O clima dentro do clã Senju estava a ponto de ebulição devido à guerra constante de Kumogakure no Sato. Meu pai e minha família apoia o Raikage, mas tem alguns ramos da família que discordavam incessantemente das atitudes dele. E queriam se intrometer nos assuntos da Vila. Meu pai com toda a sua influência não permitia. Porém estávamos nos desgastando demais com essa disputa dentro do clã. Fora que já estávamos contabilizando mais de trinta mortos dentro do clã.
Quando não estávamos no fronte derramando sangue inimigo e nosso estávamos disputando política e influência em várias reuniões com diversas famílias para trazer para o nosso lado. E conter os dissidentes.

Em casa estávamos reunidos para tomar café. Quando meu pai se pronunciou sobre os fatos.
- Se as coisas continuarem dessa forma, eu não conseguirei mais manter o apoio ao Raikage. Dessa forma prefiro me retirar da liderança e sair de Kumogakure do que acatar o que aqueles cretinos querem. – Desabafou num tom sério.

- Vamos encontrar um jeito, querido! - Falou minha mãe.

Então entramos numa conversa longa e monótona sobre o que poderíamos fazer. Eu por outro lado, estava me sentindo o mais inútil da família, pois todos se graduaram e a maioria dos meus irmãos e primos estavam já como Jonins e liderando seus próprios times enquanto eu ainda me mantinha como Chunin. O que meu pai reprovava e me dava muitas broncas.

Quando estávamos saindo da mesa e cada um ia cumprir com as suas obrigações meu pai virou-se para mim e disse:

- Sua noiva e sua família chegarão hoje à noite! – Falou e fechou a porta atrás de si.

O frio perpassou por todo o meu corpo. Se as broncas do meu pai eram duras, eu sabia que viria chumbo grosso vindo dela. E as palavras dela “Se não for forte ela mesma me mataria!”. Não sabia o que era pior, ela com raiva ou dar de cara com um circo completamente cheio de palhaços.

Então saí de casa e fui para os arredores do clã, numa parte muito arborizada e tranquila. Precisava recarregar as baterias e pensar em tudo o que estava acontecendo e tentar chegar a uma conclusão. Porém, ouvi passos se aproximando e logo saquei uma kunai. Tempos de guerra sempre precisa estar preparado. E não demorou muito para um ninja aparecer.

- Bom dia, Irvin-san! – Dizia o jovem de cabelos negros e olhos mais negros ainda. E eu sabia quem era. Selge, o novato que ajudava a cuidar da biblioteca e informações do clã, parou a minha frente. – As coisas não estão fáceis no clã, não é mesmo?! – Dizia puxando assunto.

- Não estão não! E eu ainda não sei como ajudar o meu pai a arrumar as coisas... – Dizia sendo o mais sincero.

- Talvez eu possa te ajudar... Um dia desses arrumando umas coisas da biblioteca eu localizei um pergaminho e dentro dele continha mais quatro. Porém, não consegui quebrar os selos e nem todos os que tentaram depois de mim. Mas as instruções eram do Primeiro Raikage, então creio que somente quem possui a mesma Kekkei Genkai deva conseguir. Que tal tentar? – Dizia num tom de pedido e desafio.

“Considerações:

Olhei para o Selge com um olhar meio desconfiado, meio incrédulo. Se os membros da Biblioteca que tinha muito conhecimento em selamentos não conseguiram quebrar o selo, quem diria que eu tinha pouquíssimo conhecimento na área para fazê-lo? Mas em situações de desespero, pedem-se medidas desesperadas.

- Ok, vou com você para tentar quebrar o selo! – Disse não muito confiante.

- Não precisa ir a lugar algum, eu os trouxe. – Disse tirando um pergaminho ornamentado do bolso. Fazendo o selo conseguiu deslacrar e depois que a fumaça sumiu surgiram quatro pergaminhos também ornamentados. Ao aproximar minha mão em direção aos pergaminhos, minha habilidade de absorver chakra foi ativada sozinha, foi aí que eu percebi que existia um chakra enorme vindo deles. E o chakra absorvido me dava uma dor de cabeça enorme e por um segundo minha pele na mão se tornou marrom, verde folha e depois voltou ao normal, foi quando eu consegui controlar a minha habilidade e parar de absorver o chakra dos pergaminhos.

