— Treze, esse é uma solicitação direta para que você realize. É uma missão fácil, e também será a última missão desse nível possível pra você, ok? — O Chuunin responsável pela seção de distribuição de missões do quartel general falava comigo de um jeito costumeiro, visto a quantidade de vezes que já havíamos nos encontrado. Seu nome era Seong, e vestíamos coletes verde-oliva exatamente iguais. Eu estava sempre ali no dia a dia cumprindo expediente e evitando a solidão da minha própria casa, aproveitado os dias em que não estava viajando em missões complexas para realizar tarefas mais simples, então o rosto de Seong já era bastante conhecido por mim.

— Um pedido direto? — Recebi o pedido em mãos, apoiando os cotovelos no balcão e lendo o conteúdo na sequência — Hm, é da Maya… Uma garota que eu acompanhei em uma missão para que ela desenhasse um animal exótico. Parece que ela quer que eu a acompanhe numa festa. Que estranho…  

[...]

— Sim, agora está ótimo! — Olhei bem para o rosto da menina antes de dar a pincelada final em sua maquiagem. Eu sempre fui acostumado à maquiar a mim mesmo, então aquilo não era problema algum. Fiz um “X” com tinta branca em seu rosto, bem parecido com a que eu uso.

Maya se olhou no espelho e deu um sorriso contente, mas ela não parecia satisfeita. Foi então que a garota sacou de seu bolso um nariz de palhaço e colocou, sorridente.

— Na verdade… Agora sim está perfeito. Vamos!

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Essa não era a minha fase mais feliz, confesso, mas Maya conseguiu acalentar meu peito de uma forma cativante. Durante toda a noite, sorrimos um para o outro, bebemos chá, experimentamos sucos e até saquê, mas só um pouco, afinal somos crianças.

Foi só quando cheguei no local da festa foi que eu entendi a intenção daquela garota com aquela solicitação de missão: As pessoas vestiam roupas de seda fina, caras e chiques. Chapéus ornados com penas e cravejados com pedras brilhantes. Falavam de um jeito pomposo e seus olhares eram de julgamento, exatamente como o de tantas pessoas que eu já havia visto por aí. Parte daquele pessoal era a família de Maya, e ela não parecia disposta a agradá-los. Imagine só a expressão em seus rostos ao verem a garota chegando com uma maquiagem e nariz de palhaço ao lado de outro palhacinho.

Nós nos divertimos bastante. Em dado momento da noite, nos sentamos no jardim iluminado pelas estrelas, ouvindo apenas o som da música abafado vindo do saguão onde a festa acontecia.

— Aposto que não era isso que eles esperavam de você, Maya — Deitei com as costas na grama, relaxando após tanto aproveitar o evento — Parece que você não leva jeito mesmo pra ser a princesinha deles…

— Não ouse me chamar assim — Ela deitou-se ao meu lado, abrindo os braços e aproveitando a maciez daquele solo — Treze… Obrigada. Essa noite foi incrível.

Houve um momento de pausa. Nós nos olhamos e a música se tornou mais lenta. Foi aí que eu fiz a única coisa que era esperada para a cena:

— E você acha que acabou? Não, não! — Me levantei de repente, segurando suas mãos e a levantando também no processo — Nós ainda temos muito saco pra encher desses ricassos, vem!

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