"E vi subir da terra outra besta, tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como dragão. E levou-me em espírito a um deserto, e vi um homem assentado sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E o homem estava vestida de branco e de prata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua luxúria; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Sunagakure, a mãe das impurezas e abominações da terra."


A simplicidade daquela sala incomodava severamente o Shinigami Branco, sua grande mesa da madeira mais barata que o dinheiro poderia comprar não era o suficiente para representar seu poder e sua importância. Sua cadeira já surrada por seus antecessores estava carregada de fracassos juntamente de uma aura suja e impotente. De fato, uma sala nada digna para alguém que já tocou as estrelas e viu a gloriosa luz de mil sóis.

Seu âmago implorava pela destruição de todo aquele edifício, um símbolo já ultrapassado e que não representava mais o futuro próspero da Areia. Seus olhos azuis e sem brilho alcançaram seu chapéu, símbolo de seu posto de respeito. Ele se levantou suavemente, se aproximou da janela e observou o que agora era seu, a vila e as pessoas que estavam em suas mãos. Seu cenho franziu ao vislumbrar a pouca impotência do local onde agora seria seu lar.

O Rei ordenou que convocassem os trabalhadores manuais até seu gabinete, iniciando assim uma reforma completa em todo o edifício. Os arquitetos e engenheiros prometeram à Sombra uma construção que simbolizasse sua grandeza e sua divindade. Um prazo apertado fora dado e o Pulcro faria com que eles seguissem ele à risca.

Algumas poucas semanas haviam se passado e o prazo havia se encerrado e a promessa havia sido cumprida. O que anteriormente era um grande domo de areia e argila, agora era um grandioso castelo, ainda do mesmo material. Algumas coisas ao redor tiveram que ser destruídas para dar lugar a esse edifício majestoso e de grandes proporções.

Seu interior era luxuoso, completamente adornado em ouro, prata e pedras preciosas. Em primeira instância, um grande corredor com uma piscina artificial se encontrava ao centro, acima da porta existe uma grande “janela” que lembrava o Sol, permitindo a entrada de luz.

Seguindo em frente, chegará a uma sala a uma sala redonda que há uma grande estátua no centro, ela possui diversos corredores, onde cada um leva para um local diferente. Optando para o corredor que leva as escadas para o gabinete, encontrará uma escada em espiral que parece infinita. O corredor que leva até a grande porta do trono possui diversos adornos preciosos, ao lado esquerdo é possível vislumbrar grandes aberturas no corredor, tendo visão de boa parte da vila. Acima da porta, há um grande falcão em ouro.

A sala do gabinete é tomada por ouro, reluzindo a luz do sol em diversos locais de lá, demonstrando grande riqueza e luxúria. Possui pilares negros e estandartes grandes com o símbolo de Sunagakure, assim como o de Wandereich. O contraste entre o turquesa da Areia e o escarlate do Império Invisível tornava a sala ainda mais bela com toda aquela riqueza. Ao centro e logo acima, existe um domo de vidro, onde quando ao meio dia, o sol fica exatamente no meio do mesmo, reluzindo perfeitamente no símbolo do Império talhado em ouro logo abaixo. A esquerda e direita, existem duas varandas, dando visão das laterais. Ao fim da sala, existe um grande trono, acima de uma pequena escadaria. Atrás da grande cadeira, há uma enorme janela, dando visão total da parte traseira do castelo.

Imagens do Castelo e seu Interior:

Já não havia mais motivos para o Hachidaime permanecer em sua sala neste momento, o tempo corria e ele não poderia se dar ao luxo de permanecer em inércia enquanto seus ninjas arriscavam sua vida, era dever do mesmo se fortalecer para proteger a Areia.

Fechou alguns arquivos abertos em sua mesa e então os guardou em sua gaveta. Uma ultima olhada pelo panorama de sua janela era suficiente para inspirar em si um senso de responsabilidade para com seu reino, tudo e todos agora dependiam dele; era um fardo pesado para um jovem como ele, mas isso tornava as coisas ainda mais prazerosas.

Saiu de sua sala com um andar magnifico e pomposo, havia muito o que fazer fora daquela estrutura.

Após uma odisseia repleta de caos e desconfiança, o descanso para a Sombra do Vento ainda não era possível, haviam necessidades a serem cumpridas antes do mesmo ter o deleite de um merecido repouso.

Seguido de Kaido, o Shinigami Branco adentrou o castelo ao centro da vila onde se localizava seu gabinete particular. Cruzando a soleira de sua sala, o mesmo indicou o caminho para o shinobi de Iwa, esperando o mesmo seguir em frente para que ele então pudesse fechar a grande porta dourada às suas costas. “Bem vindo ao meu gabinete, meu amigo. Fique à vontade.” A voz calma de Shüra buscava acalmar o coração de Kaido caso o mesmo tivesse alguma desconfiança para com o Kazekage.

Buscando tomar assento em seu “trono”, Shüra depositou o seu chapéu de Sombra sobre a mesa à sua frente e então seus olhos encontraram o do shinobi que lhe acompanhava. “Eu gostaria de lhe agradecer por toda sua ajuda e apoio em Amegakure. Seu auxílio na luta contra Hisao e também na resolução final contra aquela besta foi crucial para conseguirmos sair vivos daquelas terras.” O pulcro tentava evidenciar a veracidade de suas palavras por meio de seu semblante e gestos.

