Kaido desferiu suaves golpes de suas falanges contra a madeira velha e mofada de uma pequena toca. Aquela, de acordo com a missão que havia lhe sido entregue, era a casa de uma das mulheres mais velha da vila, e também a primeira mulher a ser escolhida para integrar o conselho de Sunagakure. Kaido nunca antes havia ouvido o nome daquela mulher antes, o que lhe intrigava, afinal, se aquela era uma pessoa tão importante para a história de Sunagakure, por que seu nome não era comentado por todos e ensinado em aulas? E porque aquela mulher havia optado por morar num lugar tão velho, pequeno e aparentemente pouco aconchegante?
Demorou para que as batidas contra a porta fossem respondidas pela moradora, que tremia ao abrir a porta, como se o esforço para puxar a maçaneta já fosse grande demais para seu pequeno e enrugado corpo.
Kaido acenou e foi surpreendido pela reação da mulher, que não pareceu lhe julgar como todos os outros faziam “Talvez ela não enxergue muito bem, ou talvez ela seja cega e por isso precisa de minha ajuda para ir ao mercado”. A mulher já portava em um de seus braços uma pequena bolsa de couro e arrastava com sua outra mão um velho e amassado carrinho de compras.
Kaido se adiantou e pegou o carrinho. A mulher sorriu – Muito gentil de sua parte meu jovem!! Você com certeza se tornará um shinobi incrível... Todos os cavalheiros acabam se destacando afinal -. Kaido sorriu e então passou a seguir a mulher, que se adiantou e começou a trajetória rumo ao mercado.
As suspeitas de Kaido se provaram infundadas, a idosa parecia não só ser capaz de enxergar muito bem, como possuía uma capacidade de rasciocinio incrível. O rapaz nunca antes havia visto ninguém negociar tão bem e fazer contas tão complexas de forma tão precisa.
No caminho de volta, enquanto Kaido arrastava o velho carrinho, que produzia um “nhec nhec” irritante, a mulher, sempre a frente do rapaz, comentou – Nunca julgue um livro pela capa, Yamanaka Kaido... Em outras palavras, não enxergue o valor das pessoas por suas roupas, ou sua inteligência e capacidade por sua idade -. Kaido sorriu e fez que sim com a cabeça...
Após o retorno a toca de areia Kaido descarregou as compras da idosa e ajudou ela a gaurdar tudo dentro dos armários. Uma xicara de chá foi oferecida pela mulher, que naquela tarde passou horas comentando sobre sua vida e sobre as incríveis histórias dos dias em que era uma das anciãs da vila.

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O sol já havia se posto quando Kaido alcançou o destino de sua segunda missão naquele dia. Em frente a um restaurante famoso da cidade, Kaido agachava e tentava olhar para dentro do local através das lâminas de vidro colorido “será que eles já fecharam? Parece que sim, mas será que ainda tem alguém lá? Quem é que vai abrir essa maldita porta para eu limpar?”.
Aquele era de longe o tipo de missão que mais incomodava Kaido... Limpeza. Para o rapaz era um desperdício da força militar da vila, entretanto, ele entendia que serviços como aquele eram necessários, que haviam pessoas dispostas a pagar e que os cofres da vila precisavam ser preenchidos.
Pela quinta vez Kaido tentou bater contra a porta, mas dessa vez ele obteve resposta – Já vai, já vai... -. Um homem gordo e vestido de branco surgiu a porta – Você deve ser o genin, correto? Você está atrasado... Vamos, entre logo... Me falaram que você é especial, que é mudo... Isso é muito inconveniente, mas tudo bem, talvez não seja de tanto mal, pelo menos não poderá fazer igual o último genin e ficar cantando enquanto limpa -.
Kaido não pode deixar de achar o dono do estabelecimento um ser humano escroto e digno de nojo, mas seu humor estava tão bom devido a ótima missão que havia feito naquela tarde que ele acabava achando graça naquele pitoresco personagem que se portava quase como um imperador feudal.
Kaido precisou de algumas horas para deixar a cozinha do restaurante do jeito que o dono queria, mas conseguiu concluir a missão. Após o expediente, enquanto olhava para as partes de sua mão em carne viva de tanto esfregar, Kaido andava quase que inconscientemente em direção a porta dos fundos do local.
Ap’so cruzar o portal o rapaz se viu em meio a um beco, onde os cozinheiros do restaurante jogavam dados e faziam apostas. Kaido sorriu e acenou para os homens “hora de fazer o dinheiro da missão render”.

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