RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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Kenyu


Ogata Aoi
Sunagakure Genin
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Voar


A carta chegou em minha casa com a noticia de que meu avô estava doente e que queria pedir perdão pelos erros que me fizeram sofrer, sendo sincera, não queria ir ao hospital, diante das adversidades impostas pela minha família, provavelmente iriam se recusar a aceitar minhas filhas, iriam me julgar, mas como não ir? meu avô foi a única pessoa que me mantinha em sã consciência naquele lugar, que me ensinava, brincava e sorria, se não fosse por ele eu provavelmente não saberia o que era a palavra amor, mesmo assim, meu coração se dividia entre o dever e a necessidade, segundo o que ouvi falar, foi por que eu fugi de casa que ele começou a adoecer, mas se não fosse por isso, provavelmente teria me enforcado com os cetins ou alguma corrente de ouro em qualquer árvore nas proximidades.
Engoli em seco tentando conter minha covardia, minhas mãos seguravam com firmeza o pendante de meu falecido esposo, o medo corrói minha alma, medo de mim mesma, medo dos outros, medo do mundo que me cercava, medo de que minhas pequenas meninas fossem alvo de preconceito de uma família que tinha a tendência a levar seus filhos a loucura.

--Mamãe? Você está chorando? ---

Olhei para baixo, estava tão absorta em meus pensamentos que mal percebi que Haruka e Natsuki estavam segurando na barra do meu vestido, com os olhos chorosos. Minha única reação foi abraçá-las.

--Mamãe está bem… não se preocupem… agora quero conversar com vocês… eu tenho um lugar para ir, e preciso que vocês venham comigo, existe uma pessoa que quero que conheçam… quero que venham ao hospital---

--É o papai? ELE VOLTOU ? ---

Meus olhos se encheram de lágrimas e fui forçada a desviá-los para a janela antes de respirar fundo, havia me esquecido  que elas ainda tinham esperanças de que o pai dela retornaria para a casa.

--È o vovô… eu nunca apresentei ele a vocês porque… é complicado… mas quero que se comportem, entendeu?--

Elas apenas assentiram com a cabeça e nós três saímos da casa juntas, afinal, sozinha eu era fraca, chorona, e perdida, mas com minhas filhas e para minhas filhas eu era uma verdadeira leoa do deserto.
O percurso foi longo e desastroso, eu nunca fui boa em achar o caminho de nada, e agora com a mente vaga entre a ansiedade e o medo as coisas se tornavam ainda piores, passamos por quarteirões e ruas que se quer sabia que existia, andamos até nos cansarmos, por sorte encontramos a pediatra que cuidava de minhas filhas e ela me ajudou a encontrar o caminho do hospital, caso o contrário acabaria por desistir de encontrar.
Os corredores brancos do hospital de sunagakure sempre me incomodaram, agora mais do que nunca, visivelmente pareciam que eles não tinham fim e precisei que uma enfermeira me guiasse para até finalmente chegar a uma porta branca onde outras pessoas de minha família me encaravam, dentre ele estava meu irmão mais velho, minha mãe e alguns tios e primos, e não posso negar, seus olhos pesavam com tanta força sobre minha alma que fui forçada a abaixar a cabeça e passar por eles como um rato encolhido por um bando de corujas. Segurei ainda mais firme nas mãos de minhas filhas, guiando-as pelo meu passado e pela estrutura distópica e cruel daquela família psicótica, queria que aquilo acabasse, queria ir embora, queria me esconder debaixo dos meus cobertores e voltar a normalidade de meus dias preguiçosos. Infelizmente tudo aquilo se foi junto ao túmulo vazio de meu marido, agora estava eu contra o mundo, contra as pessoas que acreditavam que eu não daria conta de cuidar das minhas filhas e seguir com a carreira ninja, sendo sincera, se a três anos atrás tivessem me falado isso diria que era impossível, mas agora não estou mais sozinha.

Até que as luzes da janela iluminaram o meu rosto e naquele instante as sombras que aplaudiam minha alma se foram, ali estava o homem que outrora fora tão forte e com a voz tão gentil e firme, deitado, em uma cama, com sondas e outros equipamentos atestando que sua vida estava aos poucos se extinguindo, um triste fim, que todos os seres passavam. Mantive-me com os olhos baixos, ignorando o mundo e apenas sorri quando os olhos moribundos se voltam para os meus.

--Aoi… a quanto tempo… minha neta… é bom te ver saudavel...---  Disse ele.

Eu sorri e estendi minhas mãos para com as deles, estavam frias, mas não deixavam de demonstrar a ternura que um dia tinham, quanta saudade eu tive daquelas mãos, daquela voz.

--Oi vovô...como o senhor está?---

--COMO ELE ESTÁ? SUA VAGABUNDA… ASSIM QUE VOCÊ SUMIU DE CASA ELE PASSOU A PARAR DE COMER… VOCÊ É A CULPADA DISSO---

Era um dos meus tios, a voz dele estava alta e imediatamente recuei minhas filhas para trás entre a cama e o meu atacante, encolhidas elas se  alinham como pintinhos na tempestade, não tive forças de olhar para ele, não queria sentir que aquelas palavras eram verdadeiras… eu só queria fugir dali.

--Espere… não fale assim com ela… --- Era meu avô que apesar de sua idade avançada ainda tinha autoridade na voz para poder ditar o que pensava a ponto de fazer com que meu tio recuasse imediatamente.

--Desculpa… eu sabia que não era bom eu ter vindo…---

Segurei minhas filhas enquanto saia do meio da multidão e escutava meu vovo me chamar de volta, mas minha covardia me impedia de fazer isso, só queria fugir, dali, não queria encarar aquele olhos.

--Espere… por favor… deixe eu ver minhas bisnetas…. ---

Eu escutava sua voz, mas ignorava, apenas arrastava minhas filhas, estava tão acuada que mal vi quando uma tropeçou e começou a chorar pelo ferimento no joelho, naquele momento eu percebi, haviam médicos correndo para todos os lados até que finalmente a familia saiu de la, alguns chorando outros querendo achar um bode expiatorio e nesse caso era eu.

---Ele morreu… ELE MORREU TENTANDO SE LEVANTAR E IR ATÉ VOCÊ… SUA DESGRAÇADA… ----

Meu tio avançou ferozmente, ele era mais alto que eu, mais forte e também um ninja mais preparado, e estava ensandecido de raiva, minha única reação foi abraçar minhas filhas e esperar que o golpe me acertasse.
As janelas do hospital se arrebentaram com uma força monstruosa e aterradora e no mesmo momento segurando meu tio empurrando contra a parede branca.

--O que é isso-- Disse ele surpreso.

Parte da areia por outro lado me cobriu como um casulo, ele poderia não saber o que era, mas eu tinha certeza, era o amor de meu avo me protegendo mesmo após a morte.



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Ogata Aoi
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Reprovado, faltou a descrição da técnica e o gasto.
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Voar


Era novamente aquele sonho, do dia em que abandonei minha família e minha casa para poder encontrar a minha verdadeira família, aos quinze anos eu não era muito diferente do que sou hoje, chorona, quieta e principalmente gostava de distância social, onde eu morava não poderia ser chamado de lar, e sim de prisão, as pessoas me julgavam se meu utakata estava errado, brigavam se os hachis estavam mal posicionados ou se os origamis não estivessem em perfeita harmonia, tudo era crítica, e isso me fez me afundar em algo que eu não esperava, em uma depressão tão profunda em que a unica coisa que conseguia fazer era aceitar minha pequeneza diante da grandeza de meus parentes, eu estava viva para os de fora, mas morta por dentro, foi nesse contexto em que descobri que a unica que pessoa que me sustentava naquele mundo estava morrendo, meu bizavo, um senhor gentil que tinha como a principal base me fazer sorrir, algo raro, ele ignorava os padrões da sociedade rica, cochilava e brincava com coisas que normalmente não deveria ser brincado, meus tios e meus pais diziam que era porque estava ficando senil, mas ao meu ver, ele era a unica pessoa sã daquele lugar.

A sua saúde estava debilitada e eu era proibida de ver ele, segundo a família uma pessoa da classe alta tinha que estar diante das pessoas que poderiam acender as riquezas e heranças da casa, sendo sincera, acredito que no fundo eles faziam isso porque achavam que eu era um empecilho para que eles sugaram até a última moeda dele. Eu sou tímida, quieta e principalmente covarde, nunca escondi esses defeitos de mim, ao meu ver eles fazem parte do que eu sou, mas naquele dia em especial tomei coragem e então entre as saídas das enfermeiras e médicos consegui uma passagem de tempo, não era muito, mas o suficiente para poder vê-lo uma última vez e era isso que eu queria, era isso que desejava em meu coração de lata.

Aproximei dele, era incrível como seu rosto e pele parecia tão fragil e quebradiça, os equipamentos ao lado indicavam o período de tempo em que o coração bombeava sangue, e era nítido que a cada momento o coração parecia querer descansar após setenta anos de uso intenso, eu não queria ver aquela cena, queria fugir, mas ao mesmo tempo queria estar ao lado dele. Inconscientemente minhas mãos percorreram as dele e por um instante ele abriu os olhos e sorriu.

---Minha pequena… meu pequeno passarinho azul… você tomou coragem para sair da gaiola… ---  Murmurou.

Não sabia se ele estava falando de mim, mas queria acreditar que sim, queria acreditar que aquelas palavras me libertaram da prisão de minha alma, no entanto, a cada suspiro a gaiola parecia que se fechava dentro de mim, minha carne e meus ossos eram a prisão de minha alma decadente, eu era uma boneca apenas para satisfazer a hierarquia de minha família, até mesmo já estava comprometida antes de nascer, tudo para manter o status quo.

--Sou eu vovó… por favor… fique comigo… eu não vou conseguir viver sozinha.--- Murmurei.

---Sim… vai conseguir… porque o vovô vai te proteger, e sempre estará com você… ---

Aquelas foram suas últimas palavras antes do derradeiro inspirar da morte, antes de me sentir sozinha novamente, naquele momento, a única coisa que consegui fazer foi correr, pelos corredores enquanto parte da família se preocupava com o cadáver e outros curiosos corriam para ver a decadência do homem mais importante economicamente de sunagakure.

Não me lembro como eu cheguei no topo  dos muros da vila, só lembro que queria acabar com aquele pesadelo infinito, respirei fundo, e fiz o que sempre quis fazer, acabar com tudo aquilo, em um instante me vi em pleno ar, enquanto um passarinho acompanhava minha queda, sendo sincera, não sei se foi real, só sei que segundos depois vi um menino de cabelos pretos se jogando ao meu resgate, me embalando com seu corpo para que eu não sofresse a queda, mesmo sabendo que sua vida seria ceifada, quis gritar para que ele não fizesse isso, queria que fosse embora e deixasse-me com meu proprio egoismo, foi quando as areia do deserto se ergueram sobre nossas costas, era como se houvesse uma entidade vida, aparando a queda, diminuindo sua intensidade e nos afagando até cair no solo sem um arranhão.
Talvez meu avo estava certo, no dia em que quis tirar minha vida, foi o dia que ele me protegeu e me abençoou, hoje minha cama e pequena e divido com minhas duas pequenas meninas, o rapaz que me protegeu se foi, mas não seu legado, e nem os sentimentos que ele e meu avo deixaram em mim.




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