fincada na madeira. Você tem que confiar em mim, garoto.
  — Ele parece querer brincar de se esconder, mas e que tal se terminássemos um trabalho inacabado enquanto nosso queridinho não volta? — o timbre sensual era idêntico ao de Chihiro.
  Bastou uma fala da mulher e ele percebeu não só que o pirralho não era o alvo, como também que foram os três malditos que mataram os pais dele. Aquele chamado de Preguiça tomou a frente enquanto a outra observava tudo mais de longe. Estendeu o enorme braço para tentar apanhar seu protegido; o momento estava próximo.
  O clone estava em posição.
  O verdadeiro também.
  A energia elétrica fluiu de seu âmago para a mão esquerda, da mão para a kunai e dela para todos os vinte metros de fio. A presa guinchou com a descarga que faria com que todos os seus músculos enrijecessem e seria neste exato momento que o clone das sombras puxaria a criatura para baixo da terra pelos tornozelos.
  Quando os braços enormes estivessem presos, o verdadeiro Warui daria o golpe derradeiro. A olho nu, pareceria que ele apenas surgiu diante da mulher de preto com a espada tingida com o sangue de sua segunda vítima. Posava com a postura ereta e a ponta da katana voltada para baixo, ele não veria mais uma cabeça desprender do pescoço, sua forma preferida de matar.
  — Só mais uma. — ele provocou, arrancando um sorriso inusitado da última.


HP: 500/500 // CH: 195/250 // SN: 270/270 // ST: 02/07
Clone: 240/250


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Mizukage






IX.


  — O queridinho da Mizukage é realmente algo a mais, não é mesmo? — a mulher de preto sorria, levando as pontas dos dedos finos levemente sobre os lábios.
  O semblante de Warui permanecia firme, os olhares se cruzando antes dos corpos se confrontarem. Em uma tática incomum, manteve o clone a sua retaguarda e ele próprio tomou as vezes do primeiro assalto. Rasgou os cinco metros que os separavam num piscar de olhos.
  Ele caíra sobre a presa tão rápido que pensou que a morte dela era inevitável; enganou-se. As unhas da mulher haviam se tornado garras do tamanho do próprio antebraço, resistentes o suficiente para aparar um ataque de espada. E ela não só viu, como foi rápida o suficiente para reagir.
  Os dois mergulharam na bruma e os estalos de aço ecoavam por toda a floresta. Lá dentro, pensava ser mais fácil acertá-la por possuir uma leve vantagem; outro engano. A mulher de preto era rápida, tão veloz quanto ele próprio o era e conseguia bloqueá-lo e contra golpear mesmo sem enxergar um palmo adiante. Esta aqui não será tão fácil de lidar.
  A visibilidade começava a aumentar conforme os corpos esquentavam e os ventos espalhavam as partículas de água. Desta vez, ele quem a viu cair sobre si com as garras enormes e só teve tempo de aparar o golpe com o aço da espada. Sentiu um líquido quente escorrer do lado esquerdo da bochecha acompanhado de uma ardência incomoda.
  A mulher de preto não sorria.
  A outra tentava forçar as mãos para trás, mas ele havia conseguido enroscar aquelas longas garras no corpo da katana. Ele a encarava diretamente nos olhos ainda suavemente cobertos de névoa enquanto seu clone, propositalmente deixado para trás, unia as mãos em uma célere sequência de selos.
  — Seu maldito!
  — Eu achei que estava feliz em me enfrentar.
  O nevoeiro havia se transformado em vinte estalactites pontiagudas e resistentes, tão afiadas quanto aquelas unhas que ao mínimo toque arrancaram do original um filete de sangue. Se tivesse ordenado que o bunshin tomasse as rédeas de um combate corporal, um ferimento como aquele corte poderia acabar com a breve existência e frustrar toda a estratégia.
  — Morra.
  A técnica caiu sobre ela impiedosa. Warui saltou para trás e puxou sua arma com tanta força, juntamente a uma infusão de energia elétrica no aço e no gume, que arrebentou as garras como se fossem feitas de pano velho. As estacas dilaceraram a carne, perfurando-a em mais pontos que conseguia contar, e logo se desfizeram em água misturada ao rubro do sangue.
  Só lhe restava regressar a Névoa com o garoto em segurança. Era o fim.
  Por enquanto.


HP: 500/500 // CH: 200/250 // SN: 270/270 // ST: 03/07
Clone: 220/250


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Mizukage






X.


  — Quantas pessoas você já matou?
  Os últimos três dias de viagem contaram com um Ranmaru três vezes mais falante, curioso e irritante. O semblante tristonho havia sido lavado pelas chuvas que Warui contou que eram os deuses chorando a morte de seus pais, e aquilo pareceu confortá-lo um pouco. Quando foram atacados, o vislumbre das mortes dos patifes com nomes de pecados pareceu ter sido colírio para os olhos do menino de cabelos lilases.
  Ele queria vingança, não podia culpá-lo. Tinha um pouco mais de idade quando viu seus pais serem assassinados e ainda assim teve o mesmo desejo. Viveu por muito tempo amargurado, taciturno, rejeitando a imagem e a honra shinobi, palavras que sempre dizia em tom de escárnio e nunca teve a oportunidade de se vingar da morte de seu pai e sua mãe. O primeiro impulso da Tempestade na hora do ataque dos Pecados foi unicamente o de proteger o garoto, não havia dado conta de que estava fazendo algo que outro também teria vontade de fazer.
  — Eu não sei exatamente quantas pessoas eu mat...
  — Você pode me ensinar a lutar como você? — o pivete sempre o interrompia.
  — Talvez, já pegou em uma esp...
  — Você fez tudo tão rápido! Foi tão legal quando cortou a cabeça daquele gordão careca, você desapareceu e num piscar de olhos...
  Ele soltou um longo suspiro e sentiu-se grato por já estar avistando os grandes portões do vilarejo. As últimas três noites não foram tão barulhentas e cheias de perguntas – ele as fazia, mas bem menos. Conseguia silenciar o garoto ao lembrá-lo que ainda poderia ter gente por lá o caçando. Porém, em um dado momento, cometeu o erro de avisar ao pequeno que estavam em uma zona livre de riscos. Foi aí que ele soltou todas as travas da língua.
  Por outro lado, sabia que era melhor tê-lo daquela maneira àquela versão cabisbaixa e chorosa que encontrou na Sombra. Ele parecia mais fraco, mesmo com uma Kekkei Genkai rara, Ranmaru não dava qualquer sinal de que tivesse vivacidade – ou sequer vontade – para ser um ninja. Os dois cruzaram os portões da Névoa a passos calmos, muito embora não fossem os melhores dias, Warui sabia que aquele garoto já havia conhecido a dor verdadeira. Já possuía mais sabedoria e vivência da guerra que muitos adultos. O que ele fará com esta sabedoria, porém, dependerá apenas dele.
  A criança de olhos borgonha conseguia sorrir ante a nova vida que o aguardava.
  O jonin, por outro lado, tinha a cabeça em outro lugar.
  Na Sombra.


HP: 500/500 // CH: 462/500 // SN: 270/270 // ST: 03/07


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Warui
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Shüra
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Títulos : Sem título
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