- Existe um chakra poderoso e diferente nesses pergaminhos! Nem consegui encostar neles... – Explicava minha hesitação.  

Olhei para o Selge com certa preocupação no rosto, mas me determinei a quebrar os selos. Seja lá o que for que os pergaminhos escondem dentro de si poderia me deixar com muito mais poder. E poderia usar na guerra, proteger a todos.

- Vou usar o Mokuton. Vamos ver o que acontece. – Dizia formando o selo cobra. Reuniria os elementos de Terra e Água para então reuni-los no elemento da vida, o Mokuton. Envolvi o meu braço direito com o elemento e fui pegar o pergaminho, minha habilidade de absorver o chakra se ativou novamente sem a minha vontade. A dor de cabeça apareceu novamente. O Mokuton no meu braço reagiu ao pergaminho e começou a expandir em ramos e a florescer.

Foi quando um selo do pergaminho surgiu à frente dele e o selo se quebrou. Quando o selo se quebrou senti um impacto forte em todo o meu corpo. E, de repente, um clarão tomou conta da minha visão e meu corpo parecia que tinha sido arremessado.

Considerações:

Quando me dei por mim estava em uma Kumogakure mais antiga e até mesmo a área do Clã Senju estava como me lembrava tempos atrás. E lá estava o primeiro Raikage enquanto treinava nos campos de treino.Foi quando um voz surgiu ao meu lado.

- Então surgiu outro usuário de Mokuton no clã. Isso é bom! E poderei passar o que descobri sobre o Mokuton. Está disposto a aprender? – Disse.

- Até quero aprender, mas a dor de cabeça que estou sentindo é absurda! E uma das minhas habilidades está sendo ativada sem que eu consiga controlar... Estou absorvendo chakra sem querer... – Disse colocando as mãos a cabeça massageando as têmporas para tentar diminuir a dor.

- Se você tem a capacidade de absorver chakra, então temos pouco tempo! – A voz falou. E as imagens se modificaram. Se moveram para uma floresta. E lá estava o Primeiro. Sentado e quase não se via o movimento de respirar. Quase totalmente imóvel.

- Vou ensinar uma técnica chamada Senjutsu. É uma técnica complexa, pois você precisa de ter um corpo resistente, reservas muito grandes e um controle muito bom do chakra. Pois você lidará com um um chakra que vem da própria natureza. – Explicava. – Como você tem uma capacidade de absorção maior você deve aprender rápido a “digerir” o chakra da natureza se não terá problemas e morrer. – Completou.

- QUE?! É uma técnica de tão alto risco assim? – Respondi.

- Sim, então cala a boca e me ouve! – Retrucou. – Antes que você vire uma árvore oca! – Complementou. Dava uma pausa rápida. – Isso que você está vendo são lembranças minhas e deve te guiar para o treinamento. O chakra que guardei deve ser o suficiente para você aprender, não esqueça as etapas. E com o selo quebrado eu separei você do seu corpo. Ou seja, ele já está parado e facilitará o seu treinamento. Então presenciei alguns treinamentos do Primeiro Raikage de como ele aprendeu os passos para usar o Senjutsu.

Então comecei a replicar nas memórias o treinamento do Raikage. Sentei-me na clareira a frente da memória do Primeiro. Foquei em absorver o chakra do que me rodeava. Enquanto acalmava o ritmo do meu coração e respiração. Precisava entrar em sincronia com as energias que me rodeavam.

- A energia da natureza é poderosa, mas tranquila! Já viu a árvore crescer em um dia? Ou florescer no dia seguinte? Não! Pois sua energia é constante, mas fluída, leve, e lenta. Precisa de calma para conseguir senti-la e tornar-se um com ela.

E assim comecei o treinamento de absorver o chakra natural.

“Considerações:

Absorver o chakra senjutsu não era o problema, e sim, administrá-lo. O chakra em si era denso e difícil de controlar mesmo com o meu excelente controle. Então forçava a absorver em menos quantidade e controlar no meu corpo o que já tinha absorvido. E era muito difícil.

Enquanto isso meu corpo que estava sendo cuidado pelo Selge mudava constantemente de aparência. Uma hora normal, na outra ficava com aparência de casca de árvore. E meu braço que estava com a influência da minha manipulação de Mokuton, só crescia e começava a formar uma árvore. E aos poucos brotava botões.

Enquanto eu concentrava em controlar aquela força natural eu via e ouvia a voz e os conselhos do Primeiro Raikage. Como deveria manipular o chakra. Era extremamente difícil e até o Primeiro teve problemas para controlá-lo.

 - Sinta o solo, as árvores, as plantas, o vento, o farfalhar das folhas, a energia que vem do Sol, a energia das ondas do mar, e da correnteza dos rios, o frescor das chuvas, e o poder dos relâmpagos, o calor do fogo. Tudo no fundo está ligado, um ciclo, se é que consegue me entender. – Ele explicava. – Entre nesse circuito. Entenda como a natureza funciona e crie o seu laço com ela, pois todos participamos de seus ciclos, muitas vezes nem percebemos... – Continuava sua explicação. – Como Sennins temos essa noção, de devemos aceitá-lo. – Completou.

“O cara era filósofo também!” – Pensava a respeito do Raikage.

O próximo passo do Primeiro ao treinar o senjutsu era ficar dentro de uma árvore oca e que escorria um córrego aos seus pés. A dor de cabeça ainda se mantinha constante porque ainda não conseguia controlar de forma adequada o chakra natural. Mas o que demorei em perceber que a dor não estava piorando. Um sinal pequeno de avanço. Era muita coisa para aprender e controlar ao mesmo tempo.


Parecia dias ou meses que estava treinando naquele “mundo”, mas eram minutos no tempo do meu corpo, ou pelo menos horas se passaram. Selge continuava preocupado com as constantes mudanças no meu corpo. No entanto, durante esse processo todo, duas marcas se formaram debaixo dos meus olhos e se mantiveram lá. A única constância das mutações no meu corpo.

Assumi o lugar do Raikage dentro do espaço oco dentro da grande árvore e com o córrego passando às raízes da árvore. O som da água me deixava em um transe profundo. E já não tinha mais noção do tempo e espaço. E não demorou muito para eu não ver e nem ouvir nada, o chakra natural era absorvido e tratado no meu corpo, com menos dificuldade, mas ainda assim, conseguia agora digeri-lo. Uma visão de uma gota, escorrendo, sendo absorvida pela árvore, entrando e fazendo parte de sua seiva, dando energia para a árvore, e essa energia era distribuída para várias partes daquela árvore, e via os vários caminhos que ela percorria, até chegar a ver uma enorme árvore no centro do mundo, ela dava um belo fruto.

“Considerações:

Aquele belo fruto parecia ótimo a vista. O galho onde ele estava se moveu até próximo a mim. Estava ao alcance do meu braço esticado. Levantei-me e fui pegar o fruto. O galho se esticou e prensou o meu braço direito me deixando uma marca no pulso. Depois me soltou e deitou o fruto em minhas mãos. Peguei-a com cuidado e a mordi. Ao fazer isso o sabor era incrível e meu corpo começou a se encher de energia, uma absorção rápida, mas desta vez, eu conseguia controlar a energia natural. Não mais me causava dores de cabeça.

Enquanto isso, no meu corpo, aparecia marcas no meu rosto: a testa era marcada com três pontos na vertical, dois riscos na vertical no nariz, abaixo dos olhos linhas que pareciam formar raízes e abaixo delas possuía três pontos em cada lado, no queixo uma marca vertical.

Spoiler:

- Pelo jeito você foi aceito, garoto! – Falava a voz do Primeiro. – E entrou no Modo Eremita. Você vai ver que seu corpo foi melhorado pela energia da natureza, fora as melhorias no seu chakra.- Explicava sobre o Modo Eremita. – Porém a princípio você só consegue captar chakra natural parado. Continue o treinamento para aperfeiçoar até conseguir absorver chakra natural em movimento. – Completava as informações.

- Sim, estou cheio de energia! E estou conseguindo me adaptar à energia natural, pelo menos não me dá mais dor de cabeça! Só que realmente ainda é um processo complicado de trabalhar ao mesmo tempo em que me movo. – Respondia.

- Como aprendeu nesse processo, não conseguimos tudo de uma vez não é mesmo? – Dizia sarcástico. – Mas meu trabalho se encerrou por aqui. Deixei meu herdeiro do Modo Eremita do Estilo Mokuton. Meu chakra guardado está encerrando. Os próximos pergaminhos são para você melhorar suas habilidades com o Senjutsu. Então não acontecerá o mesmo que aconteceu com este pergaminho. Boa sorte! – Finalizou a sua frase e novamente uma claridade e um puxão ocorreram. E quando eu percebi eu estava de volta ao meu corpo. E Selge me olhando com curiosidade e espanto no rosto.

- Não morri, se é que estava achando isso! – Disse olhando para ele.

- Irvin, sua cara está toda marcada. O que aconteceu? – Me questionou o jovem.

- Tive um treinamento intensivo, ou passava no teste ou morria... Praticamente isso! – Respondi com um meio sorriso. Então expliquei a ele o que tinha se passado naquele tempo em que fiquei desacordado e reparei como a minha manipulação tinha sofrido alterações enquanto tentava controlar o Senjutsu.

“Considerações:

Com o meu corpo todo energizado eu me levanto e vou até a pedra mais próxima e aplico um soco nela que trinca inteira. Eu olho surpreso porque minha força física nem é das melhores. Então faço os selos necessários para criar a minha pequena floresta de Mokuton. E ela cresce mais rápida. E fico impressionado com o resultado do senjutsu.

Então voltei a me acalmar se segui para o próximo pergaminho do Primeiro Raikage. Lá estava escrito o passo a passo para uma técnica que era mais potente do que o Mokuton Jukai Kotan. A técnica não é tão limitada quanto à primeira. O Mokuton Hijutsu: Jukai Kotan tem mais opção de uso e mais adaptável. Li as inscrições deixadas e aprendi a técnica na teoria, não demorou muito já que a minha capacidade de aprendizado é extremamente boa.

Então fui para longe do Selge e fazendo os selos necessários liberei uma quantidade enorme de chakra para liberar a técnica rank S. Começou a sair troncos em uma área muito maior que a técnica anterior e sua velocidade muito mais rápida.

Fiquei empolgado com aquele treinamento e a energia que o senjutsu poderia me proporcionar. Olhei para o Selge e pensei em pentelhar ele um pouco. Com a minha vontade manipulei um dos troncos para prender um de seus braços e o elevar a dois metros de altura.

- Me solta Irvin! – gritou o jovem.

- Desculpa ainda não consigo controlar direito! – Disse rindo sobre a situação do jovem. E logo o soltei.

- O Modo Eremita me dá muito mais força! E as técnicas do Primeiro são muito fortes! – Dizia contemplando a técnica executada.

Estava muito contente com tudo o que estava vendo, e mesmo com a força do senjutsu, o desgaste da técnica era grande. O que me deixou um pouco ofegante.

- Irvin, vai com calma porque ainda tem mais dois pergaminhos para você aprender e você não sabe o nível de possíveis técnicas que estão lá dentro. – Chamava a minha atenção.

- Tudo bem! – Falei liberando a técnica. E logo voltaria para onde estavam os pergaminhos.

“Considerações:

- Calma ai Selge! Está tudo bem! – Dizia tentando não demonstrar o cansaço de usar o Senjutsu e a técnica ao mesmo tempo. Meu corpo estava começando a dar sinais.

 Segui a recomendação do jovem e aproveitei para tomar um ar. Consegui abrir o segundo pergaminho. E lá tinha a informação de mais uma técnica do Primeiro Raikage. A técnica era complicada ainda mais porque tinha mais um fator que deveria ser acrescentado. A minha sorte é que eu tinha todos os requesitos necessários para executar a técnica.  

- É mais uma técnica do Primeiro... – Falava explicando para o Selge que estava serrando o galho que ainda lhe segurava. Não demorou muito para ele se libertar. O tempo o suficiente para eu terminar de ler o pergaminho. Ele foi meter a bicuda em mim batendo na minha coxa.

- É um otário mesmo! – Falou bravo.

- Relaxa Selge! Poderia ter sido pior! – Disse rindo dele. – Vamos tem mais um jutsu para treinar em você! Falei já me afastando porque o jovem Senju meteu mais dois chutes em minha direção.

Eu recuei rindo muito. Nisso eu perdi o controle do meu chakra e perdi o Modo Eremita.

- Mas é um otário mesmo! Fez-me perder o Senjutsu! – Concluindo tentando segurar a risada.

- Bem feito idiota! – Selge retrucou, agora rindo também.

- Vou começar de novo! Vê se não fica putinho de novo! Preciso de silêncio e ficar quieto aqui... – Falava me encostando-me à árvore. E comecei então a concentrar para absorver o chakra da natureza novamente. Mas eu ainda estava pensando naquela cena com o Selge bravo. E não conseguia controlar a risada. E com isso eu não conseguia manipular o chakra senjutsu.

