Só mais um pouco, talvez eu consiga adiantar mais trabalho da semana que vem. Esse é o meu pensamento enquanto a lua está em seu ápice no seu, brilhando soturnamente e iluminando a fria Kumogakure. Da janela do meu gabinete todas as casas estavam com as luzes apagadas, com apenas o meu escritório iluminado no ponto mais alto da vila. De qualquer jeito, não presto atenção nisso e volto ao trabalho. O sono passa a me atingir, o café excessivo não faz mais efeito e meu corpo começa a cambalear como se eu estivesse bêbado. As palavras do último documento a ser analisado se embaralham na minha cabeça e em um piscar de olhos, tudo escorresse e meus sentidos se afastam.

Escuto alguém me chamando, uma voz distante que se aproxima a cada repetição. De repente, a voz se torna alta como um grito e me desperta.

- Você acordou finalmente - Katsumi suspira aliviada - No que estava pensando, ficou trabalhando por 3 dias seguidos? Quer se matar por acaso? - Ela me repreende, apenas não me batendo por causa do meu estado.

- Desculpe-me... Mas, eu tinha que adiantar o serviço, se eu me atrasasse poderia prejudicar o pessoal da administração e... Tem as ocorrências dos massacres, tenho que organizar os relatórios, mandar times de investigação e patrulha, tem os nukenins que aparecem igual baratas por aí - Começo a explicar com a voz fraca e sonolenta ao mesmo tempo que me levanto apoiando-me na cadeira.

- Tsc... Você não toma jeito... - Katsumi murmura me ajudando a levantar e organizando minha mesa, cuja a maioria dos papéis já haviam sido organizados. Enquanto eu estava ofegante, quase caindo no sono novamente, sou novamente interrompido pela minha conselheira.

- Eu tenho uma missão urgente para o Nanadaime, eu faço o trabalho por agora e você deve fazer absolutamente nada de trabalhoso, isso inclui treinos e exercícios, descanse e acalme a cabeça antes que morra tão novo - A mulher me repreende mais uma vez, mas não e como se eu não tivesse acostumado.

- Mas eu não posso para- - Não consigo terminar a frase e ela me interrompe.

- Eu conheço um lugar ótimo para esquecer os problemas um pouco, fique lá por uns dias... Vai te fazer bem - Ela praticamente manda eu fazer isso, claro que eu poderia usar minha autoridade como Raikage, mas olho para minha mão tremendo e minha visão turva, eu não vou conseguir fazer nada assim, então a muito contragosto eu aceito.

[...]

E lá estava eu, fora da minha amada vila outra vez para uma missão urgente "tirar férias", eu não preciso de férias, estou muito bem, no máximo, um dia deitado em casa e tudo estava certo. Eu tenho que trabalhar mais, ainda existem aqueles assassinos fazendo massacres por aí e o que o Raikage vai fazer? Isso mesmo... Descansar... Vou voltar o mais rápido possível. Caminhando a minha frente estava minha aluna Tanya, que descobriu que eu iria sair da vila por alguns dias e insistiu em me seguir, acho que ela não tem muita coisa para fazer ou pensou que poderia conseguir um treino extra.

- Que cara é essa Fuyuki? Parece que foi espancado... - A minha pupila pergunta, mas não de dúvida e sim como uma piada.

- Você já perguntou isso... Eu já disse... É só um pouco de sono - Rebato sua dúvida coçando minha cabeça durante a caminhada até tal cidade.

- Lembre-se, não importa se você é Raikage, eu vou te derrotar e só eu posso - Ela diz com um grande espírito competitivo, fazendo pose de batalha e dando socos no ar.

Acabo chegando em uma vila perto da fronteira do país do relâmpago depois de subir uma trilha imensa, que se localizando no topo de algumas montanhas que formavam uma bela cordilheira cheia de cachoeiras. Dizia-se bem segura e perfeita para turistas para todos os outros lugares do País do Relâmpago, com diversão, cassinos, feiras, shows e fontes termais, bom, eu só iria descansar um pouco, talvez dois dias já estava de bom tamanho.

Todavia, a performance de luta da garota é interrompida por ela mesma, quando começa a ver mais a diante vários anúncios brilhantes, como já era de tarde quando chegamos, a cidade estava iniciando aos poucos e sua animação era visível. Essa sua empolgação me lembra de uma viagem com minha mãe, quando eu encontrei essas coisas pela primeira vez, agora... Elas não tem peso nenhum para mim.

- WOW! Esse lugar é incrível, tem tantas coisas chamativas, eu nunca tinha visto algo desse nível - Tanya fica impressionada, correndo a minha frente alegremente enquanto eu andava lentamente, quase me arrastando. Nada de fato me atraia a atenção, meu corpo podia estar ali, mas minha mente em Kumogakure e nos problemas que já estão acontecendo e nos que podem acontecer enquanto estou fora.

- Bom, você pode ir vê a cidade... Estarei aqui ou no ponto de encontro - Digo colocando a mão da frente da minha boca para tampar o grande bocejo.

- Pode deixar! - Tanya nem pensa duas vezes e sai dali bem rápido para explorar um pouco o que aquele lugar tinha a oferecer de divertido para ela.

Enquanto Tanya corria pela cidade entre as barracas de comida e brincadeira, eu me sentava em um banco de praça, ainda nervoso e pensativa com muita coisa na cabeça e ainda me sentindo deslocado naquele lugar movimentado, talvez fosse comprar algum mangá ou livro depois, ou até mesmo um dango ou picolé. Batia meu pé no chão rapidamente e bocejava bastante, dando pequenas caídas de cabeça por conta do sono, mostrando que minhas olheiras não eram de enfeite.

Suspiro profundamente, perdido em meus pensamentos e com muito sono, com o único desejo de voltar para casa e continuar minha função de Raikage.

Considerações:

Com meu nome sendo chamado e um toque, acordo do sono leve que havia caído sem querer repentinamente, sacando uma kunai automaticamente que deixei guardada em uma das bolsas para a viagem, levantando rapidamente do meu assento para defender de um possível inimigo ou ataque. Porém, no meio do caminho quando visualizo o rosto e aparência de Jaina, assim, meus músculos travam instantemente, interrompendo o ataque. Com um rosto assustado, retraio meu braço rapidamente e guardando a arma.

- J-Jaina... – Esfrego meus olhos ainda surpreso - É você mesmo? – Pergunto como se estivesse olhando para um fantasma, ou será que estou dormindo e não sei? Mas encontrar ela nesse lugar e em um momento completamente aleatório, pegando-me desprevenido, com as memórias da invasão do país das ondas vindo a tona.

- Mil perdões... Eu não deveria ter feito isso, foi apenas reflexo - Peço desculpas de maneira humilde, me sentindo culpado por ter feito tal ação contra uma pessoa amiga.

- E então... O que lhe trouxe aqui? - Pergunto tranquilamente, me alongando para acordar e destravar os músculos e juntas - Ah... Se estiver com dificuldade de respirar por conta da altura, é só manter a calma e fazer poucos movimentos - Já aviso de antemão, pois o lugar era bem alto e forasteiros costumam ter dificuldade na primeira vez, não sabia se era o caso dela, porém, achava sensato contar.

Depois de um tempo, a minha aluna volta correndo com um par de sorvetes na mão, tomando cuidado para não cair e pelo seu rosto, parecia estar se divertindo bastante nesse lugar.

- Fuyuki-Sensei! Trouxe dois sorvetes, o vendedor me garantiu que são bons... - De repente, ao ver a figura de Jaina, para por poucos segundos e depois apontando para ela com o sorvete - EI! Quem é essa Fuyuki?! Uma de suas admiradoras?! - A garota pergunta com um tom briguento de sempre.

- Se acalme Tanya, é só uma... - Bocejo longamente de sono antes de terminar a frase - Amiga - Finalizo, quase caindo no sono novamente. Tanya continua desconfiada de Jaina, andando na lateral, sem tirar os olhos dela e me entregando um dos sorvetes gelados para mim.

- Obrigado, ah sim... Jaina está é Tanya Maeda e Tanya está é Jaina Lohse - Faço as apresentações pelas duas - Desculpe... Não tenho nada para lhe oferecer agora... Mas se quiser podemos comprar algo para você - Falo para a Lohse, andando um pouco para frente e tomando um pouco do sorvete para não derreter. Convido-a para se juntar ao grupo, claro, se ela não tivesse mais nada para fazer, porém, minha mente ainda estavam no automático, apenas seguindo etiquetas, meu verdadeiro fogo estava, na vila e nos seus problemas que eu não poderia fugir.

- Você é estranha, não parece daqui... - Comenta a garotinha de cabelos vermelhos, identificando algum traço em Jaina que não pertencia aos habitantes do país do relâmpago.

Considerações:

De fato – Respondo bocejando sobre a pergunta sobre estar preparado e passo a escutar todas as outras coisas que ela tinha a dizer.

- Fui forçado a vir aqui pela minha conselheira também... Só porque trabalhei por 3 dias sem descanso, não acho que era necessário... – Comento – E... Ser um Kage é complicado mesmo... Às vezes, não sabemos qual decisão tomar e ela pode afetar o destino de várias pessoas... Jaina... Tome cuidado ao viajar, todas as pessoas aqui parecem felizes e tranquilas, mas um mal se esconder no mundo... Mortes sem necessidade de qualquer pessoa... Tsc... Ainda estou tentando resolver isso, mas sempre dou de cara com a parede – Explico um pouco, avisando um pouco sobre a atual situação do mundo e das mortes que ocorriam por ai, mas não me estendo muito. O dialogo continua mesmo com a chegada da minha aluna que inicialmente desconfiava da kunoichi de Iwa, mas logo se mostra mais curiosa.

- Pois... Pois...? O que aconteceu lá? – Apesar da virada de assunto, Tanya gostava desses assuntos ninjas sobre missões e relacionados, passando a encarar a Uchiha com intenção dela completar a frase, porém, eu sabia do desconforto dele com relação ao que aconteceu naquele lugar.

- Pois foi uma missão muito difícil... Mas conseguimos vencer no final, graças ao trabalho conjunto, mas é historia para outro dia... Juro que quando voltarmos eu conto – Dou uma cobertura para ela não precisar explicar ou ter que lidar com as perguntas de Tanya. A garota parece ter ficado mais animada ainda para saber o que aconteceu, mas conhecendo meu jeito, ela sabia que seria muito difícil me convencer do contrário, preferindo se concentrar no seu sorvete antes que derreta.

- Não estamos em date nenhum... Tanya é minha aluna e apenas isso... – Tento tirar a ideia errada de Jaina, não queria outro mal-entendido, Tanya na verdade, é quase uma irmã mais nova para mim, apesar de irritante em alguns momentos.

- E além disso, somos rivais, eu vou derrota-lo um dia, pode ter certeza – A garotinha completa com um olhar confiante.

- Ok... Ok... Pode mostrar onde comprar o sorvete? Temos uma convidada no nosso país – Falo para Tanya que concorda com a cabeça, parecendo confiar mais em Jaina e e seguir para dentro da cidade e eu a sigo, chamando a Uchiha e tomando meu sorvete para não o perder.

Fico andando ao seu lado enquanto Tanya seguia o caminho enfrente, não demoramos muitos e chegamos na barraca determinada e mesmo a contragosto de Jaina, pagaria para ela porque seria desonroso não a tratar bem ali e eu não costumo usar muito o salário de Raikage mesmo.

- Temos uma pousada por aqui para passarmos alguns dias... Se quiser, é bem vinda para nos acompanhar – Termino, jogando meu próprio sorvete e jogando o papel no lixo ali perto - E então... Como está a vida ninja...? – Pergunto, agora que minha aluna estava longe, indo na frente para ver como nossa pousada era. Eu tinha uma certa preocupação com Jaina sabre isso, eu sei como o mundo é cruel e opressor contra pessoas com ideais gentis e brilhantes, principalmente depois do que aconteceu na invasão, é difícil manter seu fogo aceso com vendavais da noite tentando apaga-lo a todo momento.

Considerações: