Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.
Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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[Gaiden] - Silhuetas sob a Luar - Postado Sex Jan 07, 2022 10:40 pm
[Gaiden] - Silhuetas sob a Luar
StatsHP: 500/500CH: 500/500ST: 00/07SAN: 260/260EN: 0/160
Um alto ruído de madeira sendo fortemente chocada é ecoado por toda a sala, quebrando o pleno silêncio e a concentração existentes, fazendo as peças do tabuleiro se mexerem dos seus lugares e uma face brava me encarar.
- Fuyuki! Mais delicadeza nesses dedos, não quero que isso quebre - Kimi Fujii reclama furiosamente comigo, arqueando levemente suas sobrancelhas, algo que não combina com ela, mas de alguma sendo até fofo.
- Desculpe - Falo baixo e rápido, sem realizar muita expressão, focando e ajeitar a bagunça que fiz, colocando as peças erroneamente mexidas de volta no seu lugar.
- Hmmm... Eu te perdoo... - Depois de pensar um pouco, encarando o jogo, ela faz uma desculpa bem rápida, porém isso é facilmente explicado, pois logo em seguida, ela mexe um peão do seu exército com cuidado, mas fazendo barulho, mas esse pequeno movimento deixa-me em uma péssima posição - Mas só porque você me deu essa oportunidade de ouro - Comemora quase vitoriosa, com uma voz calma e doce como sempre e de fato, é estava encurralado e perderia minha última peça chave.
Um erro desapercebido da minha parte, estava tão concentrado na minha estratégia que esqueci de tentar prever a dela e o pior de tudo era que não tinha mais o que fazer naquela situação.
- Acho que dessa vez eu fui pego - Digo me rendendo tranquilamente e realizando o movimento derradeiro que resulta na morte do meu rei, uma derrota miserável ao meu império.
- E com essa já são... Três vitórias para mim e duas para você, mas admito que tem talento para me derrotar, se treinar mais - Ela comenta finalizando a frase com uma risadinha, tirando meu rei do jogo e colocando no lugar das peças mortas como um tipo de troféu.
- Bom... Acho que chega de jogos por hoje... - Falo cansado após perder mais uma partida, eu geralmente gosto de jogos do tipo, mas tomar uma surra da Kimi é frustrante somado ao cansaço do trabalho.
- Estranho... Não é normal líderes militares serem bons em Shogi? - Kimi pergunta guardando cuidadosamente as peças em uma caixinha ornamentada com as iniciais de seu sobrenome escrito.
- Isso é apenas um estereótipo bobo... E eu sou bom... É que você é outro nível... - Digo bocejando por um longo tempo, botando a mão na frente.
- Agradeço o elogio, porém acho que jamais superarei meu pai... Eu e ele jogávamos bastante Shogi, comparada a ele eu sou uma imbecil... Mas, ele nunca me deixava desanimar, treinávamos e brincávamos sempre quando possível quando eu era pequena... - Kimi diz com um tom melancólico, segurando a esmeralda que possuía como colar.
Fico com a cabeça levemente abaixada, escutando-a falar sobre isso, despertando mais memórias minhas com minha mãe e pai, meus ídolos e exemplos que se foram a tanto tempo. O clima fica um tanto pesado e decido levanta-me, mas a senhorita me pede para que espere em uma bonita varanda com visão para o jardim e sem o que fazer, obedeço.
[...]
Sentado em uma cadeira na varanda, espero Kimi voltar, olhando para o céu, observando as estrelas e a lua cheia, refletindo sobre meus problemas e quase pegando no sono. Até que a loira volta, trazendo uma garrafa de vinho e só pela etiqueta era possível que seja bem caro.
- Quer um pouco? Esse vinho é importado do país do chá - Ela pergunta colocando duas taças cristalinas na mesa.
- Deve ser melhor que a cerveja da minha tia - Aceito, lembrando da primeira vez que provei álcool por um desafio da minha tia, aquilo era horrível, fico me perguntando em que tipo de bar de esquina ela vai.
Enfim, a moça ajeita um fio rebelde do seu cabelo dourado, usando seus pequenos dedos para coloca-lo atrás de sua orelha. Se inclinando, ela vira a garrafa com leveza e derrama o líquido meio avermelhado nas duas taças posicionadas na mesa esbranquiçada, uma cena tão simples, mas particularmente bela. O rosto da mulher se mostrava concentrado, mas possuía uma calma e confiança, conseguindo até murmurar uma quase inaudível canção. Seus olhos roxos claros tinham movimentos rápidos, se movendo entre a taça e a garrafa. Sua longa trança loira, assim como seu vestido púrpura feito de uma seda cara e nobre, suave ao toque, ambos balançam levemente com um fraco e gélido sopro do vento. Uma gota da garrafa escorre por sua mão direita, descendo pelo braço, brilhando com a luz da lua cheia ao longe, esta que também refletia na clara e macia pele, lisa e sem marcas latentes de Kimi. Com a inclinação de seu corpo para a realização da tarefa, suas curvas são acentuadas e ficam mais visíveis. Percebo que nunca havia parado para apreciar o quanto formosa Kimi era até aquele presente momento. O som da garrafa batendo na mesa me desperta abruptamente de minha curta distração. Rapidamente, eu pego uma das taças, disfarçando-me, brindando com a loira e ingerindo um pouco do vinho posteriormente.
Apesar do gosto ser um tanto amargo, o vinho tinha um gosto bem mais gentil e delicado que o normal, algo que parecia transmitir calmaria e pureza enquanto descia pela minha garganta. Depois de um gole, desço a taça e vejo que ela fez o mesmo, assentando-se na outra cadeira.
- Como vão os negócios? - Pergunto após uma respiração profunda para reiniciar a conversa, me afundando na cadeira.
- O de sempre, concorrência querendo te derrubar, sócios tentando puxar seu tapete, corrupção dentro da corporação, roubos de bancos e cargas, alguns terroristas tentando te assassinar e o pior de tudo... São os miseráveis dos meus primos querendo a corporação - Ela suspira cansada, pensando e desabafando sobre seus problemas. Sua expressão parecia ser de desgosto e frustração, balançando a taça de vinho em círculos e encarando a parede reluzente - O negócio fora do país está quase inoperante, os custos com segurança estão no teto e o lucro só cai... Semana passada, perdemos um carregamento de metal e todos os funcionários foram encontrados mortos... Todos estão com medo... - Termina, explicando o que a preocupava.
- Tsc... Nem me diga... As coisas no gabinete estão uma merda, são muitas situações ocorrendo ao mesmo tempo... Os assassinatos, tentativas de revoluções e os ataques... Cada vez mais mortes de pessoas inocentes e ninjas... Eu começo a sentir que não sou capaz de proteger todos... Sinto-me cansado o tempo todo - Falo, também frustrado, tudo parece estar desmoronando ao meu redor e estou tendo que lidar com tudo. Eu tenho que ir a enterros de bons ninjas e ver suas famílias chorando pelo ocorrido, fazendo-me lembrar dos meus pais, o que intensifica a dor. As mães de seus filhos mortos me olham, julgando-me, por ter mandando seus filhos a morte. Eu me odeio por não conseguir fazer nada que preste.
- Não pode deixar-se abater... Mostre fraqueza e um predador lhe devora... Tenha piedade e será apunhalado pelas costas... Eu sei disso... Muito bem - A face de Kimi fica inexpressiva e fechada, perdida em pensamentos e problemas, uma faceta dela que surgiu depois que sua irmã morreu, muito parecida com a minha - Fuyuki... Permaneça forte, pelos relatos que estou recebendo, as coisas vão piorar... Se precisar de ajuda, eu estou sempre aqui - Kimi tenta incentivar-me, olhando para meu rosto. Eu sei que ela tem tantos problemas e responsabilidade quanto eu, porém ainda assim, se preocupa comigo.
- Obrigado... Isso também serve para você - Agradeço passando a mão no rosto, pensando no que ela acabou de falar. Kimi assente com a cabeça e sua expressão volta ao normal. Ela, apesar de parecer uma princesinha, é mais forte e inteligente do que aparenta, pois para se manter nessa selva corporativa, é necessário garra, acredito, que exista muito dela que eu não conheço e vice-versa.
Acabamos não bebendo muito, afinal, ambos tínhamos trabalho no dia seguinte e não ficar disposto era um problema. Logo, resolvemos sair dali e andar um pouco pela grande e vazia mansão, com apenas alguns guardas e poucos funcionários trabalhando. Em frente ao jardim, lado e me apoio na parede, olhando as flores, quando de repente a garota se projeta na minha frente.
- Me concederia uma dança? - Kimi pergunta, se levantando e esticando sua mão para mim em uma pose nobre.
- ...Não... - Digo friamente desviando o rosto para o lado e passando a encarar o chão.
- AH! Mas como você é malvado... Vamos, só uma dança - Reclama, mas sem perder a compostura, ainda insistindo, fazendo-me lembrar daquele fatídico dia.
- Eu não sei dançar... - Murmuro ainda olhando friamente para o lado com intenção de faze-la esquecer dessa ideia.
- Mas que desculpa ridícula, vem logo, que eu te mostro - Kimi segura na minha mão direita e puxa-me para ela em um impulso só, entrelaçando seus dedos macios e frágeis na minha mão áspera e cheia de marcas. Com seu outro braço, o enrola nas minhas costas, ficando grudada em mim antes que eu possa fazer algo. Fico completamente encurralado, penso que seria uma tremenda falta de respeito simplesmente larga-la, então, para não causar problemas, entro naquilo para não ter mais discussão, iniciando com movimentos lentos por parte dela.
Ironicamente, apesar de ser um ninja, meu corpo é inesperadamente travado a uma simples dança conjunta junto do fato de eu não saber o que fazer. Meu jeito meio atrapalhado e travado não ajudava naquela situação, enfrentar um inimigo em um duelo de lâminas até a morte era mais fácil que isso. A diferença de alturas era latente, sendo eu bem alto com 1,80 e ela de 1,60, dando um grande contraste.
- Não lute contra, nem não tente entender... Apenas deixe fluir, deixe-me guia-lo, sinta o movimento... - Ela fala bem baixo, se apoiando na ponta do pé para aumentar sua altura e sussurrar com sua bela e sensível voz em meus ouvidos, em um tom reconfortante que alivia um pouco da minha tensão, mas sua frase lembra-me do treinamento de senjutsu.
Fecho rapidamente meus olhos e sigo o conselho, tirando peso dos meus músculos e deixando meu corpo mais maleável, sentindo os movimentos e pegando ritmo. Começava a mover meus membros de forma fluida, mas sem perder a firmeza neles. Um passo para frente, um passo para trás.
- Muito Bom... Agora... Estou confiando em você - Ela diz com um sorrisinho brincalhão e fico sem entende quando de repente, ela se desprende de mim e cai para trás sem a menor hesitação.
Vendo o perigo iminente, meu corpo age imediatamente, usufruindo de toda minha agilidade disponível, pegando-a com sucesso e segurando-a firmemente pela cintura impedindo a queda, mas deixando nossos rostos próximos, onde consigo ver o singelo sorriso de alegria que Kimi detinha em seu rosto, além de parecer estar se divertindo como nunca. Os olhos purpuras da jovem brilhavam naquele pequeno momento, podendo até mesmo ser considerado insignificante, mas o sentimento dela parecia contagiar-me aos poucos. Puxo-a para perto, levantando-a sem dizer uma palavra e continuamos o que era para ser uma dança, formando duas silhuetas se movendo graciosamente em frente a grande lua cheia daquela fria noite sendo observados pelos arbustos bem cortados e flores bem perfumadas do jardim. Naquele momento, parecia que os problemas estavam sumindo, parecia que era apenas eu e ela ali. Sem perceber, eu estava sorrindo.
Em um certo momento paramos, com Kimi abraçando-me fortemente, apoiando sua cabeça em meu peito com seus olhos fechados, curtindo o momento. Então, a mesma olha para cima, diretamente aos meus olhos azuis.
- Viu... Não tinha o que temer e até se saiu bem... Obrigado por ter vindo - Ela se aproxima do meu rosto, em uma investida única, colocando-se novamente na ponta do pé, desfere um beijo leve e delicado em minha bochecha, bem perto dos lábios - Espero que volte mais vezes meu querido relâmpago - A garota diz depois de se afastar um pouco, vira para mim, colocando os braços para trás e se curvando um pouco para o lado, com uma expressão de felicidade imensa no rosto olhando para mim.
