Eu, bem... Eu nasci na casa Tepes. Uma casa famosa por suas conquistas no extremo norte do País da Terra. Mas nem toda a sua fama é boa. Uma família que conquistou suas longas terras a base de sangue. Mas nossas maiores conquistas vieram do meu pai, Vlad Tepes. Porém, ele foi mudado pelos tempos de guerra. E ainda mais quando nós perdemos quem mais amávamos, minha mãe. Ele se tornou um homem imponente e cruel, deixando seu lado bom e misericordioso. Criando muitos inimigos, me incluindo nesta lista quando ele começou a fazer o nosso povo sofrer.

Quando eu consegui reunir forças para enfrentá-lo, ele rechaçou a todos os que estavam comigo, e travamos uma luta intensa, mas minha experiência em combate era muito inferior ao dele. E o fim da nossa batalha, resultou em um enorme corte em meu tórax. Meus amigos me salvaram e saímos do castelo.

Passamos dias fugindo e lutando contra os exércitos do meu pai, no qual estava ditando regras insanas para o povo. De aldeia em aldeia, fazíamos o que podíamos para ajudar. Mesmo assim não era muito. Um mês se passou e meu pai colocou seus soldados particulares para me buscar. Consegui fugir e lutar contra eles por muitos meses, mas no ano seguinte fui capturado e perdi os últimos dos meus melhores amigos e aliados.

Eu me culpava em parte pela morte de minha mãe , meus amigos entraram nesta lista. E comecei, então,  a carregar um fardo pesado. Então enfrentei um ano de miséria, prisão e tortura na masmorra do Vlad Tepes. Desta forma, foi fácil me desligar do resto das pessoas e não me importar tanto com elas. Me afastei emocionalmente. Não sabia mais quanto tempo estava preso quando soldados me tiraram da cela. Contudo, me deixaram no pátio do castelo, quando meu tio se apresentou à população. E indicou que seria a execução do meu pai. A velha e boa guilhotina. Então, após a cabeça do meu pai rolar até quase os meus pés. Senti o olhar de ódio do meu tio.

Ao olhar para ele com raiva estampada em minha face, e ódio em meus olhos. Senti como uma energia brotando de mim. Minhas mãos estavam entrelaçadas como em uma oração devido às amarras. E no momento de raiva brotou força de dentro de mim. Comecei a ouvir as pessoas gritando e ao meu redor cresciam galhos que buscam todos e qualquer alvo, um poder sem controle. Poucos segundos depois eu perdi a consciência.

Quando acordei, percebi que estava preso em uma carroça velha. Soldados com o emblema do meu tio.

- Seu tio derrotou o seu pai. Colocará ordem no caos que ele criou. E você crescerá longe das terras do seu tio. – Disse um homem bem trajado, e de porte imponente. – Não queremos outro legado de seu pai! Não volte para aquelas terras se não quiser ser morto, garoto! – Finalizou tirando minha algema, me dando uma sacola e me chutando da carroça. Saí rolando uns bons metros ladeira abaixo. Até, que consegui me segurar numa pedra e me estabilizei.


Com treze anos, estava órfão, sem casa,  expulso das terras que deveriam me pertencer. E o que restava da família me queria longe. Vaguei por muitos lugares, tive que aprender a viver na solitude, aprender a me virar para conseguir alimentos e água. Algumas vezes achavam pessoas boas que me ajudavam, mas não ficava muito tempo para não me tornar um fardo para elas.

Até que um dia, uma mulher, de longos cabelos negros, olhos negros, e um sorriso doce apareceu em minha vida. Bem mais velha do que eu e com trajes que eu tinha visto uma ou outra vez.
No dia em que a conheci, ela evitou que eu roubasse umas frutas de uma barraca no mercado de uma cidade pequena ao sul do país da Terra. Então comecei a provocá-la para ver se ela iria me detrás inúmeras vezes que eu tentaria roubar. E ela conseguiu evitar todas as vezes. E assim, tive que me retirar com o estômago fazendo barulho de fome.  Fora da cidade uma maçã voou em minha direção. Eu a peguei sem problemas.

- Seus reflexos são bons! Sua movimentação também... Poderia ser um shinobi que nem eu, se quiser... – Dizia a bela mulher.

- Eles pagam por nossos serviços? – Questionei a jovem.

- Sim, se completarmos nossas missões, sim! Mas está só pensando em ganhar dinheiro? – Ela replicou.

- O que mais importa? Precisamos de dinheiro para comer! – Falava meu instinto mais primário.

- E quanto a suas terras? Pelas suas roupas você não é um mero camponês. Não é mesmo, Adrian! – Dizia a jovem agora imponente ao dizer o meu nome.

- Então sabe quem eu era! Quanta bosta! Então devo presumir que sabe tudo o que me aconteceu... – Dizia sem motivações na voz.  

- Sim, estava em uma missão nas suas terras... Não posso falar mais nada sobre, mas descobri algo muito interessante por lá! – Dizia toda empolgada.

- E o que foi que achou de tão interessante por lá? – Questionei desinteressado.

- Você, Adrian Tepes! E o seu poder! – Disse determinada, mas agora séria.

Eu ri dela ironizando suas falas.

- De tudo o que viu lá,  você achou um morto interessante! Adrian Tepes, não mais existe, minha cara! – Continua a debochar da jovem.

- Nas minhas experiências, eu já vi um morto voltar a vida, meu caro... – Ela devolvia minha ironia. – Mas por incrível que pareça você é o que mais me interessou no norte. Mesmo você debochando de mim. Você tem uma habilidade incrível. Uma habilidade rara. Você não se lembra de nada antes de desmaiar? – Ela me olhava com curiosidade.

- Não... – Mentia na cara dura. Me lembrava de galhos grandes brotando do chão e indo em todas as direções antes do meu desmaio.

- Hum... que pena! Vou ter que te lembrar. Mas antes preciso saber se está interessado em ingressar na vida shinobi, se não de nada adianta nossa conversa. - Ela então se vira para ver o horizonte aguardando minha resposta.

- Fácil ver que está inquieta, shinobi, se é como chamam vocês... se eu consigo um trabalho que possa comprar comida, eu aceito.
- Ótimo, então temos muito trabalho pela frente, Adrian. – disse a jovem.

- Já disse que Adrian Tepes está morto. Me chame apenas de Alucard.

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