Completamente sujo de poeira da missão anterior, Kaginimaru recém havia relatado sobre a tarefa para os superiores. Não entrava em muitos detalhes pois nem mesmo tinha plena noção de tudo o que havia acontecido, mas estava mais do que suficiente! Sendo honesto, tinha plena noção de que pouco se importavam com os meios, apenas almejavam os resultados positivos de acordo com os objetivos. Não demorou muito para finalmente ser dispensado, havia recebido uma boa recompensa e, acima de tudo, adquirido uma nova habilidade que julgava ser possivelmente um divisor de águas em sua jornada — pela primeira vez, em tempos, se sentia digno de retornar para suas buscas.

E então prosseguia para um longo banho em sua residência. O local estava escuro como a noite, mesmo o sol da tarde ainda iluminando todo o exterior, e a água era gelada como o inverno noturno em Iwagakure no Sato. Desta maneira, em conjunto com o adicional de estar virado para parede, Kagi tinha o seu pacote completo de um banho perfeito. Para ampliar ainda mais a experiência, o garoto assobiava em melodia seguindo o ritmo de uma boa e velha música que estava grudada em sua mente. Podia se dizer que aquilo era como uma terapia para fortalecer-se ainda mais, mesmo estando somente executando um ato de higiene pessoal. A endorfina que seu cérebro liberava se equiparava a de um combate físico sem perder a amizade, como muitos que já havia participado, mas era muito mais simples. Obviamente o garoto não fazia ideia do teor científico por detrás do acontecimento e lidava somente com o extremo bem estar que sentia. Não somente de caça e sobrevivência se vive um animal selvagem, seus instintos sempre o levam a realizar o que o fazem bem — e o Hanma seguia do mesmo conceito, mas com mais racionalidade, pois acima de tudo tinha noção lógica de que aquilo o fazia bem.

Aspirava e respirava fundo enquanto secava seu rosto, indo em seguida para o cabelo e daí para frente descendo gradativamente até estar completamente seco da cabeça aos pés. As vestimentas que preparava para hoje era um pouco diferente, pois pela primeira vez escolhia uma camiseta sem pretender rasgá-la ou retirar na primeira oportunidade que tivesse. Seus planos estavam definidos, e para demonstrar respeito, precisava agir de forma diferente da qual estava acostumado. Não chegava a ser um desafio, mas se sentia entediado de precisar disso. A única coisa que o conformava era que o fim justificava os meios — ou será que "os meios justificavam o fim"? Tudo dependeria do que o futuro estivesse reservando.

Mais de um ano havia se passado desde que conformou-se perante a necessidade mor de melhorar suas habilidades, ainda permanecia neste processo e os seus avanços consideravelmente não foram muito elevados. Talvez por estar distante demais ou simplesmente se cobrar demais, ainda estava na dualidade de ver grandes avanços e ao mesmo tempo achá-los poucos. Quando seria o suficiente? Tudo isto fazia parte dos pensamentos de Kaginimaru e era por conta deste motivo que seu plano de manter sua camisa intacta ia por água abaixo, simplesmente a rasgava brutalmente. Ainda não se achava digno do que queria e partia com alguns pergaminhos de jutsus que tinha em casa, mas nunca sequer havia aberto nenhum deles, para o campo de treinamento que mais gostava naquele vilarejo.

Aproveitava-se do percurso para ler a primeira técnica: Konoha Kaiganshou. Era simples e direto, uma cotovelada unindo força ao potencial destrutivo que o formato deste osso possuía. Com o pergaminho novamente enrolado e guardado junto do outro, seu nível de Cortisol na corrente sanguínea estava tão elevado que não podia esperar até chegar ao campo. No meio de seu caminho havia uma grande pedra, algo comum em Iwa, mas logo deixaria de existir. O garoto sem pestanejar assumiria a forma da técnica que consistia em segurar seu punho direito com a mão esquerda e, fazendo uso de toda sua força, levaria o cotovelo direito até a pedra com extrema violência, a transformando em migalhas no mesmo instante. Repetiria o processo mais algumas vezes, em diferentes pedras que surgissem em seu caminho, até o momento em que finalmente chegasse ao campo de treinamento no qual antes planejava torná-lo palco de seu aprendizado total. Mesmo não tendo sido possível, ainda realizaria o movimento de cotovelada com apoio em algumas outras rochas, desta vez utilizando menos força para não destruí-las por completo e acabar ficando sem alvos para atacar. Mesmo diminuindo a força, era inevitável que não destruísse a maioria dos objetos, deixando claro o potencial destrutivo que a técnica transpassava.

Seguindo adiante, o garoto dava por concluído o aprendizado da primeira técnica e partia para a leitura da segunda. Se tratava da Hayabusa Otoshi, uma espécie de agarrão de cabeça para baixo que visava afundar a cabeça da vítima no solo. Foram longos minutos de leitura e releitura até que o jovem começasse a entender o mínimo de seu conceito, a complexidade necessária para entendê-la teoricamente era centena de vezes superior do que sua execução na prática. Desta vez, pedras não funcionariam, precisaria de um objeto que pudesse agarrar com seus braços e pernas em pleno ar. Era algo muito específico e que provavelmente nunca se veria em situação de precisar dela, mas expandir o conhecimento e o leque de habilidades era algo que um verdadeiro lutador nunca recusava. Depois de passar certo tempo pensando no que poderia utilizar como alvo, logo chegava a conclusão de que teria apenas as pedras para isso e precisaria dar um jeito. Lembrava-se de uma técnica simples, mas milenar, que consistia em tecer com as próprias mãos qualquer formato em rochas ou grandiosas pedras. Não tinha total domínio, mas dava inicio na execução; seu formato ficava extremamente torto, mas já era mais do que o necessário para cumprir com o objetivo. Ao término, preparava-se para lançar o boneco ao alto com toda sua força, e assim faria. Rapidamente, saltaria com um impulso ainda maior e rotacionaria em seu próprio eixo de modo que ficasse de cabeça para baixo. Assim que fosse de encontro com o pedregulho, o envolveria com suas pernas e seus braços, girando novamente no próprio eixo de modo que, agora, o alvo que permanecia de cabeça para baixo. A queda livre e brutal acontecia e o objeto se reduzia à cinzas. Kaginimaru acabava absorvendo um pouco dos danos da queda devido a falta de resistência da pedra, mas a execução havia sido um sucesso, compreendia exatamente como devia ser feita.

Considerações:

Jutsus Utilizados: