Uraku treinava como sempre. Uma coisa que ele pôde notar com o passar do tempo, era que estava ficando ainda mais forte. Isso o deixava orgulhoso de certo modo, percebendo que poderia proteger aqueles que não podem proteger por si mesmos. Exibiu um pequeno sorriso com o vapor do próprio ar quente vindo das estranhas, e então, observou o saco de areia novamente, se movendo em um passo. Seu punho se imbuiu em chakra novamente, deste modo, o chakra explosivo escorreu pelo seu punho em um formato de chama que emitiam pequenas vibrações, eram as explosões provocadas por esse chakra tão massivo e destruidor.

O impacto produziu o vibrar do ar, as ondas de choque se propagaram pelo campo, levantando mais poeira do chão arenoso e quanto o contato do punho com o saco de areia era feito. Com isso, novamente moveu o corpo em um rodopio após dar um pequeno passo evasivo para trás. Tomando um impulso, sua perna fez um giro, e com isso, ela efetuou uma curva ascendente de lado, acertando o saco de areia de lado. Mas Uraku utilizara 100% de sua força, o que provocou então uma onda devastadora de choque, que além de abrir crateras no chão e produzir um estrondo, fez com que a corrente se quebrasse, lançando o saco de areia para o alto. Uraku ergueu as sobrancelhas, observando sua trajetória. Estava indo em direção a alguém, por isso, o loiro disparou em velocidade máxima.

Uraku arregalou os olhos ao ver o movimento da possível vítima daquele saco de areia involuntário. Aquela garota… Ela estava manipulando chakra, da mesma forma que o próprio garoto fazia, e o fazia com perfeição. Os olhos vermelhos brilharam com aquela demonstração, mas foram ofuscados pela sombra que se seguiu rapidamente, pois o golpe da garota, da mesma maneira, havia sido executado, causando a devolução do saco de areia. Rapidamente moveu um dos pé, derrapando o mesmo contra a areia e girando o corpo, erguendo os braços e tocando o pesado saco de areia, de maneira a provocar um estrondo audível. Aquilo provocou uma ventania e fez com que alguma fumaça começasse a sair das mãos do garoto.

— Não. — Falou, baixando o olhar sobre a garota. — Por que raios eu tentaria te matar? — Questionou, embora estivesse indiferente, era notável que mesmo quando não queria, suas falas convictas poderiam soar brutas. Uraku exalava brutalidade por tudo que fazia ou falava. — Só se você merecesse… Não mediria esforços para explodir você. Quem sabe talvez essa sua cara de pitica e frufru fosse pra vala e você não precisaria se preocupar com mais nada pro resto da vida. — Falou, dando as costas para a loira. O humor grotesco com ironia pesada atacava novamente. Pegou o saco de areia, usando 100% de força, e apoiou-o sob o ombro.

Aquela garota havia cometido um erro. Uraku parou ao ouvir o que tinha a dizer a garota. Uma sombra passou contra o seu rosto enquanto gotas de suor escorriam pela sua bochecha e corpo. Como sempre, estava sem camisa, somente com sua calça cargo preta e cheia de bolsos, com os pés descalços sobre a areia. Era possível ver os músculos desenvolvidos e as cicatrizes que circundam o mesmo. Tão claras, outras quase imperceptíveis. Um ar de vapor escapou dos seus lábios enquanto se mantinha em silêncio. No fim, o vento zuniu, e os sons de passos se fizeram presentes. Alguns esguichar sobre a areia foram feitos e o vulto alourado avançou em direção ao garoto também louro.

Deu um passo para trás, sua expressão beirava o intuito de violência, tão clara a sua expressão de raiva naquele momento. — Me pergunto como sua mãe te permitiu viver, sendo tão escrota ao ponto de envolver a mãe dos outros. Não tem o mínimo caralho de senso algum para lutar por você mesma! — Os olhos estavam arregalados, e rapidamente, aqueles olhos escarlates fitaram o punho envolto de chakra. Usando 100% de sua velocidade, moveria o punho, usando o mesmo como um invólucro de chakra, para dar um bruto empurrar com a palma na direção do pulso da garota, no intuito de desviar o ataque. E com isso, avançaria em seguida, se deixando cair em direção ao chão. Com a palma apoiada sobre o chão, girou o corpo de lado, subindo a perna reta, em direção ao queixo da garota. Uraku estava usando 100% de sua força bruta e 100% de sua velocidade.

Os pés do garoto deslizaram sobre o solo de areia. Mas ele também percebeu que mesmo seu chute embutido de chakra mesmo fora o suficiente só para afastar a garota por alguns centímetros. Será que ela de todas as maneiras, era mais resistente do que a si? Outra coisa, aquele estilo de utilizar chakra nos punhos ou coisa assim, parecia muito algo que Aru estava disposto a usar nos dias em que tivera treinamento. Seriam eles similares ou do mesmo Clã? Quem sabe. — Se você usa a mãe dos outros como muleta para xingar os outros, certeza que precisa disso pra lutar. É isso que chamam de perdedores. — Exibiu um sorriso irônico, seu humor grotesco voltava a fazer uma participação.

Mas a garota voltou a avançar, então, ergueu as mãos, cruzando os braços em uma defesa elaborada. O soco que acertou ali somente serviu para empurrar Uraku para trás, mas a garota foi mais rápida. O louro ergueu as sobrancelhas quando seu pé acertou o meio de suas pernas. O que fez com que arregalasse os olhos e ficasse duro por um instante antes de cair no chão, apoiando as mãos entre as partes íntimas para massagear ali, pois doía. — Filha da puta! Como isso é injusto! — Gritou, totalmente irritadiço, mas também estava em uma corda bamba. Abaixou a cabeça, batendo a testa sob o chão de areia.

— Cala a boca! — Falou em alto bom som enquanto fechava um dos olhos, sentindo ainda o meio das pernas arderem. — Você é uma trapaceira injusta do caralho! Uma hora! Tudo isso … Essa falta de justiça vai voltar pra você, e vai se foder! — Cerrou os dentes, batendo a testa sobre o chão de areia novamente. — Argh! Como dói. — Resmungou, e em seguida, se virou para o lado, caindo de costas sobre o chão, de peito para cima. — Quem diria … Que mulheres são tão … — Respirou fundo, fechando os olhos. Quando a sensação diminuiu mais, o garoto se levantou, tossiu um pouco e fechou um dos olhos, observando a garota de cima. Ela parecia com ele, treinando daquele jeito, parecia o que fazia todos os dias.

— Ainda não é tão impressionante assim! Mas, pretendo alcançar o topo dessa porra logo logo. — Falou, desviando o olhar para o outro lado do campo. O vento passou por ali, fazendo com que mechas loiras esvoaçassem. — É como ele. Uzumaki. Eu deveria ter percebido. — Falou, observando uma bola de borracha no meio do campo. Com a ponta do pé, ergueu a esfera sutilmente. Com o isso, moveu a perna em um movimento circular, e em seguida, a costa do calcanhar acertou o objeto, lançando o mesmo na direção de uma parede que tinha ali. Com o ricochete, a esfera voltou novamente na direção do garoto, que ergueu o outro pé de lado, chutando a esfera na mesma direção.

Com isso, na terceira vez que a esfera retornou, o garoto deu um passo para o lado, e então, girou o quadril, chutando a bola por trás, e a mirando na direção do rosto da loira. — Se você é tão forte assim, então defende aí! — A bola vibrava no pé de Uraku, que disparou a mesma na direção da jovem Yue. A bola tirava tanto, que começava a fumegar devido a pressão. Havia usado 100% de sua força e velocidade naquele chute.

— Bem. Agora você experimentou o mesmo que eu. Mas, você é rápida para uma porrinha hein, eu tenho que admitir. — Falou, sério. — Mas você me lembrou alguém que eu conheço. É até mesmo do exato Clã que o dito cujo. — Falou. — Meu nome é Uraku. É o suficiente. — Falou, pegando sua toalha e colocando sobre o rosto, depois, passou o mesmo sobre os fios alourados, limpando bem. Fechou os olhos, e então se sentou um pouco, colocando sua sandália preta de cano alto. Não demorou muito para que colocasse sua camisa casual preta, e então, por último, alocou sua mochila ao ombro.

Deu uma última olhada para a loira antes de ir embora. Colocou as mãos nos bolsos outra vez e ajustou a toalha ao ombro, deixando a mesma cair sobre ambos os lados de seu pescoço. Com isso, saiu andando, deixando a garota para trás. Seu olhar estava baixo, e um determinado momento, se pegou reflexivo. Seria aquela garota mais forte que ele? O quão longe precisava ir para ser forte o suficiente para não perder ou não se abalar? Se lembrou das palavras da Uzumaki. Fraquezas naturais, hein? Ainda sentia um leve incômodo onde fora atingido. Então, respirou fundo e continuou andando.