Desde o encontro com seu pai, se Kaginimaru antes praticava treinos dignos de serem efetuados por cem pessoas em conjunto, atualmente este número havia sido multiplicado por mais cem vezes. Seus limites não mais respeitavam a exaustão de seu corpo, agora, ele permanecia praticando até de fato não conseguir mais permanecer em pé no final do dia. Claro, para que isto acontecesse, era necessário acordar bem cedo — não era um problema, pois possuía pleno conhecimento de que uma boa noite de sono era tão importante quanto o treinamento em si, portanto cuidava desta prática tanto quanto. Estava dando mais uma dentre as diversas voltas matinais pelo vilarejo quando notou ações suspeitas; guardas deixavam seus postos e iam em direção à fora do vilarejo. Era algo inaceitável e perigoso, não precisava ser nenhum tipo de gênio para se ter noção disso. — Onde eles estão indo? — Se perguntava enquanto que imediatamente passava a correr na direção deles, à 20 m/s. Não estava muito distante, portanto antes mesmo que pudessem sumir em meio todas as enormes pedras do Pais, ambos os guardas eram interceptados pelo garoto.

Internamente conhecido por ter uma grande incapacidade de controlar as emoções e ser eleito pelo próprio Tsuchikage como o atual melhor usuário de Taijutsu de todo o vilarejo, seria um susto para qualquer morador ou Shinobi de baixo escalão — Como era o caso dos atuais guardiões, ser surpreendido por aquela montanha de músculos suados. As pequenas cicatrizes que possuía ao longo de todo o corpo devido aos mais variados motivos; algumas adquiridas em combates, outras em treinamentos e algumas até mesmo pela fúria de Pandora dava ainda mais ênfase de como poderiam estar encrencados se pensassem em por qualquer razão que fossem ser atacados por aquele Homem — muito embora sua idade ainda fosse relativamente baixa.

Considerações:

Segurava ambos os colegas pelos ombros, travando vossos movimentos de imediato. — Que ideia é essa de deixarem seus postos nos portões da vila antes do turno acabar?! Ficaram loucos? — Questionava em tom extremamente sério, alto e preocupado, pois diante de todos os problemas que a vila passava, deslizes como estes eram inaceitáveis. Alguns anos atrás, inclusive, pisar fora da vila representava o risco de ser assassinado por desconhecidos — era algo que havia cessado, mas o trauma quanto a segurança de seus próprios companheiros ainda permanecia. Enquanto e após sua fala, Kagi olhava ao horizonte e tentava verificar se existiria algo plausível para as estranhas atitudes daqueles dois. Talvez teriam visto algum animal faminto e haviam decidido ajudar? Podia ser uma suspeita, mas nada chamava sua atenção. — Aquela moça... estava precisando de ajuda... — Um dos homens balbuciava. Ele não precisava falar mais nada.

Kaginimaru enviou-os de volta para o vilarejo e se prontificou a cuidar do caso. Os rapazes se revoltaram um pouco, pois queriam de verdade cumprir com seus desejos, mas a situação acabou permanecendo apenas no interior, não vindo à tona diante da ordem. Livre da presença de êmulos, o garoto passou então a procurar em meio as redondezas algo que batesse com a descrição que lhe fora repassada.

Considerações:

No pico da maior pedra da região, uma silhueta era iluminada pelo forte brilho do sol daquele horário. A tentativa de olhar diretamente fazia com que os olhos do garoto ardessem diante da estrela mor que irradiava seus raios solares para toda a região. Nem mesmo cobrindo a parte superior de sua face se tornava possível enxergar com clareza, a distração dentre as diversas tentativa de encará-la dava tempo suficiente para que a perdesse de vista sem antes mesmo confirmar a veracidade de sua presença. Como as coisas estavam caminhando, aquilo poderia muito bem ser uma miragem fruto do clima quente de verão excessivo de Iwagakure em conjunto com o cansaço que seu corpo possuía acumulado. Embora fosse esta a alternativa mais sensata de se crer, Kaginimaru jamais se conformaria que seus olhos estavam o enganando. Seu corpo nunca havia o traído, mesmo quando ia além dos limites, ele nunca era enganado. Uma junção de corpo e espírito em plena harmonia, algo extremamente único para seres humanos.

Por incrível que pareça, sua crença era confirmada; sentia um ardor de presas invadindo sua escapula direita e incendiando todo o seu corpo. Recuava para frente de imediato, virando-se e buscando entender o que havia acontecido e tinha uma grande surpresa.

Considerações:

Vestindo uma capa com capuz e portando uma máscara em seu rosto que havia sido retirada apenas para mordê-lo e em seguida fora colocada de volta antes mesmo que seu rosto pudesse ter sido identificado, a silhueta finalmente acabou sendo identificada. Não podia concluir nada além de que se tratava de uma mulher devido ao fato de seu busto avantajado. Embora sentisse seu corpo queimar cada vez mais, a ponto de rapidamente sequer permanecer em pé, seus olhos ficavam estacionados ali. — Quem... é... V-você... — Tentava questionar, mas caía inconsciente ao término da pequena frase balbuciada. A dor que seu corpo sentia era tão imensa que, mesmo "desligado", o garoto sentia a dor e a queimação daquela mordida tomando conta de seu corpo. Talvez fosse este um problema de se ter tamanha conectividade espiritual e corporal conjuntural.

Kaginimaru tentava gritar para expressar sua dor, mas não tinha voz; tentava se mover, mas não tinha forças, estava em meio a um mar de sangue onde até mesmo o céu era vermelho, sem mais o sol escaldante e sem mais a liberdade que tinha de simplesmente viver e fazer suas escolhas como vinha sendo. Talvez este fosse o inferno? Havia morrido? A situação era tão intensa que não conseguia se comunicar nem mesmo com seu subconsciente, mas estes questionamentos ficavam em seu âmago na espera de uma resposta.

Considerações:

Foram apenas alguns minutos desacordado, mas para Kaginimaru parecia que haviam se passado longas semanas. Com a visão ainda turva do recém despertar, sentia-se aliviado de ver que realmente estava vivo depois de tudo o que havia passado — se é que realmente havia passado por tudo aquilo que presenciou enquanto estava inconsciente. Ao tentar mexer as mãos, constatou que estava com elas algemadas para trás. Estava em uma cela escura e úmida com o mais intenso silêncio já existente. O mais leve movimento muscular proveniente do Tokujo poderia ser auscultado por qualquer um que estivesse na construção. — Que lugar sinistro dos infernos... — Por ainda estar atordoado e confuso com a situação, falava despreocupado em chamar a atenção de alguém ou de causar problemas.

Uma luz surgiu em sua mente e depois de um bom tempo refletindo, notou que aquela intensa dor anterior havia cessado. Kagi não era muito esperto, mas não precisava ser nenhum gênio para reparar que toda aquela dor não poderia ter sido advinda de uma simples mordida. Infelizmente, o local era inalcançável aos seus olhos, mas tateando a região com a própria mão, podia sentir algo diferente: a textura da sua pele estava diferente em três pequenas linhas curvadas, era como se pudesse sentir a tinta de uma tatuagem — lembrava-se, neste instante, da misteriosa tatuagem que Pandora possuía atualmente.

Considerações:

Mas tudo não passava de apenas um engano, as ondulações realmente eram marcas do ferimento que havia sofrido e apenas isso. — Ei... aqui! — uma voz vinha da região dianteira do local. Kaginimaru se assustava, não havia notado a existência de uma janela no local, mas ali estava ela. Olhando para a abertura, ninguém estava presente, poderia ser uma alucinação? Alguns segundos se passaram e então uma garrafa contendo pergaminhos em seu interior foi arremessada dentro da cela. — Quem é você? — Tentava questionar, afinal, nunca antes havia escutado aquela voz. Infelizmente, nenhuma resposta era devolvida.

Abrindo a garrafa, o primeiro pergaminho constava a seguinte escritura: "Kaginimaru. Nós de Iwagakure estamos ciente de sua situação, você está no covil de uma Nukenin que já raptou muitos de nossos membros. Graças a você, descobrimos a localização e agora precisaremos de sua ajuda por mais uma vez: Você deverá liberar todos os prisioneiros e destruir este local! No outro pergaminho existe uma técnica secreta que certamente ira te ajudar nesta tarefa, aguardo seu sucesso." Ao abrir o outro pergaminho, deparava com uma técnica chamada "Body Alteration". Com uma lida rápida, o Hanma descobria que se tratava de uma técnica capaz de alterar o tamanho de seus braços e/ou pernas, certamente muito útil para um usuário de taijutsu.

Considerações:

Lendo durante três ou quatro vezes para fixar boa parte do conceito da técnica — haja visto que a baixa inteligência do garoto fazia com que o mesmo se perdesse constantemente em sua leitura e a baixa atenção fazia com que se distraísse em seus pensamentos, dificultando um pouco o processo de aprendizado, como sempre. Fecharia então o pergaminho e alocaria tudo de volta para a garrafa, estava na hora de por em prática aquilo que havia lido. Fechando os olhos, concentraria o chakra no seu braço direito e tentava manusear o formato do mesmo. Foi necessário muita insistência e um gasto exacerbado de chakra para conseguir sentir as primeiras mudanças! Seu braço começava a engrossar de maneira desproporcional ao seu corpo, exatamente como queria! No início não havia perfeição, mas logo conseguira manter o formato de maneira simétrica e bem distribuída.

Para fins de testes, golpearia com toda sua força a entrada da cela, e para sua surpresa, não somente derrubava o portão de ferro como também acabava com a sustentação da parede e ainda derrubava a cela da frente acidentalmente, pois ainda não possuía pleno controle do corpo naquela forma. Diante da poeira do desabamento, Kaginimaru saía com passos lentos, cheio de si diante do sucesso da habilidade.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

O braço logo voltava ao seu tamanho normal. Kaginimaru partiu então para verificar o estado do prisioneiro da frente, mas constatou que não havia ninguém ali presente. Conferiu as celas ao lado e nada. O mesmo fora feito em todos os cômodos da penitenciaria até que o garoto constatasse que o silêncio legítimo se dava por conta de sua presença ser a única. Qual seria então a necessidade de destruir este lugar? Ou melhor, por qual razão havia sido recolhido até ali? Nada da situação fazia sentido algum em seu intelecto, mas havia uma missão para cumprir e pretendia que fosse feito. Indo em direção à saída do local, seus passos eram interrompidos. — Fique conosco... Todos os seus desejos serão realizados! — A mesma voz que antes havia o entregue a garrafa com as escrituras, agora ecoava pelos corredores de maneira macabra. Seu corpo se arrepiava por completo, não somente assustado por estar ouvindo vozes em um lugar que se constatava vazio, mas a proposta que recebia... qual era sua finalidade?

De longe tudo o que ocorria facilmente assumia o posto de aventura mais bizarra de toda a sua vida. Com o que estava lidando? Que técnica era aquela que havia aprendido e por qual razão conseguia realizá-la mesmo sendo péssimo com Ninjutsus? Um mistério maior do que o outro que com toda certeza não acharia respostas neste dia, mas ainda teria de cumprir com a tarefa incumbida, e assim faria!

Considerações:

Exalando seu chakra para ambos os braços, concentrava-se em manter o fluxo de maneira gradativa para balancear de maneira exatamente igual entre os dois membros. Estava posicionado para atacar, determinado a concluir de uma vez com o extermínio deste lugar supostamente mal assombrado. De olhos fechados, aspirava fundo até não ter mais fôlego, abrindo os olhos assim que começasse a respirar dando início ao movimento; corria esticando ambos os braços mais longos e mais grossos para frente, com toda a força, não permitindo que nenhum tipo de parede ou estrutura física o parasse. Tantas eram as paredes derrubadas que sequer conseguia manter os olhos abertos diante de tanta poeira que produzia com as destruições. Ao longo que avançava, até mesmo o teto desmoronava em suas costas, sinalizando que seu plano — embora megalomaníaco, estava funcionando. Em dado momento, soterrava-se em meio aos destroços, mas com muita força de vontade e física, recuperava sua liberdade.

Minutos se passaram e, acinzentado de tanta poeira que o encobria, retornava para a saída/entrada — que agora era inexistente, e visualizava que seu trabalho estava completo. O edifício macabro não mais existia! Agora, Kagi ansiava por um longo banho gelado para se livrar de toda aquela sujeira. Partia de volta para o interior de Iwagakure, pensativo quanto a tudo que havia acontecido.

Considerações:

Jutsus Utilizados: