Saito acordou cedo naquela manhã acalorada de verão, animado para ir pescar com seus pais no rio Naka, como haviam combinado meses antes. Ele se vestiu rapidamente, colocando sua camiseta de mangas compridas de cor branca e o shorts confortável de cor azul marinha, agarrou sua mochila que descansava sobre a poltrona no centro da sala de estar e partiu. Descendo as escadas, ele encontrou seus pais na cozinha preparando o café da manhã. Seu pai estava preparando sanduíches de ovo e bacon, enquanto sua mãe colocava cereais em tigelas e preparava uma bandeja de torradas.

— Bom dia! — Saito cumprimentou seus pais — Vocês estão prontos para ver o rei dos piratas em ação?

— Bom dia — seus pais responderam em uníssono — Já estamos quase prontos. Termine seu café da manhã e então podemos ir — finalizou sua mãe.

Saito pegou um sanduíche e um pouco de cereal e começou a comer como se aquela fosse sua primeira refeição em dias, mas a verdade é que apenas não conseguia conter a empolgação e queria terminar aquilo o mais rápido possível. Enquanto isso, seus pais prepararam o equipamento de pesca, colocando as varas, anzóis e iscas em uma mochila grande. Pouco tempo depois, eles saíram de casa e caminharam até uma carruagem emprestada que seu pai solicitou a um dos mercadores amigos da família. A mesma estava estacionada na frente da casa. Eles colocaram a mochila de pesca nos fundos e subiram na carruagem. Seu pai moveu os braços para cima e para baixo e logo o burro acinzentado que puxava o transporte começou a andar.

Durante a viagem, Saito olhava a sobre a madeira na qual se escorava, observando a paisagem passar. Ele viu vacas pastando em pastos abertos, árvores frondosas e algumas casas rurais. Chegando ao rio, eles desceram da carruagem e caminharam em direção às margens. Lá, eles prepararam suas varas e começaram a pescar. Saito estava animado com a possibilidade de pegar peixes grandes. Ele lançou sua linha rapidamente e esperou pacientemente, olhando fixamente para a água. Seus pais também estavam pescando com seriedade. Eles tentaram várias áreas diferentes, movendo-se ao longo do rio para encontrar o melhor lugar.

Por um tempo, ninguém pegou nada. Eles tentaram diferentes iscas, mudaram a profundidade de suas varas, mas nada parecia funcionar. Saito começou a se sentir desanimado, mas seus pais o encorajaram a continuar tentando, como sempre faziam. Finalmente, depois de alguns minutos, Saito sentiu um puxão em sua linha. Ele puxou com força e viu que um peixe estava mordendo — Eu peguei um peixe! — ele exclamou, animado. Seus pais sorriram, felizes por verem a empolgação dele. Eles ajudaram-no a retirar o peixe do anzol e colocá-lo em um balde com água, pronto para ser levado de volta para casa.

Depois disso, a sorte melhorou. Saito e seus pais pegaram mais peixes, alguns grandes e outros pequenos. Eles se divertiram lançando suas linhas juntos, conversando e ouvindo o som do rio. Eles posaram segurando seus peixes e contando histórias sobre as vezes que já pescaram no passado. As horas passaram rapidamente, e logo começou a escurecer. Eles guardaram seus equipamentos e voltaram para casa, cansados, mas felizes. Ao chegarem em casa, sua mãe preparou uma refeição deliciosa de peixe grelhado com legumes e arroz, acompanhada de uma salada fresca. Eles desfrutaram da refeição juntos, conversando sobre o dia de pesca e o que mais poderiam fazer juntos naquele verão. Saito percebeu que, além de ter crescido mais próximo de seus pais, ele também adquiriu ainda mais amor pela natureza.

Ele estava grato por ter tido a oportunidade de passar um dia tranquilo, pescando em um ambiente outra era que não no apartamento em que viviam no vilarejo. Ele se lembrou dos conselhos de seu pai sobre a paciência e sobre valorizar os pequenos momentos com as pessoas que amamos. Concluindo a noite, eles sentaram-se juntos no sofá, enquanto o patriarca lia um livro para todos antes de dormir. Saito se aconchegou entre seus pais, sentindo seu calor e amor, e sorriu ao pensar que nunca esqueceria aquele dia de pesca.

E de fato nunca esqueceu. Sentado no topo do telhado disposto em sua casa, onde agora vivia sozinho e não mais cercado pelo amor e momentos únicos na companhia de seus pais, segurava o livro que anos antes seu pai lia. Contava história incríveis de feitos irreais que apenas poderiam existir na imaginação de um menino. Não na de Saito. A amargura que tomava conta de seu amago apenas poderia ser subjugada pelo ódio que aprendeu a nutrir e suportar com o passar dos anos. Por mais que aquilo lhe desse forças, ainda sentia demais a falta de seus pais. Tudo que haviam deixado para trás eram as lembranças, os livros, uma boa quantia de dinheiro e incontáveis mentiras. Desde a linhagem sanguínea até os métodos pelos quais alcançaram o que alcançaram.