Era noite quando o preludio de uma terrível tempestade soou sobre Sunagakure. O vento bateu com força contra os muros de areia, assustando os vigias que guardavam os portões da vila. Os muros protegeram os moradores e as construções dos ventos e da areia que assolaram o deserto naquela noite. Entretanto, nem todos os edifícios de Sunagakure eram protegidos pelos muros de areia. Estações de pesquisa e estufas distantes da vila foram gravemente danificados e soterrados pela areia do deserto.
Após a tempestade passar, um grupo de shinobis foi enviado para os edifícios mais distantes para averiguar os estragos e resgatar os feridos. Os experientes shinobis resgataram os feridos e os transportaram para o hospital da vila, mas o estrago provocado pela tempestade ainda deveria ser concertado.

Os primeiros raios de sol passaram pelos muros de areia e incidiram sobre a pequena e apertada toca de areia onde o jovem Yamanaka morava. Os raios iluminaram o quarto do rapaz, que levou seu braço aos olhos e esfregou seu rosto com os pijamas. Ainda não totalmente desperto, Kaido permaneceu em sua cama, de olhos fechados, mas consciente.
O quarto de repente ficou escuro, o que fez com que o rapaz saísse de sua cama em um salto, assustado. De punhos serrados e em guarda o rapaz olhou para a janela, onde o sol era tapado por um enorme gavião.

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Os dedos do rapaz se afrouxaram, seus braços caíram e seu ombro relaxou. Ainda sonolento, Kaido levou alguns segundos para entender o que estava acontecendo, e mesmo quando finalmente entendeu o significado daquela ave, se demorou para alcançar a janela do quarto.
A ave parecia julgar a moleza de Kaido. Assim que ela se livrou da carta que guardava em sua pata, saltou da janela com urgência, rumando ao grande edifício central, onde o gabinete do Kazekage se encontrava.
Kaido arremessou a carta sobre sua cama, desinteressado, e então rumou em direção ao banheiro. Após um rápido banho o shinobi se alimentou de um pão velho e duro e então se voltou ao objeto enviado pelo gabinete de seus superiores.
Após romper o lacre que selava a carta, Kaido retirou de dentro do objeto uma folha de papel solitária, marcada por runas negras e um grande selo ao final. Aquela era uma ordem de serviço, uma missão urgente que provavelmente havia sido encaminhada para grande parte dos genins da vila “A vila não pode se dar ao luxo de deixar que as pessoas, e principalmente as demais vilas, a vejam debilitada, destruída...”. Kaido apanhou uma pequena bolsa que até então se encontrava jogada em um canto de seu quarto e então deixou o aposento, abrindo um grande sorriso quando a porta bateu as suas costas “isso vai ser divertido”.

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Trajando uma calça saruel extremamente larga, camiseta cumprida e tie dye, meias de duas cores diferentes e um grande óculos escuros, Kaido chocava a todos com sua excentricidade. A explosão de cores que o shinobi vestia se destacava em meio ao tom pastel que tomava conta da vila.
Logo Kaido alcançou os portões da vila, local que parecia não possuir uma alma sequer vigiando. Kaido sorriu e sem pestanejar se enfiou no estreito corredor encrustado entre os muros de areia. O garoto mal havia andado três metros quando uma voz ecoou pelo corredor – Aonde pensa que vai, moleque? -. Uma rajada de vento soprou de entro a Kaido, que foi lançado para longe e aterrissou de bunda no chão.
Enquanto o rapaz se levantava e limpava sua calça com vigorosos tapas, a imagem de um monstruoso homem surgiu do chão. O jonin, que se escondia debaixo da areia, parecia irritado e foi logo apontando seu grosso e calejado dedo em direção ao jovem genin – É bom você ter autorização para cruzar esses protoes, caso contrário você passará alguns dias numa vala em meio ao deserto, entendeu? -. Kaido achou graça na postura do militar, mas lutou para não transparecer isso, pois aquele parecia ser um homem que julgaria sua postura como insubordinação e falta de respeito.
Kaido retirou a carta enviada pelo gabinete do Kazekage e a lançou em direção ao homem como se fosse uma shuriken. A carta mal havia saído da mão do rapaz e caiu miseravelmente ao chão – Acho melhor sua habilidade com ninjutsus ser melhor do que sua habilidade com as armas, se não você está fodido lá fora, moleque -.

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Kaido cruzou o corredor que dava para os arredores da vila e permaneceu alguns segundos admirando a vastidão do deserto infinito do país do vento, que para os moradores de Sunagakure geralmente permanecem ocultos pelas enormes muralhas.
O rapaz então rumou em direção ao norte, onde as estufas e o complexo de pesquisa em farmacologia eram instalados. Demorou algumas dezenas de minutos para que Kaido finalmente conseguisse alcançar o local. Suor já brotava pelos poros do rapaz, que suspirava e conseguia sentir o ar quente que era exalada pelos seus pulmões “talvez aquele gorila esteja certo e eu deva realmente treinar o meu corpo afinal”.
Kaido enxugou o suor de sua testa com a camiseta e foi de encontro a um grupo de shinobis que recolhiam cacos de vidro espalhados pela areia e retiravam dos suportes de metal os vidros trincados da estufa.
Em silencio Kaido imitou o gesto dos demais, recolhendo os cacos e os colocando em uma espécie de carrinho de mão. Quando o carrinho finalmente ficou cheio, o mesmo foi levado até uma caçamba, onde um shinobi que parecia ter patente superior soprava fogo para derreter o material e formar novas placas de vidro.
Kaido admirou o trabalho artesanal do jovem, que manipulava o fogo de forma maestral e conseguia fazer com que aqueles fragmentos voltassem a ser um só.

Quando as novas placas de vidro terminaram de ser confeccionadas, as mesmas foram instaladas na estufa, que precisou então apenas de uma boa faxina para voltar a ser um local funcional. As plantas mortas foram recolhidas e toda a areia que inundava o local foi retirada.
Ao entardecer o chunin que manipulava o fogo anunciou – Já é o bastante por hoje pessoal!! Voces fizeram um bom serviço, agora podem descansar!! Amanha de tarde os técnicos devem vim para concertar o resto dos equipamentos danificados -.
Kaido ficou curioso para saber que tipo de coisas eram feitas naquele local e quem seriam esses tais de “técnicos” que seu superior havia comentado, mas cansado, logo esqueceu de tudo isso e tomou o rumo da vila.
No caminho, o rapaz por diversas vezes fazia jogos consigo mesmo, fechando os olhos e tentando caminhas as cegas. A ideia idiota fez com que Kaido demorasse o dobro do tempo para retornar a vila...

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