Um, dois, três. Uma sequência de três toques repetida por duas vezes até ser atendida. A residência mantida por Kaginimaru quase nunca recebia visitas, e, quando recebia, eram sempre mensageiros vindo para entregar-lhe alguma missão enviada pelos superiores, mas nesta noite era totalmente diferente. No momento em que abria a porta, uma montanha de músculos enorme, tão enorme que era necessário olhar para cima caso almejasse olhar em seus olhos, estava estacionado logo ali. — Senhor Ishikawa! — O garoto exclamava. — Entre, por favor. — Continuava, abrindo espaço para o mesmo adentrar, fechando a abertura logo em seguida.

O homem enorme, que por sinal era tio do garoto, pela primeira vez apresentava-se formalmente, anunciando que seu nome era Edward Ishikawa, mas muito conhecido como Barba Branca, e assim poderia ser chamado caso fosse desejo do jovem. — Edward... Acho que já ouvi minha mãe falando do seu nome, mas não me recordo bem... — Kagi comentava, sendo logo interrompido pela risada do tio, que dizia como ele e sua mãe eram irmãos extremamente unidos no passado. — Mas você não veio aqui para somente se apresentar formalmente, não é mesmo?! — Parafraseava sua grande amiga Pandora, lembrando-se de sua última visita à casa dela.

O semblante do Barba Branca mudava no mesmo instante, demostrando bem que o Hanma estava mais do que certo. Logo começava a explicar que a senhorita Ishikawa havia solicitado um teste para provar a avaliação de como estava o desempenho de seu filho. Era estranho ouvir isso, sua progenitora almejando avaliar a força do filho, para quais fins? Decerto também queria que ele superasse o seu marido, mas esta era sua única preocupação? Ficava desapontado em sequer ouvir que ela estava preocupada com sua saúde, bem estar ou até mesmo com a solidão de não ter seus pais presentes. Talvez sempre estivera certo e a desilusão trazida por seu tio era apenas uma nova ilusão, mas de certa forma nada disso importava mais. — Entendi, como pretende me testar? — O garoto interrompia seus pensamentos sobre vínculos familiares para focar-se no que era sua especialidade. Mostrar seu próprio valor.

A resposta de imediata era que um novo alguém viria na manhã seguinte para repassar as instruções corretas. Após isso e sem se estender muito, o Ishikawa anunciou sua saída, se despedindo e então partindo. — Obrigado, eu acho. — Dizia meio incerto, afinal, o grande homem havia acabado de realizar o incrível feito de tornar seu sobrinho o homem mais ansioso da noite em Iwagakure no Sato. Perguntava-se como conseguiria dormir diante de uma notícia tão direta e que se realizaria assim que acordasse, e pior, sequer tinha noção de como tudo seria.

Mas não custava tentar. O garoto após fechar a porta retornou para sua cama onde dormia todos os dias e faria o simples ato de deitar-se de olhos fechados e permanecer até perder a consciência. De nada adiantou. Virava-se para um lado, virava-se para o outro e em momento algum conseguia se desligar da realidade. — Quer saber, desisto. — Diria enquanto se levantava e começava de imediato a fazer dezenas de flexões. Dezenas de abdominais e tudo mais o que fosse necessário para acabar com suas reservas de energia. Depois de longas horas de tentativas, finalmente estava em seu limite e nem mesmo a ansiedade segurava sua necessidade de descanso.

No dia seguinte, ou melhor, algumas poucas horas depois. Novamente duas sequências de três batidas em sua porta eram desferidas, porém desta vez estas eram bem mais fortes, violentas e apressadas. — Finalmente na hora! — Kaginimaru anunciava para si mesmo no imediato momento que acordava devido ao barulho, se levantando no mesmo instante. Estava sem sua camiseta e apenas com uma leve bermuda que sempre costumava utilizar, mas nem mesmo suas roupas inadequadas o impediram de ir loucamente abrir a porta.

Quando abriu, teve uma enorme surpresa, tratava-se de apenas um homem visualmente velho e rechonchudo, totalmente o oposto do que aguardava. — O que deseja?! — O questionaria na extrema expectativa de que fosse um engano e não se tratasse do responsável pelo seu teste. — Kaginimaru Hanma, não é? Vim te guiar para o seu teste... vem comigo. — O respondia e imediatamente começava a caminhar sem sequer conferir se estava sendo seguido. Kagi o seguiria, mas em sua mente o enorme questionamento de como um homem deste porte teria a capacidade de testá-lo.

Depois de muito tempo de caminhada, ambos adentravam a academia de musculação do vilarejo e a verdadeira apresentação se iniciava: — Você vai participar da maior competição de lutas de Iwagakure. Será o seu início e o super maior trunfo possível para que avance para competições maiores de forma rápida. Espera-se que você no mínimo consiga estar com os requisitos de fama entre combatentes e vitórias suficiente para entrar no torneio organizado diretamente na capital do País da terra. — Discursava.

A reação do garoto era de um sorriso estampado em seu rosto por fora, e de uma tremenda insegurança familiar interna. Por que diabos sua mãe queria que seguisse os mesmos passos sujos de seu pai? Não que se importasse com a ética por detrás de tais ações, mas... o que ela estava pensando em um teste como esses? Era impossível responder. — Certo, quando começo? — Dizia expressando sua total confiança em si mesmo. — Não é simples assim, você está entrando atrasado no torneio e dependerá de uma boa estratégia de destaque para que os lutadores almejem te desafiar... — Explicava, notando com toda a clareza a feição confusa do Hanma. — Ainda estou arrumando sua primeira luta, mas já cogitei a melhor maneira de chamar toda atenção... Você irá lutar de mãos-atadas nas costas. E vencerá todas as lutas. — Continuava, finalizando tudo o que tinha para dizer.

Kaginimaru simplesmente não sabia o que dizer, sequer possuía experiências com ataques com as pernas — que seria sua única opção, mas a sua autoconfiança não permitia que negasse este desafio, inclusive estava extremamente excitado com um desafio deste nível. — Está bem, não vai ser problema algum. — Respondia em tom firme. Ambos passariam um maior tempo juntos para definir os dias das lutas que viriam e como se daria a preparação para tudo isso.

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