RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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Haru
Kirigakure Jōnin
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devoradora de sonhos

ドリームイーター



   No salão de jantar da casa grande da Névoa, as arandelas se acenderam ao primeiro sinal de escuridão. A luz amarela era derramada pelas paredes, iluminando uma pintura a óleo em tons escuros, cuja figura retratada não se conseguia entender pois estava manchada. O emoldurado estampava a parede do fundo de um extenso salão. De frente para ele, havia uma longa e estreita mesa que percorria o comprimento do vão.

   A roupa de mesa branca, um comprido véu cuidadosamente rendilhado, reluzia com a luz que lhe tocava. Pratos de cerâmica, taças de cristal e polidos talheres de prata também eram saudados pela luz amarela, arranjados de maneira precisa ao longo da grande mesa e que aguardavam cintilantes por convidados.

   Não havia banquete algum ali, porém.

   Além das arandelas, havia um clássico candelabro de cinco pontas posicionado no centro da mesa, aceso. A chama de cada uma das cinco velas crepitava, irradiando uma luz mais alaranjada e bruxuleante. Logo acima dele, suspenso por correntes agarradas ao forro de pé direito duplo, via-se um imponente lustre todo cravejado de cristais reluzentes.

   A garota da Névoa, de cabelos cor de noite sem estrelas, de pele pálida como a neblina e olhos cor de violeta, sentara-se à longa e estreita mesa. Permanecia em silêncio. Sozinha. Em contraste com o suntuoso ambiente, não usava joia alguma e apresentava simplicidade: um vestido longo de ombro a ombro cor de nuvem, e os feixes negros como azeviche da sua cabeça estavam soltos e escorriam em torno do colo à mostra.

   Ela tinha uma beleza delicada e frágil feito um cântaro de porcelana.

   Estava em uma das extremidades do grande móvel, com visão privilegiada para todo o salão e para a parede que segurava aquela pintura a óleo. Dali, os olhos violeta dela fitavam, estáticos, o borrão na pintura.

   As louças que estavam a sua frente eram as únicas cheias. Não de comida, nem de bebida.

   No prato de cerâmica, encontrava-se a familiar serpente albina enrolada; embora não apresentasse ferimento nenhum, a postura inerte e o olhar vago e sem brilho denotavam ausência de vida; ainda fresca, era inodora. Ao lado do prato, junto dos polidos talheres de prata, estava a presilha de borboleta que aqueles cabelos escuros tanto conheciam, mas com as asas partidas. Próximo dos talheres, a taça de cristal estava cheia até a metade por um líquido incolor, que a menina — de alguma maneira — sabia não se tratar de água; ele soltava no ar uma fragrância seduzente de notas florais.

   Os finos e rosados lábios da garota, ora fechados, ora entreabertos, deixavam suspiros de tensão escapar. Ela se obrigava a manter certo equilíbrio emocional, concentrada em erguer paredes em sua mente para não deixar o medo entrar. Mas que medo seria esse? Ela não sabia dizer, apenas sentia os calafrios. Enquanto salvaguardava o psicológico, seus dedos franzinos sobre as coxas agarravam o tecido acetinado do vestido.

   Apesar da existência das arandelas, do candelabro e do lustre, e ao contrário do que se podia imaginar, o longo salão não estava devidamente iluminado. Parecia que toda a luz era insuficiente, pois as portas das demais paredes estavam abertas e não se podia ver através delas: o negrume era tanto que a luz se via subjugada pela sombra. Assim como as portas, compridos janelões compartilhavam do mesmo efeito.

   A garota, embora não enxergasse mais ninguém além dela, tinha o desconforto do seu pescoço estremecido, como se houvesse alguém a observando. Um arrepio que cutucava suas costas, dedilhando desde a nuca, deslizando pela espinha, alastrando-se pelas costelas. Ela ainda se detinha à pintura que ornamentava a parede à frente; pela vontade de decifrar o desenho, e pelo medo de olhar em sua volta e encontrar alguém.

   De soslaio, ela vez ou outra observava as demais cadeiras que estavam dispostas à mesa. Vazias, mas com uma
impressão de presença instalada em cada uma.

   Ela estava realmente sozinha?

   O crepitar do candelabro era o único som que competia com o silêncio. Ele, pouco a pouco, ganhava a luta. O fogo estava aumentando, ganhando força. E o ofego daqueles lábios rosados também, à mesma medida, se intensificava. A cadência da respiração do delicado corpo chegou a um ritmo preocupante quando o bruxulear das velas invadiu a visão dos olhos violeta, colocando-se à frente do borrão da pintura.

   E então a filha da Névoa foi ofuscada.


   Haru, de solavanco, acordou.

   Ela suava frio. Os calafrios, o medo e a respiração ofegante eram reais. Os olhos violeta, bem abertos e tremulantes, varreram o ambiente. Ela estava em seu quarto, sentada na cama, coberta até a cintura por um volumoso edredom e Shiro dormia enrolado dentro do aquário; o que já foi motivo para um curto suspiro de alívio.

   Isso foi um pesadelo?, Haru questionou em pensamento. Foi muito real...

   A mão pálida, de modo inconsciente, se ergueu e pousou a palma sobre a lateral esquerda do pescoço. A região, estranhamente, pulsava. Um súbito pensamento evocou a imagem da marca na mente da garota: uma serpente negra, pequena e fina que sufocava uma roseira. Era a marca que estava abaixo da palma de sua mão, gravada na lateral esquerda de seu pescoço, que palpitava e emanava calor.

   Eu tenho que dar um jeito nisso, Haru decretou para si mesma.

❀ ❀ ❀

   Haru tornou a acordar.

   Ela encarava o tremor das mãos abaixo da água gélida que jorrava da torneira de prata. O frio lhe causava horripilação. No espelho, o reflexo dos feixes preto-azeviches; soltos, eles formavam um véu negro que pendia da cabeça abaixada até quase tocar as palmas sendo lavadas. Quando levantou a nuca, fitou o violeta espelhado dos próprios olhos, a tez lívida e os lábios que perderam a cor.

   Recorrendo ao choque do gelo para efetivamente despertar, Haru mergulhou o rosto na concha formada pelas palmas cheias de água fria. Ela largou a união das mãos e usou-as para se apoiar nas margens da cuba de mármore. Sacudiu a cabeça e a ergueu novamente. Puxou a felpuda toalha de rosto e enxugou-se. E então, como sempre fazia, trouxe os fios negros para o lado direito da cabeça, unindo-os, preparando-os para a chegada da presilha de borboleta.

   Quando voltou a prestar atenção no reflexo do espelho, a mão que segurava os fios perdeu a força e o véu de feixes preto-azeviches caiu sobre o ombro, os olhos violeta estremeceram, e o corpo franzino lembrou-se da sensação que o pesadelo da noite anterior lhe causou...

   A marca estava livre.

   Como...? Como o selo foi desfeito?

   Desde que, no território das Ondas, a aparição ofídica marcou a lateral de seu pescoço, Haru começou a estudar a arte ninja de selamento: o Fūinjutsu. Tomada por um ímpeto obstinado, ela se dedicou a esses estudos como se dedicava às pesquisas no laboratório. Ela não encontrou, todavia, nada relacionado ou equiparável àquela marca. Porém, pensou que a barragem de selos que criara ao redor da serpente e da roseira seria suficiente para conter o que quer que seja aquilo.

   Mas a suposição da garota de olhos violeta se provou errada.

   No mesmo dia, Haru se privou em seu quarto e apanhou o pergaminho que havia guardado no interior da gaveta de sua penteadeira. Ela o abriu em cima da madeira, e correu os dedos pálidos sobre sua superfície. Esquadrinhou as escrituras desenhadas à mão por bico de pena e tinteiro.

   O Selo de Auto-Amaldiçoamento, Jigō Jubaku no In, leu em pensamento, enquanto dedilhava o nome gravado no pergaminho. E continuou a reflexão: Quando o usuário o ativa, as marcas do selo amaldiçoado espalham-se pelo corpo marcado por este selo, assim o paralisa... Eu não sei o que a marca da serpente fará comigo, mas uma coisa é certa: ela não está em mim sem propósito. Se não consigo removê-la e nem suprimi-la, então conterei a mim.

   As pálpebras ocultaram os orbes cor de violeta.

   Sem sair do lugar, Haru mordeu a ponta do dedão. Um sussurro de dor resvalou pelos lábios quando o gosto de cobre invadiu sua boca.

   Com o dedo cortado, ela riscou uma linha reta no pergaminho, gravando-o a sangue. Em seguida, uniu os dedos, tecendo o selo manual do carneiro espelhado. Com seu exímio controle de chakra, manipulou a energia espiritual para vertê-la sobre o pergaminho que ainda estava aberto. A garota conseguia visualizar em sua mente atinada o poder azulado sendo derramando nas escrituras, conseguindo um efeito de ativação. Os kanjis se projetaram para fora do papel onde foram gravados, e subiram de encontro a Haru.

   O ritual foi semelhante às outras vezes que tentou interagir com a marca. No entanto, dessa vez, o Fūin seria inscrito para o seu próprio corpo.

   Haru selou o Jigō Jubaku no In sob uma condição: se ela fosse obrigada a agir de maneira impensada, ao menor sinal de manipulação, o poder da auto-maldição seria evocado para impedi-la.

   As imagens de Shiro, Warui e Chi intensamente surgiram nos pensamentos da kunoichi enquanto ela segurava o dedo ensanguentado. Eu não me permitirei fazer mal a vocês.


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Criações do Personagem : https://narutoshinobiworld.forumeiros.com/t1347-c-j-haru#9821
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❀ ❀ ❀

   Como de rotina, no Laboratório da Névoa, a mão pálida regulava o micrométrico do aparelho óptico, mas agora com um detalhe: o dedão que era responsável pela regulagem devia cumprir sua função de modo cuidadoso, pois estava enrolado em ataduras e havia uma nódoa avermelhada na ponta.

   Haru poderia ter usado um jutsu medicinal e curado o corte que fizera, mas não quis fazê-lo, pois o ferimento lhe serviria para lembrar do ritual e do selo inscrito em seu corpo. Ainda que lhe causasse dor, ciente das condicionantes de seu sistema imunológico, e de que ferimentos habitam sua carne por mais tempo do que a de pessoas normais... para ela, valia pagar esse preço.

   Enquanto procurava se distrair com suas experiências, a garota escutou passos numa cadência familiar. Por já ter noção do que o patear se tratava, ela permaneceu com os olhos fixos nas lentes do microscópio.

   — Haru-chan — disse Sayuri, adentrando a sala —, como vão as pesquisas?

   Haru levantou a cabeça e olhou para a mulher que lhe introduziu na ciência. Encantadora como sempre, a senhorita Abe Sayuri, diretora do laboratório, envergava o típico jaleco branco e exalava um perfume de rosas por onde seus longos e lisos cabelos cor-de-rosa passavam.

   A garota de olhos violeta forçou um sorriso de canto, respondendo:

   — Um pouco lentas, Sayuri-sensei, mas está andando...

   Depois de encarar a jovem, Sayuri esboçou uma feição preocupada. E disse:

   — Já te vi virar noites aqui, porém nunca esteve com tanto cansaço estampado no rosto. Está tudo bem mesmo?

   — Sim — Haru mentiu. — Só não estou conseguindo um resultado satisfatório com a Belladona.

   O raciocínio da kunoichi era rápido o suficiente para ludibriar até mesmo os pensamentos atinados de uma experiente cientista como a senhorita Abe.

   — Entendo... — disse Sayuri. — Posso ajudá-la se for o caso.

   Haru fez que sim com a cabeça, e voltou os olhos para as lentes de aumento do microscópio. Ela analisava o suco purpúreo extraído de uma flor de Belladona.

   Devagar para não atrapalhar sua aluna, Sayuri aproximou-se pelas costas da jovem concentrada na pesquisa, a fim de dar uma boa olhada na mesa. Alguns livros estavam empilhados numa das extremidades do tampo branco, uns abertos e outros fechados; havia um suporte de tubos de ensaio com alguns cheios e outros vazios; encontrou também um cesto com algumas flores e foi capaz de identificá-las, uma a uma, com seu olhar clínico — botânica era sua especialidade —; e a serpente albina encontrava-se dormindo enrolada ao fundo.

   — A Belladona é uma flor cuja toxina possui natureza neurotóxica — comentou Sayuri. — Que tipo de substância minha aluna favorita deseja elaborar?

   Haru era sua única aprendiz em todo o território da Névoa. Entretanto, os sentimentos da cientista de cabelos rosados era verdadeiro — e a garota era capaz de averiguar essa veracidade, talvez por isso não se importava em tê-la como companhia.

   — Um soporífero — respondeu Haru —, é o que tenho em mente.

   — Interessante. — Sayuri arqueou as sobrancelhas. E pensou: Desde quando Haru-chan anda com problemas para dormir? Seria apenas um efeito da guerra? É uma garota muito reservada e impassível, então não creio que seja por mero acaso. Ela sabia que Haru não responderia a verdade caso perguntasse.

   Senhorita Abe cruzou os braços e encostou-se com o quadril na mesa. E, com um sorriso cativante, continuou:

   — Fez uma ótima escolha de ingrediente para esse objetivo.

   Ela levou a mão até o aparelho óptico, fazendo menção de tocá-lo, então se debruçou cada vez mais ao lado da aluna. Percebendo que Sayuri queria fazer uso do microscópio, Haru afastou um pouco a cadeira para dar espaço.

   De soslaio, a cientista prestou atenção em dois detalhes bastante inusitados na aparência da kunoichi: o cabelo cor de azeviche estava preso na lateral esquerda, não na direita como sempre costumava estar; também observou o dedo enfaixado, e logo se questionou por que Haru simplesmente não se curou.

   Ela está muito estranha, senhorita Abe pensou.

   Paralela à desconfiança que aumentava no peito de Sayuri, a elaboração do veneno prosseguiu. Ambas, mestra e pupila, resolveram juntas os desafios encontrados para que a substância soporífera fosse formada. De um lado, a vasta experiência da senhorita Abe e de outro, a formidável genialidade de Haru.

   No ínterim do experimento, ocorreu um insight na atinada mente da garota. Com seus olhos violeta, ela fitou Sayuri e perguntou:

   — Sayuri-sensei, conhece um cientista chamado Suzuki Hiroshi?

   Sayuri franziu o cenho e tentou buscar uma imagem atrelada ao nome em suas memórias. Então respondeu:

   — Tenho uma vaga lembrança... Por quê?

   — Eu o conheci na minha última missão — prosseguiu Haru. — Encontramos uma milagrosa flor azul, cujo nome científico é — ela deu uma breve pausa, achando em suas recordações precisas o nome científico da flor — ... Symphyotrichum anthurium alstroemeria andraeanum. Por acaso, a senhorita já viu uma dessa espécie?

   — Já ouvi falar, mas nunca tive contato com uma — disse Sayuri, reavendo os boatos. — De fato, dizem que é uma planta raríssima e milagrosa. Relatam que ela pode curar qualquer mal.

   — Qualquer mal? — Haru perguntou de imediato.

   — Sim, qualquer um — reafirmou Sayuri, ainda mais desconfiada.

   A partir daí, as horas passaram como meros minutos. E então, já no fim do dia, elas chegaram a um resultado: um composto líquido e incolor.

   Haru apanhou o frasco de vidro que continha o veneno. Ela, cuidadosamente, mergulhou a ponta do dedo indicador e depois trouxe uma gotícula até a boca. Degustou a substância, saboreou-a enquanto a deixou dissolver com a saliva. Porém, não sentiu gosto algum: além de líquida e incolor, era insípida.

   — E então? Tem algum nome em mente? — perguntou Sayuri.

   — Não...

   — Que tal... Hipnos? É condizente com o seu efeito.

   — É, tem razão.

   Sayuri soltou um breve suspiro de alívio. E disse:

   — Bom, estou de saída. Já está anoitecendo e ainda tenho umas pendências para resolver.

   — Certo — respondeu Haru, também soltando um suspiro de alívio. — Eu vou ficar mais um tempo aqui antes de voltar para casa.

   — Está bem. Mas não deixe de descansar — disse Sayuri, já caminhando até a porta. Do portal, ela lançou um olhar cheio de ternura para a pupila. — Cuide-se, Haru-chan. Até mais.

   — Não se preocupe, Sayuri-sensei — disse Haru, observando-a ir embora. — Até...

   Algum tempo se passou desde que Haru voltou a ficar apenas na companhia de Shiro e os silvos reconfortantes que o animal emitia. E ali, enquanto escrevia sobre Hipnos e seus resultados no seu inseparável Diário de Pesquisa, se deu conta de que a fragrância de rosas persistia no ar.

   Ela franziu o cenho, cismada. Sayuri não estava mais presente com seus cabelos perfumados, então de onde vinha o cheiro tão sedutor?

   Haru sentiu um arrepio cruzar sua coluna quando arriscou um palpite.

   Ela arrastou o frasco com o veneno soporífero para perto e chegou o nariz próximo às margens do recipiente. Logo o que ela temia estava certo: Hipnos era um composto líquido, insípido e incolor, mas de cheiro suavemente agradável de notas florais...

   Exatamente igual ao misterioso líquido de seu sonho.


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❀ ❀ ❀

   O continente estava dividido em cinco grandes nações.

   Uma guerra, até não restar pedra sobre pedra, foi decretada. Era assim pela arrogância, o egoísmo e a ganância dos homens. Havia um, porém, que se destacava no meio da terra cheia de cadáveres e embebida em sangue: uma figura austera, cuja face era oculta por um elmo vermelho e alado, também não se via seu corpo, pois estava abaixo de um longo e imaculado manto branco. Ainda que estivesse no meio do caos, não se sujava.

   Com sangue sob os pés e o céu sobre a cabeça, a figura dotada de um aspecto divino aguardava a chegada de algo. Fogo surgiu a seu redor, queimando pilhas de cadáveres e evaporando sangue derramado. As chamas não causaram mal à criatura de elmo, eram submissas a ela. Labaredas crepitantes ascenderam aos céus como gêiseres de água que irromperam de cinco cantos em volta do homem oculto pelo manto.

   Ele ficava cada vez maior, mais forte e poderoso. Até que, pelas frestas do capacete vermelho, a lembrança de um rosto contornou as sombras com silhuetas embaçadas. Foi ficando nítido, e...


   Os olhos violeta, lentamente, se abriram.

   Haru coçou o rosto e o sacudiu. Olhou para a mesa de cabeceira e viu a taça meio vazia que usara para tomar o soporífero. Nem mesmo assim, ela pensou.

   Depois de se levantar e realizar seu ritual matinal, Haru sentou-se sobre a cama com uma pequena maleta branca em mãos. Era a hora de trocar o curativo de seu dedo. Com mãos devidamente higienizadas e muito cuidado, ela desfez as ataduras que cingiam o corte. Seus lábios sopraram um gemido leve de dor quando foi acometida pela sensação ardente do ar encostando na ferida.

   Embora todo o cuidado digno da iryo-nin, aquilo estava longe de cicatrizar. E não só isso, a ferida apresentava indícios de supuração.

   Mesmo que fosse um pequeno corte, o corpo de porcelana demonstrava dificuldade em reparar qualquer pedaço que trincasse, por menor que fosse. Por isso ela sabia — e sempre soube: nada de se aventurar de modo descabido. Aquela era, todavia, uma exceção muito bem pensada por Haru. E, como ela mesma havia reflexionado: um preço que valia a pena.

   Asseou a ferida e refez o curativo com novas bandagens de algodão. Logo, outra vez, uma nódoa avermelhada aparecia nas gazes.

   Nesse dia, Haru se dirigiu ao laboratório, mas não ao que comumente frequentava, ela seguiu para o laboratório cujo endereço estava contido no singelo cartão de visita entregue pelo próprio dono do local, o cientista Suzuki Hiroshi.

   Tratava-se de uma edificação simples, como uma casa qualquer, muito pequena se comparada ao Laboratório da Névoa, e ficava nas extremidades da vila, perto das águas que batiam contra os muros. Haru chegou lá embrulhada na habitual capa branca que lhe conferia proteção do frio carregado pela neblina, e, com a sutileza que sempre lhe acompanhava, bateu à porta de madeira algumas poucas vezes.

   Lá de dentro, uma voz gritando "já vai!" quebrou o silêncio da espera. Segundos depois, a folha de madeira se abriu abruptamente, revelando o homem trajado com um jaleco branco, de cabelos pretos e olhos de mesma cor, miúdos atrás das lentes do óculos quadrado. Era a mesma aparência que mostrou na primeira interação que tiveram.

   Esboçando um confiante sorriso, Hiroshi disse:

   — Haru-chan, enfim você veio. Sabia que não deixaria de comparecer a minha incrível sede: a sede do maior cientista da Névoa!

   — É-é... pois é — respondeu Haru. A personalidade megalomaníaca de Hiroshi era tamanha que até a impassível kunoichi ficava sem graça.

   — Já sei porque está aqui. Não precisa de cerimônia — disse ele, abrindo passagem e gesticulando para que ela entrasse. — Vamos, venha!

   Haru passou pela porta e observou o lugar. Era, de fato, uma residência. O laboratório deve ficar conjugado, nos fundos, ela pensou. Assim como o exterior, o interior era bastante simples. Enquanto isso, Hiroshi tomou a frente e, de peito estufado, guiou a garota como se estivessem atravessando a mansão do senhor feudal. E Haru estava certa: eles desceram as escadas até chegarem a um extenso porão.

   — Aqui está — disse Hiroshi bem entusiasmado —, o meu magnífico laboratório! Sinta-se lisonjeada por ter a oportunidade de visitá-lo. Afinal, não é sempre que...

   Enquanto Hiroshi falava desenfreadamente, Haru varreu o ambiente com seus olhos violeta. Viu várias mesas e uma aparelhagem profissional; não era, nem de longe, um laboratório amador ou improvisado. Havia muitas prateleiras que aparentavam guardar toda sorte de equipamentos necessários; uma delas, inclusive, era dedicada apenas a tubos de ensaio, feito uma cristaleira, as portas envidraçadas colocavam à mostra a vasta coleção do cientista.

   É realmente incrível como ele conseguiu ajeitar um lugar como este em sua própria casa, ela comentou consigo mesma.

   Fascinada, Haru foi seduzida pelo laboratório e só recobrou-se quando escutou seu nome proferido por Hiroshi.

   — ... até porque você salvou minha vida naquele dia, Haru-chan.

   Haru meneou a cabeça e respondeu:

   — Apenas cumpri a missão — e se virou para ele.

   — Você deve imaginar que eu, com toda a competência que possuo, já iniciei os experimentos com a Symphyotrichum anthurium alstroemeria andraeanum tradescantii (e não esqueça que esse último nome foi eu que dei). E eu realmente comecei. Só que — ele hesitou, puxou o colarinho do jaleco e desviou o olhar. Haru captou a tensão em sua mandíbula. — ... eu empaquei.

   A kunoichi da Névoa compreendeu o quão difícil foi para ele admitir que não conseguiu finalizar o experimento. Era notável o excesso de "eu" nas falas do cientista. Mediante às nuances da personalidade decifrada de Hiroshi, Haru buscou as melhores palavras para não provocar mais desconforto e conseguir logo o que procurava.

   — Uma flor tão rara e milagrosa deve dar trabalho, realmente — disse Haru. — Enfim, também sou cientista. Ficaria feliz em ajudá-lo nesse experimento.

   Os olhos de Hiroshi brilharam. — Claro! Assim como trabalhamos juntos para derrotar aquele vilão mascarado! Comigo você faz uma dupla imbatível, hein?

   — Sim — disse Haru. E pensou: Quase morri esmagada por uma massa de terra imensa para salvá-lo, pois sequer era capaz de se mexer.

   O grande cientista foi até uma das mesas. Lá, ele sacou uma chave do bolso do jaleco e destrancou uma gaveta. Ele retirou uma série de papeladas dali de dentro, até mesmo alguns tubos de ensaio cheios de líquido azul. Aos poucos, ele organizou a mesa, posicionando tudo o que julgou necessário para dar continuidade ao experimento.

   No ínterim da organização de Hiroshi, a cabeça branca e de escamas frias saiu dentre o colarinho da capa de Haru. O silvo familiar se fez presente. A garota observou sua querida companheira, a serpente albina. Com um sorriso verdadeiro, cumprimentou o animal que despertava.

   — Veja só, você trouxe a sua amiguinha — disse Hiroshi com um sorriso. E então, finalizando os preparativos, continuou: — Creio que está tudo aqui. Venha, dê uma olhada no progresso que eu tive.

   Haru se aproximou do microscópio indicado pelo cientista. Já muito acostumada com esse tipo de aparelho, não teve dificuldade em analisar a amostra que ele colocou na bandeja de vidro. Tratava-se de uma gota daquele líquido azul. Como ela já poderia imaginar pela cor, era o suco da milagrosa flor. Ela estudou a amostra por um tempo até ser capaz de supor o porquê de Hiroshi ter empacado no experimento.

   — É uma dosagem muito concentrada — disse Haru. — Nesse estado, mesmo uma gotícula como esta agiria como um veneno.

   — Sim. Eu já purifiquei a substância com vários métodos diferentes — respondeu Hiroshi, apontando para outros tubos de ensaio cheios do mesmo líquido. — Mas o resultado é sempre o mesmo. E eu temo em misturar alguma outra substância e suprimir a natureza milagrosa da flor.

   — Um medo válido — respondeu Haru, e logo se lembrou daqueles marcantes feixes cor-de-rosa. — Mas há uma coisa que podemos tentar.

   Uma substância concentrada tem um alto poder de ação, então deve ser diluída até uma quantidade específica para que não perca a sua eficiência. Haru sempre tinha em mente os ensinamentos da senhorita Abe. Preciso encontrar a quantidade certa. Guiada por esse raciocínio, a jovem cientista da Névoa mergulhou em mais um mar de horas: dia, tarde e noite adentro.

   Haru e Hiroshi manipulavam os aparelhos e as substâncias com mãos experientes. Talvez, uma pessoa a mais era justo o que faltava para que o brilhante cientista chegasse a um resultado. E, assim, aconteceu.

   Já era noite quando terminaram, mas do porão-laboratório não era possível ver a mudança do céu. O fato é que estavam cansados, especialmente Haru por ter o agravante das noites mal dormidas. Todavia, o tempo e o esforço empenhado não foram em vão. Muito pelo contrário. Lá estava, sobre a mesa e diante dos dois, um frasco de vidro com um líquido azul claro.

   — Eu consegui! — gritou Hiroshi. Ele rapidamente olhou para a menina, então corrigiu-se: Nós. Nós conseguimos!

   Os olhos violeta olharam admirados para o frasco. Haru sorriu. E disse:

   — Sim.

   — É... Eu imagino, Haru-chan, que você tenha algum plano com essa belezinha. Então vá em frente, pegue uma porção.

   A garota fez que sim com a cabeça e, com cuidado, apanhou o frasco, encaixando-o entre suas mãos pálidas. Ela fitou o líquido azul bem de perto. E então, sem se delongar mais, deu um belo gole.

   Hiroshi a encarou com espanto, perguntando-se por que a pequena fez aquilo, quando na verdade ele imaginava que ela tinha o intuito de comercializar ou reproduzir a especiaria — pelo menos era isso o que a maioria dos cientista faria no lugar dela.

   Depois do gole, Haru esperou ser acometida por alguma sensação repentina. No entanto, não foi o que aconteceu. Ela esperou alguns segundos e nada. Mas quando já estava desacreditando ela sentiu um alívio, como um abraço em todo o seu corpo. Em seguida, calor. E ela cambaleou para trás até que se apoiou numa cadeira para não cair.

   — Haru-chan, você está bem? — Hiroshi perguntou, preocupado.

   A kunoichi não respondeu.

   Ele tomou a liberdade de se aproximar. Pousou uma mão no ombro dela, e fitou o estado dos olhos violeta. Analisando-a, ele percebeu o dedo enfaixado. Numa ação inesperada, Hiroshi buscou a mão da garota e puxou as ataduras.

   Haru parecia anestesiada, mas também teve a curiosidade de examinar o machucado. O corte ainda estava lá, vermelho. Contudo, a supuração havia sumido e o sangue naturalmente estancava. Como o de pessoas normais, ela pensou.

   Algum tempo se passou enquanto a garota se recuperava. Na companhia de Hiroshi e Shiro, ela se levantou da cadeira no momento em que se sentiu bem para ficar de pé. Ela percebeu os nítidos sinais de alívio nas feições do cientista, permitindo-o abraçá-la antes de ambos subirem as escadas.

   Eles caminhavam para a porta quando, atravessando os corredores, Haru observou de soslaio sua imagem refletida num espelho de parede. Ela imediatamente cessou os passos.

   A marca ainda estava lá.

HP: 420/420 | CH: 420/420 | ST: 00/07 | SA: 300/300

Considerações:
Haru
Ficha de Personagem : https://narutoshinobiworld.forumeiros.com/t2857-f-haru
Criações do Personagem : https://narutoshinobiworld.forumeiros.com/t1347-c-j-haru#9821
Dantes
Raikage
Icone : [Gaiden] Devoradora de Sonhos Maxresdefault
Cargo Especial : Sem Cargo Especial
Títulos : Sem título
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Cargo Especial : Sem Cargo Especial
Títulos : Sem título
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Cargo Especial : Sem Cargo Especial
Títulos : Sem título
Aprovados

Gostei bastante ^^
Dantes
Ficha de Personagem : https://narutoshinobiworld.forumeiros.com/t2834-f-fuyuki-hatake#23859
Criações do Personagem : https://narutoshinobiworld.forumeiros.com/t993-cj-dantehero13?highlight=DanteHero13
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