— Querendo ou não, ele não está errado. - Falei com o Jounnin responsável por me entregar a missão, este por sua vez, me olhou sério e logo depois me respondeu: — Tanto faz, só vai lá e mate esse merda ai. - Sumindo logo em seguida da minha frente. — Ele é semelhante a você, não tem por quê o matar, hipócrita. - E infelizmente, o demônio estava certo. O procurado não estava errado, os que eram pecaminosos e contaminados, deveriam morrer. E a única coisa que realmente podia o comprometer, era a Ira. A Ira era o maior dos pecados, e mesmo julgando-o pelos seus motivos, não podia ser perdoada.

— Eu não deixo a Ira me consumir, e justamente por isso, você não vem a luz. Aquieta-te mal. - Disse, enquanto andei procurando por coisas que chamassem minha atenção, abusos, luxúria, avareza, qualquer coisa que seja digna da minha atenção, e em casos extremos, teria que me controlar para eu mesmo não cometer algum crime passivo de punição. O que me diferenciava de um assassino? Era o velho ditado: Quando você mata um assassino, o número de assassinos no mundo não mudava. E a resposta para essa questão era simples, matar dez, cem, mil, era o ideial que me fazia acordar todos os dias, e foi isso, que fez me encontrar com o maldito Shinobi que pelos pensamentos corretos, deixou-se ser consumido pelo mal.

— Você deve ser o demônio de Zuru, e infelizmente não posso deixar você matar ele aqui, que tal sairmos para conversar? Preciso acertar uns pontos. - vi um homem prestes a ser degolado, enquanto quem segurava a katana, recitava palavras relacionadas a gula, entre os pecados perdoe-me dizer, era o mais nojento.

Expandi meu chakra em um domínio de território, fazendo os selos e terminando relacionando com a mão, como se estivesse passando de tela. Respirei fundo e sentei-me no chão da ilusão, mestrada por mim, todos nós estávamos em uma sala extremamente assustadora, as pessoas que tiveram a infelicidade de serem pegas em meu domínio, agora deveriam imaginar estarem presas em uma espécie de gaiola, deixando no corredor principal, e tão medonho quanto, eu e o demônio de zuru.

— Você não deve imaginar como veio parar aqui, pelo seu porte físico e jeito de lutar, provavelmente é do tipo burro, ataca por instinto. Não que este esteja errado, e ainda falo mais, se você não estivesse consumido pela ira, seria com certeza um aliado para o que eu quero. - Parei de falar, levantando do chão e olhando fixamente ao rapaz, e quando me dei conta, comecei a falar com uma voz duplicada, uma grossa que sobressai a minha própria voz.

Iria usar aquilo para ao menos um pouco, tentar entender como aquele homem havia sido tomado pelo maior dos pecados, e eventualmente, não cair nos mesmos erros. A intenção, não era dar dano, mesmo que, decorrente da minha kekkei genkai e meu talento inato em genjutsu, se eu não quisesse, não iria o matar, e uma vez preso ali, iria penar para sair, e só sairia se eu permitisse, na realidade.

- Vamos ver, o que você tem escondido aí. Se você me falar o que aconteceu com você, talvez eu consiga reverter para o ideal, um ser humano que não peque, seria tão mais fácil, apesar que, você se expôs, demonstrando certa luxúria. Isso é um prazer pra você? Se for, existem bem mais pecados do que eu imaginei. O que te faz pensar que a sua vida é maior e deve ser mais importante do que a vida alheia? Eu também já fui assim, mas agora, eu faço o que eu faço, acreditando que minhas ações vão ajudar a humanidade a manter-se menos corruptível. Apesar do meu demônio, tentar fazer com que eu peque, todos os dias, toda hora.

— Se você vai dificultar o meu aprendizado, devo ao menos te avisar, que vai doer. Luxúria e Ira o consumiu, sendo assim, não há salvação para você também. - Tornei-me um demônio, e sendo assim, abusaria e tornaria aquele lugar um verdadeiro inferno. Bati contra as mãos no solo, e a partir do ponto que bati, foi como se tudo se tornasse em lava, seus pés estavam em cima do magma, sendo assim, queimaria-o na realidade, assim que seu cérebro entendesse que aquilo era real.

Gritei em um grito horripilante, enquanto meu demônio interior me emprestou suas forças, estava de pé em magma, e assim mesmo o medo o consumiu, tentava falar algo para si mesmo, e quando vi, saíram inúmeros feixes de sangue de seus braços, tal quanto, seus olhos brilharam em carmesim, o cenário todo ia lentamente se degradando e caindo, e tremores podiam ser sentidos pelas pessoas que outra estavam presas. Com um esforço, e um olho estranhamente vermelho, o maldito havia desfeito minha ilusão, deixando no processo, todos os civis ali desacordados.

O homem simplesmente não falava, e se o fizesse, era extremamente baixo, não conseguia escutar. Com a ilusão quebrada partiu em velocidade, enquanto de sua pele saiam feixes de sangue, tornando-se lâminas e vindo em uma velocidade que mal pude acompanhar, tampouco reagir.

Estaria com gravíssimos problemas se não, rapidamente, e novamente expandisse meu chakra, que tornou-se em uma névoa e cobriu o local, pegando-o novamente em um genjutsu, antes que se quer conseguisse me cortar a cabeça com aquele sangue rígido e estranho. Iriamos novamente para sua cabeça, aonde como espectador, talvez pudesse aprender algo com os seus erros do passado

— Cada dia eu fico mais feliz com você! Você não só mata seus inimigos, como os faz sofrer. Preste bem atenção no que vai acontecer - Espiei como espectador o que se deu. O homem que vi a minha frente estava sentando em um banquinho, parecia consideravelmente mais novo, mas o rosto era idêntico, e por isso relacionei ser a mesma pessoa. E num quarto escuro, aparecia outra pessoa, um homem, bem mais velho, estava com um punhal na mão e roupas ritualísticas. — Você é lascivo. Menino, você deve urgentemente pagar, eu não gosto de mentiras, é um pecado. Deve ser punido - O homem sorria, e o garoto misturava choro com gritos, enquanto tinha sua língua arrancada.

Na vida real, o corpo do meu oponente começava a se engasgar em sangue, e este caia no chão, cuspindo, como se tudo aquilo fosse real. Em seu corpo, inclusive começavam a aparecer cortes e mais cortes, braços, tórax, canelas. Todos provocados pela ilusão, de um provável pai maluco, que simplesmente o mutilava por puro prazer, colocando a sua religião como se fosse a responsável por isso. — Herege - Recitei, enquanto todas as agressões aconteciam. De certo, quando fiz com que a ilusão cessasse, o chão todo ensanguentado, e pessoas sem saber o que havia acontecido ali. Ele ainda não estava morto, e precisava de socorro urgentemente, a maneira brutal com que rumou a missão, era pouco mais do que o necessário, todos estavam assustados, e a sensação de dever cumprido tomava conta do meu ser.

— Se você vai morrer, não depende a mim julgar. Você foi julgado, e considerado Inocente. A malicia do mundo lhe corrompeu, regorzige! O arauto restaurador da paz, lhe purificou de todo e qualquer pecado. - O peguei e com ele debaixo do braço, e todo ensanguentado, fui em direção ao hospital de Suna.

— Droga! Droga! Você podia ter gastado um pouco mais, não é mesmo? Não interessa mais, só mate logo ele! - Era o que o demônio interior falava, e mesmo assim, estranhamente havia conseguido perdoar o rapaz, o mundo lhe moldou assim, e não havia conseguido o julgar de uma maneira que não fosse justa, tanto com o homem, que aparentemente era vítima de seu pai, quanto minha, de aceitar que os defeitos do outro, eram tão importantes quanto os pecados que eu mesmo - com influência demoníaca - cometia.

Respirei fundo, e deixando o homem no hospital, fui questionado sobre o que havia acontecido com ele, e por que suas feridas simplesmente apareceram, sem indícios de perfuro cortante, ou coisas do tipo. — Entramos em um combate, esse homem é o demônio de Zuru, e eu o puni, apesar de negar mata-lo. Se puder, seria bom que ele não morresse, ele tem que pagar as coisas vivo, infelizmente, ele é um coitado. - Conclui, sentando-me na recepção do local, esperando notícias do paciente que entrou, fui até o banheiro, depois de alguns minutos esperando, olhei no espelho, e vi algo que não gostaria. Meu demônio, que tinha feições parecidas comigo, me olhou, com raiva.

— Você o salvou? Perdeu sua postura? Você é uma vergonha! Uma vegonh ... - Quebrei o espelho com um soco bem dado, estimulado pelo ódio que sentia daquele ser maligno, que habitava em mim. No mais, sai daquele banheiro, depois de lavar o ferimento que havia feito, e o rosto. Na realidade, aproveitei estar ali para limpar todo o sangue que o procurado havia jorrado em mim, enquanto passava por mal bocados. Sai do banheiro, voltei para a recepção e pedi por ajuda médica para curar o ferimento da minha mão, e assim foi feito, colocando bandagens e coisas do tipo, e quando me dei conta, estava novo em folha.

Sobre o procurado, as forças regulares de Suna foram avisados que havia o pegado com vida, e o escoltaram, todos os momentos antes que ele finalmente fosse trancafiado e julgado pelos seus crimes contra Sunagakure no Sato. Ele era doente, e o melhor ali, com certeza seria a morte, não existia mais salvação, sua mente estava só o caco, e se continuasse vivo, iria continuar - erroneamente - condenando pessoas e famílias ao mesmo destino triste que sua vida levou. No entanto, logo, nada mais iria importar, todos nós, seriamos consumidos pelo caos, e só sobrariam a nova geração, responsável por cuidar para que a humanidade prospere, mais uma vez.

Fui até o gabinete, entregar meu relatório falado e escrito sobre o que havia ocorrido, também, retirei meu prêmio em dinheiro pela captura do rapaz, indo em direção a casa, iria logo sair em missão, a outro país, e havia sido requisitado para apresentar-me aquela mesma semana no gabinete, para que fosse passadas informações importantes.