Sypha estava jogada em sua cama totalmente exausta após uma festa que tinha sido a que mais aproveitou depois de um bom tempo. Acordava com o som da campainha de sua casa, aquele som passava pelos seus ouvidos martelando sua cabeça que ainda girava por conta da tamanha quantidade de álcool ingerida na noite passada. Sua boca estava seca. A a luz perfura a persiana mal abaixada de sua janela chegando até seus olhos que fazia de tudo para correr da iluminação. A campainha continuava sendo tocada, a garota bufou.

Com suas roupas do dia anterior e um aspecto forte de ressaca levava a jovem até a cozinha onde pegava um grande copo de água e começava a tomar. Antes disso passava pela sala cutucando a perna do homem que dormia em seu sofá — vamos levantando aí que são — ela procurava algum relógio à sua volta que dissesse as horas e nada — alguma hora do dia.

Seguia para a porta tomando mais alguns goles da sua água, girava a maçaneta e logo notava que se tratava de um ninja com uma carta em mãos. Engolia uma grande parte da água fazendo um som gutural forte, piscava rapidamente tentando espantar a nhaca de ressaca que estava impregnada em suas roupas e corpo.

— Oi, pois não? Sim, entra aqui que eu tenho um lugar ótimo — passaria pela sala novamente. Caso seu amigo ainda estivesse dormindo, Sypha jogaria o ¼ final de sua água gelada diretamente no rosto dele para que acorde de uma vez.

— Vem logo Simon, tem uma missão para a gente— Seguiria até uma parede ao lado da televisão da sala onde andaria sem hesitar. Para alguns poderia parecer que ela fosse bater de cara para a parede, mas na realidade a garota passou por ela. Falava do outro lado da parede ilusória — venha logo, não tenham medo — fazia um sinal com a mão pela parede para que seguissem ela.

Um local extremamente limpo e arrumado se apresentava ali, um cômodo que destoa totalmente do resto da sua casa. Cruzaria os braços com o copo vazio em mãos olhando para o ninja que veio a sua casa — o que queria dizer?

Considerações:

Sypha não se sentiu muito confortável com Simon tomando conhecimento daquele lugar, era uma face sua que deveria continuar encoberta, mas o garoto burro não conseguiria ligar tantos pontos assim com essa amizade tão inicial. ”Depois eu invento algo para falar para ele” concluía olhando para o colega enquanto deixava o jounin falar no fundo e se prendendo a algumas palavras-chaves. Apenas voltava da imensidão de seus pensamentos uma vez que sentia o silêncio na sala, tirava seus olhos de Simon voltando eles para o jounin.

A kunoichi pegava o papel do jounin comentando alegremente — pelo visto vamos às compras Simon, tudo custeado pela vila. A pedra não gostaria que seus enviados estivessem trajados assim — se aproximava deixando mais evidente a roupa surrada pós festa que ambos ainda vestiam — certo? — questionava o homem esperando por uma resposta verbal do mesmo.

Se viraria para Simon com um grande sorriso no rosto — compraremos as melhores roupas que essa vila pode proporcionar! — passaria seu braço pela nuca do amigo o guiando para fora daquele lugar. Passaria pela parede falsa mais uma vez voltando para a sala comum da casa — espera ai, quase me esqueço da minha bolsa ninja. Já está com todas suas coisas? — questionaria o parceiro se distanciando rumo ao seu quarto.

Assim que fechasse a porta seu rosto fecharia, um ar frio preencheria o quarto. ”Como assim ele é um ninja. Eu ia matar um ninja da pedra?! Id, pare com isso… não precisa ter ciúmes dele, se você estivesse aqui em carne e osso eu não estaria com outras pessoas” a discussão com seu inconsciente continuaria por mais alguns minutos até encontrar sua bolsa pendurada a borda da cama. Amarraria seus equipamentos junto a cintura, seguiria de volta a sala com sua personalidade leve e festiva de sempre ali.

— Vamos, melhor comprar roupas das lojas de rico próximo ao castelo feudal. Sabe algum caminho ou transporte até lá, Simon?

Considerações:

Sypha deu um grande salto aterrissando sobre o telhado de sua própria casa, mas logo viu que seu companheiro já seguia seu rumo. A moça sem hesitar se aproximava do mesmo durante seus saltos notando algo novo sobre Simon. ”Ele usa espadas… interessante, geralmente os ninjas se gabam por serem canhões de técnicas” ponderava terminando de formular um questionamento:

— Simon, acredito que nunca tenhamos feito algo relacionado a missões ou algo assim juntos. É notável que carrega duas espadas, é um espadachim? — aguardaria por alguma resposta do mesmo e completaria — posso deixar suas armas mais mortais se quiser, eu tenho um encanto ou até mesmo vocação para iludir a mente das pessoas. Sabe do que estou falando, certo?

Rapidamente a garota sentiu suas entranhas retorcerem acompanhadas de uma tremedeira em sua mão direita. A kunoichi colocaria a mão afetada no bolso imediatamente, já entendia do que aquilo se tratava. Sua não tão velha amiga queria dizer algo, estava dizendo algo que ia em contramão ao que Sypha desejava fazer.

Assim que chegasse no portão, a garota pararia em cima do telhado deixando com que seu companheiro seguisse caso desejasse. Olharia sua mão, notaria que ela havia parado de tremer. ”Nós vamos resolver isso assim que eu voltar dessa missão, eu comando aqui e você sabe muito bem disso” ecoaria tais pensamentos em sua mente para que chegasse até a sua black room e que Id entendesse o recado. Acompanharia Simon enquanto ele falava com o seu conhecido da carroça, seguiria a deixa do mesmo caso necessário.

Considerações:

Aquele olhar que o homem da carroça deixava a garota levemente desconfortável a deixando com um pensamento. ”Eu mataria ele, se tivesse a oportunidade. Mataria” com um sorriso no rosto respondia de forma leve e despretensiosa:

— agora sabemos o porquê de ser um Xuxofer, não sabe analisar uma situação a sua frente — entrava na carruagem notando rapidamente que ela parecia ser mais espaçosa que o normal — interessante — comentava se sentando no lugar que achasse devido próximo a janela. Passava a mão pelo estofado sentindo o tecido fino usado ali ”digno de nobres”.

Olhava pela janela aguardando seu amigo sentar, percebia como deveria ser para nobres e realeza olharem para as pessoas comuns que transitavam pelo portão da vila. O mais engraçado que Sypha notava era que nenhum mercador ou transeunte olhava de volta para a carruagem, talvez por medo ou receio de arranjar problemas com algum rico de pavio curto.

A garota se surpreendia ao ver que alguém já estava dentro do transporte os aguardando. ”Aquele item, a tecnologia sempre atrelada a gente rica. Eu quero esse poder” ponderaria vendo a quantidade de pessoas que trabalhavam para a Xuxa Stone. Após ser oferecida com água, a mesma recusaria na hora comentando:

— Não precisa não, uma boa amante de festas, como sou, sempre está preparada para beber — com um movimento sutil retirava um frasco de alumínio com um emblema de um trevo de 4 folhas da sua manga comprida esvoaçante. Abriria a tampa dando um gole do seu gim, sentia o calor crescendo em seu corpo uma vez que aquele líquido ardente atingisse seu estômago. A kunoichi se vira para seu parceiro falando — eu tenho gim, o que você trouxe com você, Simon?

Após a explicação dada por Marlene, Sypha se manteria quieta à espera de uma iniciativa de Simon, mas completaria caso visse que fosse necessário:

— Que tipo de ataques, alguém morreu nesses momentos? — pensava na palavra ‘poderzinhos’ que a moça dizia, soltaria uma leve gargalhada irônica ao se lembrar que a pouco tempo atrás Simon tinha dito não ter ninjutsus — da onde você pega essas informações, sugiro reconsiderar suas fontes.

Daria outro gole de seu gim, sentia que uma parte dele já teria acabado, precisaria tomar sua bebida com mais cautela caso pretendesse ficar alterada pelo máximo de tempo possível. Passaria a mão em seu cabelo arrumando sua franja, se ajeitaria na cadeira comentando — 36 horas bebendo e sem pausas para banheiro, isso sim é um desafio.

Considerações:

Sypha já perdia a conta de quantos goles havia tomado, por isso amava tanto aquele frasco de alumínio que sempre foi interminável. Sentia o álcool correr de seu estômago até sua cabeça que começava a bambear junto do movimento da carruagem, a missão perdia sua prioridade com o passar do tempo. Fechava seus olhos expandindo seus sentidos logo em seguida, queria saber se estavam sendo perseguidos ”vida tem chakra, há vida me seguindo?”

Uma sensação diferente corria da sua nuca a espinha, a jovem sabia de quem se tratava. Sorria sozinha com os lábios fechados, para as pessoas de fora ela podia parecer bêbada, mas era nesses momentos em que tinha o maior controle mental, pois estava com ele em sua companhia, podia sentir ele pelo seu corpo e ali se tornavam um e apenas um. ” Você tem estado tão distante ultimamente, Id. Eu fiz algo de errado, se fiz peço desculpa ” pensava deixando com que essas palavras mentais transbordassem em sua mente até chegar no lugar onde seu companheiro de vida se encontrava.

Abria os olhos novamente, não sabia quanto tempo havia ficado naquele transe interno que quebraria assim que sentisse qualquer chakra além daqueles que se encontram na carruagem. Olharia para Simon e Marlene, comentaria sobre a situação das nossas roupas:

— tentamos pedir dinheiro da vila para ficarmos mais apresentáveis, mas foi negado. Somos ninjas, não nobres, mas agora me fale de você Marlene. Onde você comprou essas roupas e esse equipamento aí apoiado nas suas orelhas? — apontaria para o microfone preso à cabeça da guia da viagem.

Considerações:

Assim que parava de expandir o de seu sentido para ver se tinha algum chakra suspeito nas suas redondezas, nada, a busca se mostrou infrutífera. Bufava apoiada na porta da carruagem, sentia uma textura diferente contra seu corpo e assim que passava a mão notava ainda mantendo a feição fria e distante. Pegava o seu adereço de cabeça de paquita o deixando de lado enquanto olhava para seu parceiro:

— Quem que escolheu essas roupas? — percebia no mesmo momento que Simon estava com uma vestimenta diferente também, algo que a levava a se questionar. ”Isso só pode ser um genjutsu, nunca que eu escolheria esse tipo de roupa" uma pressão corria de seu peito até sua nuca lhe dando calafrios que a centravam em seu corpo. Id falava que ela estava sob o controle do próprio corpo, ainda estava confusa de seu transe.

Marlene com aquela fantasia fazia com que Sypha soltasse um leve sorriso percebendo que estava em uma grande loucura, não havia nada melhor do que andar com ela e seguir em frente. Olhava pela janela da carruagem vendo um grande castelete ao fundo:

— e lá vamos nós.

A princípio Sypha ficava calma por ver que a maioria das pessoas que ali trabalhavam eram mulheres e crianças que brincavam sem tirar uma pausa sequer, via o suor de algumas crianças junto de respirações ofegantes. Enquanto passavam por eles, Sypha questionaria Marlene:

— Eles não param nunca, acho que estão bem cansados, não?

A resposta que aquilo se tratava de uma “gincana” já dava o tom que Sypha não conseguia identificar desde que havia entrado naquela carruagem. ”A Stone quer brincar assim, não me admira que ela está sendo atacada”.

A sala em X com a moça loira que se apresentava como a sr. Stone aparecia, enfim, a tão aclamada moça. Sypha olhava friamente para ela em busca de detalhes que entregassem traços de personalidade, gostos, desgostos e até mesmo a falta de qualquer um daqueles gatilhos. A kunoichi podia jurar enquanto ouvia a apresentação da mesma que aquilo tudo poderia ser apenas uma boa encenação, a menina sempre foi boa em ler os outros, mas para a sr. Stone tinha algo que a camuflava. Pela primeira vez ela sentia o desconhecido de fato, não sabia ao certo se havia algo ou alguém que pudesse acabar com sua vida ali. Uma energia corria seu corpo.

Ela se dirigia para sentar na sua cadeira, com as pernas dobradas ela buscava uma maneira de ainda proteger suas partes com aquele pedaço de roupa que tinha em seu corpo. Comentava despretensiosamente com Simon:

— Você sentiu também? — ela mostrava apenas para Simon sua mão tremendo levemente — já ouviu falar sobre esse chakra de cristal lunar, Simon?

A ninja terminava de ver a chuva de bolas de fogo e do ataque em si, rapidamente questionaria Xuxa — o que tem de especial nesse chakra, é por causa dele que está sendo atacada?

Uma explosão cortava sua linha de questionamento, assim que via o primeiro ser buscava por uma bomba de luz em sua bolsa ninja a jogando para o alto contando o seu tempo até a detonação. Pegaria a mão de Simon o puxando enquanto corria em direção a Xuxa a pegando com a outra mão livre. ”Dois… um…” a bomba de luz explodiria, Sypha espalharia seu chakra pela área da sala, cortinas carmesins muito vistas em teatros começaram a correr por toda a sala obstruindo a visão de todos ali, exceto Simon, Sypha e Xuxa.

Fazendo o mínimo de som e aproveitando do som do caos que ocorria a sua volta, Sypha fazia o sinal de silêncio para os dois. Com um movimento de mãos ela pediria para segui-los, procuraria por um caminho até uma das janelas onde tentaria buscar por uma saída sem lutas.

Acompanharia Simon caso ele fizesse algo contrário a seu plano.

Considerações: