O conto.

A caminhada tortuosa do Hatake permaneceu por horas em meio ao deserto árido até este retornar ao casebre abandonado que encontrou nas andanças pelo País do vento. Yuta havia caçado alguns animais para manter a dispensa cheia e não ter de repetir a tarefa por alguns dias, afinal, caçar todos os dias para sobreviver era algo um tanto incômodo. — Estou cansado. — murmurou o garoto sentando no piso de madeira fosca da casa. — Mas se os boatos que ouvi forem verdades… vou poder alugar uma casa em breve. — concluiu, olhando para o teto. As madeiras em tom escuro mostravam que o tempo não era gentil; estas estavam podres há bastante tempo, mas felizmente ainda serviam como um teto para a cabeça de Okkotsu. O jovem fugitivo mal havia deixado sua antiga moradia e já estava sentindo o peso de sua decisão, mas agora não podia voltar atrás. Yuta inspirou profundamente, e logo soltou o ar, virando-se para dormir em seguida.

[...]

Quando acordou, tomou um banho e forrou o estômago com algumas carnes que havia caçado no dia anterior – mas antes de comê-las, Yuta havia preparado-as para o consumo. Feito isso, o garoto saiu do casebre e rumou até onde se localizava o samurai para ver se aquilo que outrora ouviu era de fato verdade, afinal, um combate de vida ou morte seria bastante útil para testar suas habilidades como um ninja.

140, 140, 3T.

Considerações:

As passadas por entre as dunas do deserto trouxeram à Yuta um sentimento de melancolia do qual ele nunca sentira antes. O jovem desertor da areia pensou consigo mesmo que independente de ter sido tratado com desdém por todos dentro do vilarejo, e até mesmo por seus pais, ele sentia falta da casa que possuía e dos banhos quentes que tomava na pequena banheira de sua antiga casa. Era de fato algo que fazia falta no dia a dia, mas só fazia algumas semanas que o jovem Hatake tinha fugido, e bom, apesar de sentir falta da comodidade que outrora teve, a vida que este levava era mais empolgante a sua maneira.

Algumas horas haviam se passado desde o início de sua caminhada para encontrar o tal samurai na estrada, e Yuta apesar de não estar cansado, ficou um tanto chateado devido a demora para chegar até o tal local – mas chegou, e isso que importava. O samurai estava lá, prostrado próximo de uma rocha tão grande quanto a si mesmo, com a canhota repousada sobre a lâmina. —— És tu meu inimigo? —— Indagou Yuta com um sorriso no rosto. A lâmina já estava em mãos, e o nukenin em posição de combate, há exatos dez metros de distância do antagonista. — Sim, sou eu. — disse ele, erguendo-se, imponente. O homem devia possuir uns dois metros de altura, e apesar do Hatake ser alto, o homem era ainda mais. A lâmina que ele possuía era tão grande quanto a si mesmo, o que dava-lhe vantagem no combate. — Vamos começar. — bradou o samurai, atacando.

Um corte fora desferido pelo homem na horizontal, visando partir o fugitivo em dois, mas ele não fora pego por este, esquivando-se com pequenos pulos para trás. O inimigo continuou a brandir aquela arma gigantesca, e apesar de sua força, ele a manuseava de forma lenta, o que deu a vantagem para o ninja.

Yuta partiu com a lâmina em mãos, atacando o homem na altura da barriga, tentando retalhar-lhe de forma rápida e eficiente – apesar deste não possuir maestria para com o armamento. Seus golpes foram rápidos porém dispersos, e apesar de ferirem o samurai, não foi fatal. — Você não vai me matar assim. — esbravejou o espadachim, atacando mais uma vez. Apesar de ágil, Yuta quase fora ferido pelo homem enquanto este manejava àquela arma; ainda sim, o garoto recuou a passos rápidos, e ao invés de usar a lâmina que possuía, utilizou de suas mãos. Fugaz, partiu em direção ao colosso que manejou o armamento na vertical para cortar-lhe ao meio, todavia, o Hatake esquivou para o lado direito com destreza, e pulou para furar os olhos do Samurai com ambas as mãos, tendo êxito em sua tarefa. Porém, o homem largou a lâmina e agarrou Okkotsu com ambas as mãos, arremessando-o para longe, para a infelicidade do rapaz, este batera com as costas no pedregulho de outrora. —— Isso doeu, desgraçado. —— bradou o Shinobi. —— Felizmente essa luta já acabou. —— concluiu, erguendo-se do solo com dor. O samurai agonizava no chão com seus olhos furados, incapaz de lutar. — Seu desgraçado.. Isso não é uma luta de verdade, você trapaceou!. — gritou. — Ainda sim… antes de morrer, contarei onde está o tesouro que eu daria para quem me ganhasse. — arfou. — Siga pela estrada e dobre a primeira esquerda, lá, encontrará uma caverna com dinheiro e outras coisas. — concluiu, morrendo em seguida. Yuta caminhou até o homem e roubou-lhe a carteira, logo mais seguindo para o local que lhe fora dito.


130, 140, 1/3T.

Considerações:

Após a batalha calorosa contra o espadachim, Yuta foi ao encontro do tal tesouro escondido que o homem falara antes de sucumbir para a perda de sangue. O garoto caminhou a passos lentos – devido a dor – e observou toda a paisagem de areia ao seu redor, pensando no porquê de ter sido tão azarado pra nascer num local sem qualquer tipo de vida. Era tudo areia, e de dia, um calor infernal. As vestes já estavam molhadas de suor, e Yuta já estava com sede. O garoto deu sorte de estar na estrada principal, ali era movimentado, e por conta disso, conseguiu roubar uma garrafinha de água de um viajante desapercebido. Okkotsu enquanto caminhava tomou a garrafinha quase que inteira em uma só golada, mas deixou um pouco para jogar em seu rosto e cabelo; para o azar dele, um pouco da tinta tinha saído juntamente da água, deixando a mostra algumas pontas esbranquiçadas. —— Porra… —— murmurou Yuta. —— Vou ter que comprar outra tinta depois que voltar da missão, merda, merda merda! —— esbravejou, irritado, mas ainda sim, seguindo adiante.

Passou-se alguns minutos e apesar da lentidão, o garoto havia chego na caverna outrora citada pelo inimigo agora morto. O rapaz adentrou a mesma sem ligar muito, mas ainda sim, mantendo a guarda – era um shinobi afinal. O hatake perpassou as bifurcações do local, se arrastou e continuou indo a fundo na caverna em busca do tal tesouro. Mais algumas passagens estreitas foram sendo ultrapassadas até que o rapaz se deparou com um baú, antigo, e um cadeado enferrujado no mesmo. Será que… pensou consigo mesmo, caminhando até o local. Todavia, o que Yuta não sabia era que o samurai havia mentido para ele, e quando o garoto se aproximou do baú, a passos lentos, uma armadilha fora ativada, prendendo o garoto numa espécie de rede; —— Merda. Que diabo de corda é essa… aquele samurai filho da puta, quer me levar junto com ele pra morte. —— bradou, furioso. Yuta retirou uma kunai da hip-pouch e começou a cortar as cordas, porém, ainda que fizera com agilidade, observou que algumas cobras (3) começavam a se juntar debaixo dele; ágil, o rapaz retirou algumas shurikens e arremessou nestas, matando-as no ato. —— Samurai desgraçado; a partir de hoje, eu nunca mais vou confiar cegamente em quem eu não conheça. Olha aonde eu fui me meter. —— concluiu, irritado. Yuta catou os objetos arremessados e quebrou o baú para ver seu conteúdo, e dentro deste, havia apenas uma carta com algo peculiar escrito nesta. Yuta leu e ficou ainda mais irritado, e saiu da caverna, de volta para casa.

No conteúdo da carta estava escrito: Se você veio até aqui, era mentira, e você se fodeu.

110, 120, 0/3T.

Considerações: