Naka chegou em um momento da manhã onde haviam algumas pessoas no campo de treinamento preferido dele compartilhando o espaço de maneira individual. Suas roupas de treino impediam que o sol pudesse queimar sua pele clara com tanta força, mas não apagavam completamente sua presença. Aproximou-se ainda mais do centro, levantando a voz em seguida.

—— Ei, vocês! —— Bradou, chamando a atenção de alguns que estavam ali. —— Aposto que eu consigo fazer mais acertos em alvos do que todo mundo aqui! —— Puxou três kunais, se posicionando à distância de alguns bonecos de palha com marcações no peito, cabeça e pernas. Havia um outro treinando no momento com um dos alvos, mas ele não se importou, lançando na direção do peito de cada um dos seus oponentes. Acertou com pouca precisão, mas foi o suficiente para assustar quem estava ali e abrir espaço. Alguns curiosos começaram a pipocar, juntando-se à atividade.

Em seguida, retirou três shurikens e focou, sentindo melhor a direção e força do vento, atacando na direção da cabeça desta vez, errando duas pela distância, e conseguindo um acerto perfeito na cabeça do meio. Se aproximou da área, retirando seus armamentos e recolhendo-os para que ninguém roubasse. Aquela brisa forte com toda certeza pedia um pouco mais de empenho do que o comum.

—— Meio ponto para cada acerto no tronco, um ponto para cabeça ou perna, o dobro de pontos se acertar no meio. Eu estou com 3,5. —— Cruzou os braços, confiante.

O surto de raiva era revelado pela voz alta do ruivo, que saltava em busca de uma sequência de chutes facilmente desviáveis pelo loiro. Talvez se ele fosse um pouco mais furtivo o Yamanaka estivesse no chão naquele momento. —— Você é burro? Eu não sou um alvo. —— Desafiou, olhando sério para o adversário que havia sido despertado naquele momento e observando o resto de vômito que pairava ao lado de seu rosto.

Havia rodado e levantado uma das kunai que possuía para tentar continuar o embate, mas parou no meio do caminho com a intromissão de um cabelo de fogo. Aquele momento pausado serviu para que as palavras dele refletissem. —— Eu não sei se essa porta conseguiria te ajudar em algo. —— Continuou, avançando o golpe da kunai ainda em punho na direção do estômago e depois seguindo com uma tentativa de puxar outra com a canhota e golpear em uma horizontal aberta no pescoço, perigosamente ameaçadora não só para aquele que havia atacado inicialmente, mas também para os outros dois que estavam perto.

Com isso feito, recuaria alguns metros para trás e lançaria as duas kunais, bem como mais três shurikens para aquele novo alvo, tentando mantê-lo longe por sua forma ameaçadora. O foco seria em seu tórax, onde teria mais chances de acertar. Aquela festa havia se tornado um enterro, e o corpo mal acostumado com atividades físicas intensas começava a cansar.

Os golpes contra o jovem de cabeça quente foram aceitos sem problema algum pelo mesmo. Claro, aquilo não tinha um profundidade muito alta para que fosse fatal, mas certamente dariam alguns danos para ele e molhariam suas roupas com sangue.

O resultado fez com que Yama sorrisse. —— Eu disse, ele é uma porta. —— E então as shurikens encontraram seus alvos - ou melhor, mais alvos que deveriam. Enquanto o foco era o maluco, os outros dois estavam próximos demais e o vento fez o favor de mudar aquele destino. Tudo bem - para o loiro - que isso acontecesse; afinal, tudo só estava agindo ao seu favor, não estava?

Naquele momento, a reação foi imediata e golpes vieram em sua direção: o soco de um lado, com uma capacidade de reação curta que só permitiu que os braços servissem de apoio para evitar um nocaute pelo ponto focado, bloqueando parcialmente os danos e indo levemente para trás pela areia não oferecer uma base firme; no outro, uma espada avançou. Porém, a finta tinha pouca utilidade, sendo confrontada com um olhar firme e sorridente de um maníaco - se o golpe realmente avançasse, poderia ter cortado sua cabeça ali.

A mente do Yamanaka estava completamente focada em ganhar o jogo, tanto que poderia morrer naquele instante e seria vantajoso pois o foco estava em si e não na competição. O chute veio no estômago, sem muita resistência, jogando-o para trás enquanto rolava na areia, apagando as chamas com o contato do material. Demorou alguns segundos para que levantasse, um pouco sem ar pelo último baque, e então demonstrou um sorriso dolorido. —— Eu ganhei. Hahaha... Cof. —— Tossiu e cuspiu sangue, segurando o braço danificado pelo soco e arqueando-se pela ferida.

—— Com 3.5 eu ganhei... vocês não sabem jogar. —— Aproximou-se lentamente, apontando para o outro que havia sido dilacerado pelas armas. —— Eu daria mais importância para ele, agora. —— Tentou desviar a atenção deles para pegar suas coisas do chão e sair dali antes que fosse focado novamente. —— Vocês conseguem levar ele para o hospital, eu consigo caminhar sozinho. —— Indicou, dando um sorriso plástico no final, como se alguém realmente se importasse com sua condição ali, tentando executar seu plano de partida.