Estava caminhando pela areia da praia. Minha mãe havia me enchido tanto o saco que eu acabei indo. Mas sendo bem sincero, eu não gosto de ir para praia. Muito sol, muito calor para o meu gosto. Na realidade, eu prefiro estar mais de boas com as coisas que eu quero fazer, quando se trata de um breve treino nos campos, em que eu posso facilmente voltar para casa. As coisas não são nada simples. Minha mãe então resolveu ficar de boas, ficando de costas para o sol, totalmente estirada na cadeira. Aquilo me fez erguer as sobrancelhas. Como ela poderia ficar tão de boas? Respirei fundo, então, peguei uma água e beberiquei, levando a lata até meus lábios.

— Que seja. Vou andar um pouco. — Falei, lançando a lata na areia, que quicou e foi para o alto, caindo em uma cesta de lixo próxima. Minha mãe apenas ergueu a mão e fez um gesto no melhor sinal de "Vá, vá, se divirta e me deixe aqui." Me levantando então, finalmente comecei a caminhar. Pessoas estavam ali por todo o canto, a sorte de existir por perto um oásis que permitisse que tamanha diversão pudesse acontecer. Coloquei as mãos nos bolsos do short preto e segui descalço entre as pessoas. Minha sorte era que eu estava de óculos de sol preto, então provavelmente ninguém me notaria por ali. E eu não queria ser visto. Bom, ledo engano meu.

Quando eu ouvi aquela voz, eu já sabia quem era. Então, ergui as sobrancelhas, e virei o corpo para o outro lado, evitando contato visual. Queria distância. Principalmente depois daquela última interação medonha que tive, onde os fogos saltaram pelos céus de maneira a abrilhantar toda Suna. Aquilo era no mínimo constrangedor. Cerrando os dentes, dei um passo para o lado a começar me afastar daquela margem, quando uma água foi lançada em minha direção, me pegando de surpresa. Talvez se eu fosse mais atento, não teria menores problemas em perceber tamanha ousadia.

Molhado, grunhi e inclinei o tronco, puto. — Porra, Yue! — Resmunguei. Então avancei para a água e neste movimento, encaixei os dedos contra o líquido, movendo o braço para frente e causando uma explosão, aquilo lançaria uma onda contra Yue. — Morra! — Gritei.

Havia dado certo. Soltei uma pequena risada maligna ao perceber que havia pego a garota em cheio. Tudo o que eu fiz então foi erguer o dedo, coçando o nariz. — Hehe. Isso é por ter me pego de surpresa. — Falei. Mas como tudo na vida é uma surpresa, a garota dos fios loiros disparou pelo campo novamente, avançando em alta velocidade contra minha pessoa, coisa que fez a minha reação ser um arregalar de olhos por um breve momento. Com isso, munida de uma força que até então eu desconhecia, o punho da garota do Byakugo no In fez com que minha cabeça fosse para baixo.

— Ugh! — Gemi. Não foi apenas um cascudo, mas dois. Depois, ergui a cabeça, passando o dedo na região que havia sido acertada enquanto fechei um dos olhos, fazendo um bico. — Ei, otária do caralho. Dá uma olhada. — Falei, erguendo a mão e segurando a Maria Chiquinha da loira, movendo para que ela pudesse olhar ao redor do grande oásis que dava sentido a praia. — Ninguém foi acertado. Porque estamos em uma parte um pouco mais afastada do oásis. Achou mesmo que eu faria isso sabendo que eu poderia ferir outras pessoas? — Perguntei, e uma sombra passou pelo meu rosto. — Que tipo de monstro você pensa que eu sou, huh? — Questionei. — Também tenho senso, falou? — E com esta deixa, dei uma leve puxada da garota pelo cabelo, a movendo pela cintura com a outra mão.

Com o sucesso, ergueria Yue com a mão para o alto. — Agora, voe, voe como uma borboleta. — Falei com um sorriso, lançando a garota no ar como se ela fosse feita de papel em direção ao oásis para que ela se quebrasse na água. Mas claro que eu não lançaria a Uzumaki perto demais da margem, o risco dela se machucar feio com isso poderia ser bem grande, então preferi lançar a mesma um pouco mais distante para que pudesse cair bem. De certo modo. Com isso, após colocar a mão na cintura, dei meia volta e me sentei na margem, abraçando os joelhos e respirando fundo enquanto tornava a ajustar o óculos escuro de sol em formato circular.

— Elas não vão. — Exibi um pequeno sorriso com segurança. — As plantas não ficam dentro da água e a maioria deles ficam afastadas da margem. Pelo ângulo que eu usei, não seria possível atingi-las. E moramos em um deserto, não tem animais por aqui perto. Só se você considerar o fato de que existem escorpiões e minhocas enterradas no subsolo do deserto. — Argumentei, cruzando os braços. — Seus argumentos são bem fracos, Yue. Deveria melhorar isso, ou você não vai conseguir convencer ninguém. — Falei, sorrindo de maneira maldosa, mas parecia mais malícia provinda de um sorriso sacana.

Com isso, o ato de jogá-la ao mar fora efetuado. E a Uzumaki caiu ali que nem um saco de farinha, o que me fez soltar uma pequena risada. — Não preciso de nada. Quem é você para achar que eu preciso de alguma coisa, hein? — Falei em um tom mais brando depois que a garota passou pelo seu recompor, seguindo até a mim novamente, apesar de estar toda molhada. — Ah, você pode conversar com minha mãe à vontade. E meu pai está em coma desde muitos anos, não se preocupe com isso. Pedagoga. — Exibi um sorriso e dei meia volta, começando a caminhar enquanto colocava as mãos nos bolsos da bermuda.

— Hah? O que quer dizer com… — Eu vi a sombra se erguendo rapidamente em minha direção. Parei, dando uma volta completa para trás, erguendo o olhar para o tsunami que se erguia cada vez mais alto. — Tsc. Essa garota … E pensar que falaria sobre o cuidado e várias outras coisas mas …Olha isso! Loirinha do caralho! — Dei meia volta e comecei a correr o mais rápido que eu podia. Mas aquilo caiu como uma luva e eu acabei sendo engolfado pela água, seguindo em uma forte correnteza. Meu corpo girou algumas vezes dentro da água enquanto era levado fortemente para trás. "Essa técnica parece o do Aru… Essa força absurda." Cerrei os dentes.

Quando dei por mim, estava na margem do oásis. Então me levantei, tossindo, até coloquei um rojão de água para fora. A garota já tinha ido. — Uma criança é? Eu tenho treze anos, sua velhota! — Ergui o punho no ar, gesticulando como se estivesse socando o ar.