風邪

As batidas em minha porta logo cedo me acordavam, parecia que não haveria folga para mim por um tempo. Me levantei e ainda com as roupas de cama e sem as bandagens em meu rosto fui até a porta e a abri pouco, de forma que eu não aparecesse para a pessoa do outro lado.

- Quem é? - Falei quase num resmungo sonolento.

Não tive resposta, mas vi o pergaminho sendo enfiado pela fresta da porta, estava óbvio o que se tratava. Peguei o item e pude ouvir o mensageiro desaparecer com o shunshin no jutsu da frente de minha casa. Voltei para a cama e me joguei de costas nela. Abri o envelope para chegar seu conteúdo e claro, outra missão.

Algum shinobi do elemento doton esta destruindo casas da vila, seu intuito ainda e desconhecido, mas julga-se que ele esta trabalhando para um homem rico que deseja limpar a área para criar novas áreas comerciais em um bairro pobre da cidade.

- Terremotos hun. -

Era hora de me preparar para sair de casa e começar a minha investigação sobre quem era o sujeito. Ao menos a descrição me dava animo para levantar, ricos querendo se dar à custa dos mais pobres era um problema que me afetava no particular.

風邪

Pouco depois de começar a rotina comum da manhã estava andando rumo à parte mais pobre de Suna... A vila já estava repleta de caos, mergulhada na pobreza e alguns ainda conseguiam tirar tempo para olharem para o próprio umbigo, era impressionante a falta de consideração de algumas pessoas. Como de praxe, Nagini vinha enrolada em meu pescoço durante todo o percurso.

Por mais que conhecesse Suna como a palma de minha mão, tivesse vivido na zona mais pobre da vila, inclusive, não tinha como encontrar com tanta facilidade destruídas se apenas caminhasse pelas vielas. Com um salto, apoiei meus pés com delicadeza em cima de uma tenda e com outro pulo fui para um dos telhados, a minha falta de visão era sem dúvida um dos grandes problemas para essa empreitada e na parte do dia, dificilmente o terrorista atacaria, não podia perder tempo e nem deixar que ele causasse mais tragédia, tinha que encontrá-lo primeiro.

Segui pelos telhados pulando de um em um já na área mais carente até ver um grupo de crianças correndo pela rua, dando uma mortal para a lateral pousava bem no meio das crianças interrompendo o jogo.

- Algum de vocês sabe de alguma residência que foi derrubada recentemente? Mil ryous para quem me levar. - Por mais intimidante que minha aparencia pudesse ser, podia até ajudar algum deles oferecendo a quantia.

風邪

- Ooh tio, eu sei, a casa da minha prima caiu esses dias, eu te levo lá, vai mesmo dar os ryous? -

Afirmei movendo a cabeça para baixo e retirando de minha bolsa o valor para entregar ao jovem, era uma quantia extremamente pequena para mim, mas estava juntando para no futuro construir algo que beneficiaria toda a vila. - Me leve até onde sua prima está. - Entregava a quantia.

O rapazinho começava a andar na frente e perguntar sobre como era a vida de um shinobi, além de dizer que em breve entraria para a academia ninja, isso certamente me deixava orgulhoso, era sempre bom ver que as crianças estavam se interessando em seguir o caminho shinobi.

Não muito distante dali, estava a casa do próprio garoto, onde a tal prima obtinha refúgio. Ele correu para dentro da casa e em poucos minutos voltava com a moça morena de cabelo trançado e certa tristeza no olhar.

- Tchau tio! - Despedia correndo de volta para onde estava antes.

- Bom dia, Sou Shikatsu Noira, estou investigando sobre o incidente que ocorreu com sua casa. Tenho duas perguntas para você, se importaria em responder? Ah, não se preocupe, ela não morde. - Finalizei reparando o olhar intrigado para com Nagini que estava dentro de meu manto e voltava a aparecer na hora que a mulher chegava.

風邪

- Pode falar. -

- Alguém tentou comprar a sua residência esses últimos dias? E você sabe de outras casas que também caíram?

- Sei, a maioria foi pelo mesmo quarteirão, mas sim, tentaram comprar a minha casa, Tsuna Kodaki, um empresário, infelizmente agora eu não tenho escolha, vou ter que vender o terreno para ele, assim ao menos consigo alguma coisa.

Bingo! Era exatamente dessa informação  que eu precisava, em seguida me passava lista de outros três nomes que tinham sofrido do mesmo, realmente todos muito próximos, só me restava conferir para ter certeza de que Kodaki era o responsável.

Com a lista de pessoas e endereços que sofreram do atentado, segui um por um, levando toda a minha manhã. Todos tinham o mesmo discurso, Kodaki tentou comprar o terreno, mas não aceitaram, logo depois suas casas foram destruídas, era coencidencia demais para não ter ligação com os terremotos, ele certamente pagaria por seus crimes.