- Ah preciso de um descanso! Vou pegar alguma coisa para beber e comer. – Dizia num tom irritado, mas não estava irritado com ele, mas alguma coisa me incomodava. Foi quando percebi que estava sem aproveitar o sabor de um doce a um bom tempo. E aquilo provavelmente era o que também estava complicando a focar no treinamento.

- Que merda! – Chutava uma pedra próxima. Então lembrei que tinha uma barra de chocolate no bolso. Ele estava todo amassado e meio derretido. Mas seria o suficiente para saciar um pouco o meu vontade. Abri a embalagem e mordi com moderação para apreciar o sabor.

“Considerações:

Comi a barra em segundos após a primeira mordida. Senti um pouco da irritação indo embora, enquanto um sentimento de alívio se abatia sobre mim. Mas ainda não era o suficiente. Resolvi então voltar para casa e pegar um kit de socorros quando isso acontece. Peguei alguns doces que estavam guardados e enchi minha boca com eles, eu parecia um mendigo a frente de um banquete de reis. Devorei tudo o que estava naquele estoque. Até me saciar completamente e soltar um ruidoso arroto.

Agora que estava satisfeito eu poderia voltar para o treinamento. Peguei mais umas balas e doces e os guardei nos bolsos para quando fosse precisar novamente.

- Preciso tomar cuidado para que isso não ocorra novamente! Não posso perder o controle do Modo Eremita desta forma numa luta... Imagina o estrago que seria?! – Conversava comigo mesmo no caminho de volta.

Ao chegar ao local em que estava treinando com o Selge eu jogo uns doces para ele.

- Desculpa ae pela brincadeira... – Me desculpava e voltava para perto dos pergaminhos e dava mais uma olhada na construção da técnica.

- Vou voltar para o treinamento. – Disse sério agora.

Então me encostei-me à árvore e respirei fundo. Precisava me concentrar agora. Fechei os olhos e foquei no meu treinamento com as memórias do Primeiro Raikage. Fui me acalmando e deixando a minha respiração mais lenta até o ponto de deixá-la bem lenta similar ao crescimento das árvores. Depois disso me concentrei em absorver o chakra da natureza que me rodeava. O processo era lento e ainda me exigia muito tempo para controlar o chakra da natureza. O que me fazia pensar que precisaria buscar meios de burlar essa falha.

Nesse treinamento eu consegui fazer todo o processo com mais exatidão e ainda prestando pouca atenção ao que estava ao meu redor. Um pouco melhor do que antes que só conseguia prestar atenção somente ao processo do Senjutsu. Continuaria o processo para absorver mais chakra que da última vez.

“Considerações:

O tempo foi passando e eu absorvendo o chakra Senjutsu. Ao achar que estava suficiente eu ativei o Modo Eremita novamente para testar o que continha no próximo pergaminho do Primeiro Raikage.

- Aí Selge, se afasta um pouco para que eu não te acerte hein! – Dizia me afastando e ficando de costas para o jovem. Realizaria os selos em máxima velocidade. Reuniria meu chakra senjutsu e liberaria a partir do solo.

Um enorme tronco foi se formando a partir do solo. E aos poucos ele foi tomando forma e assumindo quase toda a sua extensão. Eu imaginei a figura que estava no pergaminho e tentei dar contorno a ela. Desta forma, o enorme tronco assumiu a forma de um dragão de madeira. E com um pouco mais de concentração eu tinha acrescentado a ele a minha habilidade de absorver o chakra. Era uma técnica muito complexa e difícil controle. Aliás, eu estava lidando com uma técnica classificada como Rank S. E só foi usada, que eu saiba, até então pelo Primeiro Raikage. Minha concentração estava em demasia no controle daquela técnica. E no controle do senjutsu. O que ocorreu depois foi que eu perdi por um segundo o controle do dragão e com isso ele absorveu um pouco do chakra do Selge.

- Eu vou matar você Irvin! – Disse bravo novamente.

- Foi mal! Esse eu perdi um pouco do controle! – Disse enquanto o dragão dançava causando um pouco de destruição na área.

Não demorou muito para eu entender o processo da técnica e conseguir controlá-lo com certa perfeição. Mas causei um bom dano a área em que estávamos. Depois eu fui observar como a energia senjutsu trazia ao meu corpo. Os meus golpes ficaram mais rápidos e mais fortes. Continuei treinando até eu perder a energia senjutsu que não durou muito novamente.

“Considerações:

Eu deixei as últimas semanas antes do evento que ocorreria em Kumo somente para treinar a minha nova habilidade do Senjutsu. Os exercícios variavam muito. Mas em todos os treinos eu sempre buscava ficar cada vez mais tempo absorvendo o chakra e com isso eu percebi que ficava mais tempo no Modo Eremita. Até que cheguei à conclusão que o tempo máximo que eu conseguia permanecer em combate com o Senjutsu ativo era poucos minutos. Então teria que usá-lo mais como trunfo ou em equipe. O risco dele era muito alto num confronto sozinho.

Os dias passaram rapidamente com aquele treinamento, foquei exclusivamente em aprender com toda a minha experimentação do Modo Eremita, fora as técnicas que eu aprendi com os pergaminhos do Primeiro Raikage. Fui aperfeiçoando cada detalhe que eu achava que seria importante. E o mais importante que eu já consegui uma melhora na absorção e controle do chakra absorvido. O que me garantia poder cuidar um pouco mais do que acontecia ao meu redor. Pedi até para o meu irmão mais novo me ajudar fazendo alguns barulhos para me adaptar enquanto eu concentrava em absorver o chakra da natureza. Tinha que me acostumar aos barulhos já que em combate eu não poderia me dar ao luxo de ter um ambiente quieto, ou com som de água correndo, ou os farfalhar das árvores.

Percebi nos meus treinamentos que não importasse o que eu fizesse, não conseguia controlar o chakra natural o suficiente enquanto me movia. Se eu me movimentasse eu perdia todo o controle e tinha que iniciar o treino do zero.

Depois de dias treinando incessantemente todos os aspectos daquela habilidade eu voltei-me novamente para as tarefas do Clã. Agora eu já conseguiria calar a boca de parte dos integrantes do Conselho, antes do evento chegar.

Na penúltima reunião meu pai estava tentando acalmar os ânimos dos opositores para não aumentarmos mais os problemas que a Vila já tinha. Mas a diplomacia estava diminuindo a cada reunião. Em conversa com o meu pai falei que dominaria o conselho por hora pelo medo. Ele não entendeu muito. Mas acatou porque estava ficando sem opções. Pelo menos eu ganharia algum tempo para ele.

Nas vésperas do grande evento em Kumo. Houve a última reunião sobre a guerra. Os velhos do conselho já estavam preparados para massacrar novamente o meu pai e os seus aliados. Inclusive a família da minha noiva estava presente. Não demorou muito para os ânimos se acirrarem e as discussões tomarem grande proporção. E enquanto o escarcéu acontecia, eu já estava me concentrando para absorver chakra senjutsu no limite que eu tinha alcançado. Minutos se passaram até que eu estivesse pronto.

Ao abrir os olhos eu ativei o Modo Eremita. Alguns notaram as marcas em meu rosto e em seguida eu executei selos. Alguns tentaram me acertar com kunais, mas foram bloqueados pelos guardas da família. Um enorme dragão apareceu no meio do conselho olhando para os adversários. Todos incluindo a minha família ficaram impressionados. Pois no clã, ainda não tinha aparecido outro com o mesmo poder do Primeiro Raikage.

- Basta desta loucura! – Chamava a atenção de todo o conselho. – Essa discussão não nos levará a lugar algum. Peço tempo para todos para que possamos apoiar e defender Kumo nesta guerra! – Continuava impondo a minha presença. – Eu treinei para tornar o nosso clã ainda mais forte e ajudar nesta guerra! E minha técnica revela o resultado dos meus treinos... Agora vão continuar com essa rebelião, vamos a um combate interno? Ou vão cooperar? – Desafiava os velhos do conselho. Depois disso eu fiz o dragão sumir. E voltei ao meu lugar. O silêncio pairou. Depois algumas vozes foram ouvidas e parte da sensatez voltou àqueles que estavam dividindo o clã. A maioria voltou-se para o nosso lado. Contudo naquele mesmo dia eu fiz muitos inimigos.

As reuniões cessaram e o controle do clã voltou para a nossa família. Tinha ganhado certo tempo para o meu pai conforme tínhamos combinado. Mas a que preço?

“Considerações: