Ainda trabalhava para a máfia na qual ajudei a roubar a grande carga do porto, enganando e vazando informações importantes que levou a Elaika e seus homens realizarem tal ato sem deixar rastros.

Como eu estava fora de suspeita, continuei infiltrada.

Em um dia qualquer, um sujeito de patente mediana me chamava em seu escritório.

— Hai, hai... Aiko aqui.

— Oh, Aiko-san, preciso que faça um pequeno serviço.

— Hum, sei. Do que precisa, hih.

— Leve essa carta a vila vizinha onde estamos montando um novo aporte. Há instruções do que eles precisam fazer.

— Entendi, bom, quer que eu vá agora?

— Seria bom, ainda é cedo e dará tempo de voltar ainda hoje para cá.

— Tudo bem. Vou indo.

Apanhei a carta das mãos do homem e me retirei do recinto. Rapidamente passei em meu alojamento e peguei meu arco e aljava com flechas. Segui para fora da vila e comecei minha pequena viagem de uns 40 minutos caminhando.

No meio do caminho acabei me deparando com ninjas de outros países. Estavam lutando entre si. Me escondi pra não me envolver, mas fiquei pronta para um disparo emergencial.

Nada aconteceu e segui adiante.

Minutos depois estava no local. Entreguei a carta para os mal encarados do local e retornei.

Os dias iam sendo bastante repetitivos conforme o tempo ia passando. Uma tarefa ou outra naquela máfia que eu agia espiando. Mal sabia que o pessoa que eu tinha feito um acordo em troca da minha vida e outras cositas a mais, já planejavam um novo ataque nessa organização na qual eles exigiram que eu ficasse infiltrada.

Uma ave peculiar veio ao meu encontro certa tarde enquanto eu descansava relaxadamente com os braços escorados na beira de uma janela e o queixo repousando sob os braços enquanto eu olhava o horizonte da vista privilegiada do quarto na qual eu permanecia naquele lugar.

— Hum? O que é isso.

O bichinho deixava um bilhete escrito. Desenrolei o papiro e comecei a ler.

" Ainda penso como aquela noite foi divertida. Imagino se faz o mesmo. Mas independentemente disso, minha cara, tenho novos planos para ti e maiores recompensas. Venha me encontrar igual fez da última vez, ou melhor, igual fez da primeira vez que apareceu em meus domínios. Apareça o quanto antes.

Yamanaka Elaika "

— Então ela quer me ver novamente. Um novo plano, hã? O que será que ela pretende dessa vez?

Fiquei curiosa e sorridente. Elaika tinha o dom de me fazer rir atoa de várias formas. Me preparei e fui ao encontro da mulher.

Tive de sair discretamente da sede da máfia que eu espionava para poder ir ver Elaika. Não levei armamento algum para não dar sorte ao azar. Uma garota saindo pra perambular na aldeia não era lá algo a se monitorar.

Segui meu caminho e tomando cuidado, fazendo voltas e mais voltas, me dirigi até um local isolado que utilizei para invadir a mansão de Elaika antes de conhece-la e ser refém da mesma.

Sem delongas, progredi meu trajeto e os muros estavam logo ali diante de mim. Saltei por cima e agora estava no território verdadeiramente aliado, embora eu ainda mantinha cautela mesmo sabendo que mal algum seria feito a mim.

Adentrei pela porta dos fundos e um sujeito bem vestido com roupas pretas me avistou.

— Você é a garota da senhora Yamanaka?

— Yeeap!

— Certo, por aqui. Ela lhe aguarda.

— Pin Pon!

O sujeito me olhava com cara feia pela piada idiota e sem lógica. Me guiando até o hall da mansão, ele indicava com a cabeça para subir as escadas.

— Suba, sabe onde ela está.

Sem delongas fui saltitando como uma criança crescida pelos lances de degraus. Virei a direita e me segui até o corredor longo e sofisticado. O quarto de Elaika era no final.

Ao me deparar com a porta do quarto de Elaika, fiquei um pouco receosa de entrar. Lembranças da noite em que ficamos juntas vieram atona e eu não sabia lidar muito bem com os pensamentos e discernir o que sentia deles. Sendo uma doentia psicopata, o simples se tornava complexo.

— Sei que está aí, entre logo. — Disse Elaika ao sentir minha presença.

Avancei um passo e minha mão para frente, empurrando a pesada porta de madeira bubinga como a loira havia me contato por eu elogiar no passado o quão chamava atenção aquela madeira.

— Hey, hey, hey! Parece que nada passa despercebido de você.

A mulher sorria com o comentário.

— Você sabe que não, heh.

— Ainda não me acostumei com isso. Enfim, o que deseja de mim pessoalmente?

— Além da sua doce companhia?

— É, além do privilégio da minha majestosa companhia, hihi.

Elaika mudava a expressão, mas mantendo o semblante divertido.

— Algo do tipo. Talvez eu deseje mais de você.

— E o que deseja de mim hoje. O mesmo da última noite?

— Seria realmente divertido repetir a dose. Mas o que você acha na próxima acrescentarmos alguém?

— Acho uma ideia fabulosa.

— Perfeito.

Eu sorri neste instante.

— No entanto, temos assuntos tão importantes quanto nosso prazer pessoal.

Fiquei mais séria nesse momento.

Sem rodeios, a loira começou seu monólogo sobre o que ela tanto ansiava para que eu fizesse. Particularmente, eu não ficava eufórica como ela. Enfim...

— Muito bem Aiko. Veio ao meu conhecimento que nossos inimigos planejam expandir os negócios deles. Parecem estar migrando ou começando uma nova sede em outra localização. Aparentemente em uma vila próxima daqui para ficar mais fácil a locomoção e organização da mesma para em um eventual futuro conseguirem irem para bem mais longe. Gostaria que investigasse isso e me reportasse o que sabe.

Naquele momento fiquei inexpressiva ao ponto de Elaiko não conseguir ler meu semblante. Por mais que ela tentasse fazer uma leitura não verbal, eu não demonstrava reação alguma. Foi então que finalmente quebrei o mistério, e disse.

— Er... Engraçado isso.

— Não entendi. O que é engraçado. — Questionou intrigada e um tanto desconfiada.

— Eu já sei sobre isso. Na verdade sei até onde fica o tal lugar, pois fui exatamente hoje lá fazer uma entrega de uma carta.

— O quê? Como não fiquei sabendo disso? Tcs...

— Calma... — Disse rodeando a loira e enrolando seus cabelos em meus dedos. — O serviço surgiu do nada. Fiquei até surpresa. Acho que eles não avisaram ninguém por lá.

— Entendo... Bom, isso facilita as coisas. — Completou bem animada armando algo para eu executar.

Um silêncio se instaurava no ambiente de seu quarto. A loira que jazia sentada em uma cadeira de frente a uma mesa, logo se levantava e se dirigia até a sacada.

— Venha comigo, Aiko.

Naturalmente eu fiz como pedido, e fiquei ao seu lado. A diferença de altura era enorme com ela tendo seus 1.78 e eu meus humildes centímetros a menos.

— A vista daqui é bela, né?

— Hum... Não tinha notado, mas é sim, da pra ver de bem longe.

— Exatamente. Ainda por cima é uma localização de difícil acesso mesmo para ninjas.

— Você pensa em tudo.

— É meu trabalho, você sabe disso.

— Hehe.

— Enfim, voltando ao assunto. Já que está infiltrada e por acaso já sabe do paradeiro do novo esconderijo desses meliantes que são nossos inimigos, tenho um serviço especial para você.

Já vi que ia vim paulada, então perguntei logo.

— O que seria?

— Dê um fim nesses cretinos que querem expandir. Sabe, na sede inaugurada na outra vila. Não podemos deixar que eles abram asas para outros locais e aumentem suas forças nem que sejam um pouco.

— Compreendo, você não da sorte ao azar mesmo.

— Cautela com inimigo nunca é demais. Aliás, se conseguir este feito, irei te recompensar da maneira certa. E não estou falando como da última vez, e sim reconhecendo nos registros como uma mercenária.

Aquilo parecia novidade.

Fiquei pensativa por um instante, então resolvi tentar entender uma coisa.

— Por que você acha que sou capaz disso?

— Você não é?

— Digo, matar pessoas. Várias, inclusive. Não seria demais até pra você?

A mulher se virava pra mim, sorrindo.

— Hahaha... Não. E algo me diz que pra ti também não é problema algum.

— Se suas suspeitas sobre mim forem verdade, o que realmente pretende comigo?

— Não acho que estou errada, e quando confirmares isto para mim, tu terás a oportunidade de crescer em nossa máfia e se tornar alguém na qual jamais sonhou em ser.

Estranhei aquilo. O pensamento alheio sobre sucesso e progresso, era sempre diferente. Eu era uma pessoa simples, criada entre um povo tradicionalista. Meu maior prazer era tirar a vida dos outros, e isso conseguia a hora que quisesse.

— Sei... — Disse um pouco seca, me virando para outra parte da sacada. — Não sei o que eu posso conseguir adentrando em sua organização e subindo na hierarquia. Mas acho que não há mal em ver com meus próprios olhos o que posso conseguir aceitando sua proposta.

— Então segure minha mão, e faça como digo. Poderá ver o quão longe, irá.

Me virei de volta a ela, e dei um sorriso.

— Certo, farei como pede. Quem sabe se surpreenda um pouco.

Mal sabia eu que ela já havia se surpreendido pelo que fiz anteriormente.

Eu já tinha minhas novas ordens. Deixaria de espionar por uma noite para cometer uma pequena atrocidade contra os inimigos de Elaika.

Virei-me contra a loira, dando-lhe as costas, e fui seguindo rumo a porta. A Yamanaka somente virou seu rosto de lado e ficou me observando de onde estava. Para onde focava sua visão, eu não sabia.

Da mansão eu retornei para a sede da outra máfia. Era tarde da noite, mas ainda sim surgiu alguém que acabou pegando-me no flagra ao retornar em um horário tão noturno.

— Hey! Pare aí mesmo. Identifique-se!

Olhei para o lado, movendo os olhos para cima e encarando o homem que agora podia me ver com a luz que era emitida contra minha face.

— Ah, é você Aiko-cha. O que faz essas horas na rua?

— Er... Tenho mesmo que responder?

— Se não quiser se meter em maiores encrencas...

— Olha... Eu estava junto de outra pessoa, em seu quarto, tratando de coisas que não acho conveniente ficar falando em público. Se é que me entende.

O sujeito ficava vermelho ao ouvir aquilo.

— Oh oh oh!!!! Entendo, entendo. Desculpe, não queria me meter em sua privacidade. Perdoe-me. Só entre logo para ninguém vê-la.

Dei um sorriso, e adentrei para elaborar meu plano de ataque. Enquanto isso o homem do portão ficava pensativa...

" Pelos céus, ela já faz essas coisas. Achei que fosse uma criança. "

Enclausurada em meus aposentos, comecei a matutar uma forma de por em prática a missão imposta a mim. Tinha que causar estrago e impactar a pequena vila que o pessoal tinha começado as novas atividades para que a segurança local vistoriasse tudo e conseguisse provas e pistas dos criminosos que ali atuavam.

" Hum... A melhor maneira é explodindo tudo pela noite. Acho que o clarão vai chamar bastante atenção. "

Comecei a arquitetar meu plano em detalhas, pois tinha que ser perfeito e sem falhas. Muito metódica como eu sou, tinha que seguir uma linha tênue com meu desenho.

" Eles guardam explosivos em uma salinha, posso usar eles para causar um belo estrondo. Terei de acessar o local adequadamente e sem chamar atenção. Provavelmente irei render alguns idiotas, então preciso ser rápida, ou meu chakra não vai aguentar manter tantos alvos paralisados. "

— Acho que é isso. Irei partir amanhã no fim da tarde. Que desculpa irei usar?

Havia mais esse problema, um argumento palpável para a organização que eu enganava. Será que iria colar novamente o papo que usei com o guarda do portão essa noite? Acho que sim, então o plano é improvisar nessa hora, hehe.

Deitei na minha cama depois de pensar em tudo.

O sol raiava naquele dia com tantas promessas. Mantive-me fora de suspeitas e deixei o tempo rolar.

A tarde ia se encerrando, e não me demorei, fui logo me apressando para sair do local. Infelizmente, sem meus armamentos pra não dar bola fora.

— Saindo novamente a essa hora, Aiko-chan.

Olhei com certa rispidez para o guarda, e comentei um pouco fria e grossa.

— Vai fiscalizar tudo que faço, agora? Francamente.

Ele calou a boca e eu virei a cara seguindo para meu objetivo.

Quase uma hora depois, eu chegava na vilazinha. A lua já tinha subido e a escuridão começava tomar conta de tudo. Chegava até o local que acontecia tudo, e sabendo quais eram as falhas de segurança, adentrei no local com cautela. Parecia que alguns tinham saído e somente duas permaneceram cuidando de tudo.

Estava fácil, então não enrolei. Tratei de ir no arsenal e lá encontrei o que procurava.

— É bastante, vai servir.

Comecei a coletar os papéis bombas, até que...

— Quem está aí? Vire-se ou...

— Tudo bem, eu me viro.

Fiz como pedido.

— Você! O que faz aqui?

— Não lhe interessa. Logo estará morto, mesmo.

— Hã?

Antes dele agir, o prendi em uma  sombra.

— Kenji!!! Ajude-me!!

Infelizmente meu jutsu prendia a pessoa, mas não impedia o mesmo de falar.

— Droga!

Um cara saiu apressado do banheiro com as calças meio arriadas. Acabou que a roupa escorregou e ele tropeçou caindo de cara.

— Kakaka! — E o prendi na sombra também. — Já que me viram, vão me ajudar.

Manipulando eles enquanto me movia, repartia as bombas e nós 3 aplicávamos os papéis por todo local rapidamente. Por estar desarmada, ao retirar uma kunai de um deles, eles não tinham armamento em mãos. Fui para as costas deles e conhecendo anatomia como conhecia, rompi os ligamentos que mantinham eles em pé.

— Hora de ir bobocas. Adeus.

Me dirigi até a saída, e de lá joguei a kunai com um dos explosivos próximo de outros. Dali eu disparei para longe e só pude ouvir o estrondo da explosão que estilhaçava vidros e desmoronava a estrutura daquele imóvel. O clarão brotava na penumbra e todo vilarejozinho voltava sua atenção até lá.

Sem olhar para trás, retornei para a vila na qual mantinha estadia, me recolhendo no local. O guarda dessa vez não disse nada, ao que parece, aprendeu a lição. Meu encontro com Elaika teria que esperar para não criarem suspeitas sobre mim.