Depois de horas andando de um lado para o outro,. entrevistando pessoas em um péssimo estado, finalmente tinha o que precisava para declarar Kodaki como culpado, precisava apenas de seu endereço. Segui rumo à torre da kage, o prédio administrativo de Suna onde mantinham o registro dos moradores e lá solicitava que me fosse informado a residência atual de Tsuna

風邪

Depois de um tempo vinham me entregar um pergaminho contendo o endereço, sem demoras segui rumo ao que parecia não ser sua residência, mas sim, o local de trabalho, não me importava muito. Pegaria-o onde quer que estivesse e faria confessar.

Continuei caminho até ver o prédio onde ficava a tal empresa, não dei valor ao nome do lugar, não me importava, apenas entrei.

- Desejo falar com Tsuna Kodaki. -

Sem surpresa alguma recebia resposta de que precisava de um horário agendado. Levantei meu braço exibindo a bandana da vila e repeti a frase:

- Onde está Tsuna Kodaki? -

Com certa ignorância algumas coisas pareciam funcionar, finalmente me era informado em qual sala ele estava e segui sem delongas. Abri a porta para encontrar o homem junto de outros dois e ordenei imediatamente para que saíssem, sendo confrontado logo após pelo próprio Kodaki sobre quem eu era e o que queria, claro, ameaças para chamar segurança.

- Sou um Tokubetsu Jonin e desejo conversar com o senhor em particular, acredito que já saiba qual o assunto. -

Podia ver escorrer uma gota de suor de sua cara redonda e um sorriso sem jeito pedindo licença aos homens que estavam naquela reunião.

風邪

Ganância, essa era a melhor definição daquele homem que em poucos segundos parecia conseguir se recompor quando ficavamos à sós.

- Me diga, senhor Kodaki, precisarei retirar a verdade de dentro de sua garganta?

Encostava em sua mesa e encarava aquele homem repugnante à minha frente.

- Não, não precisa de violência. -

Era possível que ele com suas conexões facilmente saísse da prisão, pouco adiantaria levá-lo detido, o um homem tão rico em uma vila com tantos problemas, não, isso não adiantaria.

- Eu sei que não está preocupado com a prisão. Um homem rico como você, com conexões, facilmente sairá impune. Cortar sua cabeça aqui acarretaria problemas também, mas o mercenário que você contratou, pessoas morreram pelas mãos dele... Me diga onde ele está. - Minhas palavras eram frias e firmes, ele sabia exatamente o que eu faria com o causador dos terremotos, meu desejo claro, era matar Kodaki ali mesmo, mas para isso precisava estar mais acima na hierarquia, acabar com a corrupção. Este homem, tinha se condenado por tomar atitudes tão impulsivas e impensáveis contra a própria vila afim de enriquecer e hora ou outra pagaria por isso. A cabeça dele ainda cairia pelas minhas mãos..

風邪

Rondava devagar a área onde Kodaki tinha me informado estar o seu capanga, trinta e poucos anos, cabelos vermelhos e uma cicatriz na bochecha, uma descrição deveras detalhada sobre o sujeito que tinha derrubado as casas, claro que muitas ameaças eram o suficiente para que ele me contasse, tinha certeza de que ele não estava mentindo, Koji, era o nome pelo qual o sujeito atendia. O bar estava aberto como me era informado, entrei tranquilamente pelo local até chegar ao balcão onde um senhor me atendia balançando sua cabeça.

- Estou procurando Koji. - Despretensioso, o senhor me apontava para um canto e lá estava o homem, com outros dois bebendo despreocupadamente. Caminhei vagarosamente, já não tinha pressa, minha busca estava no fim.

- Olá, Koji. - Talvez tivesse utilizado a abordagem errada, com alguns ser cordial não era a melhor das alternativas. Assim que vira minha bandana o sujeito já sabia exatamente do que se tratava, e levantava jogando a mesa para cima de mim. Os outros dois homens erguiam os punhos e vinham em minha direção, eram lentos demais, meros civis ou fracassados que nunca conseguiriam me acertar um único golpe. Me esquivei com facilidade e puxei a espada ainda embainhada para dar dois golpes rápidos e não letais na barriga de ambos.

Ao olhar para o lado pude ver meu alvo fugir correndo dali.

風邪

Fechei meus punhos e não pude evitar de chamá-lo de covarde, tinha deixado pessoas sem casa à troco de algumas migalhas em dinheiro, um mero mercenário que não merecia estar dentro de sunagakure, andei para fora do estabelecimento com calma, os passos desajeitados do homem jamais conseguiria avançar muito à minha frente. Chegando na rua sua imagem era nítida e clara para mim, mas um confronto ali seria problemático, se ele utilizasse seus jutsus para causar destruição diversas pessoas inocentes poderiam ser pegas em meio ao conflito.

Saltei outra vez em uma tenda próxima e subi no telhada onde eu pudesse ainda ter visibilidade do homem, mesmo com minha visão prejudicada. Continuei correndo usando de todo meu conhecimento furtivo para perseguí-lo. A matança silenciosa era cruel e impiedosa, caçar alguém sem que essa pessoa sequer tivesse noção de que você estava ali era sem dúvida uma dos estilos de luta mais mortíferos que conhecia.

Com minha velocidade sendo superior, rapidamente tinha chegado próximo à ele, mas ainda evitando me mostrar, estava apenas aguardando que ele virasse em algum lugar, chegasse numa região mais deserta de suna. Pobre presa, estava andando crédula de que tinha escapado de mim... Jamais.

