Minha peregrinação em busca de minha irmã começava, estando além das fronteiras do País do Demônio, passando por águas desconhecidas até chegar finalmente ao País do Ferro. Achei um lugar curioso na qual as pessoas se vestiam de forma engraçada e um tanto tradicional, talvez?

Bom, ignorei aquele fato e segui em diante. Estava cansada da viagem, mas precisava trilhar meu caminho. Porém, o ronco da barriga alertou-me da fome eminente.

— Poxa... Mas já? Só faz er... 1, 2, 3, 10 horas que não como. Pensando bem, isso deve ser muito, é quase minha idade. Hã?

Olhei confusa pro céu sem entender meus próprios pensamentos. Precisava de comida, mas não sabia como adquirir. Para minha sorte, após algumas centenas de metros, havia uma fazenda por ali. Me aproximei do senhor que balançava na cadeira.

— Hey velho acabado, tem comida aí pra me dar?

— Ora essa sua fedelha. Me insulta e ainda exige comida? Vá trabalhar!

— Trabalhando eu ganho comida? O que quer?

Ele olhou esquisito, mas respondeu.

— Me traga um belo javali. — Disse com sua voz arranhada.

Virei as costas e segui rumo a floresta que ele apontou. Aprendi a caçar com meu pai, embora não fosse uma exímia caçadora, mas era esperta e sabia um pouco dos hábitos dos animais, caçar pegadas e essas coisas. Depois de uns 30 minutos procurando, eis que um eu encontrei. Lentamente ergui o arco retesando a flecha, mirando compensadamente sem soltar o ar. Logo soltei a corda e a flecha voava contra a lateral do animal.

Corri imediatamente até ele, já puxando uma nova flecha, porém já estava abatido. Esperei que morresse e removi a flecha, guardando-a e levando o bicho para o velho.

Caça ao Javali

Um javali vem assombrando os fazendeiros da região que decidiram pagar uma grana para quem conseguisse matar tal criatura.

Os caminhos anormais que me levavam por aí, às vezes me traziam graciosas oportunidades que inflavam meu prazer oculto que era melhor manter fora da vista dos demais, ou eu acabaria pagando por isso.

Em uma vila havia um clã que um dos membros roubou algo considerado sagrado. Eles haviam conseguido recuperar o tal item, mas agora desejavam punir o infrator por seu crime. Todavia, não queriam sujar suas mãos, e por essa razão contrataram alguém, que obviamente era eu.

Houve certa resistência dos líderes, mas sendo um serviço incomum, aceitaram. Me deixaram em um local apropriado, e lá comecei a diversão.

— Vejam só... O porquinho foi pego, hum? — Falava enquanto pegava uma lixa. — Seus amigos falaram pra mim limpar um porco, como faremos isso?

Ele olhava para mim quando eu passava por trás dele.

— Já sei! — Disse avançando o rosto por debaixo de seu braço, olhando diretamente pra ele. — Vamos raspar suas mãos e quem sabe assim você não roube mais, hihihi!

Peguei a lixa feita de alumínio preso a um pegador de madeira, e comecei a deslizar por sua pele nas costas. Ele se incomodava, mas estava longe de acabar.

— Sou bem fraca fisicamente, não se preocupe. Não doerá tanto assim, porém... — Esbocei um sorriso terrível ao ficar de frente dele. — VAI DURAR A NOITE INTEIRA, AHAHAH!

A expressão diabólica de uma psicopata no parquinho, era algo que ninguém indefeso desejava ver.

Comecei a raspar sua mão vagarosamente sem muita força. Durante horas fui punindo o mesmo, criando feridas sob feridas. A carne a mão era removida e buracos se formavam. Era um horror. Sangue escorria. Gemidos se tornavam gritos, que viravam berros e pedidos de suplica até o momento que desmaiou por tanta dor que sentia.

— Mas já? Talvez seja bom preservar o mundo de tolos como ele.

Me virei pegando um facão, e logo desferindo de qualquer jeito um golpe mal feito, cortando suas intimidades. O homem acordava pela dor súbita. Já eu me virava, retirando-me dali.

— Adeus panaca.  E se comporte, ou retornarei com uma lixa maior.

Punição

Um sujeito roubou de seu próprio clã, e os senhores do mesmo querem que este seja punido.

Há contratos que eu me pergunto, "uau, não acredito que sou a única a gostar tanto de tirar vidas", mas outros eu me questiono, "porque esses idiotas querem fazer isso?". Eu como psicopata que sou, até compreendo o desejo de ser reconhecida pelos feitos que realizo, mas ninguém nunca saberá que a autora de tais crimes, é eu. Somente minha marca ou estilo de matança ficará registrada, e dessa forma a fama de uma entidade desconhecida que pratica crimes bárbaros, ficará em evidência.

Enfim, não se da pra controlar o juízo de alguns tapados. Alguns tem o prazer de se expor, outros como eu, gostam do mistério e da enganação.

Consultado quem seria meu alvo, passei uma semana seguindo fielmente o tal sujeito. Testemunhei brigas, crimes, estupros, dentre outras coisas que não me faziam sentir nada, pelo contrário, pude aprender formas diferentes de cometer meus pecados. Pensava até de user um deles contra o sujeito, mas precisaria ser discreta, e discrição não era a palavra chave na morte do homem.

Certo dia ele estava entrando em um bar. Eu fiquei no alto de um outro estabelecimento comercial. Na flecha, eu prendi uma foto do contratante, e com um disparo preciso, acertei a vítima com uma seta no centro da testa que atravessou seu crânio.

O corpo caiu fazendo estardalhaço e todos puderam ver a gravura do suposto assassino. Do alto eu esperava alguém ver eu utilizando um chapéu fornecido para evidenciar mais o crime com testemunha ocular. Depois disso fugi. A má fama do fracote estava garantida e meu dinheiro, também.

Execução Pública

Um caloteiro espertalhão precisa de alguém para dar cabo de um sujeito muito mais forte que ele, mas que faça a culpa cair sobre ele para ganhar a fama de matador destemido e ganhar respeito no bar de delinquentes que frequenta.

De vez enquanto me pego questionando o acaso que ronda minha vida. Digo, o mau parece atrair coisas perigosas, ou melhor dizendo, gente maligna que comete atrocidades sem remorso.

Lá estava eu mais uma vez envolvida em algo grande. O contrato para destruir um bar. Mas como eu faria isso?

— Hum... Precisa ser algo grande e fácil. Talvez... ISSO!! Hehe, nunca tentei isso ainda. Será uma experiência em tanto.

Decidida como seria o desastre no bar rival do antigo boteco, me preparei. Visitei o lugar algumas vezes, via como era o movimento e seus principais frequentadores. Quem era o dono e o que tinha no lugar. Pessoas mais jovens que não gostavam de lugares caindo aos pedaços como o do contratante daquele serviço.

— Uma pena ter que destruir tudo isso, é um belo lugar.

Esperei pela noite quando ficava mais cheio. Precisava haver tragédia para ter graça e valer meu tempo. O dinheiro era somente um brinde. Aos poucos eu ia despejando líquido inflamável pelo bar. Em seus banheiros, cantos, paredes e locais importantes. Suas janelas fui fechando discretamente enquanto o povo ficava bêbados demais para notarem.

Sem mais delongas, fora do bar risquei o fósforo que colocaria tudo a perder, e criei o incêndio que rapidamente consumiu o lugar. Fecha a porta que era a única passagem, e mantive fixa com algo que impedia ela de se mover. Não demorou pra todo bar arder em chamas. Meus olhos brilhavam com um sorriso vilanesco na face. Testemunhas apareciam, e me coloquei a correr dali. Muitas pessoas morreram naquela noite enquanto eu partia para a próxima vila.

Tragédia Sorrateira

Um antigo dono de bar não está conseguindo vencer a nova concorrência que se instalou na vila. O dono quer que alguém acabe com o lugar de forma criminosa.

Um contrato interessante surgiu para mim. Autoridades querendo um suspeito mesmo que fosse forjado, porque são incompetentes demais para conseguir capturar alguém. Hahah, isso é um prato cheio para mim.

Entretanto, não poderia ser qualquer um. Eu precisava encontrar alguém com descrição específica de civil para incriminar da melhor forma possível sem que futuramente não houvessem dúvidas de que minha vítima fosse de fato um bandido que merecia a morte.

A resposta para o tipo de perfil criminoso que eu precisava, era simples.

— Mendigos. Quem se importa com esses ratos de rua?

Decidida, transitei pela cidade em busca de alguém. Na verdade, dois. Meu objetivo era algo a mais.

Em um beco quando dois mendigos dormiam. Um estava bêbado e o outro não. O que estava sóbrio seria meu alvo. Olhei ao redor e procurei por algo afiado. Encontrei um pedaço de madeira, recolhi e me aproximei do sujeito. Olhei para so lados, removi uma flecha da aljava e disparei a queima roupa no olho dele.

O bêbado jazia morto. Removi a flecha com cuidado e guardei. Peguei o pau e enfiei no orifício causado pela flecha. Havia uma garrafa ali próxima. Peguei ela e dei um golpe na cabeça do outro mendigo que dormia, fazendo-o acordar. Minha sombra logo em seguida impedia ele de fazer qualquer outra coisa. Com a garrafa quebrada e pontiaguda, rasgava sua garganta com um sorriso na face em deboche.

O mesmo também morria. Final do conto e história divulgada?

Criminoso suspeito de diversos homicídios morre ao tentar matar morador de rua em briga entre os dois que levou ao falecimento de ambos.

Justiça com Outras Mãos

As autoridades incompetentes de um vilarejo lavaram as mãos de dar cabo em um assassino que fugiu e querem um culpado morto, seja inocente ou não.