Às vezes, eu tinha que me lembrar do motivo pelo qual tinha me tornado um shinobi. Me lembrar que existia pessoas para salvar;  pessoas para encontrar. Nessa tarde em específico, eu estava completamente focada nessas reflexões, pois, se eu focasse na minha missão, certamente, iria querer desistir daquela vida. Afinal, ninguém sai da academia ninja com o sonho de encontrar objetos perdidos de uma criança irresponsável, mas ali estava eu.

A criança, no caso, havia perdido um colar, herança de sua família — podre de rica, diga-se de passagem — e, em vez de fazerem como qualquer outra pessoa normal e procurarem por si só, haviam contratado a vila para procurar por eles. E, obviamente, esse tipo de missão caía nas mãos de ninjas como eu. Sinceramente, cada dia que passava eu treinava ainda mais, apenas para me tornar apta à realizar o Chunnin Shiken e começar a fazer missões de verdade — com espionagem, porrada e tudo mais.

Enquanto a prova não acontecia, infelizmente, eu tinha que procurar a porcaria daquele colar. Fiz que a criança me levasse em todos os pontos da cidade no qual ele tinha passado quando em posse do colar, procurando por cada maldito canto. Nos jardins, meio-fio das ruas. No fim, tive que mergulhar em um pequeno lago, onde vimos um sutil brilho, qual poderia ser o colar — e não era. Passei uma tarde inteira, naquela para, no fim, a família da criança retirar o pedido de missão, alegando que o item que haviam perdido foi encontrado — dentro das vestes sujas da criança, que estavam até então na lavanderia.

Ao menos tiveram a decência de manter o pagamento, que recebi assim que terminei de reportar o acontecido naquela tarde.