Minha mente para de funcionar, eu deveria estar fazendo a maior cara de bobo. Não fazia ideia que ela tinha esse tipo de sentimento por mim. Porém, com uma respiração profunda, minha compostura volta e um pequeno sorriso nasce no canto da boca.
- Não se preocupe... Voltarei outra vez - Respondo e nós despedimos posteriormente, porque tinha de ir ao gabinete como sempre no dia seguinte, entretanto, essa fora uma das noites mais felizes desses últimos meses, mesmo sendo apenas alguns poucas horas e eu queria sentir esse sentimento de novo e de novo.
[...]
De repente, na volta para casa, paro na rua escura, completamente sozinho, com apenas o frio da noite me envolvendo. Apoio minha mão em um muro qualquer, com a cabeça baixa, pois se alguém me visse naquele momento, minha expressão só exibiria dor.
Outros sentimentos haviam surgido também, ansiedade, preocupação, culpa e principalmente medo. Um medo descomunal que passava a me acompanhar, perfurando meu coração. Eu lembro de Hana e como foi minha culpa ter me aproximando tanto dela e a minha impaciência e egoísmo a mataram. Além disso, eu sou o Raikage, minha existência traz risco a todos ao meu redor.
- "Eu não quero que isso aconteça de novo, eu não quero que a Kimi se vá, eu não quero que outra pessoa querida morra, eu não quero, eu não quero, eu não quero..." - Essa frase ecoa repetidas vezes em meu consciente. Ali, no meio da rua, no silêncio e sozinho, eu sofro.
Após alguns minutos, levanto minha cabeça, portando minha expressão séria novamente como é o de costume, voltando a seguir meu caminho. Não porque superei, mas porque precisava continuar, não tenho o direito de fraquejar, todos da vila dependem de mim, sofrer e entrar em desespero são coisas inúteis, não conseguirei proteger a Kimi, Tanya, Hanako, nem sequer uma pessoa da vila se eu me comportar igual uma criança chorona. Por isso, eu tenho que seguir.
- Fuyuki! Mais delicadeza nesses dedos, não quero que isso quebre - Kimi Fujii reclama furiosamente comigo, arqueando levemente suas sobrancelhas, algo que não combina com ela, mas de alguma sendo até fofo.
- Desculpe - Falo baixo e rápido, sem realizar muita expressão, focando e ajeitar a bagunça que fiz, colocando as peças erroneamente mexidas de volta no seu lugar.
- Hmmm... Eu te perdoo... - Depois de pensar um pouco, encarando o jogo, ela faz uma desculpa bem rápida, porém isso é facilmente explicado, pois logo em seguida, ela mexe um peão do seu exército com cuidado, mas fazendo barulho, mas esse pequeno movimento deixa-me em uma péssima posição - Mas só porque você me deu essa oportunidade de ouro - Comemora quase vitoriosa, com uma voz calma e doce como sempre e de fato, é estava encurralado e perderia minha última peça chave.
Um erro desapercebido da minha parte, estava tão concentrado na minha estratégia que esqueci de tentar prever a dela e o pior de tudo era que não tinha mais o que fazer naquela situação.
- Acho que dessa vez eu fui pego - Digo me rendendo tranquilamente e realizando o movimento derradeiro que resulta na morte do meu rei, uma derrota miserável ao meu império.
- E com essa já são... Três vitórias para mim e duas para você, mas admito que tem talento para me derrotar, se treinar mais - Ela comenta finalizando a frase com uma risadinha, tirando meu rei do jogo e colocando no lugar das peças mortas como um tipo de troféu.
- Bom... Acho que chega de jogos por hoje... - Falo cansado após perder mais uma partida, eu geralmente gosto de jogos do tipo, mas tomar uma surra da Kimi é frustrante somado ao cansaço do trabalho.
- Estranho... Não é normal líderes militares serem bons em Shogi? - Kimi pergunta guardando cuidadosamente as peças em uma caixinha ornamentada com as iniciais de seu sobrenome escrito.
- Isso é apenas um estereótipo bobo... E eu sou bom... É que você é outro nível... - Digo bocejando por um longo tempo, botando a mão na frente.
- Agradeço o elogio, porém acho que jamais superarei meu pai... Eu e ele jogávamos bastante Shogi, comparada a ele eu sou uma imbecil... Mas, ele nunca me deixava desanimar, treinávamos e brincávamos sempre quando possível quando eu era pequena... - Kimi diz com um tom melancólico, segurando a esmeralda que possuía como colar.
Fico com a cabeça levemente abaixada, escutando-a falar sobre isso, despertando mais memórias minhas com minha mãe e pai, meus ídolos e exemplos que se foram a tanto tempo. O clima fica um tanto pesado e decido levanta-me, mas a senhorita me pede para que espere em uma bonita varanda com visão para o jardim e sem o que fazer, obedeço.
[...]
Sentado em uma cadeira na varanda, espero Kimi voltar, olhando para o céu, observando as estrelas e a lua cheia, refletindo sobre meus problemas e quase pegando no sono. Até que a loira volta, trazendo uma garrafa de vinho e só pela etiqueta era possível que seja bem caro.
- Quer um pouco? Esse vinho é importado do país do chá - Ela pergunta colocando duas taças cristalinas na mesa.
- Deve ser melhor que a cerveja da minha tia - Aceito, lembrando da primeira vez que provei álcool por um desafio da minha tia, aquilo era horrível, fico me perguntando em que tipo de bar de esquina ela vai.
Enfim, a moça ajeita um fio rebelde do seu cabelo dourado, usando seus pequenos dedos para coloca-lo atrás de sua orelha. Se inclinando, ela vira a garrafa com leveza e derrama o líquido meio avermelhado nas duas taças posicionadas na mesa esbranquiçada, uma cena tão simples, mas particularmente bela. O rosto da mulher se mostrava concentrado, mas possuía uma calma e confiança, conseguindo até murmurar uma quase inaudível canção. Seus olhos roxos claros tinham movimentos rápidos, se movendo entre a taça e a garrafa. Sua longa trança loira, assim como seu vestido púrpura feito de uma seda cara e nobre, suave ao toque, ambos balançam levemente com um fraco e gélido sopro do vento. Uma gota da garrafa escorre por sua mão direita, descendo pelo braço, brilhando com a luz da lua cheia ao longe, esta que também refletia na clara e macia pele, lisa e sem marcas latentes de Kimi. Com a inclinação de seu corpo para a realização da tarefa, suas curvas são acentuadas e ficam mais visíveis. Percebo que nunca havia parado para apreciar o quanto formosa Kimi era até aquele presente momento. O som da garrafa batendo na mesa me desperta abruptamente de minha curta distração. Rapidamente, eu pego uma das taças, disfarçando-me, brindando com a loira e ingerindo um pouco do vinho posteriormente.
Apesar do gosto ser um tanto amargo, o vinho tinha um gosto bem mais gentil e delicado que o normal, algo que parecia transmitir calmaria e pureza enquanto descia pela minha garganta. Depois de um gole, desço a taça e vejo que ela fez o mesmo, assentando-se na outra cadeira.
- Como vão os negócios? - Pergunto após uma respiração profunda para reiniciar a conversa, me afundando na cadeira.
- O de sempre, concorrência querendo te derrubar, sócios tentando puxar seu tapete, corrupção dentro da corporação, roubos de bancos e cargas, alguns terroristas tentando te assassinar e o pior de tudo... São os miseráveis dos meus primos querendo a corporação - Ela suspira cansada, pensando e desabafando sobre seus problemas. Sua expressão parecia ser de desgosto e frustração, balançando a taça de vinho em círculos e encarando a parede reluzente - O negócio fora do país está quase inoperante, os custos com segurança estão no teto e o lucro só cai... Semana passada, perdemos um carregamento de metal e todos os funcionários foram encontrados mortos... Todos estão com medo... - Termina, explicando o que a preocupava.
- Tsc... Nem me diga... As coisas no gabinete estão uma merda, são muitas situações ocorrendo ao mesmo tempo... Os assassinatos, tentativas de revoluções e os ataques... Cada vez mais mortes de pessoas inocentes e ninjas... Eu começo a sentir que não sou capaz de proteger todos... Sinto-me cansado o tempo todo - Falo, também frustrado, tudo parece estar desmoronando ao meu redor e estou tendo que lidar com tudo. Eu tenho que ir a enterros de bons ninjas e ver suas famílias chorando pelo ocorrido, fazendo-me lembrar dos meus pais, o que intensifica a dor. As mães de seus filhos mortos me olham, julgando-me, por ter mandando seus filhos a morte. Eu me odeio por não conseguir fazer nada que preste.
- Não pode deixar-se abater... Mostre fraqueza e um predador lhe devora... Tenha piedade e será apunhalado pelas costas... Eu sei disso... Muito bem - A face de Kimi fica inexpressiva e fechada, perdida em pensamentos e problemas, uma faceta dela que surgiu depois que sua irmã morreu, muito parecida com a minha - Fuyuki... Permaneça forte, pelos relatos que estou recebendo, as coisas vão piorar... Se precisar de ajuda, eu estou sempre aqui - Kimi tenta incentivar-me, olhando para meu rosto. Eu sei que ela tem tantos problemas e responsabilidade quanto eu, porém ainda assim, se preocupa comigo.
- Obrigado... Isso também serve para você - Agradeço passando a mão no rosto, pensando no que ela acabou de falar. Kimi assente com a cabeça e sua expressão volta ao normal. Ela, apesar de parecer uma princesinha, é mais forte e inteligente do que aparenta, pois para se manter nessa selva corporativa, é necessário garra, acredito, que exista muito dela que eu não conheço e vice-versa.
Acabamos não bebendo muito, afinal, ambos tínhamos trabalho no dia seguinte e não ficar disposto era um problema. Logo, resolvemos sair dali e andar um pouco pela grande e vazia mansão, com apenas alguns guardas e poucos funcionários trabalhando. Em frente ao jardim, lado e me apoio na parede, olhando as flores, quando de repente a garota se projeta na minha frente.
- Me concederia uma dança? - Kimi pergunta, se levantando e esticando sua mão para mim em uma pose nobre.
- ...Não... - Digo friamente desviando o rosto para o lado e passando a encarar o chão.
- AH! Mas como você é malvado... Vamos, só uma dança - Reclama, mas sem perder a compostura, ainda insistindo, fazendo-me lembrar daquele fatídico dia.
- Eu não sei dançar... - Murmuro ainda olhando friamente para o lado com intenção de faze-la esquecer dessa ideia.
- Mas que desculpa ridícula, vem logo, que eu te mostro - Kimi segura na minha mão direita e puxa-me para ela em um impulso só, entrelaçando seus dedos macios e frágeis na minha mão áspera e cheia de marcas. Com seu outro braço, o enrola nas minhas costas, ficando grudada em mim antes que eu possa fazer algo. Fico completamente encurralado, penso que seria uma tremenda falta de respeito simplesmente larga-la, então, para não causar problemas, entro naquilo para não ter mais discussão, iniciando com movimentos lentos por parte dela.
Ironicamente, apesar de ser um ninja, meu corpo é inesperadamente travado a uma simples dança conjunta junto do fato de eu não saber o que fazer. Meu jeito meio atrapalhado e travado não ajudava naquela situação, enfrentar um inimigo em um duelo de lâminas até a morte era mais fácil que isso. A diferença de alturas era latente, sendo eu bem alto com 1,80 e ela de 1,60, dando um grande contraste.
- Não lute contra, nem não tente entender... Apenas deixe fluir, deixe-me guia-lo, sinta o movimento... - Ela fala bem baixo, se apoiando na ponta do pé para aumentar sua altura e sussurrar com sua bela e sensível voz em meus ouvidos, em um tom reconfortante que alivia um pouco da minha tensão, mas sua frase lembra-me do treinamento de senjutsu.
Fecho rapidamente meus olhos e sigo o conselho, tirando peso dos meus músculos e deixando meu corpo mais maleável, sentindo os movimentos e pegando ritmo. Começava a mover meus membros de forma fluida, mas sem perder a firmeza neles. Um passo para frente, um passo para trás.
- Muito Bom... Agora... Estou confiando em você - Ela diz com um sorrisinho brincalhão e fico sem entende quando de repente, ela se desprende de mim e cai para trás sem a menor hesitação.
Vendo o perigo iminente, meu corpo age imediatamente, usufruindo de toda minha agilidade disponível, pegando-a com sucesso e segurando-a firmemente pela cintura impedindo a queda, mas deixando nossos rostos próximos, onde consigo ver o singelo sorriso de alegria que Kimi detinha em seu rosto, além de parecer estar se divertindo como nunca. Os olhos purpuras da jovem brilhavam naquele pequeno momento, podendo até mesmo ser considerado insignificante, mas o sentimento dela parecia contagiar-me aos poucos. Puxo-a para perto, levantando-a sem dizer uma palavra e continuamos o que era para ser uma dança, formando duas silhuetas se movendo graciosamente em frente a grande lua cheia daquela fria noite sendo observados pelos arbustos bem cortados e flores bem perfumadas do jardim. Naquele momento, parecia que os problemas estavam sumindo, parecia que era apenas eu e ela ali. Sem perceber, eu estava sorrindo.
Em um certo momento paramos, com Kimi abraçando-me fortemente, apoiando sua cabeça em meu peito com seus olhos fechados, curtindo o momento. Então, a mesma olha para cima, diretamente aos meus olhos azuis.
- Viu... Não tinha o que temer e até se saiu bem... Obrigado por ter vindo - Ela se aproxima do meu rosto, em uma investida única, colocando-se novamente na ponta do pé, desfere um beijo leve e delicado em minha bochecha, bem perto dos lábios - Espero que volte mais vezes meu querido relâmpago - A garota diz depois de se afastar um pouco, vira para mim, colocando os braços para trás e se curvando um pouco para o lado, com uma expressão de felicidade imensa no rosto olhando para mim.
Minha mente para de funcionar, eu deveria estar fazendo a maior cara de bobo. Não fazia ideia que ela tinha esse tipo de sentimento por mim. Porém, com uma respiração profunda, minha compostura volta e um pequeno sorriso nasce no canto da boca.
- Não se preocupe... Voltarei outra vez - Respondo e nós despedimos posteriormente, porque tinha de ir ao gabinete como sempre no dia seguinte, entretanto, essa fora uma das noites mais felizes desses últimos meses, mesmo sendo apenas alguns poucas horas e eu queria sentir esse sentimento de novo e de novo.
[...]
De repente, na volta para casa, paro na rua escura, completamente sozinho, com apenas o frio da noite me envolvendo. Apoio minha mão em um muro qualquer, com a cabeça baixa, pois se alguém me visse naquele momento, minha expressão só exibiria dor.
Outros sentimentos haviam surgido também, ansiedade, preocupação, culpa e principalmente medo. Um medo descomunal que passava a me acompanhar, perfurando meu coração. Eu lembro de Hana e como foi minha culpa ter me aproximando tanto dela e a minha impaciência e egoísmo a mataram. Além disso, eu sou o Raikage, minha existência traz risco a todos ao meu redor.
- "Eu não quero que isso aconteça de novo, eu não quero que a Kimi se vá, eu não quero que outra pessoa querida morra, eu não quero, eu não quero, eu não quero..." - Essa frase ecoa repetidas vezes em meu consciente. Ali, no meio da rua, no silêncio e sozinho, eu sofro.
Após alguns minutos, levanto minha cabeça, portando minha expressão séria novamente como é o de costume, voltando a seguir meu caminho. Não porque superei, mas porque precisava continuar, não tenho o direito de fraquejar, todos da vila dependem de mim, sofrer e entrar em desespero são coisas inúteis, não conseguirei proteger a Kimi, Tanya, Hanako, nem sequer uma pessoa da vila se eu me comportar igual uma criança chorona. Por isso, eu tenho que seguir.
- Considerações:
Palavras: 2321
Ficha e M.F: No Card
Considerações:
- Contexto: Fuyuki e Kimi se tornaram grandes amigos desde que se encontraram cerca de 2 anos e 6 meses atrás. Antes, ela era herdeira de uma rica companhia, agora, assumiu o controle. Desde então, nos poucos tempos livres, ambos se reúnem para passar o tempo e conversar.
Aparência nova de Kimi Fujii:
Haru
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Re: [Gaiden] - Silhuetas sob a Luar - Postado Sáb Jan 08, 2022 12:09 am
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