Uma voz soava nos grandes auto falantes levando o anúncio à platéia ensandecida que vibrava a cada palavra do locutor:

“Sim, senhoras e senhores, isso mesmo! Neste momento, para sentar conosco na Poltrona da Verdade, teremos a presença daquele que vem sendo cotado como uma grande presença no Torneio que foi anunciado aos quatro cantos do mundo! Ele que é chamado de Rei dos Insetos e agora vai poder falar um pouco mais sobre como é a experiência de usar seres que a sociedade considera nojentos como aliados e ferramenta de trabalho. Muuuuitos aplausos para nosso ilustre convidado! Com vocês: Aburame Treze!”

Ao sair de trás das cortinas, meu andado deixava explícito que eu estava um pouco sem graça, por incrível que pareça. Acho que nunca estive frente a tantas pessoas, ainda que a plateia tivesse me recebido muito bem, gritando e chamando meu nome. Acho que ali é até um cartaz com meu nome, mas as luzes do palco em meu rosto não me deixavam ver muito bem.

Me aproximei do centro do palco, cumprimentando o locutor de antes. Era um homem com um grande topete, usava óculos escuros brilhantes e um terno espalhafatoso verde com diamantes cravados no pano. Era extremamente carismático, desde a forma como chacoalhou minha mão expansivamente e sorriu, até me convidando para sentar na poltrona. Eu sorri de volta e dei um tchauzinho para as pessoas, sentando-me confortavelmente.

A música e os aplausos levaram alguns segundos para parar, mas então nós começamos a conversar enquanto ele estava sentado em outra poltrona.

— É um prazer recebê-lo aqui, Treze.

— Ah, imagina — Limpei a garganta seca graças ao nervosismo, mas então continuei — O prazer é todo meu. Eu sempre adorei a Poltrona da Verdade e poder bater esse papo aqui com você é uma honra.

— Bom, então vamos começar com a pergunta que não quer calar! Como ninja, você usa bastante suas habilidades. Quais suas preferidas?

— Como você mesmo disse, eu trabalho com insetos. Os meus vivem em meu próprio corpo, alimentam-se da minha carne do meu chakra… É meio doido de se pensar, né? Mas vale a pena, ainda que seja estranho. Meu jutsu de ataque preferido é o Mushitatsumaki… Ele já me salvou em várias situações e é bem útil contra inimigos fortes. É um tornado de insetos que segue em alta velocidade e consome o alvo.

— Uau, isso é maravilhoso! — Ele olhou para uma câmera com foco em seu rosto — Eu é que não quero ser acertado por esse ataque, e aposto que vocês aí de casa também não!

Mais risadas e aplausos.

— E me conta uma coisa, o que você espera desse Tokubetsu Shiken? Dizem que existe certa tensão entre as vilas — A plateia fez um “uh” de tensão — Você, como um ninja da Folha, sabe como ela vai reagir quanto a isso?

— Ah, sim! Desde que fiquei sabendo do Exame tenho me empenhado muito mais pra estar mais forte e preparado. Principalmente porque eu ainda preciso me tornar um Chuunin, né? — Cocei a cabeça, sem graça. Não queria que eles me achassem fraco — É que eu ainda sou um Genin, mas isso não vai continuar assim por muito tempo! Podem ter certeza. Eu e meus insetos vamos amassar nesse torneio!

A platéia havia me adorado. Será que era o nariz de palhaço? É que mesmo usando-o, eu nunca fui realmente um cara engraçado.

— Sim, sim, sim! Tenho certeza que será uma experiência maravilhosa. Dizem as más línguas que sua infância não foi muito boa… O que você sabe sobre o lugar onde você nasceu e foi criado?

— Na verdade, eu não nasci no laboratório de testes da Igreja do Fogo. Minha mãe era uma fiel fervorosa e me entregou quando ainda era um neném. Ela não me deu nem um nome — A plateia soltou um “ah”, compadecida pela minha história — O que eu sei é que eles estão fazendo testes com pessoas. Desejam criar armas humanas e usá-las como exército em alguma conquista.

O entrevistador parecia chocado.

— Oh! Mas isso é um horror! Por sorte, nós temos ninjas poderosos na vila da Folha que não vão deixar com que isso aconteça! — Dessa vez, até eu aplaudi — Qual o ninja mais forte que você conhece?

— Bom, acho que é o Hokage. Dizem que ele é o mais forte, na verdade.

— E o que você sabe sobre ele? — Seus olhos brilharam.

— Na verdade, sei que ele tem o cabelo vermelho e uma cicatriz na cara. Eu não sei nada sobre sua força, já que só o vi uma vez enquanto ele me passava uma missão — Parei um pouco, pensativo — Acho que o ninja mais forte que eu conheço é o Aburame Nobu, meu tutor. Tenho feito várias missões ao seu lado e ele é um ótimo ninja do nosso clã.

— Claro, Nobu! Um homem de óculos escuros e cabelo muito bem penteado com gel? — O locutor perguntava de forma efusiva, sem deixar o sorriso sair do rosto — E ele é forte mesmo? Será que não tem uma fraqueza?

— Bom, não que eu saiba… Engraçado. Eu tava achando que a entrevista era sobre mim. Você não quer falar sobre a minha vida? Sobre meu sabor de Lámen preferido ou o que eu quero ser daqui a 10 anos?

— Sim, é claro que quero… Mas antes, porque não me fala um pouco sobre as defesas da sua vila?

— Ei, otário, acorda.

Uma voz soou nos meus ouvidos muito mais alta que a do locutor ou da platéia. Os aplausos haviam sumido e eu sentia uma dor excruciante em minha perna. Eu ainda balbuciava alguma coisa como “mais aplausos para Treze”, mas ao abrir os olhos, vi a Kunai cravada na coxa e o sangue trouxe-me de volta à realidade. Em minha frente, Nobu estava parado, dando tapinhas em meu rosto.

— O que… aconteceu? — Perguntei, ainda um pouco atordoado.

— Você caiu num Genjutsu contra inimigos de outra vila. Eles pareciam usar algum tipo de jutsu que retira informações do alvo… Aposto que você abriu a boca sem pestanejar.

Fiquei calado por um tempo, sentido por ter caído no golpe sujo dos inimigos daquela missão.

— Não tem problema, eu não os deixei escapar. Meu clone o matou neste exato segundo — Ele parecia orgulhoso — O usuário de Genjutsu era um ótimo ninja, sua técnica devia ser muito refinada. Me conta, como era lá dentro?

— Cara, você não acreditaria na tortura que foi. Eles tinham alicates e pregos…

Considerações: