Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.
Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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[Gaiden] - Um lugar para retornar - Postado Qui Mar 03, 2022 8:55 pm
[Gaiden] - Um lugar para retornar
StatsHP: 1000/1000CH: 1000/1000ST: 00/12SM: 260/260EN: 0/150
De dentro da sua confortável casa, em um ambiente agradável, brilhante e rico em detalhes, Kimi tocava uma bela melodia por meio de um grande piano de coloração predominantemente preta e branca. Seus dedos deslizam entre as teclas, pressionando e soltando suavemente cada uma delas, de forma ritmada e precisa, semelhante uma verdadeira pianista profissional. Com meu olfato apurado, conseguia sentir todo o cheiro de dentro da sala, cada detalhe, cada perfume e aroma refinado.
Do lado de fora, na noite fria e escura, uma intensa chuva castigava o solo com gotas grossas que incomodavam a pele como se agulhas estivessem caindo. Eu me encontrava ali, parado, na varanda obscurecida embaixo da chuva e escutando a melodia. As gotas eram geladas e escorriam pelo meu corpo que lutava para se manter aquecido, apesar disso, meus pés pareciam não conseguir se mover nem querer sair dali.
Minutos e mais minutos se passam e eu permaneço parado, em completo silêncio, encharcando-me com a água, como se quisesse me limpar dos meus pecados e da minha culpa, com um olhar frio e expressão meio abatida. A música adentrava meus ouvidos e parecia perfurar minha mente, tocando nos meus mais profundos pensamentos e emoções, despertando memórias involuntariamente.
O som do piano é interrompido, com a música sendo finalizada com perfeição e um longo suspiro é feito pela garota, seguido por sons de passos constante. Engulo seco e encontro coragem no meu interior, entrando ali por fora e dando de cara com ela. Como consequência, a moça emite um alto grito de susto ao ver uma figura soturna entrando sinistramente, executando alguns passos rápidos para trás e procurando algum objeto para se defender.
- SAIA DAQUI! – Kimi esbraveja assustada - Q-QUEM É VOC- - Sua voz abaixa e postura relaxa gradualmente quando ela iria perguntar, pois a mesma percebeu quem era o indivíduo que se encontrava a sua frente - Hã...? Fuyuki...? O que faz aqui?... – A mulher suspira pondo a mão no peito aliviada, estando um pouco ofegante pelo susto e pondo o abajur que havia pego de volta no devido lugar - O que você está pensando?! Achei que fosse morrer agora! – Kimi reclama com uma expressão raivosa substituindo a assustada de antes - Não é educado entrar pela janela, existe algo chamado porta, não faça mais isso! - Demanda cruzando os braços, porém, não respondo nada, deixando apenas o som minha respiração pesada preencher a sala e o chão sendo levemente molhado por conta das gotículas de chuva que caiam de mim.
- A SENHORITA ESTÁ BEM?! - Inesperadamente, uma voz grave questiona preocupada do lado de fora, provavelmente um segurança ou funcionário do local que veio ajudar, batendo na porta dezenas de vezes em um curto intervalo de tempo.
- S-Sim! Foi só um pequeno susto... Não se preocupe está tudo sobre controle aqui – Ela diz para acalmar o homem, escondendo o tom furioso com maestria para simular uma normalidade e após algumas tentativas, usufruindo de uma boa persuasão que detinha. A tática funciona e a situação se acalma do lado de fora.
- Voltando ao assunto... Porque entrou por aqui? Não era mais fácil ter me solicitado como sempre? - Kimi coça os olhos e boceja, meio confusa, mas parecendo bem mais calma, talvez por conta da quebra de clima por terceiros. Ela tentava entender o que diabos eu fiz ali e o porquê, todavia minha expressão fria e impassível não mudava – Hmm... O que veio ver... Quer conversar novamente? Tomar um vinho? Está meio tarde, mas pode ficar sempre aqui se quiser, nunca recusaria – A moça faz perguntas que pareciam não acabar, se dedicando em deduzir o que vim fazer e fingia que nada tinha acontecido por algum motivo, mesmo desconfiada com meu comportamento, pareceu que comigo ali, seu semblante ficou melhor.
Já eu, pateticamente encaro o chão, respirando fundo e apertando minha mão, lembrando dos acontecimentos anteriores, do suicídio de Hana, da morte no gabinete de Hanako e todas as outras mortes que ocorreram na minha vida, sempre atribuindo a culpa a mim. Sentimentos ruins e uma carga sombria me rondavam e tentavam me esmagar, já não suportava mais aquilo acontecendo.
- Você está bem...? O que está acontecendo? - Kimi questiona, começando a demonstrar preocupação comigo após finalmente se dar conta que não era uma situação convencional, resultando em uma aproximação lenta que ela executa até mim.
- Não vou poder te ver durante um tempo indeterminado e preciso que você fique longe de mim - Falo de forma curta e grossa, sem esboçar nenhuma expressão e sem olhar para os olhos dela.
- D-Do que está falando? – Ela não entende o que eu estou falando ou nem deve ter levado a sério, entretanto eu devia deixar claro para não correr riscos.
- Finja que eu não existo e eu farei o mesmo, quando for possível, eu volto... É apenas isso – Minha voz é fria e seca, só precisava dizer isso. Não podia demonstrar nada, pois seria ainda mais difícil e causaria mais problema. Eu necessitava de ser o velho Fuyuki, aquele cujo único objetivo era proteger e nada mais além disso, todo resto era fútil.
- O que? Mas que droga é essa?! Se explique de uma vez Fuyuki! - A moça começa a me pressionar para revelar mais.
- Tsc... Eu sou um perigo para aqueles a minha volta... Principalmente para você, já que é a única delas que não tem treinamento shinobi... É melhor ficarmos longe um do outro – Mais uma vez pronuncio sem demostrar emoção, de forma rude para afasta-la de mim propositalmente.
- Porque...? Porque está dizendo essas coisas? - Kimi parece um pouco em choque com minhas palavras, parando a aproximação - O que aconteceu com você? Você nunca diria isso... Não para mim... - Indaga, ainda desacreditada. Não podia olhar para seu rosto, se fizesse tal ação, vendo suas expressões, não teria forças para fazer o que deveria ser feito, não conseguiria me afastar.
- Kumo está em guerra - Falo isoladamente. No momento, acabo deixando sair mais dos meus sentimentos, apenas em escutar a voz de Kimi, já era o suficiente para me abalar - Eu não consigo proteger ninguém, meus amigos, companheiros, fui um vexame em tudo, seja política ou militar, todos com quem interajo passam por riscos... Eu não consegui nem mesmo proteger Emi... Se eu tivesse prestado mais atenção naquela noite... Se eu fosse mais forte... Me perdoe – Falo, dessa vez, com um tom de frustração e tristeza na voz, pressionando tão forte meu punho que a unha dos meus dedos começa a perfurar parcialmente minha pele, ao lembrar das mortes causadas, revivendo dolorosamente cada ela como se tivesse acontecendo de novo dentro da minha cabeça, como um inferno interno criado por mim mesmo. Quando termino minha pequena "explicação", a dama se enfurece, tencionando seus músculos e desferindo um tapa de mão aberta no meu rosto, causando um som alto de estalo e uma ardência na minha bochecha.
- CALA A BOCA! PARE DE SE CULPAR POR TUDO! – Protesta de forma que nunca havia visto antes, uma expressão de fúria que jamais pensei que veria em seu rosto – Por que você é assim?! - Aponta para mim - Está sempre querendo carregar tudo nas costas como se fosse um super-humano... Você é tão egocêntrico assim para achar que tudo gira em tudo de você? Que todos depende de você? E mesmo assim, nunca pede ajuda para nada, acha que consegue resolver tudo sozinho... E de repente chega na minha casa, me trata como uma desconhecida qualquer com essa cara de peixe morto sendo um completo idiota... Eu odeio isso em você... Que irritante - Kimi me repreende, suas palavras me furam como espadas afiadas, fazendo-me perceber mais e mais defeitos meus. Naquela altura, eu já presumia que ela me odiava enquanto meu coração era despedaçado aos poucos, a única consolação que eu tinha, era que longe de mim, iria ficar segura, eu tinha que me conformar assim, o caminho da solidão, as vezes é o melhor para proteger os outros, talvez dessa forma, ninguém morra por minha culpa. Porém, sua voz começa a ficar mais e mais melancólica, com o corpo trêmulo e a voz mais fraca e baixa. No final, algumas lágrimas pingam no chão, e consigo presumir que a jovem começou a chorar, resultando em um estado de espírito negativo, sendo a fúria, apenas a porta de entrada para a tristeza.
- A culpa da morte de Emi nunca foi sua... É minha... Por minhas escolhas errôneas... Por minha inexperiência na época... - A dor era perceptível em sua voz, uma tristeza sem fim - Já você? Quantas vidas já salvou? Por quanta coisa já passou e continua seguindo em frente, se tornou líder da vila, um ninja respeitado por todos... Eu escuto histórias sobre você, assim como seus feitos a todo momento, o grande e admirável "relâmpago celestial"... - Seus olhos cheios de lágrimas se voltam aos meus - Então... Não diga essas coisas sobre si mesmo, você não é covarde, nem fraco, mas sim a pessoa mais valente que conheço, disposto a arriscar sua vida pelos outros, sempre com um olhar profundo e determinado... Além do mais... Eu sou eternamente grata a você, pois se não tivesse lá... Eu não estaria aqui... - Kimi diz, colocando sua mão direita no meu rosto gentilmente sem se importar se eu estava encharcado e nesse movimento, consigo olhar diretamente seus olhos púrpuras. Suas palavras antes carregadas de raiva, se tornaram melancólicas e tristes, proferindo até a morte sua irmã que nem conseguia falar por conta da dor, ainda assim, Kimi tentou me animar, citou minhas qualidades e defeitos, falou de mim e da minha importância de forma que eu não conseguia me enxergar estando mergulhado em tanto sofrimento e pressão, de um modo que nenhum outro havia feito antes.
- É por isso que todos contam comigo... Eu tenho que ser forte, devo ser o muro que proteger a vila e o exemplo para meus ninjas... Mas não consigo proteger nem aqueles mais próximos... Eu... Só não quero que você morra ou se machuque por ficar minha causa... Não quero te perder igual aos outros que perdi, eu não suporto mais ver meus entes queridos morrendo... - A maior parte da minha estrutura já tinha sido quebrada àquela altura, ela já conseguia ver o estado patético e frágil que eu estava por dentro, alguém desamparado e perdido, se apoiando apenas em ideais e convicções para se manter em pé e seguir em frente. Todavia, Kimi me olha diretamente, não me julgando, mas se compadecendo.
- Não coloque o peso do mundo nas suas costas ou será esmagado... Você não pode se negligenciar e sofrer em silêncio... Por mais firme que uma muralha seja... Até mesmo pequenas rachaduras em sua base podem derruba-la por completo - Ela aconselha, acariciando minha bochecha com o dedão. Logo, coloco a minha mão, por cima da dela vagarosamente, pressionando mais contra meu rosto para sentir mais e mais seu calor - Vai ficar tudo bem... Fuyuki... Eu não vou te abandonar... Irei estar sempre aqui para quando precisar, para dividir o peso... Para te ouvir... Para sorrir com você... Para chorar com você... Para brigar com você... Para compartilhar histórias... Para se divertir... Para se entediar... Ser o remendo da sua muralha... - Kimi pronuncia estas belas palavras que penetram meu ouvido semelhante uma suave e confortável melodia. O coração que antes fora destruindo com raiva, ódio, tristeza e aos poucos desmoronava cada vez mais, estava sendo remendado com gentileza e compaixão.
- Me perdoe... E Obrigado... - Agradeço-a em tom baixo pelas palavras, tanto de repúdio quanto de apoio. Elas me tiraram de um poço cercado de escuridão, se tornaram uma nova luz, uma nova esperança para mim. No entanto, nem havia percebido e no meu rosto, em um período improvável, ao escutar suas palavras reconfortantes, acabo fazendo um sorriso pequeno, mas genuíno sem nem mesmo perceber.
Seus olhos eram tão brilhantes e pareciam conectar a alma. Uma chama parece acender dentro meu peito, uma sensação de esperança, de segurança, a culpa saia das minhas costas aos poucos. Alguns poucos minutos de silêncio prosseguem, apenas com troca de olhares e uma quase imperceptível aproximação de rostos, como se algo muito forte nos atraísse.
Em um impulso, de um momento para o outro, nossos olhos se fecham e nossos lábios se tocam de uma forma gentil e lenta, mas transmitia uma intensidade e um sentimento muito forte. Haviam tantas emoções carregadas dentro de nós dois, que destruíam e consumiam nossas almas, mas de repente, desapareceram, substituído pelo prazer e desejo de ficarmos perto do outro. Era um beijo tímido e desajeitado, típico de primeira vez, porém aquilo não importava para nenhum de nós.
Estava acontecendo o que eu tinha mais medo, pois com isso, minhas emoções começaram a interromper a lógica, naquele momento, eu só queria ficar perto dela, uma ideia completamente contrária do que vim fazer. Pois, sentia como se ali fosse meu porto seguro em uma tempestade na minha vida. Kimi virou uma preciosa corda que eu agarro com toda minha força para não cai no total desespero.
Nos afastamos lentamente, mas o desejo surgia em meu peito. Era aquele sentimento doce e ardente que voltava em peso, aquela que não sentia durante dois anos e que teve um fim trágico.
- Eu entendo seus motivos... Você tem uma guerra para lutar e uma vila inteira para proteger... Não precisa de possíveis reféns... - A jovem dama me entende e concorda com meu posicionamento, mesmo parecendo apreensiva - Então... Retorne com essa guerra vencida meu Raikage, não aceito outro resultado - Kimi impõe uma condição, junto de um tímido sorriso no rosto, mas eu já iria cumpri-la com toda certeza.
- Eu juro... Estarei longe, mas estarei te protegendo... Voltarei para ficar com você quando possível... Fique segura Kimi... - Devolvo o tímido sorriso e uso minha mão para enxugar as últimas lágrimas que ainda retinham em seu lindo rosto, deslizando meus dedos lentamente por ele. Finalizamos com um longo abraço caloroso, como se fosse o nosso último. Não queria solta-la nunca, queria continuar com ela entre meus braços, a protegendo e sendo protegido. Mas toda vez que penso nisso, as lembranças de Hana e sua morte por minha teimosia em me manter próximo a levaram a morte e não queria repetir o mesmo erro fatal.
- Aguardo ansiosamente sua volta - A fujii se despede, com uma nobre reverência.
Saio pela janela, sentindo as gotas de chuva gelada me atingirem novamente. Pulo entre os prédios no meio da noite com o shunshin no jutsu, não queria que alguem me visse.
Paro no topo de uma grande construção e me sento ali, com as costas apoiada em uma das caixas. A chuva cessava aos poucos, restando chuviscos. Tiro minha espada das costas, aquela que tinha sido de meu pai. No metal da lâmina podia ver o reflexo do meu rosto. Penso no que aconteceu na mansão, aquilo me deixou verdadeiramente feliz, ter aquela paixão incandescente de volta, um lugar seguro onde pensam em mim e poderia retornar, porém, o medo e a culpa me atormentam, gerando dois lados dentro de mim.
"Será que estou fazendo o certo?" - Me questiono, pondo a mão direita na cabeça, mas então, balanço a cabeça e guardo a espada novamente, lembrando das palavras do Rokudaime Raikage para mim, como pude as esquecer?
- Acima de tudo garoto, nunca deixe a dúvida encontrar espaço em você. Ela é o pior dos inimigos - Repito-as em voz alta para não as esquecer, pondo-me de pé, como um guerreiro, encarando a lua.
Pois se eu continuar duvidando de mim mesmo como eu estava fazendo antes, a derrota é o único resultado lógico, então, irei continuar seguindo em frente... Irei lutar... Irei proteger Kimi... Irei proteger a todos.
Do lado de fora, na noite fria e escura, uma intensa chuva castigava o solo com gotas grossas que incomodavam a pele como se agulhas estivessem caindo. Eu me encontrava ali, parado, na varanda obscurecida embaixo da chuva e escutando a melodia. As gotas eram geladas e escorriam pelo meu corpo que lutava para se manter aquecido, apesar disso, meus pés pareciam não conseguir se mover nem querer sair dali.
Minutos e mais minutos se passam e eu permaneço parado, em completo silêncio, encharcando-me com a água, como se quisesse me limpar dos meus pecados e da minha culpa, com um olhar frio e expressão meio abatida. A música adentrava meus ouvidos e parecia perfurar minha mente, tocando nos meus mais profundos pensamentos e emoções, despertando memórias involuntariamente.
O som do piano é interrompido, com a música sendo finalizada com perfeição e um longo suspiro é feito pela garota, seguido por sons de passos constante. Engulo seco e encontro coragem no meu interior, entrando ali por fora e dando de cara com ela. Como consequência, a moça emite um alto grito de susto ao ver uma figura soturna entrando sinistramente, executando alguns passos rápidos para trás e procurando algum objeto para se defender.
- SAIA DAQUI! – Kimi esbraveja assustada - Q-QUEM É VOC- - Sua voz abaixa e postura relaxa gradualmente quando ela iria perguntar, pois a mesma percebeu quem era o indivíduo que se encontrava a sua frente - Hã...? Fuyuki...? O que faz aqui?... – A mulher suspira pondo a mão no peito aliviada, estando um pouco ofegante pelo susto e pondo o abajur que havia pego de volta no devido lugar - O que você está pensando?! Achei que fosse morrer agora! – Kimi reclama com uma expressão raivosa substituindo a assustada de antes - Não é educado entrar pela janela, existe algo chamado porta, não faça mais isso! - Demanda cruzando os braços, porém, não respondo nada, deixando apenas o som minha respiração pesada preencher a sala e o chão sendo levemente molhado por conta das gotículas de chuva que caiam de mim.
- A SENHORITA ESTÁ BEM?! - Inesperadamente, uma voz grave questiona preocupada do lado de fora, provavelmente um segurança ou funcionário do local que veio ajudar, batendo na porta dezenas de vezes em um curto intervalo de tempo.
- S-Sim! Foi só um pequeno susto... Não se preocupe está tudo sobre controle aqui – Ela diz para acalmar o homem, escondendo o tom furioso com maestria para simular uma normalidade e após algumas tentativas, usufruindo de uma boa persuasão que detinha. A tática funciona e a situação se acalma do lado de fora.
- Voltando ao assunto... Porque entrou por aqui? Não era mais fácil ter me solicitado como sempre? - Kimi coça os olhos e boceja, meio confusa, mas parecendo bem mais calma, talvez por conta da quebra de clima por terceiros. Ela tentava entender o que diabos eu fiz ali e o porquê, todavia minha expressão fria e impassível não mudava – Hmm... O que veio ver... Quer conversar novamente? Tomar um vinho? Está meio tarde, mas pode ficar sempre aqui se quiser, nunca recusaria – A moça faz perguntas que pareciam não acabar, se dedicando em deduzir o que vim fazer e fingia que nada tinha acontecido por algum motivo, mesmo desconfiada com meu comportamento, pareceu que comigo ali, seu semblante ficou melhor.
Já eu, pateticamente encaro o chão, respirando fundo e apertando minha mão, lembrando dos acontecimentos anteriores, do suicídio de Hana, da morte no gabinete de Hanako e todas as outras mortes que ocorreram na minha vida, sempre atribuindo a culpa a mim. Sentimentos ruins e uma carga sombria me rondavam e tentavam me esmagar, já não suportava mais aquilo acontecendo.
- Você está bem...? O que está acontecendo? - Kimi questiona, começando a demonstrar preocupação comigo após finalmente se dar conta que não era uma situação convencional, resultando em uma aproximação lenta que ela executa até mim.
- Não vou poder te ver durante um tempo indeterminado e preciso que você fique longe de mim - Falo de forma curta e grossa, sem esboçar nenhuma expressão e sem olhar para os olhos dela.
- D-Do que está falando? – Ela não entende o que eu estou falando ou nem deve ter levado a sério, entretanto eu devia deixar claro para não correr riscos.
- Finja que eu não existo e eu farei o mesmo, quando for possível, eu volto... É apenas isso – Minha voz é fria e seca, só precisava dizer isso. Não podia demonstrar nada, pois seria ainda mais difícil e causaria mais problema. Eu necessitava de ser o velho Fuyuki, aquele cujo único objetivo era proteger e nada mais além disso, todo resto era fútil.
- O que? Mas que droga é essa?! Se explique de uma vez Fuyuki! - A moça começa a me pressionar para revelar mais.
- Tsc... Eu sou um perigo para aqueles a minha volta... Principalmente para você, já que é a única delas que não tem treinamento shinobi... É melhor ficarmos longe um do outro – Mais uma vez pronuncio sem demostrar emoção, de forma rude para afasta-la de mim propositalmente.
- Porque...? Porque está dizendo essas coisas? - Kimi parece um pouco em choque com minhas palavras, parando a aproximação - O que aconteceu com você? Você nunca diria isso... Não para mim... - Indaga, ainda desacreditada. Não podia olhar para seu rosto, se fizesse tal ação, vendo suas expressões, não teria forças para fazer o que deveria ser feito, não conseguiria me afastar.
- Kumo está em guerra - Falo isoladamente. No momento, acabo deixando sair mais dos meus sentimentos, apenas em escutar a voz de Kimi, já era o suficiente para me abalar - Eu não consigo proteger ninguém, meus amigos, companheiros, fui um vexame em tudo, seja política ou militar, todos com quem interajo passam por riscos... Eu não consegui nem mesmo proteger Emi... Se eu tivesse prestado mais atenção naquela noite... Se eu fosse mais forte... Me perdoe – Falo, dessa vez, com um tom de frustração e tristeza na voz, pressionando tão forte meu punho que a unha dos meus dedos começa a perfurar parcialmente minha pele, ao lembrar das mortes causadas, revivendo dolorosamente cada ela como se tivesse acontecendo de novo dentro da minha cabeça, como um inferno interno criado por mim mesmo. Quando termino minha pequena "explicação", a dama se enfurece, tencionando seus músculos e desferindo um tapa de mão aberta no meu rosto, causando um som alto de estalo e uma ardência na minha bochecha.
- CALA A BOCA! PARE DE SE CULPAR POR TUDO! – Protesta de forma que nunca havia visto antes, uma expressão de fúria que jamais pensei que veria em seu rosto – Por que você é assim?! - Aponta para mim - Está sempre querendo carregar tudo nas costas como se fosse um super-humano... Você é tão egocêntrico assim para achar que tudo gira em tudo de você? Que todos depende de você? E mesmo assim, nunca pede ajuda para nada, acha que consegue resolver tudo sozinho... E de repente chega na minha casa, me trata como uma desconhecida qualquer com essa cara de peixe morto sendo um completo idiota... Eu odeio isso em você... Que irritante - Kimi me repreende, suas palavras me furam como espadas afiadas, fazendo-me perceber mais e mais defeitos meus. Naquela altura, eu já presumia que ela me odiava enquanto meu coração era despedaçado aos poucos, a única consolação que eu tinha, era que longe de mim, iria ficar segura, eu tinha que me conformar assim, o caminho da solidão, as vezes é o melhor para proteger os outros, talvez dessa forma, ninguém morra por minha culpa. Porém, sua voz começa a ficar mais e mais melancólica, com o corpo trêmulo e a voz mais fraca e baixa. No final, algumas lágrimas pingam no chão, e consigo presumir que a jovem começou a chorar, resultando em um estado de espírito negativo, sendo a fúria, apenas a porta de entrada para a tristeza.
- A culpa da morte de Emi nunca foi sua... É minha... Por minhas escolhas errôneas... Por minha inexperiência na época... - A dor era perceptível em sua voz, uma tristeza sem fim - Já você? Quantas vidas já salvou? Por quanta coisa já passou e continua seguindo em frente, se tornou líder da vila, um ninja respeitado por todos... Eu escuto histórias sobre você, assim como seus feitos a todo momento, o grande e admirável "relâmpago celestial"... - Seus olhos cheios de lágrimas se voltam aos meus - Então... Não diga essas coisas sobre si mesmo, você não é covarde, nem fraco, mas sim a pessoa mais valente que conheço, disposto a arriscar sua vida pelos outros, sempre com um olhar profundo e determinado... Além do mais... Eu sou eternamente grata a você, pois se não tivesse lá... Eu não estaria aqui... - Kimi diz, colocando sua mão direita no meu rosto gentilmente sem se importar se eu estava encharcado e nesse movimento, consigo olhar diretamente seus olhos púrpuras. Suas palavras antes carregadas de raiva, se tornaram melancólicas e tristes, proferindo até a morte sua irmã que nem conseguia falar por conta da dor, ainda assim, Kimi tentou me animar, citou minhas qualidades e defeitos, falou de mim e da minha importância de forma que eu não conseguia me enxergar estando mergulhado em tanto sofrimento e pressão, de um modo que nenhum outro havia feito antes.
- É por isso que todos contam comigo... Eu tenho que ser forte, devo ser o muro que proteger a vila e o exemplo para meus ninjas... Mas não consigo proteger nem aqueles mais próximos... Eu... Só não quero que você morra ou se machuque por ficar minha causa... Não quero te perder igual aos outros que perdi, eu não suporto mais ver meus entes queridos morrendo... - A maior parte da minha estrutura já tinha sido quebrada àquela altura, ela já conseguia ver o estado patético e frágil que eu estava por dentro, alguém desamparado e perdido, se apoiando apenas em ideais e convicções para se manter em pé e seguir em frente. Todavia, Kimi me olha diretamente, não me julgando, mas se compadecendo.
- Não coloque o peso do mundo nas suas costas ou será esmagado... Você não pode se negligenciar e sofrer em silêncio... Por mais firme que uma muralha seja... Até mesmo pequenas rachaduras em sua base podem derruba-la por completo - Ela aconselha, acariciando minha bochecha com o dedão. Logo, coloco a minha mão, por cima da dela vagarosamente, pressionando mais contra meu rosto para sentir mais e mais seu calor - Vai ficar tudo bem... Fuyuki... Eu não vou te abandonar... Irei estar sempre aqui para quando precisar, para dividir o peso... Para te ouvir... Para sorrir com você... Para chorar com você... Para brigar com você... Para compartilhar histórias... Para se divertir... Para se entediar... Ser o remendo da sua muralha... - Kimi pronuncia estas belas palavras que penetram meu ouvido semelhante uma suave e confortável melodia. O coração que antes fora destruindo com raiva, ódio, tristeza e aos poucos desmoronava cada vez mais, estava sendo remendado com gentileza e compaixão.
- Me perdoe... E Obrigado... - Agradeço-a em tom baixo pelas palavras, tanto de repúdio quanto de apoio. Elas me tiraram de um poço cercado de escuridão, se tornaram uma nova luz, uma nova esperança para mim. No entanto, nem havia percebido e no meu rosto, em um período improvável, ao escutar suas palavras reconfortantes, acabo fazendo um sorriso pequeno, mas genuíno sem nem mesmo perceber.
Seus olhos eram tão brilhantes e pareciam conectar a alma. Uma chama parece acender dentro meu peito, uma sensação de esperança, de segurança, a culpa saia das minhas costas aos poucos. Alguns poucos minutos de silêncio prosseguem, apenas com troca de olhares e uma quase imperceptível aproximação de rostos, como se algo muito forte nos atraísse.
Em um impulso, de um momento para o outro, nossos olhos se fecham e nossos lábios se tocam de uma forma gentil e lenta, mas transmitia uma intensidade e um sentimento muito forte. Haviam tantas emoções carregadas dentro de nós dois, que destruíam e consumiam nossas almas, mas de repente, desapareceram, substituído pelo prazer e desejo de ficarmos perto do outro. Era um beijo tímido e desajeitado, típico de primeira vez, porém aquilo não importava para nenhum de nós.
Estava acontecendo o que eu tinha mais medo, pois com isso, minhas emoções começaram a interromper a lógica, naquele momento, eu só queria ficar perto dela, uma ideia completamente contrária do que vim fazer. Pois, sentia como se ali fosse meu porto seguro em uma tempestade na minha vida. Kimi virou uma preciosa corda que eu agarro com toda minha força para não cai no total desespero.
Nos afastamos lentamente, mas o desejo surgia em meu peito. Era aquele sentimento doce e ardente que voltava em peso, aquela que não sentia durante dois anos e que teve um fim trágico.
- Eu entendo seus motivos... Você tem uma guerra para lutar e uma vila inteira para proteger... Não precisa de possíveis reféns... - A jovem dama me entende e concorda com meu posicionamento, mesmo parecendo apreensiva - Então... Retorne com essa guerra vencida meu Raikage, não aceito outro resultado - Kimi impõe uma condição, junto de um tímido sorriso no rosto, mas eu já iria cumpri-la com toda certeza.
- Eu juro... Estarei longe, mas estarei te protegendo... Voltarei para ficar com você quando possível... Fique segura Kimi... - Devolvo o tímido sorriso e uso minha mão para enxugar as últimas lágrimas que ainda retinham em seu lindo rosto, deslizando meus dedos lentamente por ele. Finalizamos com um longo abraço caloroso, como se fosse o nosso último. Não queria solta-la nunca, queria continuar com ela entre meus braços, a protegendo e sendo protegido. Mas toda vez que penso nisso, as lembranças de Hana e sua morte por minha teimosia em me manter próximo a levaram a morte e não queria repetir o mesmo erro fatal.
- Aguardo ansiosamente sua volta - A fujii se despede, com uma nobre reverência.
Saio pela janela, sentindo as gotas de chuva gelada me atingirem novamente. Pulo entre os prédios no meio da noite com o shunshin no jutsu, não queria que alguem me visse.
Paro no topo de uma grande construção e me sento ali, com as costas apoiada em uma das caixas. A chuva cessava aos poucos, restando chuviscos. Tiro minha espada das costas, aquela que tinha sido de meu pai. No metal da lâmina podia ver o reflexo do meu rosto. Penso no que aconteceu na mansão, aquilo me deixou verdadeiramente feliz, ter aquela paixão incandescente de volta, um lugar seguro onde pensam em mim e poderia retornar, porém, o medo e a culpa me atormentam, gerando dois lados dentro de mim.
"Será que estou fazendo o certo?" - Me questiono, pondo a mão direita na cabeça, mas então, balanço a cabeça e guardo a espada novamente, lembrando das palavras do Rokudaime Raikage para mim, como pude as esquecer?
- Acima de tudo garoto, nunca deixe a dúvida encontrar espaço em você. Ela é o pior dos inimigos - Repito-as em voz alta para não as esquecer, pondo-me de pé, como um guerreiro, encarando a lua.
Pois se eu continuar duvidando de mim mesmo como eu estava fazendo antes, a derrota é o único resultado lógico, então, irei continuar seguindo em frente... Irei lutar... Irei proteger Kimi... Irei proteger a todos.
- Considerações:
Palavras: 2608
Ficha e M.F: No Perfil
Considerações:
- Aparencia de Kimi:
Roupas & Aparência (Fuyuki):
- Camisa de manga longa preta
- Calça preta
- Botas escuras
- Bandana pendurada no pescoço
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Naga
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Re: [Gaiden] - Um lugar para retornar - Postado Sex Mar 04, 2022 9:29 am
Aprovado!