風邪

Finalmente meu alvo estava em uma posição favorável para mim, fugia para dentro de um casébre que eu rapidamente seguia, via o sujeito entrando enquanto olhava para os lados preocupado me procurando,mas sem sucesso de encontrar. Desci pelo telhado da própria construção e entrei pelo mesmo caminho para encontrá-lo respirando fundo aliviado. Pobre infeliz.

- Acabou.

Encarava o homem olhando-o de cima embaixo, enquanto empunhava minha espada e apontava em sua direção, Nagini sibilava para o mal feitor, que nos olhava quase em desespero.

- Por favor cara, eu só estava fazendo o que me mandaram fazer. - Se ajoelhava implorando por sua vida, realmente eu passava a imagem de um ceifador para alguns e não tinha repulsa alguma em arrancar cabeças.

- Você fez sua escolha, agora está preso. -

Em um movimento sorrateiro e covarde, o homem lançava um punhado de areia em cima de mim, automaticamente removendo a minha capacidade de enxergá-lo, assim que meus olhos se fechavam eu conseguia ouvir ele avançando em minha direção, nítido como se pudesse ver através do som.

Me abaixei esquivando do soco que ele dava, e subi novamente cravando a espada em seu peito, fundo o suficiente até sentir o corpo pesar sobre minha arma.

風邪

O sangue escorria pela minha lâmina e logo em seguida esvoaçava pelas paredes daquela casa quando eu retirava com força a espada do peito daquele homem, saindo da frente era questão de milésimos para que ele caísse no chão já sem vida. Limpei meus olhos sujos da areia jogada até mim e olhei para o corpo.

A espada era guardada na bainha ainda suja com o sangue dele, suas palavras tinham sentido, se cogitava punir o empresário somente após, estava completamente errado e injusto, ele merecia uma punição de imediato, se não fosse preso e sua morte pudesse afetar Suna, então devia haver outra solução.

Antes, precisava reportar a morte do causador dos terremotos, não podia simplesmente passear com um cadáver pelas ruas da cidade. Portanto, outra vez voltava até a torre de administração da vila.

O sol estava prestes a deixar o céu e dar lugar a lua, talvez restasse apenas mais algumas horas, deviam ser o suficiente para o restante que precisava fazer. Quando chegava até a torre da Kazekage, seguia para o mesmo local onde outrora pedia o endereço de Kodaki e lá informava sobre o embate contra o terrorista e sua morte iminente, em seguida apenas saía dali, já com outro plano para ser botado em execução.

風邪

Desta vez passava direto pelos atendentes de recepção na empresa de Kodaki, estava sujo de sangue e com o olhar frio, determinado ao que iria fazer .. Era possível que acarretasse em alguma retaliação, mas não deixaria passar em branco. Diante de olhares assustados subi os degraus de escada até chegar na grande porta da sala onde aquele covarde estava, abri devagar e a fechei de costas para o sujeito.

- Por que voltou aqui? Não tem nada melhor para fazer? - Sugestionava, ao me virar pude ver a taça de champanhe em suas mãos porcas.. Ele tinha conseguido o que queria, as familias estavam sem suas casas, à mercê de venderem para ele que sairia impune e com os negócios disparando.

Andei pelo salão quieto, deixando que ele vislumbrasse meu manto sujo de sangue, até mesmo alguns respingos manchavam de vermelho o tom branco de Nagini. Fui até a cadeira mais próxima e a arrastei, deixando o som agoniante de móvel deslizando contra o piso tomar conta da sala.

- O que diabos está fazendo? -

Enfim, posicionei a cadeira contra a porta, de modo que quem estivesse do lado de fora naot conseguisse entrar com muita facilidade. Só então resolvi dizer algo.

- Não achou que sairia impune, achou?

風邪

Por baixo de minhas bandagens um sorriso macabro surgia, não deixaria que ele saísse sem pagar algo e se não podia ser sua vida, ei daria um jeito.

- VOCÊ SEU MER - Minha sombra o capturava no exato instante em que ele resolvia me ofender, e suas palavras eram paradas, conseguia ver ainda melhor o olhar de pânico em seu rosto.

- Pode tentar a vontade, você não vai conseguir gritar. -

Caminhei até proximo da mesa, obrigando que ele imitasse meus passos. E quando estávamos encostados no móvel estiquei meu braço esquerdo para que ele fizesse o mesmo.

O pavor dominava o homem ao me ver retirando da bainha a espada ensanguentada. Um braço não era o suficiente, mas por hora era a única coisa que me restava. Em um movimento rapido com a mão direita desci a espada até o antebraço do homem, decepando em um só golpe.

A imitação das sombras era cruel, um jutsu que impedia até meo você de conseguir sofrer, grunhidos saíam da garganta do homem.

- Você vai construir as casas novamente e devolvê-las para seus donos, ou voltarei para pegar o seu outro braço. -

Lancei a espada contra a janela e desfiz a sombra, usando do shunshin para desaparecer da frente do homem e sair pulando pela janela.