O líder de Sunagakure se levantou e se encaminhou até a grande janela às costas de sua cadeira, encarando o horizonte infinito que parecia querer engolir o futuro da humanidade com uma força desconhecida. “Desde o início dos tempos o destino dos homens é o mesmo dos piolhos…  somos parasitas de nós mesmos.” Sempre que os olhos azuis do pulcro encontravam aquela linha sem início e fim do horizonte, sua mente iniciava seus devaneios filosóficos. “Quais são seus planos para o futuro, anjo?” A indagação feita pelo Kazekage trazia consigo uma provocação a fim de fazer Kaido refletir momentaneamente.

Sentou-se sobre sua mesa com as pernas cruzadas enquanto fitava o semblante de Kaido. “Sunagakure não irá lhe oferecer muito mais do que toneladas de areia, um calor extremo durante o dia e um frio digno de uma batalha feroz contra si mesmo durante a noite, mas você aprende a encontrar beleza e amar o que lhe é proporcionado.” Shüra deixou uma pequena gargalhada escapar por seus lábios macios que pareciam nunca receber o ônus de habitar em um local tão seco como aquele. “Eu lhe ofereço uma morada aqui se assim desejar, fazer de você um filho da Areia.”  

Pela primeira vez naquele encontro entre os dois naquela sala repleta de ouro e moradia de um silêncio mortal, Shüra teria moldado seu semblante rigidamente. “Eu não irei mentir a respeito de nada, muito menos a respeito de mim mesmo. Muitos me veem como um tirano, o assassino da Kazekage anterior que impôs uma falsa paz, um usurpador sem alma… não me importo com a visão que têm de mim, mas o fato é que Sunagakure é a coisa mais importante para mim. Enquanto moradores e shinobis da vila - mesmo que não me apoiem - eu farei o necessário para protegê-los e concedê-los uma vida digna enquanto trabalho arduamente para fazer Sunagakure prosperar.”

Ele se aproximou de Kaido, mantendo uma postura firme. “Eu sou o responsável por fazer as escolhas difíceis até o momento em que Suna não precisar mais de mim. Meu sucessor já está sendo preparado sem que o mesmo - e que ninguém - saiba e quando chegar o momento ele tomará meu lugar… ele trará novamente a calmaria para este império.” O Kazekage jamais havia dito seu plano para alguém se não somente para si mesmo anteriormente, por algum motivo ele sentia que precisava ser honesto com Kaido. “Seus olhos me dizem que não dá a mínima para toda essa merda de sistema e por isso ao momento em que se cansar de tudo, terá minha permissão para se tornar um andarilho e viver sua vida como bem entender, mas até lá pedirei que me ajude… o que acha?”

Kaido seguiu a sombra até seu escritório e ao chegar no local, estudou a vista que o mesmo oferecia de todo vilarejo “Apesar do clima, este é mesmo um lugar muito interessante”. Naquele momento, Kaido estava ansioso para se aventurar pelo vilarejo, conhecer a cultura e provar as iguarias extremamente aromáticas que ele havia encontrado pelo caminho até o grande edifício central.

Cansado pela missão e pela viagem, Kaido se limitou a escutar as palavras da sombra, fazendo caretas para responde-las sempre que via uma oportunidade. No final, o homem ofereceu a Kaido a possibilidade de se instalar no vilarejo, podendo, caso quisesse, se transformar em um andarilho no futuro. A proposta era conveniente ao rapaz, que poderia viver com conforto, poderia contar com a proteção do vilarejo e ainda conseguiria continuar, com calma, sua busca por sentido na vida “Por hora, é a melhor opção que eu tenho. Não me agrada voltar a servir, mas talvez eu consiga escolher as missões que façam mais sentido para mim”.

Kaido removeu pela primeira vez sua máscara, sorriu e acenou positivamente para a sombra, deixando bem claro que a proposta havia sido aceita.

Quando terminasse de concluir todos os assuntos com o homem, Kaido faria uma reverencia, agradecendo, e então se retiraria do local, permitindo que tanto ele quanto a sombra pudessem descansar após a árdua jornada.

Considerações:

Jutsus:

O jinchuriki havia acabado de chegar no gabinete, adentrando-o sem qualquer tipo de autorização. Logo notaria que aquele ambiente estava completamente vazio, a Sombra do Vento estaria ausente de suas instalações, algo fora do habitual.

Apesar da falta da presença de Shüra dentro da sala, em um dos cantos do gabinete uma sombra grandiosa surgia, revelando alguém ainda desconhecido por Gwyndolin. Imerso na escuridão, era possível para o chunin apenas vislumbrar os olhos escarlates do homem contrastando com a falta de luz naquele ponto em específico.

“Senju Gwyndolin, o Kazekage partiu no dia anterior para cuidar de assuntos que necessitavam de sua atenção imediata.” A voz dele ecoava pelo gabinete, carregada de malícia e frieza. Cada palavra era proferida com um tom grave e sinistro, que parecia envolver o ambiente em uma atmosfera densa de tensão. “Sobre a mesa da Sombra, você encontrará um pergaminho destinado a sua pessoa. Pegue-o e saia.” As sombras pareciam se recolher gradativamente e junto de si o homem desapareceu.

Conteúdo do Pergaminho

“Gwyndolin, o recomendei para a ANBU. Apesar de relutante pelos atuais membros, seu ingresso na equipe foi aceito por minha recomendação.

Entretanto você deverá realizar um teste antes de ser aceito completamente, provando assim seu valor e sua determinação.

Sua tarefa será simples: assassinar o líder do vilarejo vizinho, Oashisu. Ele conspira contra nós e se aliou a alguns rebeldes. Elimine-o.

P.S: Seu ingresso na ANBU não é discutível, é uma ordem. Cumpra-a.”

Considerações

Narração do assistente de Shüra, encaminhando para Gwyn a recomendação para ingresso na ANBU de Sunagakure.